Capítulo 53 — Alguém além da força
— Isso foi um pouco agressivo da sua parte — disse a mulher, com um olhar mais sério.
De olhos arregalados, as mãos de Kevyn suavam. “Por que eu tô sentindo tanto medo?!”, pensou, ao fixar nas pupilas cor de vinho dela.
O garoto tremia, entretanto, se manteve centralizado e deixou Kind em diagonal enquanto disse de maneira neutra:
— Quem é você?
Após ouvir a pergunta, a mulher levou sua mão até seu peito e o respondeu com uma voz calma e letárgica: — Pode me chamar de Puryyn, mas eu não vim aqui para me apresentar.

Numa fração de segundo, ela estava na frente do garoto, entretanto, Kevyn pôde ver seus movimentos e recuou no mesmo instante e pôs sua espada na bainha.
— Você está com a Star, cuida bem dela para mim — disse Purryn, enquanto desferiu um chute na costela do garoto.
Ao prever o ataque, o garoto defendeu-o, segurou a perna e avançou pela mulher ter aberto sua guarda, dando um soco em seu estômago enquanto perguntava: — Quem é Star?
“É idêntico ao pai”, de maneira alegre, Purryn sorriu ao segurar o punho do menino e, logo em seguida, devolveu o soco no estômago, dessa vez tão rápido que seria indefensável.
Ao ter seu punho pego, Kevyn acelerou seus pensamentos em 400% e, vendo-a o atacar, rapidamente convocou Humbra pelo estômago, que o defendeu com sua mão. Mas, como consequência, o garoto foi arremessado a milhares de metros em segundos.
Caindo de pé, ele sentiu seu corpo fraquejar, caiu de joelhos e, por fim, ficou em posição fetal após o impacto dos dois ataques atravessarem seu corpo.
— Arg! Que dor!
Purryn no mesmo instante, chegou até o garoto e olhou-o de cima. — Você resiste bem ao meu poder, sinta-se orgulhoso pelo privilégio de lutar comigo e… sobreviver. — Ela desviou o olhar de maneira triste por um momento, mas logo olhou para ele alegremente.
Kevyn se recuperou através da manipulação de sangue com abjuração e se esticou sobre o chão, não mais sentindo o mesmo medo de antes. — Você, por acaso, é uma das amigas da minha mãe?
— Que pergunta intrigante, hein? Será que eu sou? Hehe — Sorriu.
— É, você é.
— Ela tá chegando, nos vemos por aí, pequeno Calamith. E cuidado com a Myuky, hein? — Purryn desapareceu no mesmo instante.
Humbra terminou de ser liberado e, assim que saiu, se ajoelhou para seu rei, como forma de referência.
Kevyn se ergueu e ficou de pé enquanto pensava: “Por que minha mãe precisa ter amigas tão estranhas?”, ao terminar sua linha de raciocínio, o garoto esperou pela fala de seu subordinado:
— Sinto muito, não fui forte o suficiente para lhe proteger.
— Está tudo bem, vamos esperar quem a Purryn disse estar chegando. — O menino segurou o cabo de sua espada e aguardou, mantendo-se alerta.
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Alguns segundos se passaram e Astéria apareceu atrás de Kevyn, vendo-o alerta, ela continuou escondendo sua presença. Após um tempo procurando algo pelos arredores, sem achar nada, ela tocou o ombro do garoto.
Kevyn sentiu o toque gélido. “Num momento desse?”, pensou, se virando enquanto seu cabelo ficava branco.
— Aya, não chega as- … Mãe?! — gritou ao ver que dessa vez era realmente Astéria.
— Quem é Aya?
— Uma… amiga?
Quieta, a mulher encarou seu filho e respondeu: — Entendi.
Um silêncio tomou conta do lugar, podendo-se ouvir unicamente o vento da planície e seus slimes.
Desconfortável, Kevyn pensou no que dizer após perceber o silêncio de sua mãe.
— A-ah… o que você tá fazendo aqui?
Astéria levemente arregalou seus olhos e o respondeu: — Eu… senti que estivesse em perigo.
— Só isso?
— Você não me parece bem também, vejo isso nos seus olhos.
O garoto desviou o seu olhar por um segundo e respondeu: — Não finja que se importa.
A mulher suspirou, tocou as costas de seu filho e caminhou enquanto arrastava ele consigo. — Não seja tão rebelde, você já treinou o bastante por agora, não exagere.
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Os dois caminharam pela cidade juntos, mas sem falar uma palavra. Astéria parou na frente de uma casa e bateu na porta.
Alguns segundos se passam e uma mulher de cabelo vermelho vinho atendeu. Reconhecendo-a, Kevyn levemente arregalou suas pálpebras ao encontrar seus olhos com as caveiras nas pupilas dela.
— Como vai, As? — disse Puryyn, que direcionou seu olhar para sua amiga.
— Boa tarde, Sue, trouxe meu filho para conhecê-lo.
— Claro, entre, entre. — Sorriu e voltou para dentro.
O garoto agarrou-se ao lado de sua mãe enquanto adentravam a residência da mulher.
Vendo-o assustado, Puryyn sorriu e olhou para sua amiga ao mesmo tempo que passavam por um pequeno e simples corredor.
— Ele é muito fofo, é idêntico a você.
— Por favor, não quero acreditar que você seja que nem a Myuky.
A mulher sorriu ao terminarem de andar pelo corredor e enfim chegarem a uma leve sala oriental.
Indo até um de seus dois sofás, Puryyn se sentou no maior enquanto respondia à sua amiga:
— Ah, não, não, eu não vou furar os olhos de alguém que está esperando há quase 8 mil anos.
Astéria se sentou no sofá menor, que ficava escorado perto da janela. — Infelizmente, não tem como mais desfazer, Suedrom.
Sem saber o que fazer, Kevyn olhou para os dois sofás, não sabendo se senta no colo de sua mãe e passa vergonha, ou senta ao lado de quem lutou recentemente.
Vendo a indecisão do garoto, Suedrom bateu a mão ao seu lado com um sorriso no rosto.
Sem mais como correr, o menino se sentou ao lado da mulher e olhou para o lado oposto ao dela. “Isso não foi legal!”.
— Astéria, como tem estado Seyfu? Ouvi que a mão de obra vem diminuindo cada vez mais — perguntou Puryyn.
Astéria concordou com a cabeça e respondeu: — Não é nada grave, apenas alguns problemas de enriquecimento e maior idade.
— Ela conseguiu te ajudar?
— Nós somos quase irmãs, então, obviamente.
Suedrom sorriu e passou seu braço em volta do pescoço de Kevyn. — As, seu filho já experimentou aquele seu chá?
— Não, eu realmente não tenho tido muito tempo.
— Têm os materiais lá na cozinha, se você quiser aproveitar.
— Tudo bem, então — disse Astéria, que se levantou e foi em direção à cozinha.
Agora sem sua única proteção, Kevyn encarou Puryyn, esperando que ela fosse falar algo ou apenas o matar.
— Garoto, qual é o seu maior sonho? — Suedrom disse com uma calmaria contagiante.
Um conforto chegou ao garoto, que a sentiu abraçando. — Acho que proteger aqueles que amo… assim como nasci para proteger meu povo.
— Você fala coisas adultas, mas esse é o sonho que te impuseram, não é isso que eu quero de você. Me diz, qual é o seu sonho de verdade?
— Eu… não sei.
— É esperado, mas você vai encontrar ele, só não deixe te controlarem. — Ela terminou e escorou a lateral da sua cabeça com a do garoto.
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