Índice de Capítulo

    Em uma fração de segundo, a única coisa que Kevyn viu foi um rápido movimento de seu pai. Sem sentir ou conseguir mexer seu corpo, ele caiu sobre o chão.

    Na visão de Klei, ele havia o cortado dezenas de vezes, mas foi tão rápido que o garoto sequer sentiu.

    Soltando seu guarda-chuva e pegando um galão de gasolina das sombras, o homem derramou todo o conteúdo sobre o garoto, pensando: “Por favor, não me odeie por isso, eu sei que um dia vai me agradecer”, acendendo um isqueiro, antes de jogá-lo, disse:

    — Você ainda não deve estar sentindo, mas juro que vai ser breve.

    Fechando seus olhos, Kevyn tentou responder: — E-e… a-r.

    Jogando o isqueiro, o corpo do garoto se incendiou.

    Sentindo suas escamas derretendo, Kevyn cerrou seus dentes, mas se manteve calmo, já que Klei começou a curá-lo, botando sua mão sobre o fogo, chegando até o peito do garoto.

    — ɐqㄣ8upo ɯã6 pƐ ɔƐɯ ɐlɯɐs ɥㄥɯɐuɐs, ǝㄥ p6n ɐ6 ɯƐn ɔɐsㄥlɐ, 6 d6pƐɹ ɐㄣpǝuʇƐ pƐ sㄥɐ 0ɹódɹ8ɐ pǝʇǝɹɯᴉuɐção — Ao pronunciar tais palavras, todo o fogo adentrou-se por dentro dos cortes até, enfim, o homem conseguir curá-lo por completo.

    Retirando sua mão sobre ele, Klei sorriu. “Ele resistiu ao fogo, à dor… vai crescer forte”, pensou, vendo seu filho se levantando.

    Pondo as mãos sobre suas roupas, sorridente, Kevyn disse: — Minhas roupas não queimaram!

    — Sim, eu também consigo curar tecidos. — Pegando seu guarda-chuva e colocando sua mão sobre a cabeça do garoto, eles atravessaram a escuridão em seus pés e voltaram para a praça.

    Suspirando, Kevyn se sentou na borda do chafariz e olhou para seu pai, perguntando:

    — Pai, quem é Kairós?

    Indo até seu lado e se sentando, Klei encarou o chão. — Kairós… você ainda não esqueceu aquilo, né?

    — Não.

    Suspirando, o homem abaixou a cabeça, respondendo: — Um dia você vai saber quem foi a Kairós.

    Olhando para as suas próprias mãos, Kevyn cerrou seus punhos e disse: — Entendi. No torneio, quando eu quase desfigurei o Yuruso, eu não senti satisfação… não senti nada.

    Erguendo a cabeça, Klei pôs a mão sobre a cabeça de seu filho. — A vingança é um prato que se come frio, às vezes não era isso que você realmente queria.

    — Ah…

    Bocejando, o homem se espreguiçou, perguntando: — Deixando esse papo de lado! Aposto que você está com saudade da sua espada, não está?

    Desviando o olhar, respondeu: — Eh… um pouco.

    Um sorriso aterrorizante tomou o rosto de Klei. — Hehe… você até parece apaixonado.

    Encarando-o rapidamente, Kevyn levantou suas orelhas. — Apaixonado?

    Cruzando seus braços, ele tomou a compostura. — Acho que chegou a hora de termos essa conversa. Coof-Coof… estar apaixonado é quando você sente borboletas no estômago, quer fi-

    De repente, Kelly chegou correndo e gritando:

    — Kevyn! Kevyn! Perdão! Elas acabaram me arras… tando. — Fazendo contato visual com Klei, sua respiração se tornou densa e quase sufocante, tremendo, ela deu um passo para trás e arregalou seus olhos.

    Percebendo que sua presença foi descoberta, o homem se levantou e disse: — Sinto muito, princesa, às vezes esqueço que humanos se assustam apenas comigo perto. — Se afundando em sua própria sombra, ele olhou para seu filho e acenou com sua mão em forma de despedida.

    Colocando as mãos sobre a barriga, Kevyn pensou: “Borboletas… no estômago?”.

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    Após Kelly se acalmar, eles foram embora para o castelo. No quarto da princesa, ela perguntou:

    — Vamos jogar alguma coisa?

    Bocejando, Kevyn inclinou a cabeça. — Jogar? Mas o quê?

    — Ah… eu não sei… tá com sono?

    — Um pouco.

    Indo até sua cama e se abaixando, ela tirou um tabuleiro e encarou o garoto. — Xadrez ou damas, qual prefere?

    Desviando o olhar por um leve momento, ele respondeu: — Xadrez.

    Se levantando, Kelly pôs o tabuleiro em cima da cama e se sentou.

    Se aproximando, Kevyn também se sentou e esperou que ela colocasse as peças, mas em um instante, hologramas surgiram e então a princesa falou:

    — Esse é um tabuleiro importado lá de Impel-sister, ele tem uma tecnologia que gera esses hologramas, você já viu?

    “Hologramas? Que espécie de magia é essa?”, um tanto impressionado, o garoto apenas respondeu: — Não, eu nunca nem ouvi falar.

    Suspirando, Kelly moveu uma das peças, pensando: “Ele deve viver no passado, pelos pais que tem, provavelmente nem deve saber o que é uma televisão”.

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    Ao anoitecer, Aradam buscou Kevyn. Batendo na porta, a rainha atendeu:

    — Olá, senhorita Aradam.

    — Oi, Nef, vim buscar o garoto.

    Suspirando, respondeu: — Mas eles estão se divertindo tanto! Não quer entrar um pouco?

    Cruzando seus braços, Aradam apenas respondeu: — Tenho ordens.

    — Sinto muito, já volto — disse, entrando e caminhando até o quarto de Kelly.

    Entrando no quarto, a rainha é surpreendida com Kevyn dormindo com a cabeça no colo de sua filha que, mexendo no celular, nem percebeu sua presença.

    — Kelly, que pouca-vergonha, hein?

    Tomando um susto com sua voz, Kelly encarou ela, respondendo: — Ele estava bem cansado! Ele acabou desmaiando e eu… eu apenas pensei que seria uma boa ideia.

    Suspirando, a mulher se aproximou. — Se divertiu bastante?

    Sorrindo, a princesa concordou com a cabeça. — Sim.

    — Que bom, posso pegar ele? Tenho que levá-lo para Aradam, é meio difícil com ele no seu colo.

    Cabisbaixa, perguntou: — Ah… mas já?

    — São ordens.

    — Tudo bem…

    Pegando-o no colo, Nef saiu do quarto e levou Kevyn até Aradam, entregando-o.

    — Aqui está.

    Sorrindo, Aradam disse: — Hehe… ele dormiu. Enfim, tchau, Nef, qualquer hora trago ele de novo.

    Soltando uma leve risada, a rainha respondeu: — A Kelly gostou dele, então por favor, não demore!

    — Tá bom… hehe!

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    Voltando para a mansão, Aradam deixou Kevyn em seu quarto. No castelo, o rei e sua esposa conversavam em seu quarto:

    — É ótimo termos laços com a família Calamith, não acha, Nef?

    Acendendo um cigarro, a mulher caminhou para a sacada, respondendo: — Sim, mas não acho que aquele garoto seja uma ameaça tão grande quanto os pais.

    Sorrindo, Mouth se aproximou dela, agarrando-a por trás. — Eu não diria isso, você pode até não ter ido ao torneio, mas admito que ele é assustador.

    — Assustador? Você dizendo isso? — Rindo, ela deu um trago e assoprou fumaça, continuando — ele é ingênuo, quase que inofensivo. Se ele ficar que nem os pais, você fica me devendo um filho.

    Suspirando, Mouth beliscou a cintura dela. — Então essa aposta já tá ganha para seu lado, eu sei muito bem que ele vai ser melhor que os pais.

    Corada, Nef fechou os olhos e apagou seu cigarro no braço de seu marido. — Para de graça! Eu só estava brincando quanto à aposta!

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