Capítulo 80 — Visão patética.
Aycity despertou, mas não abriu seus olhos. Um som de cinto foi ouvido e o fechar da porta nunca foi mais evidente.
Ao olhar além da escuridão de sua própria vida, a garota pôde ver os raios de sol em seu quarto. Ela estava completamente mal, talvez cheia de arranhões e de sangue.
A desprezível menina não sabia como reagir a algo tão cotidiano. “Eu estou machucada de novo, eu sinto minha pele rasgada”, ela fechou os olhos e se perguntou: “Eu não pude vê-lo… eu quero ser curada… princesa dragão, por que preciso escalar seu castelo para ter um pouco do seu tratamento?”.
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Logo após sair do banheiro, sentada em posição fetal na plantação, Aycity encarou alguns tomates. Ela não conseguia parar de pensar: “Por que esses tomates parecem querer voar?”.
Durante a tarde, a garota saiu de casa e caminhou em direção à casa de Daniel e, lá… o príncipe não estava.
Quieta, ela tomou coragem para bater na porta e quem a atendeu foi Nick.
— Quem é você? — a empregada perguntou.
Nervosa, Aycity respondeu: — Eu… s-sou amiga do Kevyn.
“Quantas estão atrás dele?”, pensou. — Olha, garota, ele saiu. Mas em breve deve chegar. — Nick fechou a porta na cara dela.
Incrédula, a garota tremeu um pouco após falar com a demônio. Ela então se virou e caminhou de volta, mas no primeiro passo que deu, ela esbarrou em alguém.
— Boa tarde.
Uma voz arrepiante gerou medo em Aycity que, quando olhou, viu uma garota de cabelo negro e pupilas de caveira.
— Você está procurando pelo Kevyn, não está? — a demônio perguntou.
— A-ah… sim. — Congelou.
— Ele vai chegar em breve, por que não passa um tempinho comigo enquanto isso? — Ela sorriu.
Ainda com medo, a garota de olhar esmeralda concordou com a cabeça.
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De mãos dadas, a demônio levou Aycity por caminho de pedra e continuou sem dizer nada. Incomodada, a garota, nervosa com o que ela poderia fazer, perguntou:
— Onde você está me levando?
— Para a praia.
Após ouvir a resposta, quieta, até ficou até as duas chegarem na tal praia, a mesma de quando Kevyn esteve de férias.
A demônio soltou a mão da pequena e caminhou até perto da água, de onde voltou seu olhar para ela e a aguardou.
Ainda suspeitando um pouco, Aycity caminhou para perto e encarou-a enquanto mais uma vez perguntava:
— Qual é o seu nome?
— Starlight… mas me chame de Night. — Um olhar triste veio da garota, que logo voltou ao seu normal.
— Star? Hm… Night não é oposto de estrela? Tipo… noite e tals. Ah! Não que seja um nome estranho! — Ela balançou os braços na frente do corpo.
De repente, uma onda d’água bateu em Aycity. A demônio jogou água nela.
— Tola.
— Ah! — O cabelo bagunçado da menina caiu um pouco sobre seus olhos e ela rapidamente os jogou para trás.
Night inclinou a cabeça e perguntou: — Você quer um corte de cabelo?
— Não, não! Está tudo bem.
— Já sei… você só iria querer um corte de cabelo vindo do Kevyn, correto?
Aycity desviou o olhar. — Não é isso…
— Qual é o seu nome? — A espada retirou suas roupas mais formais e ficou apenas com sua blusa social e seu biquíni por baixo.
Recuada pela ação repentina, a menina olhou suas roupas e voltou a encará-la: — Meu nome é Aycity.
— Que nome horrível.
— Ei! Foi meu avô que me deu!!
— Hm? Avô?
— Ele… abandonou minha mãe, mas foi ele quem me deu esse nome! Você se chama noite, não tem que falar nada!
Night sorriu, se aproximou e, quando parecia que iria bater nela… apenas colocou sua mão sobre o topo da cabeça dela e disse: — Perfeito, seja mais verdadeira Aycity.
Desviou o olhar — Hmph… você é chata.
— Por que não resolvemos isso com uma guerra d’água?! — A demônio correu para a água e deu um salto de 360° enquanto, antes de cair, bateu na água e jogou na menina.
— Ei!!!
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No atravessar de um portal, Kevyn olhou para os lados e respirou profundamente ao perceber que finalmente havia voltado a Emerald.
Em sua frente, Humbra descansava em volta de algumas vinhas. O príncipe se aproximou e tocou o topo da cabeça de sua criação.
Assim, pupilas roxas apareceram e a encararam o garoto.
— Vejo que treinou bastante, como está, Humbra?
— Mestre! Eu senti tanta a sua falta! — O esqueleto rapidamente abraçou-o e o ergueu no ar.
Confuso com a primeira vez que alguém dizia sentir sua falta, Kevyn, sem saber como reagir, ficou quieto. O esqueleto percebeu e o deixou no chão.
O príncipe, após esse momento, inclinou a cabeça e o respondeu:
— Humbra.
O esqueleto ficou quieto.
— Você sabe algo sobre amor?
— Sim.
— Não acredito! Como?!
O grande general cruzou seus braços e respondeu: — Eu também não sei. Enfim, minha criadora pediu para você ir à praia.
— Segunda criadora? — Kevyn ficou emburrado, mas apenas se virou e caminhou em direção à praia. — Até!
— Até. — O esqueleto acenou.
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“Por que na praia? Será que tem relação com o sonho? Isso me lembra da batalha contra aquele bicho no jardim… os ossos… medo!”, o garoto balançou a cabeça e, depois de mais alguns passos, ele viu a areia e duas garotas brincando de construir castelos de areia.
Surpreso, ele ficou tímido de se intrometer, então deu um passo para trás. Entretanto, uma mão sombria o empurrou. “Hm?! Pai?! Eu… preciso conhecê-las melhor! Vou lembrar dos seus ensinamentos, pai!”, ele tomou coragem e, lentamente, se aproximou das duas.
— O que vocês estão fazendo?
Para se esconderem do príncipe, as duas ficaram atrás do castelo. Em meio a isso, Night jogou Aycity em cima de Kevyn e disse:
— Aqui! Eu te ofereço isso! Cure-a e teremos um contrato de paz.
Sem entender a brincadeira, o garoto pegou-a. “Isso me parece suspeito”, ele tocou na testa da menina e curou seu corpo.
A espada saiu de trás do castelo de areia e retirou Aya dos braços do príncipe.
— Ótimo, agora podemos nos divertir. — Night sorriu.
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