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    Após o almoço, começou a chover, Kevyn a observou cair da janela de seu quarto e, então, lembrou-se do ataque de seu pai.

    Fitando uma montanha, o garoto levemente soltou uma nuvem de ar frio enquanto se virava, mas atrás dele estava Night. Ela estava perto o suficiente para se tornar sufocante, mas não estava ao mesmo tempo.

    Os dois eram quase da mesma altura, mas ela era mais alta. “Afinal… você tem quantos anos?”, perguntou Kevyn, que tentou falar com a garota.

    “Não é só porque você bate a testa na minha boca que eu seja tão velha, já te falaram que não é muito educado perguntar a idade de uma mulher, certo?”, respondeu Night, que se virou e deu um passo à frente com suas mãos atrás das costas.

    “Eu não ligo se você for mais velha”, disse o garoto, que também se virou e… após perceber o que falou, resolveu pular da janela e sair enquanto manipulava a água da chuva para não o atingir. “Que vergonha!!! Não acredito que eu disse isso!”, respondeu para si, enquanto caminhava em direção à montanha que enxergou minutos antes.

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    Após se acalmar e caminhar pela vasta planície, Kevyn soltou leves nuvens geladas. “Isso é chuva? É tão diferente das nevascas”, pensou ao mesmo tempo, em que liberava sua manipulação de água e deixava a chuva o atingir.

    Vendo a ótima oportunidade para seu general, o garoto liberou Humbra, que ao ser liberado tão de repente, observou seu mestre e perguntou:

    — Por que me chamou?

    — Olha só Humbra, chuva! — Sorriu.

    — Você…- isso… te torna um rei interessante. — Olhou para o céu enquanto seguiu seu mestre.

    — Você não gosta das pequenas coisas que o mundo pode oferecer? Essa sensação de liberdade é ótima.

    — Você não se sente livre, meu rei?

    Kevyn parou de falar por um segundo e encarou seu general. — Ei! Não é bem isso, eu… falo do mundo em sua totalidade, alguém criou tudo isso, essa pessoa pode ser boa ou ruim, nem Deus é perfeito, mas é nas imperfeições que achamos beleza.

    — Acho que muitas crenças discordam de você, meu criador.

    Enfim, no pé da montanha que encarou, Kevyn olhou para seu subordinado e lhe estendeu sua mão. De maneira calma, o garoto sorriu e o respondeu:

    — Quem se importa com essas crenças? — Ele riu e continuou — hehehe! Se formos felizes ou tristes, isso faz parte de algo que só a gente vai entender, não é? Vamos aproveitar nossas vidas imortais com momentos que vamos lembrar para sempre. Você sabe qual é o meu sonho de verdade, Humbra, eu sei que sabe.

    O grande esqueleto aceitou a mão de seu criador e, num instante, a água no chão se alavancou como uma plataforma em direção ao topo da montanha.

    Kevyn soltou a mão de seu general e manipulou toda a água ao redor.

    — Diz para mim, minha criação, você acha que eu sou um bom Deus?

    — Não.

    — Que bom, você entendeu a ideia. — O garoto riu e soltou um leve expirar gélido.

    Segundos se passaram e ao topo chegaram. Um ar rarefeito e tão gélido congelou as gotas de chuva, que viraram flocos de neve.

    Ao tocar seus pés descalços sobre a neve, Kevyn esperou pelo seu general enquanto cortes rasgavam sua pele e chamas carmesim flutuavam perante os dois.

    O grande esqueleto desceu da plataforma e viu seu criador sangrando.

    — Você está bem? — perguntou Humbra.

    — Não ligue para isso, eu estou me curando enquanto os cortes aparecem.

    — Mas não dói?

    — Hmm — Kevyn levou sua mão até o queixo e então continuou — eu nunca contei da minha maldição, né?

    — Não?

    — Não é nada de mais, ela só faz meu braço ser rasgado a cada milésimo. Não quero que se preocupe, eu já estou me acostumando.

    — Entendo.

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    Os dois passaram horas conversando, a nevasca estava razoável e as auroras podiam ser vistas. Eles estavam a 27 quilômetros do chão e nuvens densas começaram a se aglomerar no local onde eles estavam.

    Claro, as nuvens apenas estavam sendo manipuladas por Kevyn, mas ele estava apaziguado, a chuva se tornou neve e isso parecia ter acalmado sua mente.

    Humbra dormiu com toda aquela calmaria, até os seres de mana precisam dormir, não é mesmo?

    O garoto percebeu e, depois de um certo tempo, o pôs em sua alma e se levantou. “Por que um mundo tão lindo precisa ser tão feio?”, pensou, enquanto aumentava as chamas carmesim, tornando-as ainda mais quentes.

    Por possível instinto, Kevyn passou sua mão por dentro da chama, mas ela não o queimou. Surpreso, ele moldou as chamas entre seus dedos e criou uma foice de fogo.

    Por mais que os cortes se manterem, o garoto fez alguns ataques nas nuvens ao redor e, em pouco tempo, parou e olhou para a arma.

    — Por mais que seu presente seja um total desastre e inconsistente, isso vai me ajudar muito — disse ao absorver as chamas e então se curar dos cortes. O garoto então sorriu e continuou — farei bom uso.

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