Capítulo 84 — Cuidados importantes para um vampiro, dragão e demi-humano.
Deitado sobre uma cama de casal, Kevyn encarou o teto. Sem conseguir pensar muito pela tontura, o garoto foi consumido pelo conforto imensurável daquele colchão.
Notherite logo chegou no quarto com um paninho e uma bacia d’água. “Como Daniel me ensinou. Paninho, água e balde”, pensou a mafiosa que se aproximou da cama, mergulhou o tecido na água morna, ergueu o pano, torceu e botou-o na testa do pequeno dragão.
Um momento se passou, o chiado de água gerando vapor tomou o quarto e o pano úmido virou nada além de um lenço.
— O quê?
A mulher, por dentro, não entendeu aquela situação. Ela tirou o tecido da testa do jovem e jogou-o no balde. “Pequena criança, ele é um vampiro”, Notherite virou-se para a espada acima de sua cabeceira e respondeu mentalmente: “Então, o que devo fazer?”.
O armamento então respondeu: “Como um vampiro, eu sei exatamente o que ele precisa. Mas duvido que você queira se sujeitar a isso.”
“É sangue, não é? É importante manter ligações externas, seria bom se ele ficasse agradecido e eu pudesse usá-lo”, uma mente triunfante. Notherite iria tirar o máximo proveito da ligação com a família Calamith e com o reino de Seyfu.
— Desculpa dar tanto trabalho — disse Kevyn.
A mulher cortou seu pulso com suas unhas e manipulou seu sangue em uma bolha. Ela se aproximou do pequeno e disse: — Diga A!
— Nya! — Ele abriu a boca.
“Meu Deus! Esses poucos dentes pontudos! Quais são de dragão?! É tão incrível!!!!”, encarou-o de maneira fria mais uma vez.
“Notherite…”
“Sinto muito”, ela alimentou o príncipe com seu sangue. Isso é definitivamente estranho, como se alimentar de alguém com seu sangue? É autoexplicativo.
A espada então disse: “Ele deve melhorar em algumas horas”.
Com dúvidas na mente, a mulher então perguntou: “Ei, Noshisaki, por que sangue?”.
Ele respondeu: “Nós vampiros precisamos de sangue e, devido à nossa imortalidade, ao invés de morrermos pela fome, para os mais novos eles ficam doentes e para os mais velhos eles envelhecem”.
“Muito obrigado pela informação, acho que vou estudar um pouco sobre vocês”, a mafiosa tocou a testa do príncipe e percebeu que ele estava mais ameno.
— Você vai melhorar.
Ainda corado pela febre, Kevyn não soube o que pensar e nem o que dizer: — Ny-Obrigado… admiro sua… gentileza. — Desviou o olhar e fechou seus olhos.
“Noshi, você sabe que vamos cobrar um favor dele mais tarde, né?”, Notherite beijou a testa do pequeno dragão e retirou o sobretudo dele.
“Só não faça nada que vá se arrepender, pequena criança”, respondeu Noshisaki.
— Estou apenas tirando todo esse agasalho, não se preocupe.
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Notherite saiu de seu quarto e foi até seu escritório, ela se sentou em seu sofá e olhou a vista lá de cima de seu prédio. “Algo muito divertido aconteceu, fico impressionada ser mais fácil esperar ele ficar doente do que mandar um batalhão inteiro sequestrar ele, eu deveria ter pensado nisso antes”, ela olhou o teto e fechou seus olhos.
Um momento de paz é interrompido com o bater da porta contra a própria parede. Um abrir brusco cheio de raiva.
A mulher lentamente olhou em direção ao barulho e viu seu antigo mestre, eles se olharam por um momento, ela ergueu a mão para o outro sofá na sua frente e disse:
— Sente-se.
— Notherite, cadê o garoto? — O ferreiro demonstrou um olhar mortal.
Neutra e fria, ela apenas respondeu: — Ele está descansando em meus aposentos.
— O que você fez?! — gritou enquanto a olhava de cima.
— Eu o curei.
A raiva de Daniel foi quebrada. Curioso, ele se aproximou e se sentou no sofá.
Um silêncio se formou e então o elfo olhou-a com calma e perguntou:
— Como assim?
— Doença vampirica, quer que eu te explique?
Ele se acomodou no sofá e então respondeu: — Por favor.
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Após longas horas de sono, Kevyn despertou e se sentou onde quer que ele esteja. “A dor passou, eu me lembro de ter sido trazido até…”, pensou o príncipe, que olhou em volta e viu um quarto desconhecido e vazio.
O pequeno então se levantou e caminhou pelo local. “Nada além de um quarto normal, isso é até estranho”, assim, foi até a porta e a abriu. Entretanto, viu um closet. “Porta errada”.
O garoto foi até a cama e olhou tudo à sua volta mais uma vez. “São quatro portas, uma dá no closet, preciso tomar cuidado para não acabar sendo morto, ainda não sei se é seguro estar aqui”, pensou Kevyn, que caminhou até uma das outras três maçanetas e abriu-a.
Dessa vez, um banheiro e também estava vazio. Talvez a percepção do pequeno dragão estivesse errada e não tinha perigo algum.
— Ela… me ajudou, não é? Vou esperar — disse baixinho.
Depois de toda aquela tentativa de escapatória, o príncipe voltou até a cama e se deitou sobre ela. “Eu deveria parar de andar sozinho na cidade, eu sempre acabo perdido”.
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Depois de algumas horas, alguém entrou no quarto. Para a surpresa do garoto, era seu mestre, Daniel. O elfo suspirou de alívio ao encontrá-lo melhor e apenas o pegou pela perna e saiu do quarto, carregando-o pelo pé.
— Nunca mais me dê esse susto — disse o ferreiro.
— Estava muito frio. — Desviou o olhar.
“A Notherite me disse que ele também estava com anemia vampirica. Ele come bem, isso não parece fazer sentido, mas eu sei bem o que tá acontecendo”, pensou ao ouvir seu pupilo e o soltou enquanto dizia:
— Apenas venha.
Kevyn caiu em pé e seguiu-o. — Ok!
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