Índice de Capítulo

    Em meio a uma viagem de barco, um garoto observou o mar, os peixes e o reflexo do sol. Levemente tonto, Kevyn parou de olhar para a água em movimento e se sentou no chão da embarcação.

    “É incrível pensar que estamos a 400 metros por segundo”, pensou o garoto, que olhou para sua arma em formato de anel em seu dedo.

    Erguendo sua mão à frente de si, retirou Humbra de sua “prisão” astral. Ao ver seu rei, o grande esqueleto acenou com a cabeça e perguntou:

    — A qual propósito fui invocado?

    — Pensei que quisesse aproveitar a viagem, por isso tirei você da minha alma — respondeu Kevyn, enquanto escorava suas costas sobre a parede metálica atrás de si.

    O grande general se sentou ao lado de seu criador. Quietos, o silêncio perpétuo se manteve ao mesmo tempo, em que os dois relaxaram com o som da maré batendo contra o barco.

    “Você tem tido dias agitados”, disse Night, brilhando sobre o dedo do garoto que fechou seus olhos e a respondeu.

    “Eu diria que é melhor assim, mesmo quase tendo morrido, sido sequestrado ou… só conhecido uma princesa, talvez tenha sido bom sair um pouco de casa”, fechou seus olhos e escorou a cabeça na parede metálica atrás de si.

    “Esse mês você faz aniversário, poderemos aproveitar bastante, não acha?”, debochou Night, mas mesmo sem entender, o garoto sorriu.

    “Eu preciso te perguntar qual é o seu aniversário primeiro, não acha?”, debochou de volta.

    “Me fez lembrar de quando você ficou tentando adivinhar ele, mas se insiste tanto… é na segunda lua cheia, no oitavo ciclo da segunda parte do ano”

    Confuso, Kevyn olhou-a, mas apenas a viu brilhar enquanto pequenas risadas ecoavam pela sua mente. “Enigmas… muitos enigmas, mas eu vou descobrir!”, respondeu-a, voltando a fechar seus olhos.

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    Ainda naquela mesma tarde, eles chegaram de volta à mesma ilha denominada como uma esmeralda,“Esmerald”. O barco parou e, de baixo, Daniel observou com um olhar verdejante.

    Uma rampa vinda daquela mesma embarcação desceu em direção à areia e, ao passo de um leve garoto com um dicromático e quase puro olhar ansioso, o mesmo homem viu nele, aquele que um dia foi.

    Ao parar na frente de seu novo mestre, com o mesmo uniforme de quando foi pela primeira vez à escola, Kevyn arrumou o mesmo chapéu que seu pai lhe deu e disse:

    — Meu novo mestre, vocês não me dão uma folga sequer, não é? — E assim, sorriu.

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    Junto a seu discípulo, Daniel caminhou na frente, enquanto dizia:

    — Seguinte Kevyn, como você sabe, esse é o caminho da praia até minha casa, mas tenho uma surpresa para você!!

    Ele correu na frente e foi até atrás de casa. Kevyn o acompanhou e arregalou seus olhos perante a tamanha insanidade. Com um enorme sorriso em seu rosto, Daniel olhou-o e continuou

    — Sabe, eu andei multiplicando os slimes nesses anos, sabendo que você viria, por isso, deve haver uns 500 a 800 mil deles por aqui!!!

    A frente deles, milhares de Slimes estavam no que parecia não ser só a planície, mas algo muito além do que até o próprio menino poderia saber.

    Barreiras e runas estavam por toda aquela área mágica e, ainda assustado, o garoto recuou e perguntou: — Qu-que?! Como eu não vi isso?

    — Digamos que essa área infinita é protegida por uma barreira mágica, mas não é só isso, ela é escondida para que os fracos não a vejam e só slimes considerados fortes demais consigam escapar de verdade.

    — A-ah… você não exagerou?

    De maneira séria e de postura firme, o homem sorriu gentilmente e respondeu: — Eu estava ansioso para treiná-lo, futuro rei.

    Uma calmaria chegou até Kevyn, que sorriu de volta. — Não irei te decepcionar.

    De olhos completamente arregalados, segurando diversas malas, vendo o quão megalomaníaco Daniel era, Nick gritou: — Mais que porra é essa?!!!

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    Após ajudar Nick a desfazer as malas, sentado na cama de seu novo quarto élfico, Kevyn olhava-o sem parar, pensando: “Madeira, madeira, é tudo madeira? E se aparecerem cupins?! Essa casa vai se desmanchar por inteira!!!”.

    Dando um leve suspirar, o garoto foi até a janela e, vendo o pôr do sol, um brilho roxo emanou de seu dedo, ao mesmo tempo que Night sussurrou em seu ouvido, quase como se realmente tivesse alguém ali: “Está quase na hora, vai ser divertido”, indo para sua forma original, ela atravessou o chão de madeira com sua lâmina.

    Kevyn se arrepiou e, tirando-a do chão, viu o chão se regenerando no mesmo instante. “Hm? Do que você… tá falando?”, perguntou-a, mas sem nenhuma resposta.

    De repente, Daniel entrou no quarto de forma serena e caminhou até o garoto. Parado ao seu lado, o homem acendeu um cigarro e deu uma tragada.

    — Qual é a graça de fumar? — perguntou Kevyn, que olhou para o último resquício do sol de esvaindo.

    Uma leve nuvem de fumaça se formou ao expirar do homem. Por um momento, olhou para Night, voltou a olhar para frente e respondeu: — Não existe graça… fumar é uma maneira de limpar a mente, pelo menos para alguns.

    — Limpar a mente, é? É mais fácil tomar um banho.

    — Hehe… se fosse fácil assim. Ah… aliás, garoto, vamos logo ver quem é essa sua espada?

    — Hm? Clar- — Os neurônios mais escondidos do garoto se ativaram e ele arregalou seus olhos com um tremendo brilhar. — O QUÊ?! — gritou, após entender o que seu mestre acabou de dizer.

    — A-ah! Eu não esperava essa reação… ou na real já sim… mas a Night é uma espada viva, ela tem alma, vida, ciência. A primeira etapa, você sacrificou um pouco do seu sangue para firmar um pacto entre suas almas, a segunda, é vocês se enfrentarem para ligarem seus laços de espada e espadachim.

    Quieto, Kevyn piscou duas vezes e perguntou: — Lutar?

    — É, me empresta ela, por favor — ergueu sua mão para o garoto, enquanto com a outra apagou seu cigarro na madeira da janela.

    Entregando-a, o garoto, um pouco confuso, esperou pelo o que Daniel fosse dizer.

    Fazendo um sinal para o acompanhar, o elfo sorriu e saiu do quarto, indo em direção à saída.

    Kevyn seguiu-o e, ao lado de fora, aguardou ansiosamente.

    — Eu não vou interferir… está pronto?

    Ainda mais ansioso, o garoto, não se aguentando, gritou animado: — SIM!!!

    No mesmo instante, Daniel jogou a espada ao céu e, enquanto ele fazia diversos sinais de mãos e pronunciava palavras em uma língua desconhecida para o garoto, ao tocar da espada na grama verdejante do jardim… uma enorme nuvem de fumaça se formou e… com um leve bilhar púrpura ascendendo, de um esqueleto demoníaco, músculos até chegar na carne e pele, ela estava lá…

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