Capítulo 147 — O dia do Julgamento
Voltando ao presente, em sua cama, Kevyn despertou e encarou o teto como se tudo tivesse sido um terrível pesadelo. Ainda atônito, franziu a testa com uma terrível dor de cabeça.
Mas ainda assim, se levantou para que pudesse começar um novo dia? Não, era noite quando olhou além da janela em seu quarto. “Será que dormi o dia inteiro?”, indo até o banheiro, ao guiar sua mão até a torneira pode perceber uma coisa…
“Meu braço… tá enfaixado?”
Surpreso com aquilo, ele se encarou no espelho e seu olho, pescoço e o resto do seu corpo estavam completamente cercados por faixas; não eram bandagens, mas a única coisa que o garoto se lembrou ao ver aquilo, eram as mesmas fitas que cercavam Kind.
Ainda aflito, ele percebeu que estava nu, mas aquelas tiras estavam cobrindo todo seu corpo. “Quem fez isso?! Eu… pareço mais novo? Significa que… aquilo realmente aconteceu? Eu não morri?!”, tocando seu quadril, o príncipe pôde sentir um vácuo para dentro do seu corpo, os efeitos do self of destruction realmente o afetaram afinal…
Chamando seu grimório, o garoto rapidamente olhou página por página, lá estavam elas: “Causualamidade, desordem, self of destruction, quebra de atp”, e todas as outras páginas mudadas de lugar. Por mais de ainda estar com a página da sua habilidade mais forte, ela estava diferente.
— Entendi… então a energia já não interfere tanto? Hm… justo.
Suspirando, o garoto usou a pia de apoio e desabou, já sem forças para nem conseguir respirar. “Não posso esquecer da promessa que fiz, eu preciso salvar a Aya”, cerrando seus olhos, eles quase se fecharam, mas saindo do banheiro, Kevyn ergueu o corpo com todo o ódio que tinha e começou a se vestir.
“Uma vez que ela me ajudou, eu preciso retribuir…”, com uma roupa social e um sobretudo, o garoto encarou o manto de seu mestre sobre o colchão e pensou: “Não posso mais sujar de sangue, o legado que você deixou, está na hora de ver os meus próprios defeitos”, ele lacrimejou e saiu do quarto.
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Chegando até um beco frio, o príncipe caminhou em busca da porta azul esverdeada, mas para sua infelicidade, dois homens pararam-no.
— Ei garoto, você não deveria estar aqui… — Um deles o alertou, como quem avisa sobre um crime que já foi cometido.
Sem sua venda, os dois presenciaram algo divino, seus olhos não causavam mais medo, se inverteram e do rosto dos rapazes, lágrimas escorreram involuntariamente.
Desviando o olhar o menino disse:
— Desculpa… eu só quero chegar em um lugar.
Percebendo a irrealidade que seria encostar nele, os homens se afastaram e abriram caminho para o pequeno dragão e abaixaram a cabeça.
— Sentimos muito, mas não será nossa culpa o que verá.
Ignorando-os, Kevyn prosseguiu, viu o corpo de um homem morto e apenas fingiu a inexistência daquilo. Chegando até a porta azul esverdeada, ele entrou e, ao encostar a porta atrás de si, fitou Jeremy de maneira séria.
Cruzando seus olhares, os dois ficaram em silêncio. Mas para quebrar essa falta de sintonia tênue, o príncipe fechou seu olho e disse:
— Jeremy… eu quero encontrar um homem.
Franzindo seus lábios, o ruivo cerrou a testa e perguntou: — E quem… seria?
Passo por passo o garoto se aproximou, seu corpo carregado enquanto sua face irradiava beleza pura. Ele parou em frente ao balcão e abriu seu olhar morto.
— Ele têm cabelo branco e íris amarelas. Eu sei que ele mora nessa cidade, e com a técnica que ele têm, eu sei que é um assassino que provavelmente trabalha para você, então seja rápido e me diga.
Cada segundo era uma surpresa nova, Jeremy não sabia como responder aquilo, muito menos como ele chegou àquela conclusão. Então o homem por um momento não conseguiu manter contato visual, mas teve uma ideia:
— Eu posso contar… mas isso vai custar um preço.
Sem nem hesitar Kevyn se aproximou e colocou um bloco de 606 milhões de grafos em cima do balcão, seu olhar impetuoso contrastando com a aura que estava emanando destruía a cabeça do vendedor.
— Jeremy, apenas responda logo.
Em choque, o ruivo arregalou seus olhos em medo e apenas aceitou, fazendo o dinheiro desaparecer. — Então… quer saber onde Belzebu está? …
— Esse não é o nome dele.
— Jeffrey. Você está me fazendo quebrar a política de não revelar meus assassinos, então vamos ser rápidos.
— Seja rápido.
Sem hesitar mais, Jeremy retirou um cartaz debaixo de seu balcão e o colocou sobre a superfície dele. Ele cruzou os braços e desviou seus olhos.
— Não falaremos sobre isso, eu sei o que vai fazer, o que ele fez e o que está acontecendo. — Voltou a fazer contato visual. — Pelo visto está ferido, boa sorte.
Pegando o pedaço de papel, Kevyn deu as costas e seguiu pela saída. Mas antes de realmente ir, parou na porta e respondeu sem ao menos olhá-lo nos olhos:
— Não importa se eu estou, ou não, machucado. Eu vou salvar aquela garota, você entendeu?
Em silêncio, o ruivo suspirou e reclamou: — Vá e salve-a, príncipe encantado.
— Não me dirija a esse apelido, se não eu mesmo te mato. — Encarou-o de soslaio.
Jeremy riu.
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Do lado de fora, olhou a frente e o verso do folheto, agora sabendo a localização exata de Jeffrey. “Então ele vale 1 milhão e 250 mil? Esse é o cartaz mais caro que já vi… meu corpo fraco vai suportar?”, por um momento Kevyn pensou que não poderia conseguir, mas sua mente teimou mil vezes e ele caminhou em direção ao seu alvo.
— Se eu tiver medo, como rei eu serei? — Cerrou seus olhos.
Cruzando as ruas quase nunca movimentadas, passo por passo o príncipe caminhou enquanto seu sobretudo voava diante ao vento frio conforme a lua iluminava seu caminho. Irradiando algo além do ódio, seu cabelo se tornou branco e em poucos minutos veio de encontro até um ser que onde passava, distorcia o espaço com toda sua energia negativa.
Maldade.
Bem em sua frente estava o homem que mataria, mais uma vez sujaria suas mãos com o sangue sujo. Kevyn notou todas as entrelinhas, cada gesto que se enfraquecia, seu corpo por trás das faixas fraco, mas com sede de uma vingança que não era sua, de uma dor que não era sua.
Por outro lado, Jeffrey reconheceu aquele rosto infantil, mesmo infantil, ele sabia que aquele era o mesmo menino que abraçou sua filha e, também, o assassino que viera a ser tão temido. Mantendo hostilidade, ele passou a mão sobre seu sobretudo até tirá-la de dentro dele. Como resultado, sua roupa voou sobre o véu da noite nublada.
Com um poste fraco e falhando. Piscando sua luz sobre os dois assassinos ele veio a se apagar.
O sujo homem de cabelo branco e olhos de girassol guiou sua palma para frente, apontando seu dedo indicador para o garoto.
— Morra.
As vibrações da sua voz hostil cravaram como um trovão que desencadeou o mundo. De cima as nuvens já sobrepostas coagiram pela sua ordem e então um raio caiu sobre a cabeça do menino.
Entretanto… erguendo sua palma… Kevyn redirecionou o ataque ao poste como se aquilo fosse nada. Ainda assim, ao olhar para o dorso dela, o príncipe percebeu algo que não sabia…
Adaptação.
Talvez fosse um acaso, mas com a eletricidade fluindo entre suas escamas, ele se adaptou ao choque.
— Você é sujo — disse o menino.

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