Índice de Capítulo

    Em seu quarto, Kevyn encarou o lua, relatado por Night que o trouxe de volta. De repente, a porta foi aberta e dela, Astéria entrou no quarto.

    — Como prometido, estou aqui. Night, pode nos dar um pouco de privacidade?

    A garota em cima da cama se levantou e concordou com a cabeça. — Claro, senhora Astéria.

    A demônio sorriu e saiu do lugar. A mulher se aproximou de seu filho e olhou para o mesmo astro que ele tanto olhava.

    — Mãe… você ainda mata?

    — Matar? Ah… me traz gosto, mas não faço mais isso, por você. — Ela sorriu.

    — Por mim?

    — Eu conheço minha maldade, eu não queria que me visse como assassina, quem gera uma vida deveria tirar outras? Mesmo sem emoções eu só tinha a certeza que seria o melhor para você.

    — Você é mais humana do que dragão, afinal?

    Astéria soltou uma leve nuvem fria pela sua expiração. — Fui criada por um homem que acreditava em ideais fortes, seu bisavô liderou por muitos anos e me ensinou grande parte do que sei.

    Kevyn olhou para ela com certo brilho. — Ele ainda está vivo?

    Ao ouvir a pergunta, a mulher sorriu e levou a mão até o topo da cabeça de seu filho. — Ele era humano, assim como minha mãe, ela morreu primeiro, mas ele certamente adoraria ver seu nascimento, meu pequeno.

    Os olhos do garoto arregalaram por um momento, o lacrimejar de seus olhos o fizeram voltar sua concentração para a lua. — Não diga coisas bobas, eu duvido que ele fosse tão bom.

    — Aí, aí! Eu queria ter os olhos que você tem, diferente de você, os meus consomem muito mais então.

    — Não é legal ter que viver com os olhos presos. — Ele virou a cara emburrado.

    A mãe do príncipe acariciou a cabeça dele e então respondeu: — Mas é melhor isso do que seus olhos não puderem ser usados de verdade… mesmo não podendo ver a energia, ou até ver… tente entender, você consegue ver?

    — Consigo.

    Astéria se virou e escorou suas costas na janela, ela encarou o quarto, lembrando de quando ele ainda era pequeno, de quando não podia aproveitar seu próprio filho.

    Kevyn parecia feliz em olhar o lado de fora, algo que nunca pôde, mas se isso o machucaria, o deixaria mais forte? Manter alguém preso só traz fraqueza.

    — Kevyn, você não precisa ter um sonho, ou um objetivo. Encontre em si algo que quer, não algo que tão tarde vai precisar.

    O menino olhou para ela assustado e disse: — Você nunca me perguntou isso, está tudo bem?

    — Vi uma cobrança desnecessária vinda das empregadas e seu pai. Quero que lembre do que falei de como… é uma pena que os humanos não ligam para as emoções. — O olhar dela recuou.

    Ver sua mãe daquele jeito causou estranheza no príncipe, mas ele juntou suas mãos no apoio da janela e encarou elas enquanto dizia:

    — Mãe… você já se sentiu vazia?

    — Está se sentindo vazio?

    Kevyn deu um leve pulinho ao ouvir a pergunta dela e olhou para todos os cantos até olhá-la nos olhos e responder: — Não! Eu… acho?! Olha, é difícil explicar, mas você já sentiu solidão?

    — Hm… não, eu sempre tive a Myuky do meu lado — ela sorriu.

    — A Myuky… a confeiteira?! — gritou.

    — Ela não é confeiteira! Na verdade, saiba que foi ela quem fez essa espadinha na sua bolsa dimensional!

    — Pera… a Kind?

    — Exatamente! — De maneira orgulhosa, Astéria cruzou seus braços e ergueu o queixo.

    Um leve devaneio veio na cabeça do garoto. Segundo Daniel, quem fez sua segunda espada foi a maior ferreira que existe, a mesma que também fez outras 7 espadas lendárias…

    O coração do príncipe, uma loucura, ele desembainhou Kind e encarou ela com tamanho orgulho.

    — Agora faz todo sentido! O Daniel falou que já foi sua, se a Nid já foi sua, significa que a maior ferreira do mundo era sua amigas?! Mesmo que isso não faça sentido, a Myuky é sua amiga e também a maior ferreira do mundo!

    Vendo-o surtar, a mulher concordou com a cabeça. — Sim, suas ligações estão certas.

    Kevyn voltou seu olhar para ela e então gritou: — Mãe! Eu quero conhecer e treinar com a Myuky!!!!

    Após o grito de seu filho, a mente de Astéria vagou e um silêncio veio logo em seguida ela respondeu:

    — Não.

    — Por que não? — O príncipe lacrimejou e cruzou os braços enquanto desviava o olhar triste.

    — Quando você for mais velho você conhece ela. — a mulher fechou seus olhos e inclinou a cabeça.

    — Tudo de vocês é ser mais velho isso, adulto aquilo, é muito repetitivo! — reclamou.

    Vendo seu filho tão birrento, ela riu e voltou a olhar para a lua. — Acalma sua alma um pouco, você ainda tem muito tempo para viver quanto for necessário.

    Kevyn resolveu também voltar para a janela e então encarou a cidade levemente triste.

    Astéria tocou suas costas para confortá-lo e o vento de fora penteou seus cabelos ao mesmo tempo que ela perguntava:

    — Quanto a Night, o que pretende?

    — Vou proteger e cuidar dela.

    A mulher olhou para ele. — Não seria o contrário?

    — Hm… não? — o garoto inclinou a cabeça.

    Vendo-o, a mulher também inclinou. — Mas ela não é mais forte?

    — Ela é! Mas… idai?

    Astéria cruzou seus braços mais uma vez. Entretanto, levou uma de suas mãos próxima da boca e disse com um tom mais leve: — Saiba que as mulheres sempre devem proteger seus maridos.

    — Ei! Ela não é minha esposa!

    — Então o que é?! — gritou de volta.

    A gritaria virou silêncio por alguns segundos. O vento entrando, mãe e filho cruzando seus olhares em desafios, Kevyn respondeu:

    — Ela é a minha espada!

    Em choque, a mulher nunca pensou receber uma resposta tão direta e agarrou-o e girou até jogá-lo na cama e ficar de pé olhando para ele. — Ah! Você é tão fofo!!!!! Uff- quer falar sobre mais alguma coisa?

    Jogado sobre a cama, o príncipe olhou para ela e então perguntou: — Você já pensou em namorar alguém?

    — A Myuky, eu acho? Meio que ela foi minha maior companhia a vida inteira, então acho que é isso. Mas ela tem um problema… um problema bem… incomum.

    — Problema?

    — Ah, não se importe com isso, quando você for adulto vai entender. — Astéria se aproximou e beijou a testa de seu filho. — Enfim, vou chamar sua espada.

    — Tudo bem! — gritou Kevyn, que sorriu.

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