Capítulo 52 — Grimório
Dois dias se passaram e, ao meio-dia, Kevyn caminhava em direção ao local do primeiro encontro com o demônio real.
Lá estava aquele demônio sem olhos, colhendo flores. De maneira latente, o garoto pensou em dizer algo, mas hesitou.
O monstro então percebeu a presença dele, assim se ergueu e encarou-o.
“Eu não preciso”, pensou Kevyn, e sem hesitar, avançou para cima do ser demoníaco que, ao perceber o avanço repentino, jogou duas das argolas em volta de seus braços e…
… ao vê-las aumentar de tamanho, o garoto se viu na planície, mas algo parecia diferente, de repente, ele levou um chute nas costas, sendo arremessado.
Rebatendo contra a grama, o menino caiu de pé e arrastou seus pés sobre a grama, mas a sua frente, a mesma argola dourada do demônio.
Um lapso chegou até Kevyn que, se jogando para trás, um punho atravessou o anel e quase o acertou, no entanto, logo em seguida ele deu uma cambalhota e chutou o braço do monstro.
O ser demoníaco chamou suas argolas para seus braços e encarou o garoto com um sorriso perverso, mas algo estava errado…
— Isso!!! Eu consegui!!! — gritou o menino, saltando pela grama com um enorme sorriso.
Confuso, o demônio quebrou por um momento, perdeu seu sorriso e apenas o encarou sem entender sua reação.
— Chamarei essa técnica de… Calamidade!!!
Num instante, o livro de anotações do garoto saiu da bolsa dimensional e flutuou sobre o ar na frente dele.
Surpreso, ele pensou: “Hm? O que é isso?”, se aproximou e, a sua caixa de matérias de desenho também saiu da bolsa dimensional.
— Ei! Parem de flutuar!!! Night, é você?! — Encarou sua arma em seu dedo.
Ela não respondeu e, com diversas folhas de papel saindo da caixa, elas se uniram ao caderno de anotações em um tom vermelho.
“Não é você”, ele pegou o livro e virou as páginas em vermelho, e então percebeu: “Essas… esse… NÃO ACREDITO!!!!”, fechou o livro e saiu correndo.
Em completo choque, o demônio se aproximou da caixa com matérias de desenho e começou a mexer no que havia ali com um leve sorriso.
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— NICK, NICK, NICK!!!!!! — gritou Kevyn, pulando em volta da mulher.
Ela piscou duas vezes seguidas e observou toda aquela animação. — Você não estava numa fase trevosa? O que aconteceu?
Mostrou o caderno agora com algumas páginas vermelhas e disse: — Sabe o que isso significa?!
Após observar um pouco, ela arregalou seus olhos e apontou o dedo para as páginas. — NEM FUDENDO… ah… o que é isso mesmo?
Quieto, o garoto abriu as páginas em vermelho e as lentamente passou uma a uma, mostrando o nome do topo até o resto da página e o que estava escrito:
┎•━┅━┅━┅━┅━┅ 𝑪𝒂𝒍𝒂𝒎𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 ┅━┅━━┅━┅━•┒
∆ ᏂᎧᏁᏋ ᎴᏋ ᎴᏋᏦᎥᏖᏗ ᏗᏖᏕᏬᎥ ᏂᎧᏁŌ ∆
Fusão de técnicas de maneira inerente
Tasō, Sonikkubūmu, Hone, Atsui e entre
outros, sendo sua principal função,
fundir, mas canalizar.
┖•━┅━┅┅━━┅━┅━┅━ • ━━┅━━┅━━┅━┅━•┚
Segundos se tornaram anos na mente da garota que pensou: “A Mind deu um grimório pro garoto? Disfarçado de caderneta”, um leve arrepio subiu por toda espinha de Nick, que continuou“você podia ter ido para a universidade antes, mas… me disse que não comprou nada e esse presente era algo importante pra você, isso não parece fazer sentido”.
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Na sala de aula, uma vampira de olhos carmesim se sentou ao lado de uma mulher com cabelo roxo e levemente despreocupada.
— Mestra, você disse que já teve um grimório, não é? — perguntou Kynory.
Mind viajava em sua própria cabeça e, consecutivamente, ignorou sua aluna e colega de quarto.
Irritada, a garota pegou uma mecha de seu cabelo prateado e fez cócegas no nariz de sua professora. Aflita, Mind se afastou e coçou seu nariz enquanto a repreendeu:
— Kynory! Isso não é algo que se faça!!
De maneira séria, a garota encarou a mulher morbidamente. — Mid, você já teve um grimório, não é?
A mulher deitou sua cabeça na mesa e respondeu: — Sim, mas eu dei pro Kev, ele era do meu pai adotivo, mas ele morreu.
— Quem foi seu pai?
— Pai eu não sei, mas o meu adotivo era um guerreiro de Lycky, morreu na guerra alguns anos atrás.
Curiosa, Kynory retirou um lindo livro negro e o pôs sobre a mesa. — Eu consegui esse grimório do meu… avô.
— Ele te aceitou?
— Ele era um vampiro, não um elfo!
Mind demonstrou um sorriso espontâneo e logo em seguida respondeu: — Ah! Elfo era a sua avó! Mas… o que quer perguntar?
— Esse grimório não tem nada.
— Para você usar habilidades do antigo usuário, vai precisar se igualar a ele quando o próprio desenvolveu determinada técnica.
— Me igualar? — disse, mas logo em seguida ficou em completo silêncio.
— Você sente falta dele, né? — Ela tomou um semblante mais sério e acariciou a cabeça dela.
— Eu… não deveria ter deixado ele por causa dos estudos.
— Tá tudo bem, isso vai ser o melhor para você.
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Nick se ajoelhou e, sem sequer saber como diria aquilo para o garoto, apenas disse:
— Kevyn, cuida bem desse caderno, cuide como se fosse a última coisa da sua vida.
Com um doce sorriso, ele respondeu: — Claro que vou, ele foi dado pela Mind!
Um suspiro de alívio veio da mulher, que se levantou e se virou de costas, caminhando para fora do cômodo, enquanto Daniel, com uma arma enfaixada em suas mãos, passou por ela e parou na frente do garoto.
— Uma vez, da mãe, agora, de seu filho. Criada pela maior ferreira que já existiu e ainda existe, em suas mãos estará a primeira de suas 7 espadas. Kind hell, ou Inferno amável.
Aos poucos, as faixas saíam e, então, revelou uma espada negra carmesim, mas não qualquer carmim, mas tão vibrante que parecia ser feito do sangue de um Deus.
Kevyn parecia perplexo por aquelas mesmas faixas, antes na espada, agora enroladas em seu corpo. “Essa espada e faixas têm um cheiro familiar”, pensou, dando um passo à frente e aguardando o presente enquanto levemente se ajoelhava.
Daniel guardou-a em sua bainha e entregou a espada às faixas, que se amarraram na bainha e viraram uma alça para o garoto poder levá-la consigo.
— Então, garoto, o que achou?
De olhos arregalados, Kevyn pegou-a em sua bainha e respondeu: — Ela tem uma presença intimidadora.
— Acho que não é ela, mas a Night hehe.
Ao olhar para sua arma em seu dedo, o garoto viu-a brilhando tão intensamente que talvez pudesse até o cegar. — Ah! Faz sentido!
— Enfim, para seu treinamento, é importante que possa conhecê-la, me entregue a Night, antes da sua luta, ela também precisa treinar.
— Ei! Ela é muito forte!
O homem suspirou e rapidamente retirou o anel do dedo dele. — Independente garoto.
Antes de poder confrontá-lo, Kevyn viu seu mestre sair do cômodo. O garoto suspirou e saiu de casa.
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Sentado no topo de uma colina, o garoto desembainhou sua nova espada, vendo sua lâmina de perto enquanto pensava: “Você consegue me cortar”.
Pondo sua mão na lâmina de Kind, Kevyn fechou-a e lentamente passou sua palma por toda a lâmina. Vendo seu sangue escorrer e manchar a espada, pensou: “Você não tem alma, mas fará parte da minha”.
Um segundo se passou e, com o evaporar do sangue, a lâmina da espada entrou em chamas. “Elas são que nem as daquele dia”, o garoto olhou para seu braço e logo absorveu o fogo carmesim.
— Interessante — disse, enquanto se levantava, aprontava sua arma para o chão e continuava — vamos ver o que você consegue fazer.
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