Capítulo 11 – História Paralela 01 – Sequestro
(Perspectiva de um novo personagem Weiss)
Em uma base temporariamente estabelecida no pátio da frente de um antigo castelo de aparência sombria, as tendas tremulavam ao vento. O vice-comandante Weiss abriu a boca com força enquanto observava o Comandante examinar o mapa com uma expressão tranquila.
“Tudo bem?” (Weiss)
O jovem Comandante, que havia sido colega de classe de Weiss na academia militar e agora se tornara seu superior, ergueu a cabeça com uma expressão inexpressiva.
“O quê?”
Foi surpreendente, por um lado, e triste, por outro, ver que seu velho amigo não mudou de comportamento mesmo depois de ouvir que seu pai foi feito prisioneiro pelo inimigo. Weiss negou com a cabeça rapidamente, escondendo sua expressão sombria.
“Não é nada.” (Weiss)
“Qual é a condição dos soldados?”
Perguntou Damien, enquanto olhava o mapa à luz trêmula das velas. Após alguns dias, o ataque precisava ser retomado. Se o clima ficar mais frio, atravessar a cordilheira se torna difícil.
“Lamento dizer, mas não está tão bom.” (Weiss)
Os feridos graves foram tratados até certo ponto, mas havia um problema maior.
“A moral deles está baixa. Parece que as notícias do acampamento sul já se espalharam.” (Weiss)
O medo era o maior inimigo em qualquer situação. O fato de o exército liderado pelo herói de guerra, o Duque Thisse, ter sido derrotado, foi o suficiente para desanimar a moral dos soldados. Damien levantou lentamente a cabeça e abriu a boca.
“Quero beber algo quente.”
Weiss saiu rapidamente da tenda e deu uma breve ordem, e o chá estava pronto pouco depois. Weiss se sentou frente a frente com seu superior, tomando chá em silêncio e pensando no que dizer.
‘Devo rezar pela paz dos mortos?’ (Weiss)
Weiss nunca imaginou que haveria uma situação em que teria que consolar Damien. Isso porque o caminho de Damien, que nasceu sem defeitos desde o nascimento, sempre foi sólido. Até que a guerra começou.
“Weiss.” Damien quebrou o silêncio e finalmente abriu a boca. “Por que você não relaxa?”
“O quê?” (Weiss)
“O fato de você estar se consumindo não trará meu pai de volta à vida.”
Weiss, que tinha os punhos cerrados contra os joelhos, mordeu o lábio. Damien não era tão otimista a ponto de esperar que o Duque Thisse, que foi capturado pelo inimigo, pudesse voltar.
“Se você olhar direito, não é tão triste. Há um ditado que diz que a maneira mais honrosa de morrer para um nobre é morrer em uma guerra protegendo seu país.”
“…” (Weiss)
“Meu pai provavelmente manterá sua honra até o fim. E o mesmo será verdade para mim, que tenho que segui-lo.”
Weiss finalmente bebeu o chá à sua frente de uma vez. Tornando-se sentimental na situação de guerra, sentiu que ainda tinha um longo caminho a percorrer.
“Corrigirei isso. Peço desculpas por sua preocupação.” (Weiss)
“Não está quente?”
Damien sorriu silenciosamente, sacudindo os ombros com uma expressão ridícula. Sentindo tardiamente o paladar inchado de sua boca, Weiss negou com a cabeça.
“Um pouco, no início.” (Weiss)
“Isso é verdade.”
Weiss, que era leal a Damien, um colega de classe da academia militar, não era o tipo de pessoa que fofocaria às suas costas. Damien olhou para ele e falou calmamente.
“Weiss. Não tenho intenção de morrer como um cachorro nesta guerra.”
“Claro.” (Weiss)
“Além do meu respeito pelo meu pai, ainda não terminei meu trabalho.”
Damien ergueu a xícara de ferro como se estivesse segurando um cálice de vinho e deu um gole. Considerando que até mesmo sua aparência era digna, sem dúvida era um nobre.
“Depois da guerra, irei para onde pertenço.”
Os olhos de Weiss se abriram um pouco e tremeram, mas o olhar de Damien era resoluto. Quando Weiss viu o rosto de Damien olhando diretamente para ele, soube que não havia mal-entendido suas intenções.
“De qualquer meio e método.”
“… comandante.” (Weiss)
“Espero que continuemos tendo uma boa relação mesmo então.” Damien sussurrou enquanto esticava o corpo e se recostava em sua cadeira. “Para fazer isso, em primeiro lugar, preciso vencer esta maldita guerra, nessa ordem.”
Observando Damien, que estava bastante tranquilo, era difícil vê-lo como alguém que falava de traição. Weiss tentou adivinhar desde quando ele tinha esse tipo de pensamento. Talvez tenha sido muito mais tempo do que ele esperava.
“Qual é o sentido de me dizer isso, Comandante?” (Weiss)
“Significa que você foi escolhido por mim.” Damien o olhou e sorriu. “Então, celebre. Nunca perco quem escolho.”
Enquanto o vento fora da barraca ficava mais forte, foi então que ele ouviu o som de um piano tocando em algum lugar. A música com um som doce não combinava em nada com a situação atual.
‘Um piano durante a guerra? Além disso, as escalas de algumas teclas tremiam como se o instrumento estivesse desafinado há muito tempo.’ (Weiss)
“O que está acontecendo?” (Damien)
Quando Damien virou a cabeça, Weiss se levantou de sua cadeira.
“Vou verificar… espere um momento.” (Weiss)
Após sair da barraca, Weiss olhou na direção de onde podia ouvir o som do piano. Um lugar onde as luzes piscavam fracas no antigo castelo. O som da música vinha da janela do segundo andar.
O ruído feito pelos soldados que acampavam em sacos de dormir estendidos no pátio da frente diminuiu lentamente. Os soldados cansados da guerra, que não sabiam quando ela terminaria, olhavam para o local de onde vinha o som da música como se estivessem possuídos.
Tanto o jovem soldado ajoelhado enquanto cobria o rosto com as mãos quanto o velho soldado com um curativo no braço ficaram em silêncio e não disseram nada.
A luz da lua era misteriosa e a noite parecia um sonho, a ponto de se perguntar se isso já tinha acontecido desde o início da guerra.
“Essa é a primeira filha do Visconde Verdier.”
Weiss, sem perceber que Damien estava atrás dele, deu um passo para trás surpreso.
“Parece que sim.” (Weiss)
“Ela não é a mesma pessoa que cuidou dos soldados feridos? Chloe Verdier.”
Weiss concordou, pensando quando Damien começou a se lembrar do nome dela.
“Sim, fiquei incomodado com as palavras duras dos soldados, então avisei o Visconde.”
“Certamente foi irritante.” (Weiss)
“…”
“… devo dizer a ela para parar de tocar?” (Weiss)
“Deixe-a.”
Quando palavras inesperadas saíram da boca de Damien, que ele achava que daria essa ordem, Weiss perguntou sem nem perceber.
“Devo deixá-la?” (Weiss)
“Sim. Se você a parar agora, haverá um motim.”
Estava claro que a interpretação do piano na noite iluminada pela lua estava, definitivamente, consolando os soldados cansados.
“Em vez disso, tranque-a para que não saia daquele quarto durante a nossa estadia. Isso significa permitir que ela se destaque, Weiss.”
“Sim, Comandante.” (Weiss)
Weiss não tinha ideia de que mais tarde essa mulher se tornaria a Duquesa de Thisse. Ao ver apenas os olhos de Damien olhando pela janela do segundo andar, ele só esperava que a pobre garota não magoasse mais o coração do Duque.
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