Capítulo 91.5 — Voidness
¹_ Capítulo escrito depois do capítulo 159 ser feito.
Dia 27/20/13.028, Kevyn acabara de chegar com sua arma de volta à nostálgica cidade de Lycky. Animado, ele cruzou a cidade nevada até a mansão, pronto para conversar com seu pai.
Ao cruzar da porta, o homem já estava lá. Em silêncio, vieram a caminhar juntos pelos corredores. Então o garoto passou e em seu quarto chegou.
Lá, deixou Night e seguiu sozinho com seu progenitor. Mais uma vez, andaram e andaram. Então do lado de fora, sobre a neblina gelada e as arquibancadas de concreto negro, seus olhares vieram a se cruzar em um efêmero contato, tão precioso o chegar, para então, uma conversa iniciar:
— Têm algo me incomodando.
Klei sorriu. — E o que seria?
— Primeiro! Night tá tentando me convencer a me declarar para a Kelly, isso é algo muito esquisito!
Ele ficou olhando para todos os lados enquanto apontava um com seu dedo para cima. Ainda agitado, ele continuou:
— Aí, segundo! Eu tenho ido pra lá e pra cá pensando, conversando com Daniel, ele me fala uma coisa, aí chega minha mãe, ela fala ou-
Kley o interrompeu, tocou seu cabelo e o acariciou. O vento revelou algo que o príncipe já viu, mas que veio a se revelar assim como o efêmero mesmo sopro que trouxe a revelação. O verde e esperançoso olhar e o carmesim olho da irá é amor que carregava.
Seus olhos tênues e tão dolorosos vieram solenemente para dizerem algo que só o príncipe entendeu. Que somente com teus olhos ele poderia entender.
Kevyn parou e desfocou seu pai da própria visão, olhou além e encarou a si mesmo. De todas as vezes que Night tentou convencê-lo, aquelas únicas palavras de seu pai apenas e vieram cravar algo que ele já tinha conhecimento, mas veio a reforçar.
O garoto passou por seu pai e caminhou sozinho. Ele passou pela porta de seu quarto, e para que Night não viesse, disse mentalmente: “Quero passar o tempo sozinho com Kelly hoje”, então seguiu, saiu da mansão e seguiu até o castelo sozinho.
「❍」
Quando chegou, bateu na porta e esperou, observou, suas mãos checou e viu os flocos de neve fluírem pela sua frente, quando a porta se abriu, nada enxergou.
— Veio ver Kelly?
Aquela voz já conhecida, grandiosa como a de um verdadeiro rei, Kevyn ouviu, olhou, se lembrou e respondeu:
— Sim, Sr.Mouth.
— Hm… sabe, Kevyn? Toda vez que vem aqui, eu sinto uma pontada no coração.
Por um instante, a neve parou, Kevyn encarou as linhas no rosto do rei e pôde lê-las.
— Desculpa se sou filho do homem mais poderoso do mundo.
— Não se preocupe, a culpa não é dele também.
— Sim, eu sei.
Os dois se encararam, Mouth viu o vibrar dos olhos dicromatos e logo adentrou de volta.
— Entre garoto, ela espera.
「❍」
Ele subiu, mas ela já estava o esperando na porta do quarto.
— Kevyn.
— Kelly.
Assim partiram.
「❍」
Caminhando nas ruas de Lycky, os dois evitaram contato visual, quase como se não pudessem olhar um para o outro. Mas a neve caiu e o inevitável aconteceu: ofuscado pela irradiação dos flocos, ele sorriu e acabou esbarrando em Kelly de propósito.
Ela então quase caiu e corou quando olhou para o garoto sorrindo. Ele então ofereceu sua mão para ela e disse:
— Dessa vez, eu quero te mostrar o que EU gosto aqui.
Aceitando a ajuda, Kelly também sorriu e gritou:
— Vamos!
「❍」
Passando por toda a cidade, o primeiro lugar que foram foi, obviamente, a primeira vez que eles tomaram milkshake.
Surpreendendo a garota, Kevyn pagou duas sobremesas para os dois e, após um tempo, quando elas chegaram, para uma surpresa ainda maior, o príncipe lembrou os mesmos sabores que pediram pela primeira vez.
— Oh!! — Ela se impressionou muito.
— Hehe… — Os olhos do Kevyn brilharam — Minha memória é perfeita, minha querida.
— Sério?!
— Meus olhos nunca me deixariam esquecer. — Sorriu.
「❍」
Indo para a próxima parada enquanto tomavam seus doces açucarados. Agora invés de avançar, voltaram e chegaram até a escola ganhadora do torneio. No portão, Colt, ao ver o garoto, ele correu e gritou:
— PIAH! Quanto tempo!!!
— Colt!!!
Quieta, a garota observou.
O homem negro saiu e cumprimentou o garoto com toda a alegria, mas ao perceber a princesa, Colt arqueou as costas e ergueu a cabeça.
— Sinto muito, princesa!
— Ei, Colt! Não dá bola pra essa daí não, eu quem sou seu verdadeiro rei! — Ele fez birra e inchou a bochecha.
Quieta, a princesa sorriu.
— Bah… aliás, outro dia você me falou sobre Emerald, vou me mudar pra lá com a minha mãe!
— Oh!
「❍」
Então partiram e voltaram um pouco mais, mas, assim como todas as vezes, eles vieram a parar na velha e linda ponte congelada.
Pisando sobre seu concreto álgido, assim como os flocos de neve, assim como o cabelo do príncipe. O próprio tocou o corrimão, um silêncio tênue apagou.
Não havia sorriso, Kelly se perguntou. Não havia luz, Kelly pensou. Kelly não perguntou, mas abraçou.
Da escuridão, ela o resgatou. Mas isso é uma mentira. Outra pessoa, uma pessoa soube a abraçou sem ao menos perguntar.
Kley e Kelly.
Dois nomes que, mesmo sem parecer, estavam ligados em todas suas letras. Sem transparecer nada, Kevyn sorriu sem chorar e agarrou ela.
— Não fica me abraçando assim!
O primeiro indício da máscara… ela não se construiu, ela sempre esteve lá.
Ela sempre esteve lá.
Ela estava lá.
Ela causou isso.
— E agora? Para onde vamos?
A princesa inclinou a cabeça e sorriu para ele.
「❍」
Agora, o lugar mais óbvio possível, o lugar preferido do garoto, era a sua casa. E, ao entrarem, ele segurou a mão da garota mais uma vez e a arrastou consigo, por mais de tudo, era mais do que claro que não, a casa não era seu local favorito.
Chegando na arena, ele a puxou pelos degraus e chegou até o topo da arquibancada, lá de cima, o outro lado, como um resquício de vida em meio a fria e gélida nevasca, naquele clima, condições.
Unicamente naquele período do ano.
Efêmeras cerejeiras se tornariam eternas, nem mesmo a maior explosão as destruiriam, porque elas não eram daquela região, vieram de outro lugar. Muito antes, antes mesmo de Kevyn nascer, elas foram plantadas alí por um homem de sobretudo vinho e terno negro.
Elas foram criadas para que mesmo que o mundo acabasse, ainda pudessem prosperar. E muito além, um lindo jardim, cheio de flores com um veneno tão capaz, que poderia matar até mesmo um Deus. Do outro lado, Dressrosas, todas de diferentes cores, formas e espirais.
Um jardim em espiral que só emergia da neve naquela época do ano.
Kevyn a pegou e pulou em meio às pétalas. Deixando-na de pé, ele sentou-se, e quieto, observou o flutuar das cerejeiras.
Mais uma vez, Kelly se impressionou, observou, corou.
Ela então deu uns passos a frente e perguntou:
— Foi você quem plantou?
— Não.
— Isso é lindo…
Ela arregalou seus olhos, testemunhou, vivenciou.
— Eu sei. — Ele respondeu.
— Kevyn, eu preciso dizer algo muito importante.
Leves os olhos de quem já ouviu coisas piores, ele concordou:
— Pode falar.
— Eu prometo. Prometo não te deixar. Prometo não morrer. Prometo ficar mais forte e, se eu morrer, saiba que para sempre estarei com você. Quando me tornar rainha, serei sua espada, serei sua asa, aquela que sempre poderá contar.
Ela sorriu conforme os ventos do dourado repouso do sol fluíam como a água por debaixo do gelo. Ela se virou e olhou para ele, afirmou com tanto rigor, que o próprio destino se curvou, prometeu com amor, para que até o cosmos se alinhasse ao que falou.

E Kevyn corou, amou, olhou, tomou, tremeu, gritou, matou, honrou, chorou, sorriu, temeu, congelou, tentou, vociferou, queimou, se apaixonou, tanto amor, tanto…
— Kelly, eu te amo. — Pupilas de coração surgiram.
Ela sorriu, correu e pulou em cima dele num abraço que o príncipe nunca esqueceria, nem mesmo se quisesse esquecer.
— Eu também te amo!
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