Índice de Capítulo

    Após almoçarem, Kevyn ficou sentado na praia, absorvendo o calor do sol com suas escamas. “Minhas escamas se adaptaram”, pensou, fechando seus olhos, se levantando e suspirando uma pequena chama.

    Da janela da sala, Klei observou junto à Astéria, que disse:

    — Por acaso, você sabe o que é aquilo?

    Levando a mão até o queixo, o homem perguntou: — Não, você sabe?

    Mantendo uma face neutra, respondeu: — Por mais de mestiço, nosso filho é um dragão real puro, não é irônico?

    Levemente assustado, Klei deu um passo para trás, mas logo sorriu e debochou: — Ehhhh! Eu sou um homem abençoado, viu?! Hohoho!

    — Cala a boca, não é como se você tivesse manipulado isso — disse, suspirando um ar gélido.

    Ainda sorrindo, o homem retomou sua compostura e respondeu, aparentando estar animado: — Eu quero tanto brincar com ele, vai ser tão divertido, jogar água um no outro, sabe? Maaaaasss… alguém vai ter que passar protetor solar em miiimmm!

    Encarando-o , Astéria deu um soco em seu ombro. — Você é um lixo — disse, saindo da janela.

    ❍ ≫ ──── ≪ • ◦ ❍ ◦ • ≫ ──── ≪ ❍

    Caminhando até a água, Kevyn adentrou o mar e  fechou seus olhos, parando quando o oceano chegou até seu peito. “Meu pé tá afundando na areia, sinto que vou ser levado pela água”, pensou, enquanto realmente estava sendo levado pela maré.

    Semicerrando seu olhar, o garoto percebeu que estava muito longe da costa, mas aquilo não o preocupou, voltando a relaxar e boiar no oceano.

    Depois de um tempo, uma mão tocou o peito de Kevyn que, arregalando seus olhos, ouviu uma voz:

    — Você está bem? Tem que tomar cuidado para não ficar tão distante da praia.

    Uma mulher de cabelo negro fazia sombra com sua mão para o garoto. “Olhos carmesim, é a Nick”, Kevyn pensou, voltando a fechar os olhos e respondendo:

    — Tá bom!

    Segurando-o em seu colo, ela começou a voltar. — aí, aí, você não toma jeito.

    Mantendo uma face aparentemente neutra, a mulher apenas continuou caminhando, chegando até em casa e deixando-o de pé.

    — Sua mãe disse que vocês vão passear, vai trocar essa roupa molhada. — disse, subindo as escadas.

    Levemente inclinando a cabeça, o garoto apenas respondeu: — Tudo bem.

    Indo até seu pai que, sentado na cadeira da cozinha, ele estava de cabeça baixa, sorrindo todo bobo. Se aproximando, Kevyn esperou ele dizer alguma coisa.

    Cruzando o braço, o homem ergueu a cabeça e gritou: — Esse é o meu garoto! Meu garanhão!

    Quieto, o garoto deu um leve sorriso, dando um chute na canela dele. — Paro, paro!

    Caindo na gargalhada, Klei se levantou e botou sua mão sobre a cabeça de seu filho, dizendo: — Eu entendo filho, todos passamos pela fase de sermos carregados… — Vendo Astéria observando-os, o homem correu até ela e pulou em seu colo, gritando: — Astériazinyaaahh!!! Me ajude, essa luz do sol é tão perigosa! — Olhando para Kevyn novamente, ele piscou só de um olho e fez um sinal de jóia com sua mão.

    “Isso… Arh…”, pensou e, não sabendo como reagir, Kevyn apenas retribuiu o jóia.

    Soltando o homem que, caiu no chão, Astéria passou por seu filho, dando um tapinha em suas costas, indo para a janela e dizendo:

    — Vai se arrumar, eu vou… nós vamos te esperar.

    Sorrindo, Kevyn caminhou para a escada, respondendo: — Tá bom, só não se matem.

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    Após tomar um banho e trocar de roupas, Kevyn, com a calça jeans que Kelly comprou, sapato social e uma camiseta branca, desceu as escadas e foi até a saída, onde Klei e Astéria esperaram por ele.

    Abrindo a porta de casa, a mulher saiu, abrindo uma sombrinha branca e dizendo:

    — Como eu e o seu pai temos certa vulnerabilidade ao calor, vamos nós dois de guarda-chuva, caso queira ficar na sombra, é só ficar perto.

    Saindo, o homem abriu seu nostálgico guarda-chuva negro e deu dois passos para perto de sua “amada”, dando um leve sorriso e batendo com seu guarda-chuva contra o dela. — Estamos combinando!!

    Seguindo os dois, o garoto pensou: “O branco e o preto não combinam de verdade, eles estão tão distantes que parecem estar perto”, sorrindo, ele apenas ficou na sombra de sua mãe. “Se eu sou a combinação dos dois, então eu sou o cinza… mas… todos são cinzas por também serem combinações”, continuou, arrumando levemente a sua blusa.

    Segurando a mão de seu filho, Astéria caminhou em direção à cidade, enquanto Klei, dessa vez sem seu sobretudo, acompanhava-os, caminhando ao lado dos dois.

    Após um tempo, caminhando por uma estrada na floresta, eles enfim chegam a uma pequena casa de madeira, perto da entrada da cidade. Ela era rusticamente coberta por vinhas e seu telhado tinha diversos galhos e folhas, como se fosse uma árvore.

    Parando por um momento, Astéria soltou a mão de seu filho e disse:

    — Meu pequeno, aguarde um momento, vou buscar uma coisinha.

    Batendo continência, Kevyn respondeu: — Tudo bem! Vou vigiar meu pai.

    Acenando com a cabeça, ela foi até a casa. Se aproximando de seu filho, Klei se agachou, dizendo:

    — Você vai me vigiar, é?

    Sorrindo, Kevyn juntou as mãos. — Não, mas ele vai — disse, enquanto um monte de ossos saíam de suas costas e se formavam em Humbra, o general.

    Se levantando e dando um pulinho para trás, o homem ergueu uma de suas sobrancelhas, encarando o grande general e falando:

    — Ah… ele é maior que eu, parece ser forte, mas por que nunca me falou sobre ele?

    Cruzando seus braços e fechando seus olhos, o garoto respondeu: — Eu não estava conseguindo liberar ele, mas eu recentemente aperfeiçoei essa técnica melhor e agora eu consigo soltar ele da minha alma.

    Sem entender nada, o homem debochou: — Técnica, né? Aposto que esse esqueleto nem é grande coisa.

    Absorvendo Humbra, Kevyn semicerrou seu olhar e deu uma canelada nas costelas de seu pai, que ficou imóvel. — Sim, comparado com você, eu sei bem que ele não é grande coisa, mas um dia eu vou ter o meu exército e você vai ver!

    Passos eram ouvidos, era Astéria suspirando com uma espada de 1,60 nos braços.

    Ao olharem para ela, o garoto logo reconheceu sua espada, mesmo estando diferente. Kevyn se afastou de seu pai e correu até sua mãe para pegar Night.

    — Ela ficou pronta?! — gritou, parando bem na frente da mulher com um intenso brilho em seu olhar.

    Levemente se ajoelhando, a mulher ergueu a espada com seus braços até ficar acima de sua cabeça, respondendo: — Meu pequeno filho, aqui estás sua companheira de guerra, sei bem que sentiu sua falta e, como podes ver, ela está tão linda quanto seu primeiro encontro.

    Fechando seus olhos e pegando Night com as duas mãos, o rosto de Kevyn corou, enquanto ele sentia o fio de sua lâmina.

    Mostrando um leve sorriso, o garoto se curvou e beijou a testa de sua mãe, voltando e caminhando em direção à cidade, abraçado em sua espada.

    Surpreso, Klei debochou: — Você está passando sua geração adiante, é?!

    Voltando a ficar de pé, a mulher respondeu: — Meio que ele é a minha geração adiante… você mudou bastante, hein?

    Sorrindo, o homem andou em direção ao garoto. — Eu mudei?! — debochou, voltando seu olhar para a mulher e seu sorriso se tornando diabólico.

    Suspirando, Astéria acompanhou os dois. — Não, claro que não.

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