Capítulo 17 – Assassinato da Marquesa
A primeira a descobrir o cadáver da Marquesa foi a serva pessoal que Chloe trouxera de Swann. A empregada assustada começou a chorar e tentou explicar a situação. Disse que, ao ir ajudá-la pela manhã, já a encontrou caída no chão, com o rosto azulado e sem respirar.
“Você tem alguma pergunta para mim.” (Chloe)
Chloe respondeu com voz trêmula ao policial, que perguntou com expressão perplexa. Damien estava ao seu lado, de braços cruzados, com uma expressão séria no rosto.
“Posso perguntar o que você quer com minha esposa?”
“Bem… desculpe, mas recebemos um depoimento.” (Polícia)
“Que depoimento?”
As sobrancelhas do Duque se ergueram abruptamente. Chloe rapidamente abriu a boca, não querendo causar problemas desnecessários.
“Por favor, fale abertamente. Vou cooperar com o que for necessário.” (Chloe)
Chloe se esforçou para responder com calma, e o policial acrescentou com um semblante de desculpas.
“Posso dar uma olhada nas malas que a Duquesa trouxe de Verdier?” (Polícia)
“O que isso significa?”
Quando o Duque perguntou novamente, o policial uniformizado em branco hesitou um pouco antes de falar com um olhar aturdido.
“É um procedimento formal.” (Polícia)
É uma situação em que não se pode evitar suspeitar de um assassinato motivado por ressentimento. Chloe, que percebeu o que o policial estava tentando dizer, engoliu em seco com dificuldade e disse.
“Claro. Margaret, abra as malas e mostre-as.” (Chloe)
“Sim, minha Senhora.” (Margaret)
Margaret assentiu com um olhar cauteloso. Enquanto retiravam as bolsas do armário uma a uma, o policial e o médico começaram a examinar cada item.
“Parece que não havia nada de especial, certo? É isso.” (Polícia)
Justo quando abriram a bolsa azul no fundo do armário, dentro havia uma sacola quadrada cheia de impressões digitais, contendo a medicação de emergência que Chloe trouxera de Verdier.
“Isso…” (Médico)
Ao ver a expressão do médico mudar, um dos policiais inclinou a cabeça.
“O que é isso?” (Polícia)
Chloe se lembrou de todos os frascos que trouxera. Mas havia algo ali que não era seu.
“O que é isso?” (Médico)
“Parece arsênico. É o mesmo veneno encontrado na xícara de chá da Marquesa…” (Polícia)
As pernas de Chloe perderam força. O Duque a apoiou, franzindo a testa.
“Agora você está suspeitando que minha esposa é responsável pelo assassinato?”
“Sinto muito, Sua Excelência o Duque.” O policial fez uma expressão terrivelmente angustiada e mal abriu a boca.
“Dado que recebemos depoimentos de que ela foi vista agredindo a falecida Marquesa Isabella, não podemos ignorar a Duquesa como suspeita.” (Polícia)
“Quem disse isso?”
“Isso… temos que proteger a identidade das testemunhas, não podemos dizer.” (Polícia)
Chloe podia supor sem precisar ouvir a resposta. Provavelmente, foi um dos convidados que se colocou ao lado da Marquesa e, portanto, a odiava.
“Você está falando sério?” Damien murmurou, olhando para o policial como se fosse matá-lo. Chloe abriu a boca com voz trêmula, segurando suavemente o braço dele.
“Aquele frasco não é meu.” (Chloe)
“A propósito, posso perguntar por que está na sua bolsa?” (Polícia)
O tom do policial era educado, mas seu olhar era severo. Chloe engoliu em seco com dificuldade e soltou um longo suspiro.
“Alguém está tentando me incriminar… deve ter colocado isso na minha bolsa.” (Chloe)
“Quando?” (Polícia)
Ela também não tinha certeza. As servas que limpavam seu quarto iam e vinham todos os dias, mas Chloe ordenava com a mesma frequência. A última vez que ordenou suas malas foi há apenas dois dias.
“Além da Duquesa, apenas as servas podem entrar neste quarto, certo?” (Polícia)
“Eu não toco nas coisas da Senhora!” (Margaret)
Margaret levantou a voz, com o rosto prestes a explodir em lágrimas. Chloe percebeu que havia caído na armadilha perfeita quando viu a serva ficar mais pensativa e perplexa do que ela. Os olhos trêmulos de Chloe, sem perceber, voltaram-se para Damien. Olhos insondáveis a encaravam.
“Eu juro, minha esposa não é alguém incapaz de prejudicar as pessoas.”
“Sua Graça, o Duque.” (Polícia)
“Parece que alguém colocou veneno na xícara de chá da Marquesa, mas a Duquesa não teve tempo para fazer isso…”
“Onde ela estava ontem à noite?” (Polícia)
O policial olhou alternadamente para Chloe e Damien, mostrando olhos cheios de suspeitas.
“Porque minha esposa esteve comigo a noite toda.”
“Não é verdade?” Perguntou o Duque a Chloe. Seus olhos mentirosos pareciam tão sinceros que Chloe não conseguiu dizer uma palavra.
Chloe foi enviada para a sala de orações de um antigo monastério fora de uso até que o julgamento fosse realizado. O motivo foi que a notícia da morte da Marquesa Isabella chegou rapidamente aos ouvidos da família real.
“Normalmente, é uma regra que os suspeitos sejam presos em uma masmorra com paredes de pedra fria, mas devido à sua condição de esposa de um Duque, ela foi enviada aqui” disse baixinho o monge que a guiou.
Diziam que era um lugar onde ela permaneceria até que toda a verdade fosse revelada, mas na realidade não era diferente de estar trancada.
Ninguém vinha visitá-la, exceto quando duas vezes ao dia levavam pão duro e sopa fria. Para Chloe, era impossível adormecer na sala de oração sem aquecimento.
Chloe rezou incessantemente por três dias. Ela pensou naquela noite constantemente. Isabella a olhou com olhos ressentidos. No quarto dela, Isabella estava implorando a Damien que a amasse.
‘Eu realmente queria matar a Lady Isabella?’ Quando seus pensamentos chegaram a esse ponto, o corpo de Chloe tremeu involuntariamente, e ela se benzendo rapidamente.
Gggggg! (Grito)
De algum lugar além da silenciosa sala de oração, ouviu-se o grito de um rato. Aquele som parecia corroer sua mente.
‘Não. De jeito nenhum.’ (Chloe)
Chloe mordeu os lábios, tentando recuperar o sentido. Era verdade que ela tinha sentimentos ruins pela Marquesa Isabella, mas não ao ponto de querer matá-la. Também não foi ela quem envenenou a Marquesa.
‘Se ela realmente desapareceu deste mundo, não significava que havia alguém mais que desejava nunca mais ver o rosto dela.’ (Chloe)
“O Duque veio visitá-la.” (Sentinela)
Chloe levantou repentinamente a cabeça, com o rosto abatido. Quando a porta da sala de oração se abriu, ela pôde ver a figura do Duque de pé no corredor através das grades. Foram apenas três dias.
“Pode nos dar um pouco de privacidade.”
“Sinto muito, mas não pode entrar.” (Sentinela)
“Você acha que sou ignorante o suficiente para violar a lei?”
O Duque cuspiu abruptamente, e o guarda rapidamente se inclinou cortesmente e depois desapareceu em silêncio.
Antes que o som dos passos se afastasse, o Duque se aproximou e apertou as grades. Chloe piscou em silêncio quando o viu entrar no estreito espaço depois de pronunciar as palavras que disse. Apenas o fato de alguém estar com ela naquela sala de prisão onde esteve sozinha por três dias a fez sentir como se estivesse um pouco conectada à realidade. ‘Posso sair para o mundo exterior?’
“Ouvi dizer que você se recusa a comer.”
“Simplesmente não tenho vontade de comer.” (Chloe)
“Então, você quer morrer?” O Duque cuspiu com voz seca. Chloe o encarou com os olhos semicerrados.
“Então, o trabalho do carrasco será desnecessário.”
O Duque a encarou diretamente, sussurrando como se tivesse clareado sua mente.
“Fala como alguém que quer morrer.”
“Está tudo bem se eu disser que quero viver?” (Chloe)
“Isso dependerá do resultado do julgamento.”
Chloe apertou os punhos enquanto olhava para o Duque responder calmamente. Algo bateu em seu peito, bloqueando sua respiração.
“Não matei a Marquesa.” (Chloe)
“A polícia está em conflito e terá que escolher entre o meu testemunho de que estive com você naquela noite e as evidências na sua bolsa.”
‘Isso também não era verdade, mas não havia maneira de provar sua inocência.’
“Há alguma chance de a polícia acreditar em seu depoimento?” (Chloe)
“É muito provável que escolham o último. Margaret declarou que você acordou sozinha em seu quarto, e eu estava no estudo quando o mordomo chegou correndo. Por senso comum, é difícil aceitar que um casal que passou a noite junta acorde em lugares diferentes.”
O silêncio de Chloe persistiu. Damien falou lentamente em voz baixa.
“Claro, as pessoas pensarão que estou contando mentiras para ajudar minha esposa. Alguns testemunharam que você estava agressiva com a Marquesa às escondidas. Posso adivinhar quem é, mas a vingança terá que esperar.”
No final, a polícia praticamente não teve escolha a não ser aceitar as provas de sua bagagem. A voz de Chloe tremeu ligeiramente.
“As evidências encontradas em minha bolsa devem ter sido manipuladas por alguém.” (Chloe)
“Quando?”
“… provavelmente, na noite em que a Marquesa morreu.” (Chloe)
“Onde você estava naquela noite? Você estava fora?”
Diante da pergunta de Damien, Chloe hesitou por um momento antes de abrir a boca.
“Estava frustrada, então saí para dar uma volta.” (Chloe)
“Durante a noite?”
“Foi. Voltei para o castelo e fui dormir antes da meia-noite.”
Damien a olhou e suspirou.
‘Não é o que Grey Wilson me disse.’ (Damien)
Damien perguntou novamente, olhando para Chloe, que ficou em silêncio e baixou os olhos apressadamente.
‘Por que você não disse à polícia que estava na cabana do estábulo até o amanhecer?’ (Damien)
Chloe não pôde deixar de morder o lábio.
“Grey Wilson veio até mim e começou um motim. Ele se ofereceu para testemunhar a coartada da Duquesa, e demorou bastante para acalmá-lo, pois estava prestes a correr para a polícia dizendo que podia provar.”
Chloe olhou para as veias azuis nas costas da mão do Duque e se levantou da sua cadeira, como se todo o sangue tivesse sido drenado de seu rosto pálido.
“Responda, Chloe.”
Chloe abriu os olhos com dificuldade.
“Eu não pequei. Nunca fiz nada errado.” (Chloe)
“Então eu posso chamar Grey Wilson como testemunha. O divórcio será inevitável devido ao escândalo, mas salvará sua vida.”
Lágrimas brotaram dos olhos de Chloe. Ela queria desesperadamente que sua inocência fosse provada no julgamento, mas não podia sacrificar ninguém por ela. Seu pai estava endividado e nunca se recuperaria. Grey poderia ter que enfrentar o crime de insultar a anfitriã e cumprir pena. Então sua vida teria acabado.
“Devo ajudar você a fugir?” Sussurrou Damien.
Na verdade, ela queria isso. Queria se esconder e viver em um lugar onde ninguém pudesse vê-la. Mas Chloe apenas o olhou sem responder.
“Diga-me o que você quer que eu faça.”
Não importa quantas vezes ele perguntasse, a conclusão era a mesma. Chloe era alguém que não podia sacrificar as pessoas que amava para poder viver. O que a assustava mais do que morrer era não poder se encontrar com sua mãe que a esperava no céu com orgulho.
“Você realmente acha que não matei a Marquesa?” (Chloe)
“Se eu não acreditasse, não haveria razão para eu ter testemunhado dando um álibi falso para salvá-la.”
“Então, posso pedir uma coisa?” (Chloe)
Damien se aproximou lentamente dela.
‘Sim. Me implore, Chloe. Agarre-se a mim. Sou o único que pode te salvar.’
Damien levantou lentamente o queixo enquanto ela, com o rosto abatido, baixava a cabeça. Luvas de pele de carneiro se envolveram suavemente ao redor de suas bochechas.
‘Seria melhor se você me pedisse para te salvar. Tenho o poder de salvar sua vida.’
“Se o Duque tem tanto poder…” (Chloe)
“Sim.”
Lágrimas quentes umedeceram silenciosamente seu rosto. Os passos do guarda que voltavam soaram ao longe, mas Damien não se moveu.
“Por favor, mantenha a execução da sentença em privado.” (Chloe)
O rosto de Damien se endureceu como um pedaço de gelo frio. Quando se virou, Chloe desabou no chão como se estivesse se despedaçando. As barras estavam despedaçadas, e ela pôde ver as costas embaçadas do Duque se afastando.
Chloe rezou com os cotovelos apoiados no frio chão. ‘Por favor, que meu pai não sofra a dor de ver sua filha partir primeiro. Que a fugitiva Alice nunca conheça minha morte.’
O julgamento ocorreu numa tarde clara, com o sol de inverno brilhando através dos vitrais. Chloe respirou fundo nos pulmões o ar fresco que sentira exatamente 15 dias atrás.
“Você precisa avançar agora, Duquesa.” (Guarda)
A Duquesa, com as mãos amarradas, não pôde usar sua bengala. Chloe caminhou lentamente em direção à capela, arrastando os pés pelo chão.
“Minha Senhora! Está tudo bem?” (Eliza)
Chloe se virou e olhou na direção do som. Eliza, que se abriu caminho entre a multidão, estava na primeira fila gritando com lágrimas nos olhos.
“Deus a abençoe!” (Eliza)
A criança cuja mão ela segurava encarou Chloe. Quando Chloe deu um leve sorriso, a criança enterrou o rosto na saia de Eliza. ‘Estou feliz por você parecer saudável.’ Chloe pensou sinceramente.
O Duque, que subiu ao púlpito das testemunhas, foi o último dos nobres reunidos naquele dia. O rosto de Damien, enquanto colocava a mão sobre a Bíblia e jurava dizer a verdade, mostrou-se suficientemente indiferente para parecer arrogante.
“Você não revogará seu depoimento de que esteve com a Duquesa da meia-noite às 6:00 da manhã no dia do incidente?” (Juiz)
“Está correto.”
“Há alguma testemunha que possa provar isso?” (Juiz)
Quando o juiz da família real perguntou com expressão séria, o Duque perg
untou novamente.
“Gostaria de perguntar se há alguma razão para não acreditar no meu depoimento.”
“Segundo o depoimento de Margaret, a dama de companhia pessoal da Duquesa, ela disse que aparentemente estava sozinha em sua cama quando a visitou pela manhã.” (Juiz)
O nervosismo se espalhou pelo rosto de Margaret, que apenas dissera a verdade, mas o Duque permaneceu indiferente.
“O que isso tem a ver com meu depoimento?”
“O Duque não estava em seu estudo de manhã?” (Juiz)
“Então quer dizer que cometi perjúrio?”
Quando o tom do Duque ficou ligeiramente agudo, a expressão do juiz ficou um pouco mais severa.
“Não se altere, Duque Thisse. Significa que ninguém os viu juntos. Eles foram vistos juntos pela última vez na noite anterior ao incidente, em frente ao quarto da Marquesa. Gostaria de fazer uma declaração pública através da serva que testemunhou a situação naquele momento?” (Juiz)
Um murmúrio silencioso se espalhou por toda a sala, e Margaret baixou os olhos como se quisesse evitar isso. Chloe abriu e fechou suas pálpebras pesadas. O relato de Margaret das circunstâncias naquele momento teria sido uma evidência bastante forte para apoiar a culpa de Chloe no assassinato. Damien, que conhecia esse fato, ficou em silêncio por um momento e finalmente abriu a boca em voz baixa.
“Solicito que Grey Wilson, um servo do Castelo dos Abedules, seja nomeado como testemunha.”
Chloe levantou a cabeça em silêncio. Sua tez pálida ficou ainda mais pálida quando viu Grey entrar na capela.
“Você jura perante Deus dizer apenas a verdade?” (Juiz)
Grey olhou para Chloe, cujas mãos estavam amarradas, mordeu o lábio e abriu a boca com voz clara.
“Sim. Eu juro.” (Grey)
Os olhos de Chloe congelaram de medo. Grey obviamente estava com ela naquela noite, mas não deveria dizer nada a respeito. Era óbvio que no momento em que Grey abrisse a boca, não apenas ela, mas também a parte envolvida, Grey e sua família ficariam desonrados.
“Grey, não.” (Chloe)
Enquanto ela sussurrava seu nome e negava com a cabeça, o juiz bateu com um martelo de madeira.
“Grey Wilson depõe.” (Juiz)
“Naquela noite, a Duquesa definitivamente estava com Sua Excelência.” (Grey)
“Por que você está dizendo isso só agora?”
Quando Grey hesitou, o juiz o instigou a continuar.
“Testemunha?” (Juiz)
“Eu… porque cometi o crime de roubar o tempo privado da Duquesa.” (Grey)
Os olhos de Chloe piscaram rapidamente diante do testemunho inesperado de Grey. Ao contrário de Chloe, que não conseguia entender do que Grey estava falando, Damien apenas ergueu a sobrancelha uma vez.
“Você deveria ser mais preciso, testemunha Grey Wilson.” (Damien)
Damien abriu a boca bruscamente. Chloe então teve uma vaga ideia do que estava prestes a acontecer. Grey deve ter tido uma reunião secreta com o Duque. Suas duas mãos, amarradas pela corda, tremeram.
“O fato de o Duque e sua esposa darem frequentes passeios pela mansão do Ducado é bem conhecido por todos os servos na casa Thisse. Naquele dia, que foi exaustivo por receber convidados, eu estava dando voltas até meia-noite, quando ouvi um barulho no meio da noite e saí e vi os Duques… eles estavam discutindo.” (Grey)
“Pode me dizer qual foi o motivo da discussão?” (Juiz)
“Acho que foi causado por um mal-entendido envolvendo a Marquesa… parecia uma briga comum entre casais.” (Grey)
Houve um estremecimento silencioso na sala do tribunal. Devido ao escândalo entre a Marquesa e o Duque ser conhecido secretamente por todos, as palavras de Grey Wilson eram críveis.
“Hmm. Continue.” (Juiz)
“A briga não durou muito.” (Grey)
“A razão foi essa?” (Juiz)
Grey fez uma pausa por um momento, e o juiz que presidia o julgamento o pressionou com uma expressão afiada.
“Testemunha, me diga por quê.” (Juiz)
“Porque o Mestre beijou a Duquesa.” (Grey)
No meio dos sons embaraçosos de tosse aqui e ali, Damien apenas ouvia a testemunha com uma expressão tranquila.
“Silêncio!” (Juiz)
O juiz bateu com o martelo de madeira, e Grey continuou com seu falso testemunho. Chloe olhou para Grey prendendo a respiração.
“Eles dois foram para a adega de gelo. A adega de gelo não fica muito longe da minha cabana. E, incapaz de conter minha curiosidade, cometi um crime.” (Grey)
“Que crime é esse?” (Juiz)
“É o crime de roubar secretamente o tempo privado entre o Mestre e a Senhora. Sinto muito mesmo.” (Grey)
‘Bobagem.’
“Grey…!”
Chloe o chamou inadvertidamente. Porque se as mentiras que ele diz forem aceitas como testemunho, está claro que Grey sairá prejudicado. Mas Grey deu de ombros e não virou a cabeça na direção dela.
“Quer dizer que esteve mantendo a boca fechada todo esse tempo só para encobrir esse nível de travessura?” (Juiz)
Quando o juiz fez uma careta de incompreensão, o Duque, que estava em silêncio, abriu a boca.
“Pode não ser tão leve como o juiz pensa, perder um emprego que acabou de conseguir em uma situação em que dois servos foram recentemente expulsos do Castelo dos Abedules. Para eles, não é apenas sobre o sustento imediato, mas também sobre o futuro. Pode não ser uma história que toque alguém que não precisa se preocupar com o sustento de amanhã neste momento.”
Os servos que estavam na audiência engoliram saliva com dificuldade, como se expressassem profunda simpatia pelas palavras do Duque. Vendo o rosto enrugado do juiz ficar vermelho em um instante, o Duque lhe deu a chance de se retirar.
“Claro que sou um dos que não podem entender, então vou tratar os pecados do meu servo separadamente. Depois deste julgamento.”
O juiz se esforçou para manter sua autoridade, tentando não perder a iniciativa para o Duque, que o encarava fixamente.
“No entanto, não posso concluir o caso apenas com o novo álibi da Duquesa, então seria melhor adiar o veredicto por mais dez dias.” (Juiz)
“Então quer dizer que vai trancar minha esposa novamente naquela fria prisão? Receio que a razão do juiz tenha esfriado com o frio de Thisse.”
“Duque, peço que seja cortês com o mensageiro da família real!” (Juiz)
“Tentei até o final ser cortês com a família real, mas não posso mais suportar isso.”
“O que isso significa, Sua Excelência?” (Juiz)
“Solicito ao Sr. Brown, o médico da casa Thisse, como testemunha.”
Quando Damien falou abruptamente, o médico, que estava sentado em silêncio, se levantou. Damien confirmou sua identidade em nome do juiz.
“Você é quem examinou o cadáver e confirmou a morte da Marquesa?” (Damien)
“Sim, está correto.” (Sr. Brown)
“Aposto que se lembra de ter-me informado que encontrou algo na boca do cadáver.”
“Sim, eu me lembro. O Duque me disse para não contar à polícia.” (Sr. Brown)
Os olhos enrugados do juiz se contraíram.
“Qual é a razão para isso, Duque?” (Juiz)
“Vou contar agora. Rachel, a serva da Marquesa, levante-se, por favor.”
Rachel, a serva que foi a primeira a ver o cadáver da Marquesa, se levantou de sua cadeira. O Duque a olhou e abriu a boca.
“Por que sua roupa é diferente das outras servas?”
“Porque às pessoas que pertencem à família real são dadas roupas separadas!” (Rachel)
“Isso quer dizer que você pertence à família real?”
“Sou uma serva exclusiva de Sua Majestade o Rei. Ele me ordenou que cuidasse bem de sua velha amiga, a Marquesa, e lamento profundamente não ter sido capaz de fazer isso.” (Rachel)
O Duque se aproximou e bateu na muñeca de Rachel, surpreendendo-a. O Duque pegou um botão de sua manga e o colocou na frente dos olhos do juiz.
“Senhor Brown. Apresente sua evidência.”
“Sim, Sua Excelência o Duque.” (Sr. Brown)
O botão que o médico encontrou no corpo de Isabella era exatamente o mesmo que Damien acabara de tirar da serva de Sua Majestade o Rei.
“Agora parece correto que este julgamento seja conduzido no palácio de Swann.” (Damien)
O juiz estava agora muito agitado.
“Isso não pode ser!” (Rachel)
Quando a serva gritou, a polícia se aproximou e segurou seus braços. Somente então o juiz entendeu por que o Duque havia passado por uma tarefa tão difícil, escondendo evidências cruciais até o final. Com o rosto pálido, tentou impedir o Duque, mas já era tarde demais. A voz clara de Damien, olhando para a plateia que enchia a sala do tribunal, ressoou por todo o salão.
“O suspeito no caso do assassinato era uma serva exclusiva de Sua Majestade.”
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