História Paralela Especial – 2.3 Crianças
Em contraste direto com a cidade agitada, um tranquilo caminho na floresta levava até a torre do relógio. O trajeto, onde só se ouvia o som dos pássaros, estava escuro e sem iluminação. Luca andava, cantarolando, usando a luz da lua como guia.
“Lá. O que você faria se acontecesse algum incidente importante?”
Anna, que estava realmente curiosa, perguntou a Luca. Damien ensinava sobre disputas políticas aos gêmeos desde pequenos. Nesse processo, sempre surgiam histórias sobre forças sombrias que miravam na família real. Preparar-se para um assassinato também era uma tarefa prática importante para Declan e Anna.
“Se alguém aparecer aqui de repente, acho que não poderemos evitar.”
Embora as palavras de Anna tivessem ficado mais sérias do que nunca, Luca permaneceu impassível. Humm, pensou por um momento, depois olhou para Anna e levantou seus braços finos.
“Seria uma luta até a morte. Vocês não sabem lutar?” (Luca)
“Eu faria melhor que você.” (Declan)
Declan, que estava em silêncio há um tempo, de repente respondeu. Luca continuou andando de maneira despreocupada, chutando o chão de terra, sem demonstrar ofensa.
“Ah. Mamãe disse que tudo o que fazem ao acordar é estudar e se exercitar. Mas também precisam de experiência prática, né? Não tem ninguém no palácio que possa tentar matar a família real.” (Luca)
As palavras de Luca pareciam uma provocação sutil para os orgulhosos gêmeos. Anna mordeu levemente o lábio.
“Então, você é bom de luta?”
“Não? Bella me deu uma surra uma vez. Aquela batedora de carteiras que você viu antes.” (Luca)
“Mas por que você fala com tanta confiança?”
Anna, que estava um pouco nervosa, perdeu a paciência, e Declan franziu a testa. Luca riu enquanto os observava. Como não havia ninguém por perto, ele tirou a capa e seu cabelo balançou maravilhosamente, como o de um guerreiro que ele viu uma vez em uma escultura.
“Hmm… não estou dizendo isso com muita confiança. Eu só falo assim.” (Luca)
“…”
“Bella disse que meu traje parecia que ia explodir.” (Luca)
‘Parece que ele não tem nenhuma preocupação e está bem relaxado.’ Anna não conseguia parar de rir enquanto observava Luca, que não parecia nem uma criança, mas também parecia muito imaturo para ser um adulto.
“Vendo como você conhece bem o caminho, suponho que esta não é a primeira vez que faz algo assim, né?”
“Sim!” (Luca)
“Quando foi a primeira vez que você saiu?”
“Quando eu tinha seis anos? Ah, mas eu não fui sozinho naquela vez.” (Luca)
“Então, com quem você foi?”
“Com meu pai.” (Luca)
Quanto mais palavras saíam da boca do Príncipe do Principado, mais os gêmeos ficavam de boca aberta.
“Dizem que o reino é maior que o Principado, então vocês viajaram muito, né?” (Luca)
“…”
Os únicos lugares que os gêmeos visitaram durante sua curta infância foram o Castelo das Rosas, a Casa Verdier e a propriedade de Thisse. Eles engoliram a verdade e deram uma resposta vaga, sentindo uma sensação de derrota.
“Chegamos.” (Luca)
Luca, que vinha caminhando pelo sinuoso caminho como se fosse o próprio jardim, levantou a cabeça e olhou para a torre do relógio, a torre mais alta do Principado.
“Vamos entrar.” (Luca)
“Ah.”
A antiga torre era tão alta que podia ser vista do palácio. Também era um edifício histórico que os gêmeos já tinham visto em livros. Eles precisaram subir escadas íngremes para chegar ao topo, onde estava o sino, mas as crianças não se cansaram. Cada vez que subiam os degraus de pedra marcados pelo tempo, o suor surgia em suas testas.
“Chegamos?” (Declan)
“Caramba! Que susto!”
Declan abraçou Anna com força por trás quando ela se assustou ao ver o homem barbudo que guardava a torre do relógio.
“Tenham cuidado.” (Luca)
Luca tirou um pacote do bolso da sua capa e o entregou ao velho sineiro.
“Não estou com fome, Alteza.” (Homem)
“É só uma gentileza, então aceite.” (Luca)
O velho, cuja barba cobria mais da metade do rosto e cuja verdadeira aparência era difícil de discernir, inclinou a cabeça para Luca.
“Nesse caso, vou relaxar um pouco.” (Homem)
“Sim. Deixe comigo.” (Luca)
O velho apenas olhou para os gêmeos que observavam em silêncio atrás de Luca e foi embora sem dizer mais nada. Os gêmeos, que estavam surpresos que o sineiro pudesse tratar o Príncipe com tanta naturalidade mesmo após saber quem ele era, ficaram impressionados com a atmosfera descontraída do Principado.
“Este é o lugar mais próximo para ver a lua.” (Luca)
Luca se aproximou de um canto da torre e sorriu para eles. De fato, a lua cheia brilhava intensamente diante de seus olhos, sem nenhum obstáculo.
Os gêmeos estavam ocupados planejando exibir seus conhecimentos desde que descobriram para onde Luca os levava, mas agora a situação era outra.
Isso porque informações como a altura da Torre erguida pelo primeiro Rei do Principado ou o número mínimo de pedras angulares necessárias para construir uma estrutura daquela escala já não eram mais importantes para eles.
“É bonito, né.” (Luca)
“Sim?”
Luca sorriu ao lado de Anna, que murmurava como se estivesse hipnotizada. Seus movimentos foram ágeis enquanto ele pulava sobre a parede que servia como cerca da Torre.
“…”
Os olhos de Anna brilharam, refletindo a luz da lua. Ela pensou que era uma ideia boba, mas ver Luca em pé no alto do edifício mais alto do Principado era, honestamente, um pouco impressionante.
“O que você está fazendo, Anna…?” (Declan)
Declan tentou detê-la, mas Anna foi mais rápida. Ela conseguiu pular e aterrissar como Luca, mas seu centro de gravidade balançou um pouco, e ela quase perdeu o equilíbrio.
“Você está bem.” (Luca)
Luca sussurrou e segurou Anna com firmeza.
“É perigoso!” (Declan)
“Para de falar bobagem e sobe também, Declan.”
Declan, que veio correndo atrás dela, estava assustado, mas a voz de Anna estava cheia de empolgação. Declan finalmente soltou um longo suspiro e pulou para se juntar aos dois. Só quando estava ao lado de Anna e Luca, o rosto de Declan mudou estranhamente.
“Agora é a hora do sino tocar.” (Luca)
O perfil de Luca, que estava no ponto mais alto, mas também mais perigoso, não mostrava nenhum sinal de medo. Era apenas a expressão mais séria que Anna já tinha visto nele.
“Um novo dia começa o tempo todo. Sempre que estou aqui, sempre que minha perspectiva muda, eu percebo isso.” (Luca)
“Você… não é um bobo.” (Declan)
Declan disse o que Anna estava pensando. Luca, que frequentemente parecia distraído, disse que vinha aqui desde os seis anos. Cada vez que estava no alto da torre do relógio, ele provavelmente percebia o perigo de estar na posição mais alta e a realidade de que, eventualmente, ele seria o protagonista de um novo dia.
“Decky.” (Luca)
Luca, que estava olhando para a luz da lua, chamou Declan de seu apelido de forma aleatória. O que impediu Declan, que estava prestes a se irritar, foram as palavras seguintes de Luca.
“Bella vai se casar comigo?” (Luca)
“Ha.” Uma risada escapou da boca de Anna. Ela conseguia ver claramente o rosto impecável de Declan, que começou a ficar vermelho desde a nuca.
“Que tipo de bobagem é essa de repente?” (Declan)
Declan saltou para cima e para baixo, tentando se aquecer, mas foi em vão.
“Tô te avisando de antemão. Porque quero me dar bem com você.” (Luca)
Anna segurava o estômago enquanto ria alto ao lado de Declan, que estava furioso porque a batedora de carteiras não tinha nada a ver com ela. As risadas das crianças ecoaram ao vento até que o sineiro chegou e pediu para tocarem o sino juntos.
“Aprenda muitas coisas com a sua viagem.”
O mundo deles estava se expandindo mais do que Chloe esperava quando se despediu dos gêmeos. Um novo dia amanheceu mais uma vez com o som do sino. A lua, que ainda não tinha mudado de forma, continuava linda.
Chloe dobrou cuidadosamente a carta que já tinha lido várias vezes e a colocou sobre a mesa. A luz quente do sol da tarde no início do inverno entrava pelas frestas da cabana de madeira e fazia cócegas em um dos lados do seu rosto sorridente.
Naquela manhã, uma carta chegou ao casal que estava passando as férias de inverno em uma cabana nas montanhas, na propriedade de Thisse.
“Havia uma ordem real para não incomodar, mas o Conde Weiss disse que estava tudo bem, então vim.” (Guarda)
“Uma carta? Claro que está tudo bem.”
O guarda, que olhava para baixo, entregou a carta com as bochechas vermelhas e rapidamente saiu.
Chloe leu a carta junto com Damien naquele momento, e enquanto Damien saiu para buscar lenha, as lembranças dos gêmeos voltaram à tona várias vezes.
“Vejo que eles estão se saindo bem.”
A carta de Anna era animada, como sua personalidade habitual, e a de Declan também era educada, mas estava claro que ambos estavam satisfeitos com a vida no Principado.
Chloe sorriu e cuidadosamente juntou as cartas com caligrafias diferentes e as colocou em um envelope. As personalidades apaixonadas das pessoas do Principado deviam ser desconhecidas para os gêmeos, mas ela estava orgulhosa das crianças, que tinham se adaptado sem dificuldade. Mesmo assim, ela se sentiu um pouco triste ao ver que as coisas estavam indo tão bem que eles nem pensavam em voltar para casa depois de vários meses…
Click!
Quando a porta da cabana se abriu de repente, a luz do sol entrou junto com o ar frio de fora. Chloe rapidamente se levantou e foi ao encontro de Damien.
“Você chorou?”
Depois de estender a mão e fechar a porta com força para evitar a entrada do vento, Damien arqueou as sobrancelhas.
“Eu?” (Chloe)
Ela tentou negar, mas não dava para enganar um homem que conhecia cada detalhe do seu corpo, até a quantidade de pintas.
“Seus olhos estão iguais aos de um coelho.”
Damien deu mais um passo em sua direção. Ele inclinou a cabeça para olhar o rosto de Chloe e, enquanto ela abaixava a cabeça, sussurrou suavemente.
“Você já gostou de caçar coelhos?” (Chloe)
“Só quando pareciam apetitosos.”
Com um sorriso que fazia o coração dela tremer, Damien lentamente tirou as luvas. Logo, sua grande mão envolveu a cintura dela. A outra mão, que estava fria por causa do vento de inverno, imediatamente segurou o rosto de Chloe.
Os lábios dele também estavam frios, mas o desejo escondido neles, não. Sua língua quente tomou conta de toda a boca dela e se moveu livremente.
“O sol ainda não se pôs, Sua Majestade.” (Chloe)
Os lábios que estavam unidos se separaram, deixando um pequeno espaço. Damien acariciou o lábio inferior de Chloe com um dedo longo enquanto ela tentava controlar a respiração ofegante.
“E daí?”
“…” (Chloe)
“Você acha que eu só te quero depois que o sol se põe?”
A mão que acariciava os lábios úmidos dela invadiu o território de Chloe, expandindo seu alcance até o interior da boca. Chloe arfou e mordeu o polegar dele em vez de afastá-lo.
“Damien…” (Chloe)
Chloe, que tinha sussurrado o nome dele baixinho, parou de falar. Ela percebeu que sua língua estava tocando a mão dele. Os olhos de Damien, como um lago invernal de um azul profundo, estavam cheios de desejo, e ela podia ver esse desejo crescer sem saber onde terminaria.
“Responda.”
Em vez de responder, Chloe fechou os olhos lentamente. No momento em que seus cílios suaves, parecidos com a pele de um cervo, tremeram e caíram, as costas de Chloe se chocaram contra a parede de madeira, protegida da luz do sol da tarde. O rei perdeu a paciência e mordeu o pescoço dela. O grosso casaco que ela usava caiu no chão.
“Ainda está frio, Sua Majestade.” (Chloe)
Chloe segurou levemente a mão de Damien quando ele estava prestes a tirar a camisa e o impediu. Seria um grande problema se Damien, que tinha acabado de voltar de fora, ficasse doente. Embora ela tivesse a intenção de que ele parasse de beijá-la, Damien interpretou as palavras dela do jeito que quis.
“Minha esposa está pedindo coisas sujas.”
“O que é isso…?” (Chloe)
Damien sussurrou, mordiscando o lóbulo da orelha de Chloe enquanto ela abria os olhos.
“Eu não vou tirar a roupa. Isso significa que vamos fazer agora, como um amante impaciente que não consegue ficar sem o que é seu nem por um segundo.”
A risada abafada de Damien, dizendo essas palavras sem vergonha, ecoou nos ouvidos de Chloe. Ele segurou o pulso dela, que tentava afastar o homem que falava com malícia.
“Ah…!”
Não demorou muito para que o corpo de Chloe perdesse as forças. Damien a levantou sem nem mesmo tirar a roupa, enquanto ela tremia, sem hesitar.
“Você chorou porque sente falta dos seus filhos?”
“Não, eu… ah!” (Chloe)
O corpo de Damien, duro como uma rocha, se chocou contra o dela sem piedade. Damien sorriu levemente e beijou a bochecha quente dela.
“Agora está chorando por outro motivo, minha Senhora.”
Chloe cobriu a boca cheia de desejo com a mão. Seu marido, que normalmente era incapaz de proferir palavras grosseiras, começou a soltar gemidos baixos como um animal em suas palmas.
As brasas da lareira que Damien havia acendido crepitavam e emitiam calor. A neve caía silenciosamente das bétulas que tinham perdido suas folhas. A tranquila montanha de inverno parecia bloquear todos os ruídos. Apenas o interior da cabana de madeira, onde o dono da montanha desejava sua esposa, estava bem barulhento.
Chloe não era boa na cozinha. Mesmo quando vivia como filha de um Visconde de uma família sem muitos recursos, havia pelo menos uma serva encarregada da cozinha. Mesmo quando ela fugiu para o Principado e ficou em Gwyneth, ela era mais uma governanta do que uma empregada doméstica, então raramente ia à cozinha, exceto para levar lanches para Sophie de vez em quando.
“Damien, você é um gênio.” (Chloe)
Essa foi a razão pela qual as palavras que saíram da boca dela foram completamente sinceras.
“Hahaha.”
O homem corpulento, que fazia uma mesa para quatro pessoas parecer um brinquedo de criança, riu enquanto comia em frente a ela.
“É tão delicioso assim?”
“Tanto que estou impressionada.” (Chloe)
Chloe assentiu enquanto o observava, com migalhas de pão grudadas em um dos lados dos lábios. Ela já tinha sentido isso há muito tempo, quando estava acampando com Damien sob uma grande árvore a caminho do mosteiro, mas Damien era acostumado a fazer tudo.
Embora ele tenha dito que aprendeu durante a guerra, não havia nada que ele não soubesse fazer, além de assar a carne até ela ficar dourada com a textura perfeita.
Damien rapidamente acendeu o fogo na pequena cozinha. As batatas foram cozidas no vapor até ficarem macias e fofas, e ele as amassou com força até virarem um purê, acrescentando leite fresco para fazer uma pasta grossa. Quando Chloe pegou uma colherada de carne de porco seca, imediatamente sentiu o calor se espalhar por todo o corpo.
Além disso, a famosa salada, feita com morangos misturados com folhas de rúcula e polvilhada com queijo de leite de cabra, uma especialidade de Thisse, abriu o apetite dela e a fez querer repetir.
“Eu fiz de acordo com a receita que a senhora Dutton me deu.”
Ele se referia à receita que a senhora Dutton, agora uma especialista em romances populares, entregou ao chef real quando visitou o Castelo das Rosas. A senhora Dutton mencionou que o Rei sentia falta da comida de sua cidade natal, então orgulhosamente entregou um maço de papéis ao confuso chefe de cozinha e pediu que ele preparasse o prato.
“Bem, não tem nada que você me sirva que não seja delicioso.”
“…” (Chloe)
“Especialmente na cama.”
Chloe finalmente revirou os olhos enquanto soprava a sopa quente antes de levá-la à boca. No verão passado, Damien, que não pôde aproveitar as férias direito por causa da visita de Alice, parecia decidido a compensar o tempo no inverno.
Foram as primeiras férias que o casal passou juntos desde que os gêmeos nasceram. Assim que deixaram o Castelo das Rosas, Chloe murmurou abertamente:
“Nesses momentos, você não parece um Rei, parece mais um gângster de rua.” (Chloe)
“Mesmo que eu tivesse nascido como um gângster de rua, eu teria me tornado Rei.”
Foi extremamente arrogante, mas era algo que realmente não dava para contestar. Chloe não resistiu ao toque de Damien enquanto ele colocava um morango na boca dela. Chloe sorriu quando o sabor agridoce se espalhou pela sua boca.
“Do que está rindo?”
Damien também fez contato visual com ela e perguntou com um sorriso no rosto. Chloe mastigou lentamente a carne e depois confessou em voz baixa ao homem que usou um guardanapo para limpar as comissuras da boca dela.
“Porque eu gosto.” (Chloe)
“O quê?”
Damien continuava o mesmo. Ele fez uma pergunta a Chloe com um olhar que parecia querer saber tudo sobre os pensamentos mais íntimos dela.
“De mim? Ou desse momento?”
Houve momentos em que os métodos de Damien pareciam sufocantes. Seus sentimentos eram tão intensos que nem precisavam ser ditos, o que a fazia querer fugir dessa insistência constante por respostas.
Mas agora não era mais assim.
“Eu adoro esse momento com você, Damien.” (Chloe)
“…”
“Sempre penso naquele momento em que a neve cai silenciosamente como hoje.” (Chloe)
Com um sorriso, Chloe perguntou de forma brincalhona a Damien, que permaneceu em silêncio.
“Não vai perguntar quando?” (Chloe)
“Acho que já sei.”
O tempo que o casal passou junto fez até mesmo alguém com uma fortaleza impenetrável, que parecia nunca mudar, se transformar. Damien agora conseguia adivinhar vagamente o que sua esposa estava pensando apenas olhando em seus olhos. As lágrimas de felicidade e saudade dela ao ler a carta das crianças, e o amor em seu coração que tentou aquecer as bochechas geladas dela com o calor do próprio corpo ao voltar rapidamente para ver se ela estava solitária, pareciam estar desenhados na neve.
“Você não está falando do dia em que o neto de Eliza teve febre?”
Um sorriso de satisfação apareceu nas bochechas coradas de Chloe.
“Você se lembra?” (Chloe)
“Como eu poderia esquecer? Foi a primeira vez que você me beijou de verdade.”
Até os cantos dos olhos de Chloe ficaram vermelhos, como se estivessem tingidos com flores. O cenário da estrada de bétulas onde acalmou Charlie, que estava com febre alta, e caminhou com ele, se desenrolou como se estivesse imaginando na cabeça.
Ela pensou que ele a repreenderia por chamar o médico do Duque para salvar a família de um funcionário que cometeu fraude. Mas Damien não disse uma palavra sobre isso, e trouxe à tona a história de Grey, que não era diferente de um amigo próximo.
“Você foi cruel.” (Chloe)
“Eu admito.”
Damien admitiu obedientemente e envolveu o encosto da pequena cadeira de madeira com seus braços. Seus olhos, enquanto a olhava, eram persistentes e ardentes, como se pudesse devorá-la a qualquer momento.
“Por isso eu queria desesperadamente o seu beijo.”
Chloe apoiou os dois cotovelos na pequena mesa e se inclinou levemente em direção a ele.
“… até agora?” (Chloe)
Damien torceu os lábios diante da pergunta um tanto impulsiva dela.
“O que você acha?”
“Acho que você gostaria.” (Chloe)
Um suspiro lento escapou da boca de Damien enquanto ele a olhava fixamente.
“Quero fazer isso o tempo todo. Mesmo quando não estou fazendo, há muitas vezes que sinto como se estivesse. Só imaginar estar com você é suficiente para superar as longas e dolorosas noites. Quando penso nos seus gemidos doces quando estamos juntos, no seu cabelo que faz cócegas em mim e nos seus olhos suaves que só me olham, me sinto satisfeito e ansioso ao mesmo tempo, mal consigo controlar a minha razão, pensando que sou eu quem te tem e você quem me tem.”
As mãos de Chloe, que estavam juntas como se estivesse rezando, se moveram ligeiramente. Era natural que seu coração batesse mais rápido. Damien tinha descoberto como conquistar seu coração. Agora, ele não a enganava mais. Em vez de esconder seus verdadeiros sentimentos e não mostrá-los a ninguém, ele os revelava bem na frente dos olhos de Chloe.
Era impossível não se sentir atraída por um homem forte que confessava seu amor, assim como sua luta interior e tenacidade para mantê-la ao seu lado.
“Minha primeira intenção secreta foi te levar para o Ducado.”
Chloe sussurrou suave, mas claramente.
“E isso me deixa feliz.” (Chloe)
Incluindo o coração partido por amá-lo, até mesmo a dor que sentiu por sua causa.
Damien, que parecia prestes a abraçá-la e beijá-la, parou de se mover. Sua garganta se mexeu e o som de uma saliva seca passando foi ouvido.
“Vou te dar um banho, Chloe.”
Chloe assentiu com o rosto vermelho. Era um sinal de que aquela noite seria longa.
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