Índice de Capítulo

    Sentado na praia com Aradam, Kevyn e ela conversavam:

    — Você sabe o quão pesado é uma vida, por mais de não doer em mim, sinto que aquelas lágrimas pesaram na minha mente.

    A brisa acariciava seus cabelos, o garoto mantinha-se frio enquanto fitava a maré. Aradam mantinha um olhar de canto, respondendo:

    — Nós já conversamos sobre o peso de uma vida? Eu não acho que você vai ficar confortável se eu dizer que ele matou pessoas, mas eu não deveria dizer para você não se importar.

    — Matar tropas inimigas te afetaram?

    — Não, nenhum pouco.

    Passos são ouvidos se aproximando, sons de ossos se colidindo também. Alguns instantes se passam e, parando ao lado dos dois, Humbra e Nick percebiam o silêncio.

    Não se importando tanto, a garota apresentou sua conquista, esticando sua mão para o esqueleto.

    — Kevyn, Aradam! Eu consegui dar voz a ele.

    Se levantando, Kevyn olhou para Nick com um sorriso no rosto, não fazendo contato visual, ele passou por ela, dizendo:

    — Obrigado Nick, como recompensa, eu vou fazer geleias. Vamos, Humbra.

    Percebendo-o indo, seu general o acompanhou.

    Olhando para Aradam, Nick franziu suas sobrancelhas e perguntou:

    — Aradam, o que aconteceu?

    — Nada de mais, na verdade, o garoto está apenas refletindo um pouco.

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    Chegando em casa e indo para a cozinha, Kevyn parou, olhou para seu subordinado e fez a seguinte pergunta:

    — Humbra, eu não quero que você esqueça aquilo, mas quero que tenha noção de uma coisa… eu te nomeei meu general, não porque quero derramar sangue, mas sim proteger nosso povo, meu povo.

    Abrindo sua mandíbula, uma voz tão grossa quanto uma montanha ressoou de maneira afirmativa e positiva:

    — Meu rei, meu criador, não seja tão modesto. Sei que você quer muito mais do que isso, não precisa me dizer o que é, eu vou te seguir até você alcançar.

    — Então, você sabe? Tudo bem, vamos fazer as geleias! A gente vai precisar de algumas coisas, eu vou lá comprar.

    Se aproximando da pia onde estava o balde cheio, Humbra olhou para seu rei e perguntou: — O que eu preciso fazer?

    — Mistura ela com açúcar, de resto, eu vou precisar buscar.

    — Tudo bem, vou esperar.

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    Saindo de casa, Kevyn olhou para o alto, percebendo que, de uma hora para outra, o céu ficou nublado.

    Indo até sua mãe deitada, o garoto se inclinou, olhando-a nos olhos e perguntou:

    — Você tá aí ainda?

    Bocejando, Astéria ergueu seu braço, pegando no nariz dele e respondendo: — Sim, e você?

    — Me dá 50 grafos? Eu quero comprar umas coisas pra fazer a geleia — disse, com sua voz saindo daquela forma quando tapam seu nariz. — Ei! Solta meu nariz!

    — Você vai sozinho? Hm… cuidado, tá? — Soltando seu nariz, Astéria se levantou e tirou uma nota de 500 grafos do sutiã, entregando-a.

    Pegando dinheiro pela primeira vez, Kevyn viu a imagem de uma mulher na frente e no verso. “Ela me lembra o Klei, mas por quê?”, pensou, guardando a cédula no bolso, sorrindo e respondendo: — Eu vou!

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    Após passar pelo caminho na floresta, Kevyn chegou na cidade. Caminhando pela calçada, os carros ainda chamavam sua atenção, toda aquela tecnologia era algo novo para o garoto.

    Depois de mais um tempo, ele chega até uma pequena e velha loja. Entrando no local, ele vê um velho homem no balcão, sua barba branca e olhos fechados mostravam toda sua falta de vitalidade.

    Explorando o local e caminhando pelo piso de madeira, o garoto pegou uma caixa de morangos, uma caixa de creme de leite e amido de milho.

    Se dirigindo ao balcão que, também era de madeira, Kevyn não dava altura, então colocou as coisas em cima e chamou:

    — Senhor! … Senhor!

    Despertando, de maneira confusa o velho encarou o nada, procurando de onde vinha a voz: — O-oi?! Alguém está aí?

    — Aqui em baixo!

    Se levantando para olhar atrás do balcão, o homem vê o garoto, percebendo as coisas ali em cima, soltando uma leve risada.

    Vendo os produtos e anotando os preços em uma pequena e velha calculadora, o senhor põe os produtos em uma sacola feita de matéria negra em volta de uma camada do branco, mas só Kevyn conseguia enxergar aquilo.

    Se assustando, o garoto perguntou: — O-o que é isso?!

    O velho homem respondeu entregando a sacola com um sorriso no rosto: — Minha habilidade é criar coisas com base no poder dos outros. Isso custou bastante energia, mas eu quero que você volte futuramente!

    Pegando os produtos, ainda assustado, o garoto agradeceu: — O-obrigado, eu vou!

    — Obrigado você.

    Saindo da loja, Kevyn caminhou tentando lembrar o caminho de volta. Tempo se passou e, perdido, o garoto foi apenas em uma direção, na esperança que fosse encontrar a saída da cidade.

    Mas depois de um bom tempo andando, estava escurecendo e, em um beco, ele percebeu que não iria conseguir voltar.

    Olhando para a sacola de matéria escura começando a desaparecer, ele rapidamente criou outra feita de ossos para que os produtos não caíssem no chão.

    Sentindo um leve sereno, o cabelo de Kevyn ficou branco e, andando até achar um canto que não caísse chuva, falhou.

    Suspirando, ele olhou para um lado e, quando olhou para o outro, a mesma mulher da sorveteria tocou seu ombro. Seu olhar escarlate se encontrou com o do garoto e, assim que ele tentou recuar, percebeu que ela estava segurando-o firmemente.

    — Você está perdido? — disse a mulher, se abaixando um pouco e tapando o sereno com um leve guarda-chuva negro, tentando não demonstrar tanta ameaça.

    Mantendo-se um pouco longe, Kevyn afirmou com a cabeça timidamente.

    Pegando a palma dele, ela levemente se ajoelhou, não tocando no chão, beijou sua mão, mantendo uma face neutra, tentou acalmá-lo:

    — Meu pequeno príncipe, por favor não se preocupe, vou levá-lo comigo.

    Olhando nos olhos dela, o garoto entendeu a situação. — Tudo bem, não precisa de toda essa formalidade.

    Soltando a mão dele, a mulher se levantou e, no mesmo momento, estendeu a mão para baixo.

    Se afastando, Kevyn chamou Night para sua mão, mas sabendo que demoraria até ela chegar, ele avançou na mulher, girando seu corpo e desferindo um chute lateral, mas com apenas um dedo, foi facilmente barrado por ela.

    Ouvindo sons de metal batendo pelo beco, o garoto rapidamente recuou. Levemente erguendo seu braço, ele achou que fosse Night, mas quando percebeu… uma espada chegou até a mão da mulher.

    Arregalando seus olhos, percebeu que ela também tinha uma arma viva. Mantendo o chamado de sua espada. “Não dá para usar o meu submeta-se, ela sabe que eu sou um dragão real”, pensou, retirando suas lentes e mantendo-se em guarda alta.

    Em poucos milissegundos, Kevyn viu o vulto da mulher quase cortando a si, mas no desespero do mais fraco, o liberar de tudo o que têm.

    Diversos cortes surgem dos braços do garoto que, erguendo levemente sua mão, um mar de chamas se formou à sua frente.

    Se afastando, a mulher decepou rapidamente o fogo com apenas o balançar de sua espada, mas quando percebeu, sua costela estava sendo atravessada por Night.

    Finalmente com sua arma em mãos, Kevyn via o sangue dos cortes pingando no chão, mas ignorando totalmente a dor, ele ficou em guarda alta.

    — Eu subestimei você, mas já chega — disse ela, coagulando o sangue em sua costela e parando o sangramento.

    Sem dizer uma palavra, a partir das paredes do beco, o garoto formou nove barreiras de ossos e saiu correndo. “Não dá pra vencer, ela é forte demais!”, pensou, ouvindo um som de explosão e sendo arremessado do beco, batendo de costas no primeiro prédio à frente, cuspindo mais sangue e caindo deitado no chão.

    Por sorte, foi em uma parede de concreto, mas ao abrir seus olhos, daquele lugar estreito vinha a mulher em sua direção. De roupas levemente chamuscadas, ela se aproximou e ainda neutra, se agachou em sua frente.

    Fechando seus olhos, Kevyn desmaiou pelo excesso de sangue.

    — Você lutou bem, vamos, agora vo-

    A mulher é interrompida pela voz de um homem e, quando ela olhou, viu um elfo cheio de sardas, de cabelo negro e olhos verdes como as folhas das árvores.

    — Aí, aí, você não deveria estar assinando papéis, Notherite?

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