Índice de Capítulo

    Depois de algumas horas, quase na hora do almoço, Kevyn e Améli chegaram até a entrada de uma caverna.

    A mulher percebeu que eles haviam chegado e chutou o garoto para dentro do lugar.

    — QUÊ?!

    O príncipe gritou ao ser arremessado para dentro da cratera. Antes de perceber que estava caindo, ele olhou para a sua “mãe adotiva” e, então, a sensação de queda.

    A caverna não tinha chão e, indo para baixo, o jovem lembrou do abismo quando conheceu Chronos. Ele então se virou para olhar para baixo e, com suas roupas voando com o vento, viu algo inimaginável. Abaixo do solo, um novo mundo inteiro.

    Os olhos de Kevyn se arregalaram, debaixo daquela floresta, um lugar enorme, árvores diferentes, espécies e animais diferentes e, em seu centro, um grande jardim espiral.

    Logo atrás vinha Améli. Ela agarrou o garoto em meio ao ar e, em segundos, eles aterrissaram bem em cima de uma das pontas do jardim.

    — Bem-vindo ao vigésimo jardim — disse a mulher.

    Ainda maravilhado, debaixo do braço da ex-general, o garoto gritou: — Que lugar lindo!!!!!!

    A mulher deixou de pé e olhou para o falso céu do lugar. — Realmente, não é? Um mundo inteiro debaixo do chão.

    Kevyn correu na frente enquanto, animado, pegava as borboletas-azuis esverdeadas que via.

    Améli seguiu-o e riu vendo sua animação. Por mais de estar perto do seu maior objetivo, ela pareceu mais séria do que de costume.

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    Em meio à floresta de Emerald, Humbra meditou. Em seus ombros, pássaros bicavam seus ossos. As árvores cintilavam com o vento fresco e os raios de sol atravessavam as frestas entre as folhas.

    Um momento de introspecção, de lazer. “O que será que meu mestre está fazendo?”, pensou o general em meio às suas reflexões cotidianas.

    De repente, um som de passos pôde ser ouvido, mas logo cessaram. Ao lado do grande esqueleto, uma criatura de vários metros parou.

    Calmo, Humbra disse:

    — Come rostos? Pensei que tinha perecido.

    — Eu não iria ser derrotado tão fácil, eu sou um morto vivo agora. — Encarou-o com desdém.

    — Entendo.

    — Cadê o pirra-

    O general o interrompeu e gritou: — Não fale antes de pensar! Posso te matar facilmente agora.

    O monstro fechou seus olhos e respondeu: — Sinto muito.

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    Quase chegando na fonte da imortalidade, Kevyn cantarolou outra música que Améli conhecia. A mulher apreciou a melodia desafinada do pequeno que estava carregando alguns besouros de jade. Antes do menino chegar perto do centro do jardim de lótus, ela tocou seu ombro.

    O garoto, sem entender, apenas a encarou. Mas, dá ex-general, nada foi dito. Ela então foi à frente e sinalizou para ele esperar e, no momento em que ela se aproximou da ponte…

    “Tudo resulta no desabrochar das lótus”, a telepatia foi usada. “Eu sou a metamorfose, eu sou o demônio”, um ataque fatal?

    As flores de lótus se tornaram vermelhas, contrastando com os pilares e a fonte branca no centro. Tudo aconteceu num piscar de olhos.

    Uma hora Améli, de pé, no outro nanosegundo, ela foi brutalmente jogada em uma das pilastras. Por mais da força, quase intacta ficou a lastra.

    Na frente de Kevyn, olhos azuis viram sua alma. “Garoto, porque está com uma expressão tão assustada?”, uma figura distorcida diante do príncipe parecia tremer de tão instável.

    O garoto olhou para sua “mãe”. Viu-a desacordada, viu seu sangue escorrer pela sua testa, o mesmo que nunca pensou ver de novo depois de muito tempo.

    Ele arregalou seus olhos e, num instante, sentiu aquela criatura vindo em sua direção para o matar. Um ataque impossível de defender e sem qualquer oportunidade de revidar. “Não posso”.

    O punho distorcido da criatura atravessou o peito do jovem. “Veja como é fraco”, ele ergueu o pequeno corpo do príncipe e balançou seu braço em direção ao chão.

    “Fraco?”, Kevyn pareceu sequer ter sentido, mas foi jogado ao chão debaixo de si, que foi totalmente destruído. Trincado.

    Com um suspirar, seu corpo rebatido contra o chão subiu. Mas voltou a cair. Em queda, o garoto apontou dois de seus dedos para o demônio e disse:

    — S̷̙͍̿̄̋u̸̖̬̲͊̑͋̒ḇ̵̦̠̬͉̀̑m̶̩͇͎̲͂̋e҉̮̟̔̾t̴͎̜̜̑͊a̵̟̬̗̔̀̋̒̋-̶͖̣͖̠̃̓̔̽͐s̵͍̳͎̒̽̍͊̀é̵̠̪͍̑̊̐.

    Uma luz da mesma cor dos lótus tomou o lugar. De maneira inquieta, a energia atravessou o espaço e o forçou a se afastar. Para o ser distorcido, algo inesperado. O choque arremessou-o para longe, mas sem dano algum.

    — Você feriu a Améli, Maldito!

    Do chão trincado, mãos ósseas pegaram o corpo em decadência de Kevyn e começaram a erguê-lo. “Quem você pensa que é para ferir minha mãe?!”, ele moveu sua mão até os olhos e suas lentes retirou. Seus pés enfim tocaram no chão mais uma vez. Finalmente, sentindo a dor, ele cerrou seus dentes e seu peito lentamente se regenerou.

    Tudo que fora destruído pelo vermelho veio a se estruturar em instantes. O chão voltou ao que era antes. O ser distorcido voltou até a fonte em instantes, dessa vez, sua aparência se revelou algo angelical.

    De olhos semicerrados, o príncipe avançou e, com toda sua raiva, deu um soco tão forte no peito do monstro que, atrás dele, a pressão do vento fez pétalas de lótus subirem ao falso céu. “É como bater numa parede”, mas não teve efeito nenhum.

    Por um momento, tudo congelou e, em milésimos, os olhos feitos de pura energia viram um micro movimento do braço distorcido.

    Kevyn recuou o mais rápido que pôde. Como seus olhos previram, um ataque direto e brutal foi feito. A pressão do soco se transformou em uma massa de ar extremamente forte.

    Mais pétalas de lótus voaram. O jovem teve seu cabelo levado ao ar e seus pés arrastados sobre o chão. Uma impotência sugeriu que fosse impossível, mas ele deu um passo e esperou a pressão acabar. Assim aconteceu.

    Do outro lado, Améli começou a sair da pilastra. Pequenas pedrinhas caíram e elas chamaram a atenção do demônio.

    Kevyn percebeu isso e sabia que ele iria finalizá-la. O ser distorcido foi com tudo na direção da mulher em uma velocidade que o garoto nunca poderia alcançar.

    “NÃO!!!”, gritou o príncipe que acelerou seus pensamentos ao limite. O usar de seus olhos aos 10.000% fez seu corpo não suportar. Entretanto, o jovem ignorou o sangrar de seus olhos enquanto tudo estava em câmera lenta para si.

    “mana, Mana, MANA! CANALISE!”, num estalar de dedos, um portal de sangue foi feito no caminho em direção a Améli. Sem perceber, o demônio acabou adentrando-o. Só que… quando ele percebeu, aquele mesmo menino estava na sua frente.

    Dentes cerrados ao extremo, um olhar sanguinário e punho erguido. O ser distorcido estava literalmente correndo em direção ao ataque dele.

    As pílulas de Kevyn se dilataram e, no mesmo momento, moveu seu braço de forma reta com todo o seu corpo e raiva. De maneira Itinerante, o demônio se viu jogado no ataque. Um golpe latente que logo em seguida liberou uma explosão carmesim que cortou todo o braço do garoto.

    — DELIBERATE BLACK!!!!! — gritou Kevyn.

    O anjo demoníaco foi desastrosamente jogado de volta pelo portal e arremessado até parar de volta ao mesmo ponto de onde começou a correr. Sem a metade de cima da sua cabeça.

    Ofegante, o príncipe sentiu sua energia se esvaindo e repôs suas lentes. Fraco, ele se arrastou até Améli que caiu da pilastra e colocou-a em suas costas.

    Entretanto, quando ele se virou. Lá estava o distorcido demônio. Mesmo sem metade de sua cabeça. De pé, o ser lentamente caminhou em direção aos dois.

    Kevyn se viu forçado a largar Améli, e fez. Mais curvado do que de costume, ele deixou o guarda mão de Kind exposto na boca da bolsa dimensional e correu na direção do demônio.

    Mas a correria virou passos lentos. Sem mais conseguir controlar, a mana de seu corpo expeliu-se. A verdadeira natureza do príncipe dos dragões se mostrou. Do lado de sua cabeça, os chifres cresceram e das suas costas as asas glaciais nasceram.

    Tudo que o demônio via era um borrão de mana se aproximando. Quando ambos se encontraram, um soco de cada foi feito. O colidir dos punhos foi tão grotesco que o espaço pareceu ter sido dividido do quão intensa a energia cinética não conseguiu se comportar.

    No mesmo instante, após o soco, o ser distorcido agarrou o braço do menino, girou e arremessou-o para cima. Sem forçar para se defender, Kevyn foi jogado até tocar no teto da caverna.

    Ainda em meio ao ar e em velocidade, ele girou e tocou seus pés no topo do jardim, se agachou e com toda sua força pegou impulso. A força cinética antes não comportada. Agora foi usada e, no momento em que ele veio em direção ao demônio, todo o teto do jardim colapsou.

    Em uma velocidade excedente. O príncipe bateu suas asas e desembainhou Kind. Como um trovão, de cima para baixo, fez uma estocada brutal. O demônio defendeu, mas seus braços foram atravessados. Assim como seu corpo que foi jogado contra o chão. Independente do quanto fosse rápido, era impossível desviar e, com seus olhos arregalados, Kevyn gritou com toda a sua alma:

    — DE! CA! DÊNCIAAAAAAAHHH!!!!!!!!

    Todo seu corpo vibrou. O chão então estourou. As lótus voaram. Da lâmina de Kind toda a mana se reuniu e o demônio colapsou.

    Da manipulação de ossos, o teto inverteu. O que estava caindo parou. Tudo destruído, se restaurou, e o demônio foi apagado.

    Novamente, tudo se reverteu. Tudo voltou ao normal, as lótus rosas em seus lugares, a fonte não destruída, o chão não mais em pedaços.

    “Eu preciso salvá-la”, o menino, com sua arma cravada no chão, se levantou. Ele tentou ir até sua “mãe”, mas foi segurado pela lâmina travada. Seu corpo não tinha forças para sequer tirá-la de lá.

    Ele se forçou mais, os ligamentos de seu braço doeram. Mas assim Kind retirou-se do chão e, com um suspirar de extrema dor, ele lentamente se rastejou até Améli.

    Ele guardou sua arma na bolsa e ficou de pé. Com um respirar profundo, ele passou o braço da ex-general por trás de seu pescoço e tentou ir em direção à fonte. Mas caiu.

    Ele tentou se levantar, mas a mulher era pesada demais para ele suportar. Ele então usou sua mana, mas nem seu poder manastral conseguiu o ajudar.

    Sem mais forças, a visão de Kevyn começou a embaçar, usar tanta energia não foi tão bom, afinal. Ele mais uma vez tentou, mas dessa vez ele caiu e ficou. Após breves segundos, o garoto desmaiou.

    — Você lutou bem, parabéns. — De repente, Améli se levantou, tirou uma garrafa de suas mechas negras e sorriu. — Ter derrotado o devorador de almas é surpreendente, mas ele não usou seus poderes, então sinta-se orgulhoso.

    A mulher limpou o falso sangue em sua testa. Ela logo caminhou até a fonte e encheu aquela garrafa com sua água. “Ele aprendeu a usar portais de mana? Não, foi só um impulso, imagino”, pensou e suspirou enquanto voltava até o garoto e o botava em suas costas.

    A ex-general guardou a garrafa e então começou a ir em direção à saída. Ela riu por um momento e se perguntou:

    — Por que você não usou o branco?

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