Capítulo 40 — Motivos para matar.
Arregalando seus olhos, Kevyn despertou e reconheceu o teto de seu quarto. Um pouco mais calmo, se levantou, mas um flash do dia anterior veio em sua cabeça.
Pondo a mão sobre a boca, uma ânsia o quase fez vomitar, mas, resistindo, ouviu uma voz: “Por favor, descanse”, olhando para seu guarda-roupa, viu Night pendurada e brilhando suavemente.
Pegando-a, ele se ajoelhou ao chão gélido, fechando seus olhos e dizendo:
— Night… eu os matei…
Tremendo, ele arregalou seus olhos novamente, lembrando-se daqueles agonizando enquanto pegavam fogo, daquele que partiu ao meio, daqueles que decapitou.
Ofegante, a ânsia retornou, mas Kevyn continuou resistindo. “Por que não toma um banho? Tenta refrescar a cabeça”, disse Night, tentando acalmá-lo.
Abraçando-a, o garoto se levantou. — Eu… vou tentar.
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Ainda muito ferido, um homem de cabelo branco e olhos dicromáticos entrou em uma sala.
O local ao qual acabou de entrar tinha uma parede feita totalmente de vidro, podendo-se ver toda a cidade de lá de cima.
Dando um passo à frente, o homem caminhou até o centro do local, onde havia 2 sofás, um de frente para o outro. Se sentando, à sua frente, havia uma mulher com um cabelo branco e uma franja quase perfeitamente alinhada. Seu olhar carmesim se fixou nele até o silêncio se quebrar por ela:
— Você não matou Klei, não trouxe seu filho, não matou a filha do rei… Sakazuki, você é um incompetente.
Abaixando sua cabeça, Sakazuki deu um soco em seu próprio joelho, dizendo: — Chefa… eu… foi o garoto! Eu… o subestimei.
Se levantando, a mulher parou na frente dele, olhando-o com desprezo. — Você perdeu para uma criança de quatro anos, é sério?
Engolindo seco, o homem abaixou ainda mais sua cabeça. — Não disseram que ele matou mais de 20 subordinados seus?!
Se virando de costas, ela foi até a mesinha ao centro dos sofás, pegando uma xícara de café. — Eu esperava mais de você.
Sorrindo, Sakazuki se levantou, abriu seus braços como se houvesse se rendido. — Perdão, perdão! Prometo que não vai se repetir, aliás! A senhora está com o cabelo branco, você pintou?!
Ela tomou um gole de café e suspirou. — Se eu pintei? Vou te dar outra missão, se falhar, você morre, ok?
Desviando o olhar, uma gota de suor escorreu pelo rosto do homem, que respondeu: — Prometo não te decepcionar!
— Assim, eu espero.
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Debaixo do chuveiro, a água quente escorria pelo seu corpo.
Ajoelhado sobre o piso branco do boxe, ele ensaboava sua espada tentando retirar o sangue que havia nela.
Inquietamente, Kevyn esfregou e esfregou, mas o sangue não saiu. “Calma, Kevyn”, Night tentou acalmá-lo.
Expirando de maneira densa, o garoto respondeu-lhe: “Eu… desculpa”, enxaguando-a, ele se levantou e desligou o chuveiro.
“A Nick deve saber como tirar manchas de sangue, vamos falar com ela”, disse Night, enquanto Kevyn se secava.
Olhando-a, ele se vestiu e a chamou para sua mão, saindo do banheiro e do quarto, no entanto, ao lado de fora, Nick estava ali, escorada na parede.
Seu olhar empático chegou ao garoto e, se aproximando, ela o abraçou e falou: — Você os matou…
Se arrepiando, os olhos de Kevyn se encheram de lágrimas. — Eu… os matei…
— Está tudo bem, se você não os matasse, seria você ou a princesa.
Empurrando-a, ele a olhou nos olhos com desprezo. — Você não deveria defender isso! Aquilo não estava certo, estava?!
Dando-lhe um tapa na cara, de maneira calma, Nick o respondeu com o mesmo olhar de empatia: — Não importa se eles morreram ou não, você quer defender quem ama? Então, matar precisa se tornar algo natural.
Quieto, ele apenas olhou para o sangue em Night. — Matar… mas por quê?! Eles continuam tendo suas vidas!
— Se matassem todos que você ama, você perdoaria eles?!
— Não. — De maneira calma, encarou-a novamente, mas com o mesmo olhar de empatia.
— Eles eram uma ameaça, está tudo bem matar, só não faça sem nenhum motivo.
— Tudo bem…
Sorrindo, Nick ergueu sua mão para o garoto. — Vamos lá tirar o sangue da sua espada.
Aceitando a mão dela, Kevyn respondeu: — Vamos.
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Em frente à mesma janela em que sempre conversavam, Astéria segurava a lâmina de Klei com apenas uma de suas mãos.
— Você tem noção do que acabou de falar?! — gritou Klei, firmando sua espada, mas o braço da mulher sequer se mexeu.
— Recomponha-se, é pelo seu filho, você não deveria ser tão egoísta.
— Astéria! Desde quando você sabe o que é ser egoísta?! Eu sou muito mais capaz do que seu ex-general de merda! Não vou deixar você me separar dele por causa de um mero treinamento!
Astéria suspirou e materializou sua espada em sua mão. Num instante, partiu klei ao meio enquanto dizia: — Preste atenção, veremos o garoto uma vez por semana e ficaremos com ele dois dias ao final de semana. Nossa presença atrapalha o garoto por sermos fortes demais. Daniel, sendo um desconhecido, auxiliará ele muito melhor que a gente.
Se regenerando no mesmo momento, o homem suspirou e guardou sua lâmina dentro da escuridão. Olhando-a com desprezo, apenas disse: — Tudo bem, mas devo lembrá-la de que o garoto ainda fará sua escolha.
— Sim, agora vamos atrás dele — disse, caminhando pelo corredor.
Seguindo-a, Klei retirou sua espada da escuridão e tentou cortá-la ao meio, mas nada aconteceu.
Ignorando-o, Astéria soltou uma leve risada, chegando até uma porta e abrindo-a, revelando ser a biblioteca.
— Vamos esperá-lo, ele deve chegar em algum momento.
Guardando sua lâmina na escuridão de seu sobretudo, o homem suspirou. — Idiota, eu ouvi seu riso.
Indo até uma mesa, os dois se sentaram um de frente para o outro e, se encarando com desprezo, Klei quebrou o silêncio:
— Você realmente acha isso necessário?
— Vamos ver, você prefere que o garoto fique aqui preso sem nenhuma liberdade?
— Liberdade ele tem, quando ele sai com a princesa, não é o bastante?
— Lá, ele vai ter uma planície inteira para explorar, matar Slimes, fazer doces, ir para a cidade, conhecer pessoas novas… pensa Klei, pensa.
O homem franziu suas sobrancelhas e juntou as mãos em cima da mesa. — Mas… a gente precisa ficar tão distantes? A gente não pode ver ele mais vezes?
— Claro que podemos, somos pais dele.
— Hm… mas você sabe que…
— Sim, eu sei, Klei.
Entrando pela porta abraçado a uma espada gigante, Kevyn viu seus pais quietos, olhando um para o outro.
Virando seu olhar para o garoto, Astéria ergueu sua mão para ele e, num piscar de olhos, o menino foi puxado até eles.
Kevyn não estava assustado por aquilo já ter acontecido uma vez, se afastando, ele se sentou na cadeira ao centro dos dois.
Reflexivo, Klei suspirou, esperando que sua mulher começasse a falar:
— Então… Kevyn. Bem, Améli ou Aradam provavelmente disseram sobre o Daniel, certo?
Percebendo o clima denso, abraçou Night com força e apenas respondeu: — Sim, sim.
— Ótimo, Klei, por que não diz algo?
Um pouco inquieto e perturbado, o homem olhou para o garoto. — Já que sua mãe é péssima em explicações, vou ser breve, você vai lá treinar por 5 anos com Daniel e só vai voltar aqui uma vez por mês.
— Ah! Isso realmente foi mais fácil, mas… por que eu não iria?
Desviando o olhar, Klei respondeu: — Porque nós não vamos nos ver tanto?
Surpreso, Kevyn sorriu, abraçando Night com menos tensão. — Então era só isso? A gente quase não se vê, então tudo bem, não vai mudar muita coisa.
Após ouvir a fala do garoto, surpreso, o homem abriu sua boca. — A!
Se levantando, Astéria se alongou, dizendo: — Então, se prepare, você vai para a casa do Daniel amanhã.
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