Capítulo 68 — Semana cansativa.
— Garoto, não dá para voltar por aí.
Kevyn esteve horas tentando sair pelo buraco de onde veio, mas era em vão. Não querendo usar sua restrição, ele se aproximou do gigante e se sentou perto em posição fetal, abraçando suas pernas.
— Você esteve quieto há horas, o que aconteceu? — perguntou Chronos.
— Eu só quero voltar pra casa para falar sobre esse assunto.
— Qual?
— Daniel ser dono do mundo.
— Ah… talvez eu tenha sido um pouco equivocado, ele é lorde nolysses do mundo inteiro, é diferente.
— Tanto faz, dá no mesmo. — Virou a cara.
— Calamith, por que você parece estar sentido com isso?
— Todos escondem coisas de mim, isso não me parece justo.
— Mas o que escondem?
— Um livro ser um grimório, fatos históricos, coisas ditas em livros, assuntos que dizem ser para “adultos”, suas motivações, suas histórias, eu cansei de ficar preso numa caverna e não poder olhar do lado de fora.
Quieto, o gigante acariciou a cabeça do garoto com seu dedo. Alguns segundos se passam, o jovem apenas abaixou a cabeça e escondeu seu rosto em suas pernas.
— Príncipe, eu prefiro ficar aqui, me esconder do mundo… não quero mais ver a crueldade das coisas… a morte… ela pode ser terrivelmente… mortal.
— Chronos, nós não podemos se esconder, se não encararmos o lado de fora, como vamos buscar a felicidade?!
Quieto, o gigante suspirou e enfim se sentou. Com suas costas quase encostando no teto do buraco, ele encarou o pequeno dragão e enfim o respondeu:
— Talvez você esteja certo, já estou a milhões de anos aqui, você fala demais para um garoto tão novo, sabia? Pare de pensar nessas coisas, vá ter uma infância moleque. — disse e esticou sua mão para o jovem subir nela.
Ao sentir uma pressão de ar vinda de trás de si, Kevyn parou de esconder a cara e olhou para ele. Vendo seu rosto com uma longa barba ruiva, o garoto se surpreendeu, ele era como os deuses nórdicos ditos na mitologia nórdica.
“Aquele cabelo ruivo, esses olho azuis… Por que ele é tão parecido com Thor?!!!!!!!!”, pensou, mas logo balançou a cabeça e pulou na mão dele.
— Faz muito tempo que eu não faço isso, mas vamos lá.
O gigante fechou os olhos e em milésimos, eles já estavam na superfície da floresta. Acima do lago, abaixo das nuvens, com seus 140 quilômetros, o gigante se absteve de pé ao poder ver o mundo depois de tanto tempo.
Ele logo pôs o príncipe no topo de sua cabeça e olhou para casa de Daniel. Chronos deu um passo, e chegou na planície, onde se sentou e esperou.
“Eu não posso ficar aqui, preciso ir lá para baixo também”, pensou Kevyn, que rapidamente correu e saltou em direção ao chão, mas quando percebeu a altura, continuou “AHHHHH!!!!!!! NÃO!!!! CASLMA! ok… isso é muito alto, já sei!”.
O garoto rapidamente abriu um planador de ossos e logo iniciou sua descida calma.
— Belas asas, Calamith — Chronos o elogiou.
— Não são asas!!
Após longos minutos descendo, o jovem enfim chegou ao chão, onde absorveu seu planador e viu Daniel.
Uma face apática surgiu no rosto do garoto, que cruzou os braços e perguntou:
— Algum problema?
— Não, mas não esperava que fosse trazer ele de volta para a superfície. — Apontou para o gigante.
— Ah! Entendo.
Ao perceber a presença de ferreiro, Chronos se levantou, se alongou e ao terminar, cruzou seus braços enquanto dizia:
— Obrigado pequeno Calamith. Daniel, como hoje não sou mais aquele que uniu o espaço e o tempo. Viajarei o mundo não mais como gigante, mas… — Em uma fração de segundo, de 140 quilômetros, o antes gigante, virou um aparente humano de 2,13 metros e continuou — como homem, a partir de agora, me chame como os humanos antes me chamaram, Þórr.
— O que ele te disse para fazer mudar de ideia?
— Dreizaoty não está mais por aí, eu posso muito bem viajar! — gritou, ergueu a mão ao céu e, em poucos segundos, um martelo enorme veio até sua mão. — O que o príncipe disse não importa, eu não posso ficar muito ou os humanos vão me reconhecer.
Daniel sorriu e começou a voltar para casa. — Tudo bem, tudo bem. Aparece outro dia para beber!
Vendo-o ir, Chronos olhou para o pequeno dragão e acariciou sua cabeça. Com a ação repentina, Kevyn deu um soco na barriga dele por instinto, mas era como bater um muro de titânio.
— Ei!!! Minhas orelhas!!! Você tá esfregando elas!!!!
— Hehe… para um dragão, você é felpudo demais. Muito obrigado futuro rei, mas agora se me der licença, eu tenho um mundo inteiro para explorar!!! — Um trovão caiu e Chronos desapareceu.
Quieto e ainda tentando processar, o jovem franziu suas sobrancelhas e começou a voltar para casa.
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O príncipe tomou banho e logo em seguida foi para o quarto e deitou-se em sua cama. “Eu cansei, essa semana não tá legal não… tudo parece querer me cansar antes da luta, mas não vou deixar!!”, pensou e deu um soco na cama.
— Arh… quero passear com a Kelly. Lembrei!
Kevyn se levantou, correu até a forja e, quando viu Daniel, juntou todas as suas forças e deu um soco direto na costela dele.
Ao receber o ataque, o elfo mal se mexeu, mas, de maneira curiosa, encarou o príncipe.
— Daniel!! Como assim você criou os Lordes Nolysses?! O que mais você sabe?!!! Por que escondeu isso logo de mim?
— E por que você deveria saber?
O ferreiro olhou-o de cima, uma certa arrogância veio de sua voz e o jovem tomou uma postura mais séria ao perceber aquele olhar.

— Você é meu tutor, ex-guarda real, alguém do meu povo. Posso ser novo, mas sei que isso tem importância!!!
Daniel então suspirou e o respondeu com um sorriso: — Eu já não sou mais dono dos Nolysses, tornaram meu posto já faz muito tempo.
— Ah…
— Olha, você é só uma criança, aja como uma, é irritante ver alguém tão novo falar coisas assim.
Kevyn suspirou e se sentou em um banco próximo. — Não.
— Por que não?
— Porque preciso ser um bom rei, eu não posso ser infantil.
— E quem te disse isso?
— A-ah… isso não importa!! — Desviou o rosto.
Daniel voltou a forjar e esperou por um tempo antes que voltasse a falar.
[Phaw!] Com o som do martelo, o jovem percebeu que a forja estava levemente mais bagunçada que o comum e não havia uma espada, todas já haviam sido vendidas.
— Kevyn, o que fez com aquele brinquedo que sua mãe te deu?
— O cavalo de metal?
— Aquilo se chama carro, mas sim.
O garoto enfiou sua mão na bolsa dimensional e tirou o brinquedo ainda embalado.
[Phaw!] Ao dar sua última martelada, o elfo encarou e coçou a cabeça, ele franziu as sobrancelhas e então disse:
— Faz o seguinte, faz uma rampa para baixo, pega o carrinho, Deus ele na ponta de cima e solta.
— Hm?
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