Índice de Capítulo

    Ao amanhecer, Kevyn caminhava junto de Nick para a escola, com seu uniforme e chapéu muito estilosos. Ele mantinha seus braços dentro do sobretudo, assim como seu pai.

    “Não acredito que a ideia de buscar ele na escola deu certo, agora parece que o Klei é um bom pai, espero que ele não fique que nem o pai”. Os dois passavam pela ponte com o rio congelado e, curioso, o garoto perguntou:

    — Nick, Nick!

    Parando, encarou o garoto: — Oi, diga.

    Apoiando as mãos sobre o corrimão, perguntou: — Eu consigo ver os peixes passando, o rio não está congelado?

    Pensativa, ela vai até seu lado, respondendo: — Bem… o que congela de verdade é sempre a superfície, nunca o rio todo.

    Encarnado-a, os olhos de Kevyn brilhavam e, erguendo os braços, disse:

    — Nick, você já me ensinou mais do que a escola!

    “Que idiotice, é impossível ele ficar que nem aquele homem”. Sorrindo, ela deu um peteleco no chapéu dele e continuou caminhando, dizendo: — Vamos logo! Você vai se atrasar.

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    Chegando na escola, eles se despedem e, só de entrar na escola, o guarda estava lá, sorridente.

    Novamente, o garoto não parava de achá-lo uma obra de arte composta pelo Deus da beleza:

    — Cara! Você precisa usar um terno branco! — Seus olhos brilhavam só de pensar na possibilidade.

    — Bah! Tchê, nunca me vi usando uma ¹fatiota.

    — Tive uma ideia! Talvez eu possa pedir pra… — Após perceber, quieto e um pouco cabisbaixo, pensou: “Na real… eu não consigo fazer nem pedir nada, se bem que eu nunca tentei”.

    Percebendo-o mais para baixo que o normal, disse: — Guri, não fica ²abichornado por causa de um ³mongolão como eu.

    Cruzando seus braços, mesmo sem entender o que ele dizia, gritou: — Ei! Não fica se xingando! Eu só não tenho certeza se consigo.

    Coçando sua cabeça: — Tudo bem, tchê, mas me fala aí, qual é teu nome?

    Levantando a cabeça, encarou-o pensando: “Acho que depois de revelar meu nome, ele se afaste pela minha real natureza… mas eu não vou poder esconder para sempre” Respirando fundo, disse com um olhar singelo: — Kevyn Calamith, e o seu?

    “Então esse é o filho do Klei e da Astéria? Talvez isso explique esse olhar”, pensou, cruzando seus braços e sorrindo, dizendo: — Eu sou Colt, Colt Gangrena.

    Percebendo que ele não se afastou, com um sorriso enorme, o garoto gritou: — Que sobrenome legal!

    — Digo o mesmo, guri calamidade.

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    O sinal tocou e, se despedindo de Colt, Kevyn foi para sua sala, onde Rey já havia juntado as mesas e só estava esperando por ele.

    Indo até ele, Kevyn colocou as alças de sua mochila na cadeira e voltou seu olhar para ele, dizendo: — Bom dia, Rey.

    Com um caderno em mãos, respondeu: — Bom dia, Kevyn. Continuando aquele assunto de ontem, poderia me dizer sobre seu lado vampírico?

    — Ah… claro. — Desviando o olhar, pegou seu caderno e o colocou em cima da mesa junto a seu estojo.

    — Você tem que beber sangue e se alimentar normalmente, ou só comer um dos dois?

    Uma certa seriedade podia ser vista no rosto de Kevyn, que o encarou. — Eu preciso comer os dois, grande parte da força dos vampiros vem da fome, então, se eu não beber sangue, eu vou ficar cada vez mais fraco e cansado.

    “Deve ser muito difícil ter que se alimentar dos dois toda vez”, anotando em seu caderno, Rey perguntou: — Os vampiros não ficam hostis quando estão com fome?

    — A-ah! Não, isso é só lenda. Por que você tá anotando isso? — Recuando um pouco, Kevyn começou a desconfiar.

    Percebendo que estava sendo invasivo, Rey tentou se desculpar, estando um pouco nervoso: — Desculpa! Eu… tava escrevendo porque quando eu for para a universidade, vou mostrar para a mestre de biologia Wanlyne.

    “Eu lembro que a Mind me falou sobre esse nome”, após se recordar, Kevyn parou de recuar. — A Wanlyne? Minha mestra disse que ela nunca viu minha condição.

    — Ah… entendi, posso continuar? Caso esteja incomodando, pode falar, não tem problema.

    “Ele é um estudioso… ver uma anomalia deve ser muito legal de fazer perguntas, eu tô com medo de ir para a universidade”, pensando que iriam dissecar ele, suando, Kevyn respondeu:

    — Claro, claro, pode fazer quantas perguntas quiser!

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    Mais tarde, os dois estavam no recreio conversando.

    Querendo se mostrar, Rey levou Kevyn até uma das quadras da escola.

    — Este é o meu poder hereditário! Vibrações — disse, ao mesmo tempo que juntou seus dedos e os estralou, causando uma leve vibração.

    — É um poder interessante, mas só se treinar bastante!

    Cruzando seus braços, Rey ergueu a cabeça sorridente. — Eh… tem razão! Mas quando eu souber usar os construtos dele, você vai ver! Enfim… — Olhando para Kevyn. — Você tem manipulação de ossos… por que não montamos um esqueleto?! — Gritou com seus olhos quase brilhando de tanta empolgação.

    — A-ah! Tá bom!

    Assim, pouco a pouco, os garotos fizeram um esqueleto demoníaco durante o recreio.

    Chegando na sala, o professor encarava-os com um medo sincero.

    O monte de ossos era segurado por Rey, enquanto Kevyn tentou o dar vida. “Que dor de cabeça… é tão complexo quanto os construtos”, pensou, franzindo sua testa e cerrando seus dentes.

    — Vai, Kevyn! Eu sei que você consegue dar vida para o senhor monte de ossos!

    Com seu nariz sangrando, Kevyn desistiu, limpando o sangue e dizendo: — É… só em cas- Virando-se para Night, pensou: “Você! Você deve conseguir me ajudar!”.

    Preocupado, o professor se aproximou e perguntou: — Senhor Kevyn, está tudo bem?

    Puxando sua espada, Kevyn olhou para seu professor com um sorriso, respondendo-o: — Deixa eu ver!

    Os alunos comentavam entre si, mas o garoto já não se importava com o que achavam dele. Rey achando aquilo majestoso, ficou maravilhado, ao mesmo tempo que Night brilhou duas vezes.

    Tentando manter a compostura, Kevyn perguntou: — Posso me retirar por um momento? Não… estou me sentindo muito bem.

    — T-tudo bem, mas não demore, vou escrever no quadro.

    Saindo da sala arrastando o esqueleto, o garoto tirou uma de suas lentes e colocou-o sentado encostado na parede.

    Se afastando, pensou: “Eu tive que engolir um pouco de sangue, mas eu lembro que… durante uma das aulas com Mind, ela me falou:

    ❍ ≫ ──── ≪ • ◦ Flashback ◦ • ≫ ──── ≪ ❍

    — Kevyn, você não pode ficar se forçando tanto a despertar sua mana! — O rosto dela parecia preocupado.

    Mas eu estava bem frustrado, eu não iria conseguir parar de pensar que… — Eu tenho que despertar ela, se não… como eu vou poder fazer eles olharem para mim?

    — Se continuar se forçando, você vai acabar se machucando, não só sua alma, como seu cérebro. A mana é algo gradual, não instantâneo.

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    É isso! Eu estou me forçando muito! Mas com um catalisador, talvez os danos sejam diminuídos, ou eu consiga usar isso”, pensou, fechando seus olhos e concentrando sua mana que, em uma aura roxa, envolveu-o junto ao esqueleto. Estendendo a mão para ele, pronunciou:

    — Senhor monte de ossos… desperte! — gritou, abrindo seus olhos que, por um momento, estavam em um tom lilás.

    Após terminar sua fala, Kevyn arregalou seus olhos após testemunhar que…

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    ¹ — “Fatiota”, Terno, traje.

    ² — “Abichornado”, Desanimado, triste, amolado, doente.

    ³ — “Mongolão”, Abobado, burro.

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