Capítulo 35.5 – Cortejo de uma noite de verão

Naquela noite, Chloe deu uma volta na carruagem trazida por Stella. Sorrindo desajeitadamente, inclinou a cabeça quando Stella disse para ela aproveitar o jantar sem se preocupar, afinal, no dia seguinte seria feriado.

A casa de Grey ficava em uma colina próxima à igreja. Chloe entrou na casa de Grey, pensando que era simples, mas acolhedora.

“Oi, Grey.”

Seguindo Grey, que abriu a porta, ela entrou em uma pequena sala de estar e mordeu o lábio ao olhar para a mesa. A mesa estava decorada com rosas silvestres, exibindo sua beleza fresca, e os candelabros estavam iluminados com velas. Sopa de batata, pão fresco e peru assado no forno. Embora não fosse extravagante, ver a colorida mesa de jantar a fez sentir como se estivesse de volta à mansão Verdier.

“… Grey. Há algo que realmente preciso te dizer…”

Quando Chloe, incapaz de suportar a avalanche de culpa, tentou falar, Grey deu um passo à frente e balançou a cabeça.

“Vamos comer primeiro, Senhorita.” (Grey)

Quando Chloe não teve escolha a não ser se sentar, eles começaram uma refeição tranquila juntos. Cada vez que Chloe via o sangue manchando as ataduras nas mãos nuas de Grey enquanto ele movia os pratos, ela engolia em seco e precisava pegar um copo d’água.

“Nunca pensei que chegaria o dia em que eu me sentaria na frente da Senhorita e jantaríamos sozinhos.” (Grey)

Grey foi o primeiro a falar. Continuou falando baixinho enquanto observava a mão de Chloe tremer levemente ao deixar o copo.

“Estou muito feliz que tenha finalmente chegado, mesmo que seja a última oportunidade.” (Grey)

O garfo caiu da mão de Chloe no prato com um som agudo. Quando ela tentou pegar o garfo e o deixou cair, Grey se levantou e trouxe novos talheres. Chloe franziu os lábios ao observar Grey despejar água em um copo vazio. E então ela sorriu e balançou a cabeça.

“O que você quer dizer com ‘é a última oportunidade’, Grey?”

“Senhorita.” (Grey)

Os olhos castanhos estavam tão intensos que ela não conseguia encará-lo diretamente. Grey se ajoelhou ao lado dela e fez contato visual.

“Estou bem.”

Não importava o quanto ela mordesse o lábio dolorosamente, as bordas de seus olhos só ficavam mais vermelhas. ‘Grey já sabia de tudo. Como ela se sentiu e o que queria dizer quando veio vê-lo.’

“Acho que devo devolver isso agora.” (Grey)

Grey tirou algo do bolso de sua jaqueta e estendeu para ela. As lágrimas de Chloe caíram sobre um lenço antigo, mas limpo.

“A Senhorita me deu quando estava chorando e se agarrando a mim pedindo para fugir com ela.” (Grey)

Não havia como ele não saber mesmo sem ouvir uma explicação. A expressão de Grey quando revelou seus verdadeiros sentimentos na cabana naquele momento ainda era vívida.

“Por que você está me devolvendo isso?”

“Acho que é hora de parar de chorar.” (Grey)

A voz de Grey era gentil, e sua expressão era ainda mais. Chloe o olhou, apertando com força o lenço úmido.

“Sinto muito.”

“Não precisa se sentir assim. Você não precisa sentir pena de mim para sempre. Estou falando sério.” (Grey)

Abanando a cabeça, ele sorriu levemente. Chloe sentiu seu coração apertar. Não conseguia suportar a ideia de machucar Grey até o fim e, ao mesmo tempo, se sentia enlouquecendo por odiar a pessoa que a fazia sentir assim.

“Sinto muito, Grey.”

“Mesmo que não seja necessário fazer isso.”

O rapaz que consolava Chloe era muito maior do que o menino que vivia em suas memórias.

“Na verdade, quando recolhi seus restos e os enterrei na propriedade Verdier, enterrei meu amor junto com eles.” (Grey)

“…”

“Já terminei, mas essa outra pessoa nunca desistiu, nem por um momento.” (Grey)

Era uma verdade que ela não queria admitir, mas Grey finalmente teve que dizê-la. Foi a última boa vontade que pôde mostrar a Chloe, que o tratava com sinceridade apesar de sua condição humilde, e era o orgulho dele como ser humano.

“É natural que não possa estar comigo.” (Grey)

No momento em que Chloe ouviu suas palavras, ela respirou fundo. Com o rosto encharcado de lágrimas, tentou sorrir e soltou um suspiro baixo. A voz era como um sussurro.

“Obrigada, Grey, por cuidar desse corpo queimado.”

Grey sorriu para ela. Era como se pudesse adivinhar os sentimentos de Chloe, mesmo que ela não os dissesse.

“Quem mais faria isso além de mim, o confidente da Senhorita?” (Grey)

Um gemido fraco escapou finalmente dos lábios de Chloe. ‘Por que não posso amar Grey, uma pessoa tão boa?’

“Por favor, não sinta pena de mim, minha senhora.” (Grey)

A voz de Grey continuava sendo gentil, mas havia firmeza nela.

“No passado, eu queria receber sua simpatia, mas agora não.” (Grey)

Chloe finalmente pôde ver claramente o crescimento de Grey. Ele não era mais o garoto que precisava de sua compaixão. Não era como se fosse um servo que tinha que seguir suas ordens.

“Vou ser feliz.” (Grey)

Chloe segurou com firmeza a mão estendida de Grey.

“Sim. Se é você, obviamente será.”

No momento em que se olharam como iguais, foi a despedida deles. Chloe se levantou, sentindo o calor irradiando das pontas de seus dedos que escorriam lentamente.

No meio do verão, nuvens cinzentas apareceram no céu escuro. Pela primeira vez em

sua vida, Chloe se separou de Grey sem se despedir. Começou a subir a colina, as gotas de chuva batendo friamente em seus ombros.

Grey era bom demais para ela. Ela sentiu que poderia viver sem paixão se estivesse com ele. Justo quando a crença de que a confiança mútua poderia consolá-los crescia, tudo desmoronou.

Desde o momento em que ele apareceu diante de seus olhos.

A chuva fria encharcou seus cabelos e correu pelo rosto. Chloe respirou fundo e enxugou os olhos com as costas da mão.

“Puaj…”

Enquanto caminhava, tropeçou, chocou-se com uma pedra e caiu. Seu vestido estava coberto de lama negra. Chloe jogou sua bengala, se sentou à beira do caminho ladeado por videiras intermináveis e chorou como uma criança. Foi então que uma carruagem parou diante dela, chorando tristemente sob a chuva torrencial. Os cílios de Chloe, molhados pelas gotas de chuva, tremiam e se levantaram.

“Oh, não… isso…” (Lawrence)

No momento em que o ruivo segurou seu chapéu e pulou do cavalo, Chloe se levantou com os lábios apertados. Ela poderia perceber mesmo sem ouvir o que ele estava tentando dizer.

“… sua Majestade está esperando.” (Lawrence)

Chloe afastou-se de Taylor, que falou com voz ansiosa, e caminhou sozinha em direção à carruagem. Ela afastou a mão que tentava segurá-la e subiu na carruagem com o rosto pálido. De qualquer forma, ela estava indo para a vila à beira do lago, onde Damien a esperava com um sorriso triunfante. E Damien, aquele homem mau, a pressionava a fazer algo ao não esperar pacientemente. Chloe apertou suas mãos trêmulas.

Ela odiava intensamente. No final, ela queria torcer o pescoço daquele homem que estava fazendo tudo acontecer do jeito dele. Sentiu que estava morrendo porque queria gritar que tudo estava saindo dos trilhos por causa dele e que queria voltar para sua vida pacífica e tranquila.

No momento em que Chloe cerrou os dentes e bateu no teto da carruagem com seu fino punho, o cavalo disparou sob a chuva. No caminho ladeado por trepadeiras, só restou sua bengala, jogada na terra.

A carruagem parou na vila à beira do lago. Chloe chutou a porta da carruagem antes que Lawrence Taylor pudesse abri-la.

“Oh, um guarda-chuva…” (Lawrence)

Lawrence, que vinha seguindo Chloe pelo jardim sem prestar atenção ao que ela dizia, parou abruptamente e olhou na direção em que ela erguia a cabeça. Isso porque ele conseguia ver Damien parado no segundo andar, com a janela do terraço aberta. Ele tinha a janela completamente aberta e até segurava uma bebida como se estivesse desfrutando do som da chuva.

Chloe franziu os lábios enquanto olhava para Damien, que erguia seu copo como se estivesse esperando por ela. Abrindo a porta da vila, ela atravessou o espaço mancando sem a bengala.

A casa de Ricardo também era familiar para Chloe, já que era um lugar onde a família de Stella passava os fins de semana às vezes. Ela cruzou a sala e mal conseguiu pegar um objeto na parede. Os olhos de Lawrence Taylor se arregalaram ao ver suas ações, mas, como Damien havia dado ordens para não incomodá-los, ele não teve escolha a não ser sair sem sequer poder detê-la.

Gotas de chuva caíam aos seus pés enquanto ela subia as escadas até o segundo andar, apertando os dentes pela perna desconfortável. Não foi difícil encontrar o quarto em que ele estava. À medida que o som da chuva forte desaparecia do lado de fora da vila, a música do gramofone ficava mais alta. Chloe entrou mancando no quarto, com a porta aberta de par em par, como se soubesse exatamente por onde ela viria.

“Por que você me atormenta tanto?”

Damien se virou lentamente. Ao contrário dela, suja e molhada, ele estava vestido tão impecável que parecia ter acabado de sair de uma pluma.

“O que eu fiz?” (Damien)

O vento que entrava pela janela aberta fazia a fina camisa social de Damien ondear, expondo seu corpo de várias maneiras. Os punhos cerrados de Chloe tremiam levemente enquanto ela olhava as cicatrizes fracas deixadas pela briga. O som do violino se misturava ao som da chuva e ficava cada vez mais rápido.

“Por que você entra descuidadamente no meu mundo e me confunde?”

“Então, você está me perguntando o que eu fiz.” (Damien)

Damien não fez nada, mas o simples fato de aparecer na frente dela a abalou. No final, foi isso que a fez correr para este lugar.

Damien colocou sua bebida na mesa e começou a se mover. Chloe teve que tentar não recuar. Damien se aproximou lentamente dela enquanto ela permanecia com os pés firmemente plantados no chão e continuava a falar.

“É como se eu tivesse te arrastado até aqui à força.” (Damien)

“Não se aproxime mais.”

Chloe levantou com mãos trêmulas a espingarda que havia tirado da parede lá embaixo antes de subir para seu quarto. O peso do objeto que ela trouxera consigo com o impulso de atirar parecia pressionar fortemente seu braço.

“Você não aproveitou o jantar com o Grey? Não é justo que você esteja brava comigo por isso.” (Damien)

Chloe ofegou enquanto o via diminuir a distância com um sorriso leve.

“Você ama o Grey Wilson?” (Damien)

“Eu disse para não se aproximar.”

“Diga, Chloe. Você o ama como homem, assim como me ama a mim? Diga se você pode compartilhar com ele um beijo tão comovente como fez comigo.” (Damien)

Suas palavras fizeram seu coração bater tão forte que doía.

“Se você se aproximar mais, eu atiro.” (Damien)

Damien ignorou suas palavras e deu um passo de cada vez, finalmente parando bem na frente dela. De uma distância que era aproximadamente o comprimento da arma, ele soltou uma voz baixa e clara para Chloe.

“Atire em mim. Chloe. Ainda não sabe atirar com uma arma?” (Damien)

“Eu sei.”

Um sorriso apareceu no rosto de Damien quando Chloe pronunciou essas palavras sem hesitar. Talvez Chloe não esteja mentindo. Sua esposa era uma mulher bem preparada, então era claro que ela havia feito vários esforços para se preparar para o perigo. ‘Você é digna de elogios. Chloe. Meu amor.’

“Também sei que a espingarda do Sr. Ricardo, ao contrário da sua, está sempre carregada.”

“Então me mate.” (Damien)

Quando a mão de Damien agarrou com força a boca da arma, o corpo de Chloe tremeu em estado de choque. Ele deu mais um passo e puxou seu pulso. Agora a arma apontava diretamente para o peito dele. Perguntou, inclinando a cabeça como se estivesse sussurrando um segredo enquanto ela franzia os lábios e tremia.

“Você alguma vez quis me matar?” (Damien)

Ela sentiu como se a voz dele a estivesse tentando.

“Inúmeras vezes!”

Chloe respirou fundo. Não foram apenas nos últimos dias. Quando ele a fez sentir vergonha ao levantar a perna dolorida, quando a insultou arrogantemente com palavras duras e quando se mostrou orgulhoso sem fim mesmo depois de descobrir o segredo de seu casamento fraudulento. e… quando seu filho morreu e ele não mostrou nem um pingo de tristeza.

“Mas por que você não consegue atirar?” (Damien)

Os finos ombros de Chloe tremeram. Uma voz que não conseguiu esconder um leve grito escapou de seus lábios.

“Silêncio, diabo.”

Damien sorriu levemente e abaixou a cabeça.

“Você quer que eu diga por que não consegue me matar?” (Damien)

Depois de pôr seus lábios no cano da arma, levantou os olhos e a encarou. Chloe aguentou com todas as suas forças, temendo ser enganada novamente por esses belos olhos azuis que pareciam um presente de Deus.

“Porque você me ama o suficiente para querer me matar.” (Damien)

Os grandes olhos de Chloe ficaram vermelhos.

“De onde vem a arrogância que te faz pensar que eu ainda te amo?”

Ela estava verdadeiramente curiosa agora. Talvez por isso, seus dedos trêmulos não conseguiam apertar o gatilho.

“Como você pode ter tanta confiança do início ao fim?”

Ela lhe perguntou com uma expressão entre o suspiro, a admiração, a desesperação e a raiva. Damien ficou em silêncio por um momento em resposta à pergunta, mas finalmente abriu a boca.

“Se não fosse por esse fato, não teria conseguido sobreviver até agora.” (Damien)

Os lábios de Chloe tremeram levemente quando ela enfrentou Damien, que a encarava fixamente.

“O quê?”

“Cheguei até aqui me agarrando à crença de que você me ama. Caso contrário, já teria colocado uma arma na boca e atirado há muito tempo, Chloe.” (Damien)

‘Os olhos dele falam. Este homem é sincero.’ A sensação de que seu corpo estava fortemente amarrado por cordas invisíveis não era uma ilusão. Chloe apertou os dentes enquanto o olhava.

“Sabia que você faz as pessoas sufocarem?” (Chloe)

Uma luz secreta brilhou nos olhos azuis de Damien enquanto ele torcia os lábios em um sorriso.

“Você sabe muito bem que deixa as pessoas loucas.” (Chloe)

“Ei…!” (Damien)

Chloe sentiu que agora podia atirar nele. No momento em que parecia que poderia tê-lo atingido com a arma se não conseguisse apertar o gatilho, a arma caiu da mão de Damien e voou sobre a cama.

“Solta-me, largue isso!”

Chloe, furiosa, tentou se livrar dele, mas foi inútil. Ele a envolveu completamente com os braços, praticamente a prendendo em seus braços, colocou a testa contra a dela e murmurou como um louco.

“Tenta mentir de novo e dizer que meu toque não te arrepia.” (Damien)

“Ha… ha…”

O tom tenso e baixo de sua voz mostrava seu entusiasmo. A língua e os lábios que não demonstravam medo, beijando o cano da arma, percorreram seu pescoço. Seu hálito chegou aos seus ouvidos de repente, perturbando a mente de Chloe.

“Porque eu não acredito que aceitarei se você mentir de novo” (Damien)

Colocou suavemente seus dentes abaixo da orelha de Chloe, onde estava seu pulso. Chloe resistiu, reprimindo um gemido fraco que ameaçava escapar de seus lábios.

“O que você vai fazer se não cuidar de mim?” (Damien)

Enquanto sua carne delicada esquentava, ele levantou um pouco mais seu queixo pequeno. O som do violino, como o soluço de uma mulher, misturado com o som da chuva torrencial, atingia seu auge com ainda mais paixão.

“Curiosa?” (Damien)

Damien a seguiu, pondo seus lábios em seu ouvido e sussurrando palavras como o mais atrevido dos canalhas. Era natural que todo o corpo de Chloe ficasse vermelho brilhante e ela empurrasse seu peito e o esbofeteasse. Não era um som que pudesse sair da boca de alguém que se tornou Rei de um país.

“Você perdeu o último vestígio de dignidade?”

“É você quem me faz perder a dignidade.” (Damien)

Damien entrecerrou os olhos e pressionou seus lábios luxuriosos contra ela.

“Me beije, Chloe. Meu amor.” (Damien)

Os olhos castanhos de Chloe tremeram diante da desfaçatez de instigá-la a beijá-lo quando já estavam se beijando.

“Se você fizer mais, vou te dar um tapa.”

“Já experimentei isso. Foi muito emocionante.” (Damien)

“Morderei e cuspirei.”

“… com prazer eu te permito isso.” (Damien)

Havia excitação na voz de Damien. Seu rosto branco estava molhado pelas gotas de chuva que caíam da varanda. As velas que ele havia acendido no quarto balançavam vertiginosamente.

“Você acha que é a única que odeia.” (Damien)

A razão pela qual a emoção vai além do medo é porque seu corpo lembra claramente de suas mãos acariciando seu corpo mais do que sua mente. Os olhos de Chloe ficaram vermelhos enquanto prendia a respiração.

“Mas meu ódio por você, que pisoteou meu amor e me abandonou, não é menor que isso.” (Damien)

“Então me castigue em seu lugar. Me coloque na prisão e acabe com minha vida como você faz tão bem. Acho que seria mais confortável assim.”

“Se pudesse, faria.” (Damien)

As mãos de Damien percorreram seu pescoço e desceram até seus seios.

“Se ao menos pudesse fazer isso.” (Damien)

As veias incharam no dorso de sua grande mão. Ela tentou afastar a mão, mas Damien fez o oposto e segurou a mão de Chloe com mais força. Ela pôde sentir o pulso pulsando forte em sua mão. Era impossível dizer quem estava mais rápido enquanto seus corações batiam um contra o outro.

“Você sabe que estamos fazendo isso porque nos amamos.” (Damien)

Os lábios vermelhos de Chloe tremeram depois de ser mordida por Damien.

“Está tudo bem dizer que me ama, Chloe.” (Damien)

Ela fechou os olhos com força, sentindo a necessidade de desmoronar enquanto Damien sussurrava doces ordens arrogantes. E finalmente abriu a boca como se implorasse ou declarasse. A voz era fraca e continha lágrimas.

“Se admito que te amo… nunca poderei me perdoar.”

“Você pode me dizer o porquê disso?” (Damien)

Sua atitude foi educada o suficiente para fazê-la pensar que ele ouviria sua história e depois recuaria se fosse válida.

“Você… fez as pessoas que amo sofrerem para me ter. Perdoar você é um insulto ao meu pai, a quem amo, e minha irmã, a quem aprecio… e é como fazer algo terrível ao meu filho, por isso meu coração se parte só de pensar nisso.”

Chloe falou num sussurro, interrompendo suas palavras, mas sem parar completamente. Seus olhos se encheram de lágrimas quando revelou seus verdadeiros sentimentos pela primeira vez. Damien soltou um longo e lento suspiro ao ver que ela não chorava mesmo com lágrimas grandes que pareciam cair até se ele apenas respirasse sobre elas.

“Então, você pode me sacudir um pouco?” (Damien)

‘Como isso é possível?’

‘Era uma teimosia tão terrível que os outros pensariam que você tiraria a minha vontade. Esta mulher obstinada provavelmente nunca saberá. Como é bonito ver uma mulher tão reta ser abalada por si mesma! Portanto, você é minha para sempre, Chloe.’ (Damien)

“Chloe. Você quer que eu te conte um segredo?” (Damien)

Damien abriu a boca com uma voz suave, mas clara, para Chloe, que o olhava desconfiada.

“Você não é a única que quer a sua felicidade.” (Damien)

“…”

“As pessoas que você ama querem que você também seja feliz, Chloe.” (Damien)

Quando Damien viu Chloe sem palavras pela primeira vez, soube que finalmente tinha atingido o cerne que a segurava com firmeza. Isso é o que seus instintos bestiais lhe diziam.

“Significa que ninguém quer que você se sacrifique por eles. Pelo menos entre aqueles que você ama. Seu pai e sua irmã. Até… Grey Wilson também.” (Damien)

“… como você sabe disso?”

Perguntou Chloe com olhos assutados, molhados pela chuva. Olhando para ela assim, Damien sorriu.

“Algumas coisas podem ser sentidas sem precisar serem ditas.” (Damien)

Damien, que uma vez riu de suas tolas palavras na floresta nevada de bétulas, agora dizia as mesmas coisas que ela.

“Com ações. Com os olhos. Com um coração sincero.” (Damien)

As pestanas de Chloe tremeram levemente quando Damien acrescentou. Nunca quis mostrar suas lágrimas para Damien, quando de repente viu uma leve marca de queimadura na mão de Damien enquanto enxugava as lágrimas que caíam diante dela. Chloe chorou ainda mais porque sentiu que podia entender por que alguém que nunca teria tocado no fogo acabou com tais cicatrizes sem precisar ouvir a história. Finalmente, ela pôde ver claramente seu comportamento louco, seus olhos arrogantes e seu coração aflito.

“Foi uma história tão surpreendente que te fez chorar?” (Damien)

‘Minha família quer mais a minha felicidade do que o meu sacrifício.’ Nunca pensei que ouviria algo tão óbvio da boca desse homem. Tudo o que já a preocupara desapareceu com suas palavras e, ao mesmo tempo, ela se sentiu perdoada por si mesma. Chloe não conseguia parar de chorar agora.

“Claro, eles são incapazes de te amar tão completamente quanto eu.” (Damien)

Damien tomou o rosto de Chloe entre as mãos e sorriu tão lindamente que quase podia cegar seus olhos.

“Porque te amar tão apaixonadamente é minha responsabilidade. Está bem.” (Damien)

As doces palavras fizeram seu coração derreter. Chloe gritou em sinal de protesto.

“Houve um tempo em que pensei no que teria acontecido se não tivesse virado o retrato. Fico imaginando o que teria acontecido se nunca tivesse aberto o cofre secreto.” (Chloe)

“Então, você não teria pensado em deixar Swanton. Você teria o poder de ter o perigoso e rude desejo de deixar uma cicatriz permanente no coração de um homem.” (Damien)

O corpo e a mente de Chloe tremeram ao mesmo tempo. No momento em que ele falou enquanto beijava seu doce rosto incessantemente, sua sinceridade, que tinha sido borrada até mesmo para ele mesmo, gradualmente se tornou mais clara.

“Você não teria experimentado odiar a si mesma por me amar.” (Damien)

As verdades que ela não queria admitir emergiram como fatos concretos através das palavras de Damien.

“E não teria visto este momento estranho e divertido em que Thisse estava implorando pelo seu amor.” (Damien)

Quando disse isso, não foi nada engraçado. Em vez disso, Damien sussurrou enquanto seu coração batia forte.

“Volta para mim, minha Rainha. Com prazer beijarei seus pés.” (Damien)

É tentador demais para ser um olhar de adoração. Chloe não teve escolha senão admitir naquele momento. Era verdade que ela admirava profundamente aquele homem arrogante.

“Ainda não tenho certeza. Tenho tentado te odiar por tanto tempo que não sei como te olhar.”

“Veja o que você sente.” (Damien)

Damien finalmente a levantou e caminhou. A arma sobre a cama foi guardada e o corpo de Chloe foi colocado ali.

“Por favor, peça perdão adequadamente. Não farei nada até que você peça desculpa.” (Chloe)

“Deveria pedir desculpas por estar perdidamente apaixonado por você?”

Chloe começou a chorar novamente quando Damien sussurrou suas palavras sem qualquer sentimento de culpa. Damien sussurrou enquanto retirava o vestido sujo dela.

“Meu amor.” (Damien)

“Estou pensando nisso agora… acreditando que tudo acabou.”

O vestido pesado caiu sobre a cama.

“Você vai sorrir e se sentir aliviado por ter conseguido tudo o que queria.”

“Não vou negar. Meu anjo encantador.” (Damien)

Chloe gritou, batendo nele com os punhos cerrados. A fina camisa de vestir de Damien caiu no chão em seguida.

“Minha linda esposa.” (Damien)

Damien soltou um suspiro quente. Seu corpo se endureceu e seu olhar se encheu de desejo. Ele sentiu o limite de sua paciência diante dela, que chorava com o rosto encharcado de lágrimas. ‘Assim como você é a única pessoa que pode fazer isso comigo. Sou o único que pode ter tudo o que você tem.’

“Pela primeira e última vez, praticarei um método vil.” (Damien)

Ele levantou a anágua dela. O suporte ortopédico que envolvia a perna esbelta de Chloe foi solto por sua mão e caiu no chão.

“Preciso cumprir com minhas obrigações matrimoniais que tenho adiado por dois anos.” (Damien)

“…”

“Minha Rainha, que pôs Thisse de joelhos.” (Damien)

Damien deixou Chloe sem fôlego instantaneamente. Ele se ajoelhou, se expôs completamente e a envolveu. Primeiro os lábios, depois a língua. Em seguida, foi todo o seu corpo. O ar no quarto ficou quente.

A chuva parou, mas o corpo de Chloe, cheio de Damien, nunca se secou. Mesmo o vento que soprava da margem do lago não era suficiente para perturbar o intenso calor entre as duas pessoas. Seu marido era um homem que estava seguro de dar e receber. Seus lábios tinham que permanecer na mesma parte do corpo que seus lábios haviam tocado.

Assim que ele olhou para baixo, ela teve que olhar também. Ele, que havia treinado seu delicado corpo para aceitá-lo perfeitamente, acariciou sua coluna e gemeu baixinho.

Chloe, com a mão no ombro de Damien, respirou fundo e seus olhos ficaram vermelhos. Sua respiração gradualmente se tornou mais intensa, e ela balançou a cabeça com os lábios entreabertos.

“Você gosta disso.” (Damien)

O corpo de Damien, sentado diante dela e movendo-se lentamente como se manuseasse uma pena, estava quente.

“Oh, não, eu, eu, Da-Damien… ugh!”

Ele levantou o queixo e riu baixinho.

“Ainda é capaz de falar quando estou dentro de você.” (Damien)

“Hehe, não… uff!”

Ela tentou tapar a própria boca, mas não conseguiu. Damien abraçou o delicado corpo de Chloe, que desabou, e apertou com força as mãos que segurava.

Agora a atenção estava novamente em Damien.

‘Não uma escuridão total, mas uma escuridão brilhante.’ A jovem Chloe chamava assim o céu do amanhecer.

Quando Chloe, sofrendo as sequelas de uma febre, acordou um dia de um sonho violento, ficou de pé com as mãos no batente da janela e olhou para o céu do amanhecer logo antes do nascer do sol. O céu negro clareou aos poucos e, finalmente, depois de ver com seus próprios olhos o sol nascendo e colorindo tudo com uma luz brilhante, ela não tinha mais medo da noite.

Isso porque ela viu com seus próprios olhos que não importa quão escuro esteja, se permanecer firme, eventualmente a manhã chegará. Foi graças a isso que, quando percebeu pela primeira vez que não podia subir as escadas sem ajuda alheia, mesmo quando sua mãe morreu, o único apoio em que podia confiar, quando surgiu a variável da falência de seu pai e a fuga de Alice, ela conseguiu superar.

A brisa levemente fresca da manhã agitou seus cabelos. Enquanto Chloe se movia um pouco, conseguiu sentir o cheiro corporal de Damien na roupa que vestia. Não podia usar roupas molhadas pela chuva, então vestiu a roupa dele.

Chloe olhou para a camisa de vestir macia que ia até os pulsos. Mesmo na primeira noite, quando tirou o fino camisão que deixava toda a sua pele à mostra, Damien a vestiu com a roupa dele enquanto dormia ao amanhecer. Algo quente envolveu levemente o sorriso de Chloe.

“O que você está pensando?” (Damien)

A voz rouca de Damien, como se acabasse de acordar, soou em seu ouvido. Podia sentir o calor de Damien segurando-a através da fina roupa. Chloe respirou fundo e limpou a garganta.

“Estava pensando nisso.”

“Em quê?” (Damien)

“… como diabos devo explicar essa situação para a senhora Stella?”

A tensão que estava brevemente à espreita desapareceu, e a pequena risada de Damien se estendeu da orelha de Chloe até a nuca.

“Realmente precisa dar uma explicação?” (Damien)

O beijo, que tinha bastante conotação de sedução, continuou lentamente do pescoço até o ombro.

“Acho que, se me mostrar como sou apenas uma vez, tudo estará terminado.” (Damien)

Chloe tremeu levemente quando uma mão travessa se levantou e envolveu sua fina roupa.

“Não faça isso.”

“Já fiz tudo o que precisava fazer.” (Damien)

Os olhos de Chloe coraram quando ouviu a voz de Damien sussurrando suavemente. Seu rosto ardeu ao lembrar o que aconteceu na noite passada, do lado de fora da cama e aqui mesmo, na varanda. Damien sussurrou como se lesse seus pensamentos.

“É uma sorte que a frente da mansão fique junto ao lago.” (Damien)

“…”

“Senão, todos em Gwyneth ouviriam você gritar meu nome alto.” (Damien)

Chloe finalmente olhou para Damien. Damien abraçou Chloe com mais força enquanto ela tentava afastá-lo.

“Isso me excitou ainda mais.” (Damien)

O nariz alto de Damien roçou o de Chloe, e seus lábios, que se encontraram várias vezes ao longo da noite, se tocaram novamente. Os olhos de Chloe se fecharam sozinhos e se abriram lentamente no momento em que ela caiu.

“Acho que dormi bem pela primeira vez em dois anos.” (Damien)

Ele a encarou e sorriu. O coração de Chloe ficou um pouco úmido ao olhar para seus olhos, que lembravam o céu do amanhecer. ‘Dormimos apenas cerca de uma hora? Mesmo agora, assim que me levantei da cama, percebi imediatamente.’

“Não se afaste de mim agora, Chloe.” (Damien)

Damien sussurrou suavemente com uma voz suave.

“… deixe-me pensar sobre isso.”

Chloe tentou esconder seu coração trêmulo e disse algo que não queria ouvir.

“O que. Está muito ensolarado. Um sol generoso.”

Ao contrário de sua resposta pouco sincera, a mão de Damien enquanto desabotoava a roupa dela estava quente e ávida. Não foi tão difícil adivinhar suas intenções. No momento em que Chloe veio aqui sozinha para encontrá-lo, ela já teria enfrentado algo sobre si mesma que não queria admitir.

Agora estava claro o que ela tinha que fazer. Era para dar confiança às suas próprias decisões, para que ela não pudesse se odiar. O objetivo era atribuir um valor precioso às emoções de Chloe e fazê-la querer viver naquele brilho pelo resto de sua vida.

Mas Damien parou de pensar em todo o plano neste exato momento. Tudo o que ele queria fazer era finalmente sentir que ela estava em seus braços.

“Damien!”

Os lábios de Chloe tremeram e se separaram enquanto ela se agarrava com força à grade da varanda. O céu do amanhecer refletiu em seus olhos franzidos. Ela precisava voltar para a mansão antes do amanhecer, mas não podia evitar que Damien a abraçasse novamente. Para ser preciso, é correto dizer que ela não podia ignorá-lo. Isso se devia ao fascínio do céu do amanhecer após a chuva.

“Porque farei qualquer coisa para ver novamente o seu rosto apaixonado.” (Damien)

Isso era especialmente verdade para Damien, que a tinha profundamente dentro de si e falava com uma voz cheia de desejo. Ele não se limitava a sussurrar palavras doces para cativar o ouvido da mulher. Era para avisar antecipadamente sobre o que aconteceria no futuro. Damien eventualmente conquistaria tudo o que desejava.

“Vou esperar ansiosamente.”

A vida doce e cotidiana que ela tinha com ele antes de tudo acontecer surgiu espontaneamente na mente de Chloe. Ela era a única pessoa que sabia o quanto Damien amava sua mulher. Ela respirou fundo enquanto observava o céu escurecendo e ficando violeta ao longe. A imagem residual do belo amanhecer não desapareceu facilmente, mesmo quando ela fechou os olhos.

Seu coração estava pulsando.