Índice de Capítulo

    — Isso foi um pouco agressivo da sua parte — disse a mulher, com um olhar mais sério.

    De olhos arregalados, as mãos de Kevyn suavam. “Por que eu tô sentindo tanto medo?!”, pensou, ao fixar nas pupilas cor de vinho dela.

    O garoto tremia, entretanto, se manteve centralizado e deixou Kind em diagonal enquanto disse de maneira neutra:

    — Quem é você?

    Após ouvir a pergunta, a mulher levou sua mão até seu peito e o respondeu com uma voz calma e letárgica: — Pode me chamar de Puryyn, mas eu não vim aqui para me apresentar.

    Numa fração de segundo, ela estava na frente do garoto, entretanto, Kevyn pôde ver seus movimentos e recuou no mesmo instante e pôs sua espada na bainha.

    — Você está com a Star, cuida bem dela para mim — disse Purryn, enquanto desferiu um chute na costela do garoto.

    Ao prever o ataque, o garoto defendeu-o, segurou a perna e avançou pela mulher ter aberto sua guarda, dando um soco em seu estômago enquanto perguntava: — Quem é Star?

    “É idêntico ao pai”, de maneira alegre, Purryn sorriu ao segurar o punho do menino e, logo em seguida, devolveu o soco no estômago, dessa vez tão rápido que seria indefensável.

    Ao ter seu punho pego, Kevyn acelerou seus pensamentos em 400% e, vendo-a o atacar, rapidamente convocou Humbra pelo estômago, que o defendeu com sua mão. Mas, como consequência, o garoto foi arremessado a milhares de metros em segundos.

    Caindo de pé, ele sentiu seu corpo fraquejar, caiu de joelhos e, por fim, ficou em posição fetal após o impacto dos dois ataques atravessarem seu corpo.

    — Arg! Que dor!

    Purryn no mesmo instante, chegou até o garoto e olhou-o de cima. — Você resiste bem ao meu poder, sinta-se orgulhoso pelo privilégio de lutar comigo e… sobreviver. — Ela desviou o olhar de maneira triste por um momento, mas logo olhou para ele alegremente.

    Kevyn se recuperou através da manipulação de sangue com abjuração e se esticou sobre o chão, não mais sentindo o mesmo medo de antes. — Você, por acaso, é uma das amigas da minha mãe?

    — Que pergunta intrigante, hein? Será que eu sou? Hehe — Sorriu.

    — É, você é.

    — Ela tá chegando, nos vemos por aí, pequeno Calamith. E cuidado com a Myuky, hein? — Purryn desapareceu no mesmo instante.

    Humbra terminou de ser liberado e, assim que saiu, se ajoelhou para seu rei, como forma de referência.

    Kevyn se ergueu e ficou de pé enquanto pensava: “Por que minha mãe precisa ter amigas tão estranhas?”, ao terminar sua linha de raciocínio, o garoto esperou pela fala de seu subordinado:

    — Sinto muito, não fui forte o suficiente para lhe proteger.

    — Está tudo bem, vamos esperar quem a Purryn disse estar chegando. — O menino segurou o cabo de sua espada e aguardou, mantendo-se alerta.

    ❍ ≫ ──── ≪ • ◦ ❍ ◦ • ≫ ──── ≪ ❍

    Alguns segundos se passaram e Astéria apareceu atrás de Kevyn, vendo-o alerta, ela continuou escondendo sua presença. Após um tempo procurando algo pelos arredores, sem achar nada, ela tocou o ombro do garoto.

    Kevyn sentiu o toque gélido. “Num momento desse?”, pensou, se virando enquanto seu cabelo ficava branco.

    — Aya, não chega as- … Mãe?! — gritou ao ver que dessa vez era realmente Astéria.

    — Quem é Aya?

    — Uma… amiga?

    Quieta, a mulher encarou seu filho e respondeu: — Entendi.

    Um silêncio tomou conta do lugar, podendo-se ouvir unicamente o vento da planície e seus slimes.

    Desconfortável, Kevyn pensou no que dizer após perceber o silêncio de sua mãe.

    — A-ah… o que você tá fazendo aqui?

    Astéria levemente arregalou seus olhos e o respondeu: — Eu… senti que estivesse em perigo.

    — Só isso?

    — Você não me parece bem também, vejo isso nos seus olhos.

    O garoto desviou o seu olhar por um segundo e respondeu: — Não finja que se importa.

    A mulher suspirou, tocou as costas de seu filho e caminhou enquanto arrastava ele consigo. — Não seja tão rebelde, você já treinou o bastante por agora, não exagere.

    ❍ ≫ ──── ≪ • ◦ ❍ ◦ • ≫ ──── ≪ ❍

    Os dois caminharam pela cidade juntos, mas sem falar uma palavra. Astéria parou na frente de uma casa e bateu na porta.

    Alguns segundos se passam e uma mulher de cabelo vermelho vinho atendeu. Reconhecendo-a, Kevyn levemente arregalou suas pálpebras ao encontrar seus olhos com as caveiras nas pupilas dela.

    — Como vai, As? — disse Puryyn, que direcionou seu olhar para sua amiga.

    — Boa tarde, Sue, trouxe meu filho para conhecê-lo.

    — Claro, entre, entre. — Sorriu e voltou para dentro.

    O garoto agarrou-se ao lado de sua mãe enquanto adentravam a residência da mulher.

    Vendo-o assustado, Puryyn sorriu e olhou para sua amiga ao mesmo tempo que passavam por um pequeno e simples corredor.

    — Ele é muito fofo, é idêntico a você.

    — Por favor, não quero acreditar que você seja que nem a Myuky.

    A mulher sorriu ao terminarem de andar pelo corredor e enfim chegarem a uma leve sala oriental.

    Indo até um de seus dois sofás, Puryyn se sentou no maior enquanto respondia à sua amiga:

    — Ah, não, não, eu não vou furar os olhos de alguém que está esperando há quase 8 mil anos.

    Astéria se sentou no sofá menor, que ficava escorado perto da janela. — Infelizmente, não tem como mais desfazer, Suedrom.

    Sem saber o que fazer, Kevyn olhou para os dois sofás, não sabendo se senta no colo de sua mãe e passa vergonha, ou senta ao lado de quem lutou recentemente.

    Vendo a indecisão do garoto, Suedrom bateu a mão ao seu lado com um sorriso no rosto.

    Sem mais como correr, o menino se sentou ao lado da mulher e olhou para o lado oposto ao dela. “Isso não foi legal!”.

    — Astéria, como tem estado Seyfu? Ouvi que a mão de obra vem diminuindo cada vez mais — perguntou Puryyn.

    Astéria concordou com a cabeça e respondeu: — Não é nada grave, apenas alguns problemas de enriquecimento e maior idade.

    — Ela conseguiu te ajudar?

    — Nós somos quase irmãs, então, obviamente.

    Suedrom sorriu e passou seu braço em volta do pescoço de Kevyn. — As, seu filho já experimentou aquele seu chá?

    — Não, eu realmente não tenho tido muito tempo.

    — Têm os materiais lá na cozinha, se você quiser aproveitar.

    — Tudo bem, então — disse Astéria, que se levantou e foi em direção à cozinha.

    Agora sem sua única proteção, Kevyn encarou Puryyn, esperando que ela fosse falar algo ou apenas o matar.

    — Garoto, qual é o seu maior sonho? — Suedrom disse com uma calmaria contagiante.

    Um conforto chegou ao garoto, que a sentiu abraçando. — Acho que proteger aqueles que amo… assim como nasci para proteger meu povo.

    — Você fala coisas adultas, mas esse é o sonho que te impuseram, não é isso que eu quero de você. Me diz, qual é o seu sonho de verdade?

    — Eu… não sei.

    — É esperado, mas você vai encontrar ele, só não deixe te controlarem. — Ela terminou e escorou a lateral da sua cabeça com a do garoto.

    Apoie-me

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota