Índice de Capítulo

    Despertando, Kevyn se sentou, pensando: “Ainda deve ser noite, vou caçar um novo livro pra ler”. Levantando-se, o garoto foi ao banheiro e, ao sair, chamou Night para sua mão e saiu do quarto.

    Abrindo seus olhos, sua visão noturna mostrava um corredor vazio. Andando por ele, chegou até a porta da biblioteca que, abrindo-a silenciosamente, ao visualizar o lugar, viu seu pai sentado sobre uma das cadeiras. Uma luminária iluminava seu rosto e, de óculos, com um leve sorriso, o homem disse:

    — São cinco da manhã, por que não volta e descansa um pouco mais?

    Se aproximando e parando ao lado da mesa onde seu pai estava, o garoto escorou Night sobre a mesa e respondeu: — Vim ler algum livro novo, tem alguma recomendação?

    Erguendo a mão até o queixo, após pensar um pouco, Klei botou seu livro de pé contra a luminária. Usando a sombra projetada gerada pelo livro, ele adentrou sua mão, retirando outro livro. — Você vai gostar desse — disse, entregando-o.

    Pegando, Kevyn leu a capa em sua mente: “A quente cultura vampírica”, voltou seu olhar para o homem. — Hm… obrigado. Vou ler daqui a pouco, só deixa eu pegar algo pra eu comer na cozinha — disse, ao mesmo tempo que começava a sair do local, mas Klei segurou seu braço através de sua própria sombra.

    — Deixa que eu pego para você, fique à vontade para ler. — Se levantando, o homem soltou o braço do garoto e saiu da biblioteca.

    “Manipulação da escuridão, eu queria ter herdado, parece tão legal!”, pensou, se sentando na mesma mesa onde seu pai estava, abrindo o livro um pouco cabisbaixo. — Hmm… — pegando Night, deixou-a em seu colo e começou a ler mentalmente: “A tão aclamada cultura dos vampiros. Essa foi dita a mais quente entre todas!!!! Só os jovens vampiros de plantão sabem o quanto uma mordida no pescoço é especial! Capazes de controlar os parceiros, transformar os mortos em Ghouls e ainda muito flexíveis! Esses são os vampiros que muitos homens e mulheres conhecem, mas existe muito, além disso.”

    Virando a página, Kevyn pensou: “O que esse livro tem de mais? Por enquanto, só tá falando das características dos vampiros e eu já sei bem disso tudo! Só que… por que uma mordida no pescoço é especial?”.

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    O tempo passou, Klei trouxe guloseimas para o garoto que perguntou sobre o livro, mas de seu pai nada foi respondido.

    Chegando perto da hora do almoço, Kevyn foi para o campo e continuou lendo, sem entender as piadas sexuais e degeneradas. Ele tentou chegar a suas próprias conclusões, mas nenhuma era de fato certa.

    Procurando o garoto, Aradam foi até o campo, onde o viu lendo. Se aproximando, perguntou:

    — Nick falou que o almoço está quase pronto, bora lá pra você ter algumas noções de temperos, ela que é boa nisso.

    No limite de sua curiosidade, o garoto se levantou da arquibancada onde estava sentado e perguntou, todo sorridente: — Aradam! O que é sacanagem, pegação, sapecagem?!

    Quieta, Aradam pensou por quatro segundos: “Oi, como assim? Quando ele descobriu isso? Hm? Pera? Quê?”. Olhando para o garoto, de tão nervosa, ela só conseguiu perguntar: — Q-quem te falou isso?

    Levantando o livro, disse confuso: — Meu pai me deu esse livro, aí li, mas eu não entendi muita coisa.

    Correndo até o garoto, Aradam tomou o livro da mão dele e leu a capa: “Puta que pariu”, olhando para o garoto meio desajeitada, perguntou: — E-e… o que você entendeu?

    Percebendo o recuo dela, dispersando seu sorriso, o garoto disse com seriedade: — Vampiros são bons de dormir, mordidas no pescoço são especiais e… eu não terminei de ler, mas estava falando sobre caixões e cabeça pra baixo.

    Abrindo o livro e analisando-o: “Não tem imagens, o Klei fez só de sacanagem mesmo, que caralho”, pensou, fechando e colocando a mão sobre a cabeça do garoto, ainda um pouco envergonhada: — A-arh! Não é nada, são coisas de adulto, tá bom? Um dia você vai aprender.

    — Hm… tá bom, mas estou suspeitando que estão escondendo algo de mim! — disse, emburrado.

    — Nunca! É porque são coisas de adulto, aí você precisa ser adulto para saber disso, sabe?

    — Me parece mentira, mas vou deixar passar, não parece algo tão… importante.

    “Uff, ainda bem!”. Suspirando aliviada, Aradam suando um pouco coçou a cabeça dizendo: — Sim! Tem coisas muito mais importantes, como aprender a cozinhar e o torneio, não acha?

    — Hm… sim, sim.

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    Após o almoço, Kevyn estava de volta à biblioteca, procurando algum outro livro. Quem apareceu agora foi Astéria, que, com um pouco de sangue em suas roupas, perguntou:

    — Posso ajudá-lo?

    Voltando seu olhar para sua mãe, respondeu: — Sim, mas… qual é a do sangue?

    Fechando seus olhos, inclinou um pouco a cabeça. — Eu e seu pai tivéssemos uma conversinha, nada de mais.

    Levantando apenas uma de suas sobrancelhas, cruzou os braços dizendo: — Conversa, é? Enfim… o que tem a recomendar?

    Pensativa, Astéria deu um passo à frente e abriu seus olhos, observando os livros que haviam alí: “Aradam relatou que ele gosta de histórias com guerras e mistério, mas olhando para o rosto dele… talvez eu devesse deixá-lo procurar sozinho, o Klei pode influenciar em algo, então não sei se posso”. Suspirando, ela voltou seu olhar para o garoto e respondeu: — Não, infelizmente não tenho nada a recomendar.

    Também suspirando, Kevyn chamou Night para sua mão: — Vou treinar, não tem muito o que fazer — disse, saindo da biblioteca.

    “Será que fiz algo errado?”, pensou, olhando para suas roupas com o sangue de Klei. “Talvez esteja distante e, com isso, o pai dele está se aproximando e ganhando a confiança de novo. O torneio está chegando e se ele-”. Um som alto começou a tocar, era o relógio de Astéria que, puxando sua manga para ver a hora, percebeu precisar voltar a trabalhar. — Preciso fazer algo sobre isso.

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    Cortando o ar com Night, o garoto usava o peso de sua própria arma para se lançar no ar e poder fazer ataques com os pés fora do chão.

    — Olha, o ataque que você crava ela no chão, sobe no cabo, dá uma pirueta pegando ela e depois corta o ar de cima para baixo, me impressiona mais. — Se materializando das sombras com seu guarda-chuva, Klei estava sentado na arquibancada.

    Olhando para seu pai, cravou Night na grama e disse: — Améli disse que aquilo seria muito eventual e em uma batalha de verdade é praticamente inútil.

    — Errada ela não tá! Mas que é um absurdo… com certeza é.

    Cruzando seus braços. — Aliás, eu vou ficar altão que nem você? — perguntou com um singelo sorriso.

    Entrando nas sombras e saindo do chão na frente do garoto, o homem se agachou erguendo seu guarda-chuva. Encarando seu filho, devolveu o sorriso enquanto disse: — Se você não puxar sua mãe.

    — Ah… sim. — Olhando a proteção de seu pai, perguntou: — Por que você usa o guarda-chuva? Não é só passar um protetor solar ou… usar a abjuração?

    Fechando seus olhos, Klei se levantou e olhou para a porta do campo: — De fato… acho que não se fazem vampiros como os de antigamente.

    — Na minha opinião, a única coisa que mudou foi que os vampiros de hoje não são tão arrogantes quanto os de antigamente. — Astéria entrou no campo, caminhando em direção aos dois.

    — É mesmo? Eu não me lembro de ter pedido sua opinião. — Klei debochou, rindo, ao mesmo tempo que colocou uma de suas mãos por dentro de seu sobretudo.

    Das sombras, uma voz: — Vocês dois, se acertem logo. Parecem duas crianças.

    Com todos os três olhando para a mulher, Asteria suspirou dizendo: — Enfim, terei que voltar a trabalhar. Kevyn, não fica dando muita bola pro seu pai não. — Caminhou junto à mulher nas sombras.

    Após a ida de sua mãe, Kevyn pensou: “Esses dois tomaram sermão da Kancernali… ela realmente é tudo o que dizem? Que legal!”.

    Vendo seu filho sorrir, Klei coçou a cabeça, bocejando: — Você está preparado para o torneio?

    Olhando para seu pai, bocejou: — Sim, eu só estava- — Terminando de bocejar, o garoto esfregou seus olhos.

    — Vou lá para te assistir, melhor me impressionar! — gritou, saindo de perto do garoto e entrando em sua sombra.

    Vendo seu pai gradualmente desaparecer, gritou de volta: — Eu vou!

    Após vê-lo desaparecendo por completo, retirou Night do chão e foi até uma das arquibancadas, deitando-se e gerando um pequeno visor ósseo. “Eu vou é descansar”, pensou, abraçando Night e fechando seus olhos.

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    Ao anoitecer, Kevyn despertou. Absorvendo seu visor, a primeira coisa que viu é um olhar verde azulado. “Um vaga-lume? Não… mas até tão brilhante”, pensou, tendo que fechar suas retinas para poder enxergar.

    — Sr. Kevyn, por favor, Nick está esperando para lhe oferecer um pouco de seu sangue.

    Reconhecendo a voz, respondeu: — Kancernali? Ah… eu ainda tô com sono, não pode ser mais tarde?

    Suspirando, a mulher pegou o garoto e botou-o de pé, dizendo: — Você deve estar fraco pela falta de sangue. É necessário jantar antes de dormir, seu organismo precisa estar bem até segunda.

    Tentando enxergá-la através da sua visão noturna, Kevyn não conseguia ver sua silhueta por algum motivo: “Isso é estranho, é como se ela nem existisse”.

    Chegando perto do ouvido do garoto, ela sussurrou: — Seu bobinho, eu estou atrás de você, mas não recomendo olhar. — Se arrepiando, o garoto arregalou seus olhos e suspirou chamando Night para sua mão, mas no mesmo momento Kancernali pegou sua espada. — Não se preocupe, vou deixá-la em seu quarto, pode ir até Nick.

    Engolindo seco, Kevyn apenas caminhou para fora do campo. “Olho azul esverdeado… como será que ela é? Por que precisa ser tão misteriosa também?”, emburrado, continuou caminhando em direção ao quarto de Nick.

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    Ao chegar na porta, abriu-a e adentrou o quarto.

    Sentada em uma cadeira ao lado de sua cama, de pijama, Nick encarou o garoto e disse:

    — Boa noite, Kevyn.

    — Boa noite, Nick. — Sorrindo, ele olhou a mesinha que ficava ao centro do lugar, debaixo dela um tapete, pensando: “Ela não costuma arrumar tanto, acho que dessa vez ela teve mais tempo”.

    Se levantando, gritou: — Qua-qual é a desse sorriso?!

    — Dessa vez o tapete não tá secando.

    — Ah… — Indo até a cômoda ao lado de sua cama, Nick pegou um boneco articulado e mostrou para o garoto, dizendo: — Olha só o que a Mind me enviou! Lá por Twilight tem uns itens bem interessantes.

    Olhando bem e analisando, Kevyn disse: — O que que tem ele?

    — Esse é um boneco da última edição de “Colapsos de um morto-vivo”.

    — Eu… nunca li esse livro. — Cruzou seus braços.

    — Ah… seus pais não deixariam. Enfim, esse boneco é completamente flexível e dá para deixar ele de diversas maneiras!

    — Esse é quem? — Apontou.

    — Esse é o protagonista, em resumo, ele é um necromante revivido por outra necromante, aí ele e a “mestra” dele tiveram um ca- passaram muito tempo juntos! Aí, ele foi liberto, porque antes morrer de uma doença, ela deu a própria vida para ele. A história é sobre ele tentando reviver a própria “mestra”.

    Processando, Kevyn apenas conseguiu afirmar: — É bem complexo!

    Sorrindo, Nick guardou o boneco em sua cômoda. — Sim! É muito divertido esse livro, um dia você tem que ler ele. — Se sentando na cama, ela encarou-o, dizendo: — Enfim… acho que já chega de ficar falando.

    Se aproximando, encarou-a o mais profundamente que pode e disse: — Antes, posso te pedir uma coisa?

    — Hm? O quê?

    — Posso beber seu sangue pelo seu pescoço?

    Arregalando seus olhos, Nick parou e pensou: “Isso não é tipo… super íntimo de vampiros?!”. Balançando a cabeça de um lado para o outro, ela perguntou: — Você tem certeza?

    — Sim.

    Surpresa com a resposta rápida, um pouco corada, ela mostrou sutilmente seu pescoço, dizendo: — Seja gentil, aí é mais sensível. — Juntando suas pernas, colocou suas mãos sobre elas ao mesmo tempo que fechava seus olhos.

    Se aproximando e gentilmente abraçando-a, Kevyn usou seus caninos para perfurar cada tecido do pescoço de Nick. Chegando nas artérias carótidas, começou a sugar seu sangue.

    “Nossa! Isso é realmente diferente. Além de muito mais sangue, parece que é mais gostoso e fácil de beber também”, pensou, fechando seus olhos e se deliciando com a hemoglobina.

    Colocando suas mãos nas costas do garoto, a respiração de Nick ficava pesada, soltando leves grunhidos, ela disse bem baixinho:

    — Te-tenta não puxar tanto sangue…

    Percebendo, Kevyn abaixou a frequência. Após encher, retirou delicadamente suas presas, retraindo-as e limpando o pouco sangue em sua boca com a língua.

    Caindo deitada sobre a cama, a ferida no pescoço de Nick se regenerou e, levemente abrindo seus olhos, ela disse:

    — Eu tô sem energia, apaga a luz do quarto e fecha a porta para mim.

    “Será que eu exagerei? Espero que não tenha machucado ela”, um pouco preocupado, respondeu: — Tá bom, tenta descansar bastante. — Indo em direção à porta, Kevyn apagou a luz e saiu do quarto.

    Relembrando a sensação, ele colocou a mão em sua boca e expirou um breve ar gélido. “Isso foi… muito bom”, pensou, retirando a mão e caminhando para seu quarto.

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    Chegando até seu cubículo, o garoto entrou e foi direto para cama, onde também estava Night. Encarando-a de perto, perguntou:

    — Eu deveria tomar um banho? — Ela brilhou duas vezes.

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