”A uma voz primitiva na sua alma, que não é domada, mas presa, se debatendo para sair da gaiola que o mundo o obrigou a colocar, só a si mesmo pode dizer o que a lá dentro, o que é o que quis ser”, do grande mestre para o mestre.

    Na cidade de Mu, em uma manhã de sábado, a dupla de discípulas de Li Han, chega cedo até a praça. O mestre, por conta da falta de sua pedra, fica de pé, este olha diretamente para seus alunos sério, e os questiona.

    — Vocês sabem o que é grito interior?

    Ambos ficam calados, apesar da dúvida por não concordarem, não respondem com a palavra combinada, e ficam à espera da explicação.

    — Treinamos o calejamento, a dureza do corpo, no entanto, vamos agora para a explosividade, gostam de cachorros? — Li Han fala de forma confusa, desviando completamente o assunto, porém trazendo um ponto de foco.

    — Ai eu amo! — diz Saikyo, que desta vez ignora as inconsistências de seu mestre, movida pela sua paixão.

    — Eu tenho um pouco de medo para falar a verdade — Hiro assume com vergonha, colocando um pé para trás, seus cabelos até mesmo se retraem, e a espiral de seu cabelo encolhe.

    — Ótimo para você, Hiro, você vem comigo, já você Saikyo, fica, até a gente voltar vai ficar dando pulinhos, eu vou arrumar algo para você quando voltarmos, bora lá! — Dada ordem, Li Han sai correndo animado e Hiro vai logo atrás.

    — A qual é, isso é sacanagem! — Saikyo reclama, e rapidamente se vê sozinha esperando no local, enquanto dá pulinhos.

    .  .  .


    Por mais que tenha tentando achar explicações para tudo que fora praticado até o momento, interpretando ensinamentos nas entre linhas, Hiro não consegue compreender porque está vestindo um cinto de couro que cobre inteiramente seu abdômen, ligado a diversas coleiras de correntes, feitas de aço reforçado, enquanto Li Han conversa com uma linda mulher loira, que usa um anel de diamante e vestido vermelho, a qual lhe entrega cédulas, e logo após, quando ele fala algo impróprio, o dá um tapa.

    — Espero que isso te ajude a achar seu grito interno de luta Hiro, bom passeio! — diz o mestre para motivar seu aluno.

    Diversos cães, de diferentes raças, entre eles três cães-lobo, que se assemelham a forma real do lobo cinzento, tanto estrutura quanto em aparência, dois pitbulls nariz azul de pelo escuro, altos por volta de meio metro e com muitos músculos, Husky de altura superior aos pit bulls logo atrás, este sendo o mais belo a pelugem inferior branca como a neve e a superior escura, de olhos azul claro.

    Toda esta formação, de cães raros e de difícil trato, de grande porte, saem correndo para cima de Hiro, que se assusta e corre para longe deles, fazendo serem puxados para cima de si por conta das coleiras ligadas ao cinto. E é nesse momento que ele entende o que o mestre quis dizer com grito interior.

    — UH UH HÁ HÁ! — grita correndo de medo dos pit bulls raivosos que o perseguem querendo morder.

    Após algumas horas de corrida, os cachorros vão se cansando de correr, aos poucos caminham, os primeiros a caírem, são os musculosos pitbulls, nesse momento é que o garoto tem que puxar a coleira com as mãos, arrastando os cachorros, que são tão fortes, que nem sentem incômodo, os cachorros vão caindo aos poucos, durante todo o caminho de volta até o canil, Hiro usa a força para puxar as correntes, o que machuca muito suas mãos.

    Na chegada se solta das coleiras, coloca a língua para fora, ofegante de cansaço, respira para se revigorar, e quando recobra suas energias, parte indo embora.

    Ao entardecer, Hiro se encontra na sorveteria do bairro peixes dourados, onde Saikyo mora. A sorveteria se encontra em um pequeno estabelecimento, pintado de amarelo, com linhas curvas sobrepostas, pintadas de preto, formando o padrão de escamas, na vitrine a os diversos sabores nos potes de sorvete refrigerados a todo instante.

    Dentro do local, sentados em cadeiras de madeira brilhante altas redondas de três pernas, em volta de uma mesa alta redonda de madeira brilhante com mesmo número de pernas que a cadeira, estão Picon e Shinda.

    — Hiro! Como vai! — cumprimeta cena para ele.

    — Meu pivete, parece cansado, deve tá treinando duro — diz Picon, observando o estado de seu colega, suado, e cheio de pelos.

    — Olá! Bastante! — diz Hiro feliz em os rever, se senta se apoiando com os braços na mesa de bruços, por conta do desgaste

    — Está cheio de pelo de cachorro, ah não! — diz Shinda que vai batendo a mão no uniforme dele o limpando, jogando os pelos de cachorro para o chão. — O que houve?

    — Eu só passei com uns cachorros, tudo bem, como vai a preparação de vocês? — Hiro pergunta, tenta puxar assunto de alguma forma.

    — Moleza, é algo novo para mim, só que nada difícil, o problema é essa pirralha que fica brincando a maior parte do tempo — diz Picon, aproveitando para criticar sua parceira de equipe, por conta de sua postura.

    — A nossa professora que deixa — responde, Shinda se defendendo da crítica

    — A sua professora te deixa brincar? — pergunta Hiro sem levar a sério a discussão.

    — Sim — afirma Shinda, enquanto gesticula balançando a cabeça de cima a baixo em confirmação.

    — Que tal! Ela me dá bronca, dizendo que sou eu que precisa aprender, e a Shinda é melhor que eu no que quer ensinar — diz Picon indignado.

    — A, você deve ser nota dez hein Shinda! — Hiro elogia a garota, por conta dos relatos, se impressiona.

    — A que nada, hã, hã, eu não gosto de elogios, por favor! — diz Shinda envergonhada, acena para ele parar, enquanto coloca a mão esquerda no rosto, a pele da garota se torna da cor vermelha em tom rosado. — Ei, onde está a Saikyo?

    —  Deve estar no treino — Hiro responde sem ter tanta certeza.

    — Tudo bem, esperamos ela para pegar o sorvete — diz Picon.

    Saikyo chega neste momento, seus amigos a veem na entrada, rangendo os dentes, é possível sentir sua fúria de longe, seus cabelos estão arrepiados para cima, com a franja que cobre sua testa estando completamente de pé no ar, revelando sua testa com uma veia saltando no ar. Juntamente de penas de galinha grudadas em seu cabelo e suas vestes, além de estar completamente suja de ovos de galinha.

    — Acho que ela vai pedir o de quindin! — Picon ironiza a situação de sua amiga, e se segura para não dar gargalhadas.

    — O que houve com você Saikyo? — pergunta Hiro, preocupado.

    — Dá próxima eu fico com os cachorros! Eu fiquei o dia inteiro caçando galinhas raivosas, e depois, eu tinha que recolher seus ovos com meus próprios dedos, sabe onde tive que colocar meus dedos!? Bem lá no fundo e puxar, enquanto me bicavam! — reclama irritada, visivelmente em seus olhos, apesar de seu nariz franzir, por conta do nojo que teve que fazer, Saikyo fala em tom mais alto, com a voz trêmula, puxa a gola das mangas do braço e perna do uniforme, mostrando os arranhões e pequenos furos.

    — Hahahahahah! Acho que eles não vendem sorvete de quindim! — brinca novamente com a cara de sua amiga, Picon chega ao ponto de dar tantas gargalhadas que quase cai da cadeira.

    — Que treino pesado, o mestre de vocês não devia ser tão mau! — diz Shinda com dó.

    — Parece que meu dia não foi o pior — diz Hiro, que dá um leve sorriso.

    Apesar dos contratempos, Saikyo logo se acalma, e cada um pega sua combinação preferida de sorvete junto a casquinha. Shinda prefere combinações doces com leve acidez, duas bolas, uma de morango e chocolate, com calda de caramelo. Picon gosta de frutas refrescantes, três bolas, variando entre manga, kiwi e coco. Saikyo gosta do simples e tradicional sabor baunilha. Já Hiro, ao invés de casquinha, preferiu uma banana split, e ele gosta de exagerar com os chocolates, misturando chocolate, creme de chocolate, chocolate trufado, chocolate branco e chocolate amargo, tudo isso coberto por calda de chocolate.

    — Calma aí chocolate, assim vai acabar com o sabor — diz Picon, impressionado com tanto chocolate.

    — Eu amo chocolate, eu amo cacau, se deixassem comia até a casca, e banana, que como com a casca também!

    — Ei gente, da próxima vez podemos comer açaí! — sugere Shinda, já visando o próximo encontro.

    — Boa ideia — Saikyo concorda.

    — Açaí tem gosto de terra! — contrariando a ideia, Hiro fica nervoso.

    Apesar das discordâncias de onde, quando e o que comer, eles com certeza se reencontraram novamente.

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