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    Chegando ao pôr do sol, Kevyn e Améli reuniram dois troncos e, ao meio deles, uma figueira. Os pinheiros à sua volta canalizaram um certo medo no príncipe. Ele estava acostumado a ir à florestas durante a noite.

    A ex-general, por outro lado, forrou dois sacos de dormir e levemente suspirou. Ela logo encarou seu “filho adotivo” e disse:

    — Me impressiona você sentir medo.

    O garoto cruzou seus braços enquanto seu cabelo ficava branco e seu corpo tremia. — Os pinheiros geralmente chamam coisas ruins… eu aprendi isso com os livros de terror!

    — Entendo… realmente bem difícil. — Ela deu de ombros e riu. — Faz um favor para mim?

    — Hm… depende!

    — Caça algo. A gente precisa comer. — Ela se sentou em um dos troncos de madeira e encarou-o.

    De pé, o garoto ergueu suas orelhas e olhou além das árvores. Ele ficou quieto por alguns segundos, tirou Kind de sua bolsa dimensional e começou a adentrar a mata enquanto a respondia:

    — Claro, claro. Já volto.

    Améli sorriu e respondeu: — Cuidado, viu?

    — Eu vou!

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    Sentada na mesa da cozinha, Night e Daniel se encaravam. O elfo apoiou seus cotovelos sobre a superfície e então perguntou:

    — Então… nós precisamos conversar. De mestre para aluna, sabe? Sei que a Astéria deixou você atacar o príncipe, mas… beijo na boca? Mordida no pescoço?

    A garota desviou o olhar e respondeu levemente envergonhada: — Hmmm… sinto muito.

    O ferreiro coçou a cabeça. “Pelo menos ela sabe que tá errada, já é um caminho”, suspirou e sorriu. — Você beijou ele todo torto, não beijou? Vocês não têm lá muita experiência — debochou e riu.

    Ela encarou-o indignada e, erguendo o queixo, retrucou: — Óbvio que sei! Eu vi a Améli e a Aradam se beijando durante os treinos! Por mais que Kevyn não percebesse, eu percebia!

    — Ah… é?

    — Sim! — Ao perceber o que disse, desviou a cara.

    — E quanto a mordida no pescoço?

    — A-ah… isso?

    Daniel ficou quieto e esperou pela resposta com um sorriso no rosto. A garota, se quer, o olhou nos olhos, um tanto corada, ela pareceu tentar recuar do assunto:

    — Eu não sei do que você tá falando.

    — Não finja, você sabe muito bem. — Ele esticou sua mão em cima da mesa.

    — E-eu… eu vi num livro que o Klei deu para o Kevyn. Lá falava que, através da mordida, você torna quem você deu a mordida em seu servo. — Ela olhou o elfo nos olhos.

    — Isso só funciona de vampiros para humanos, mas se você quer tornar realmente o garoto em seu servo, você vai precisar vencer ele numa batalha após ele te transformar na serva dele.

    — Ah…

    — Sim.

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    Após um tempo pela floresta, o príncipe achou sua presa. Um alce de 12 metros de altura. Ele se concentrou e então… suas pílulas dilataram. Em microssegundos, ele usou as árvores de impulso, correu sobre os galhos e de forma deslizante, realizou um corte unilateral perfeito no pescoço da criatura que caiu já sem vida.

    Da lâmina de Kind, sem sangue a sujar e, com o cair do corpo sem vida do alce, uma gota sequer foi derramada, mesmo tendo sua cabeça decapitada.

    Feliz, Kevyn ergueu seus braços após e gritou para si: “Meus cortes finalmente chegaram a 1%”, pensou e se aproximou do corpo.

    Logo, o príncipe recolheu o corpo em seu ombro e começou a caminhar de volta para Améli.

    “Eu vou surpreendê-la com esse corte lindo!”, pensou e riu consigo mesmo.

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    — Vamos lá, Night. Um beijo é como uma arte, não se trata só de juntar seus lábios, você precisa sentir o calor, ir devagar é essencial!

    Com a garota demônio em seu quarto, Nick, sentada em sua cama, tentou ensinar coisas sobre relacionamento para ela.

    Entretanto, a espada, sentada no tapete, ficou um pouco incomodada com a maneira pomposa com que ela falou.

    — Nick… você é uma virjola, não é?

    Em silêncio, a mulher coçou a cabeça e encarou o chão. — Você é má…

    — Não! Eu não quis dizer isso! Foi uma pergunta. — Ela balançou os braços.

    Nick voltou a olhar para ela. Com certa tristeza, ela então cruzou seus braços e disse:

    — Um beijo envolve muita química, antes de beijar, tenta preparar o ambiente e você mesma também. Na hora, é bom você sorrir entre as pausas, acariciar ele, cada detalhe importa. — Ela colocou um óculos e ergueu seu polegar.

    Night pegou uma pequena agenda dada por Daniel de seu bolso, uma caneta e começou a anotar. — Uhum, entendo, pausas, diga-me mais.

    Se sentindo uma gênia, a mulher demônio cruzou as pernas e sorriu. — Envolvê-lo com os braços é muito importante também! Você domina a sensação, torna o beijo mais quente e mostra que você tá mais próxima.

    A garota coçou a cabeça com o lápis e franziu a testa por um momento. Ela olhou para sua tutora e então fez sua pergunta mais sincera:

    — E quanto a beijos de língua e… sabe? Algo mais dominante…

    Corada, Nick desviou o rosto por um momento e pensou: “O que é isso? Ela é muito direta”, logo voltou a olhar para sua aluna e a respondeu enquanto ajeitava seu óculos: — Para beijar de língua, tente abrir um pouco mais a boca, isso deixa a entrada mais suave, sacou?

    — Não use gírias, por favor.

    — A-ah! Tudo bem. Essa abertura faz com que a língua se movimente mais fácil e não precisa se preocupar, a língua se encaixa perfeitamente.

    Após terminar de anotar, Night fechou sua agenda de bolso e a guardou. — Obrigada, Nick, mas me diga, você gosta de alguém?

    Assustada com a pergunta, a mulher aproximou sua mão do rosto e respondeu: — Bem… eu tenho uma pessoa em mente, mas só no futuro, não quero apressar isso.

    Night sorriu e apenas se levantou. — Entendo… fico impressionada em vocês deixarem uma espada namorar um futuro rei dragão.

    — Isso não é algo que a gente escolhe. A Astéria não deixaria qualquer uma namorar ele e, pela falta das emoções, ela desenvolveu meio que um décimo sentido.

    — Hm?

    Nick tirou seus óculos e colocou em cima de uma cômoda ao lado de sua cama. — Ela sente malícia, medo, raiva e entre outras emoções nas pessoas.

    — Isso é estranho. — Ela cruzou os braços.

    — Não é?

    Night se alongou e começou a sair do quarto. — Enfim, até amanhã, Nick.

    — Até, Night. — Acenou para ela.

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