Capítulo 75 — Chegada na capital de Twilight.
— Bem-vindo ao crepúsculo.Kevyn ouviu Améli enquanto a luz chegava a seus olhos. Ao passar pelo portal, do outro lado, eles estavam em uma praia.
Vendo as pessoas, dragões, humanos, elfos. Encantado, o jovem viu as palmeiras, o chão de concreto e os prédios além da areia.
— Nossa! — O cabelo do garoto ficou negro com o sol.
— Vamos. — A mulher foi à frente e esperou-o no final da areia e início das pedras.
Kevyn correu até ela e eles continuaram.
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Pela cidade grande, Améli segurou a mão do garoto enquanto eles passavam pelas faixas de pedestre e os semáforos.
Encantado com aquele mundo cinza, o garoto não parava de olhar tudo à sua volta.
A mulher sorriu ao vê-lo tão feliz e pegou-o e deixou em sua nuca, assim como Klei fazia quando ele estava na escola.
Agora vendo tudo de cima, os olhos do jovem brilhavam ainda mais, sua ansiedade era tremenda.
— Hehe… isso me lembra quando a gente sai lá em Lycky.
— Eu também tenho que te mostrar muitas coisas! Eu não mostrei minhas técnicas para você!!!
As pessoas encaravam o príncipe, mas como a sua identidade nunca foi divulgada, ninguém sabia que ele era o futuro rei dos dragões.
Surpresa, Améli bateu na perna dele, enquanto seus cabelos voavam com o passar dos carros.
— Técnicas, é? Quero saber de todas, mas primeiro, vamos passar pelo local mais importante. — Ela sorriu, virou a esquina e, no final de uma rua sem saída, uma enorme universidade, ou melhor, uma das entradas dela.
Quieto, Kevyn não sabia como reagir, o que pensar, o que falar. Eles chegam no portão, a mulher conversa com um segurança e passa pela portaria.
Lá dentro, ainda com o jovem em seu pescoço, Améli anda pelos corredores e, lá dentro, dezenas, centenas, milhares de alunos.
Nervoso, o príncipe tremia por estar sendo encarado por tantas pessoas. A empregada chefe percebeu e deixou-o no chão.
— Ei! Pensei que você já estava acostumado com tantos olhares. — Ela disse.
— E-eu! Eu! N-não consigo. — Ele segurou no braço dela e encarou os alunos.
Servindo de proteção para ele, Améli sorriu e acariciou a cabeça dele. “Tudo bem, tudo bem”, pensou ela, que continuou andando pela universidade com um gatinho assustado ao seu lado.
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Após um tempo caminhando, eles passam por diversos locais, cantina, enfermaria, as oficinas de arte, a quadra ao ar livre até enfim chegarem nos dormitórios femininos.
— Eu deveria estar aqui? — perguntou Kevyn.
— Acho melhor você esperar aqui, já volto. — Ela foi à frente.
Sozinho, Kevyn começou a balançar seu corpo de um lado para o outro. Ele fitou as ruas vazias da universidade que, por incrível que pareça, não havia ninguém. “Todos devem estar tendo aula, eu imagino”, pensou o príncipe que, se assustou ao ver alguém passando na sua frente.
“Isso foi um choque! Será que ela achou estranho? Eu aqui… na frente do dormitório feminino! Que medo!”, ele começou a olhar para todos os lados de maneira inquieta.
De repente, um suave toque chegou até a bochecha do jovem. Assustado, ele começou a tremer até encarar a pessoa do toque, que o disse:
— Você está bem, príncipe?
Por algum motivo, a restrição de Kevyn se libertou, mas ele a conteve em uma pequena esfera à volta deles, seu domínio.
A garota reparou nisso e sorriu. Seu olhar carmesim chegou até o pequeno dragão e suas orelhas pontudas se elevaram um pouco.
— Acho que sim.
O cabelo do príncipe se tornou branco, idêntico ao da pessoa que lhe tocou. Um momento de calmaria. Segundos viraram minutos. A mana parecia contaminada, algo irreal.
O príncipe desviou o olhar após tanto ser observado pela mulher. A elfa, por outro lado, continuou.
— A-ah… pode… pode parar? É vergonhoso quando me encaram tanto — disse Kevyn.
— Sinto muito. — Ela desviou o olhar.
O garoto finalmente conseguiu conter sua mana, assim, o domínio se desfez. Depois de tantos estudos, a elfa entendeu o que aconteceu e passou por ele.
De costas um para o outro, a garota reparou no cabelo dele se tornando negro e, então, ela perguntou:
— Você gosta de poemas?
Confuso, ele tentou não olhar para trás e apenas respondeu: — A-ah! Sim! Eu gosto bastante.
— Que bom. — Ela sorriu e entrou no dormitório feminino.
Ainda nervoso, Kevyn voltou a balançar seu corpo, dessa vez para frente e para trás. “O que foi isso?! Foi quase como aquela dança, só que mais sútil. Arh! Preciso pensar em algo novo!”, pensou o príncipe.
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Após um tempo, Améli retornou com um mapa em mãos. Ela encarou o garoto com um sorriso após vê-lo viajando. Ela tocou o ombro do príncipe que, com um susto, encarou-a e disse:
— Ei! Não me assusta assim!
— Hehe… tudo bem. Vamos lá. — Riu.
A face de Kevyn mudou e perguntou: — Ah… a gente não vai ver a Mind?
— Infelizmente, ela e a turma viajaram, não vai dar.
A ex-general mentiu, ela havia acabado de conversar com Mind para pegar o mapa. A verdade é que ela queria que o garoto a visse quando fosse estudar lá.
No fim, o príncipe apenas aceitou e eles foram embora da universidade.
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— Você se encontrou com ele, Kynory?
Sentada em sua cama, uma garota de cabelo roxo olhou para sua aluna que, com seu rosto e orelhas vermelhas, respondeu:
— Mind, se eu te falar, você não vai acreditar.
— Diga-me. — Sorriu.
— A mana dele é extremamente linda!
Sem saber o que responder, Mind se levantou de sua cama e olhou-a com desdém. Ela se aproximou e botou sua mão sobre o ombro de sua aluna.
Kynory então recuou um pouco e olhou no rosto dela. Sua professora estava desconfiada e sua face demonstrava perfeitamente isso.
— Nory, o que você fez? — Franziu as sobrancelhas.
A garota elfa desviou seu olhar e ela balançou a cabeça enquanto respondia: — Eu talvez tenha libertado a restrição dele sem querer e eu tenha o encarado um pouco?
— Eu sabia! Você é muito atirada! Para de dar em cima do meu ex-aluno!!!
— O quê?! Eu não dei em cima de ninguém!
— Hm… tudo bem, eu vou aceitar porque você está namorando. Mas se você tocar no Kevyn de novo, eu arranco suas mãos!
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Andando por uma densa floresta, Kevyn falava sobre suas técnicas enquanto eles passavam por folhas e troncos de madeira. Esses que o príncipe pulou por cima.
— Vamos começar pela katalamidade, eu tenho duas técnicas, uma delas é o Shi no kage. Com o desembainhar da minha katana, eu consigo desferir um número imenso de cortes em uma fração de segundo. Por mais que todos sejam instantâneos, eu só consigo usar a técnica quando guardo a katana na minha bainha!
Surpresa, Améli se interessou e perguntou: — E você não sofre nada por isso? Nenhum cansaço extremo?
— Eh… sim, acaba que meu braço fica inútil, um segundo por cada corte.
— Faz sentido. Mais o que você tem aí?
— O velho dragão de escamas vermelhas! Essa é a minha técnica mais destrutiva e ela não tem nenhuma desvantagem.
Interessada, a mulher cruzou seus braços e continuou ouvindo.
— Com as escamas vermelhas, eu uno toda a minha manipulação de fogo na lâmina da minha espada, cada ataque é uma liberação tão forte que desintegra até as partículas de ar!
— Hm?! Tipo, desintegração, desintegração mesmo?! Pera? Desde quando você tem manipulação de fogo?!
— Tá, vamos por partes hehe! Primeiro, sim. Como faço um empoderamento forçado, eu literalmente amplifico minhas chamas ao ponto de usar minha própria energia para causar o ataque.
— Ok. Continue.
— Segundo, sim, eu tenho manipulação de fogo. Foi um presente do meu pai. Por mais de ter sido feito através de um ritual e meu corpo ser cortado para eu conseguir usar, sim, eu tenho.
— Entendi… você aceitou o ritual, não é?
— Sim.
— Agora faz sentido. Então… seu grimório aceitou a desvantagem das chamas como uma restrição válida. Com a energia do vazio, ela une o azul com o vermelho das chamas… caralho, moleque, você fez isso sem querer ou pensou antes? — A ex-general estava com seus olhos arregalados só de pensar nas possibilidades.
— Meu pai me disse para me tornar um com minha lâmina e sentir toda a extensão do corte, isso me fez refletir nas chamas. Cada corte no meu corpo também é uma extensão, então se as chamas forem minha lâmina, vira algo implacável! — gritou e ergueu seus braços ao alto.
Aterrorizada, Améli não conseguiu parar de pensar no quão destrutivo era seu “filho adotivo”. Após mais alguns passos, o príncipe continuou com um enorme sorriso no rosto:
— Agora vamos para a calamidade! Infelizmente, eu só tenho duas técnicas também, mas só uma é realmente relevante.
A mulher encarou ele e fingiu não saber o que era um grimório. — Ok… mas o que seria um grimório?
De maneira imediata, o jovem entendeu o objetivo da pergunta e logo respondeu: — Ah… bem. Os grimórios foram livros criados pelo clã Tcirytser para combater os Calamith’s. Mas foi totalmente em vão, já que metade dos 160 livros foram queimados e os outros foram espalhados pelo mundo.
A ex-general sorriu e sentiu um pouco de orgulho. Ela se aproximou e passou seu braço por trás do pescoço do garoto. Ao abraçá-lo, ela disse:
— Cuide bem desse livro, ok?
— Foi um presente da Mind, óbvio que vou cuidar! — Ele virou o rosto emburrado.
— Claro, continue o que estava dizendo.
— Vou preferir te mostrar essa técnica, na prática, aguarde. — Kevyn sorriu ainda com o rosto virado.
— Está andando muito com a Nick, mas se é assim que prefere.
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