Capítulo 44: Um Pequeno Acordo
“Que assuntos o senhor teria para conversar comigo?”, perguntou Tsukiyama, que mesmo tentando esconder, ainda deixava transparecer o quão vigilante estava.
Afinal, um indivíduo capaz de entrar tão facilmente, passando totalmente despercebido pelos diversos ghouls com amplas capacidades sensoriais, com certeza é alguém poderoso.
E mesmo que Tsukiyama não quisesse admitir, a simples presença de Lucian estava colocando uma pressão imensa sobre ele. Uma pressão que causava um aperto no peito, como se o seu coração fosse falhar a qualquer momento.
“Apenas uma cooperação simples, eu quero alguns humanos e ghouls, e você deseja uma iguaria de sabor sem igual. Creio que possamos ficar muito felizes realizando essa troca.” Lucian deu um sorriso de lado enquanto olhava para Tsukiyama, que parecia visivelmente afetado.
Uma complexa mistura entre o desejo de obter outra iguaria e incredulidade em pensar em outro prato de sabor sem igual.
“Não acho que tal coisa possa ser melhor do que as iguarias das quais possuo conhecimento.”
Sim, a presença de Kaneki foi a única coisa que o tornou mais resistente a tal proposta. Assim como foi nomeado, ele é um gourmet.
Sua busca e obsessão se resumiam em degustar das mais saborosas comidas, das mais raras iguarias e do auge da culinária.
E dificilmente haveria uma iguaria que superasse um ghoul de um olho.
Algo nascido de uma junção considerada impossível, seja por questões sociais ou biológicas.
Porém, mesmo assim, indo contra todas as possibilidades, tal criatura surgiu.
A raridade… o significado que possui… a dualidade dos cheiros… dos sabores… tudo se combina para gerar uma iguaria inigualável.
“Sei exatamente o que está pensando”, disse Lucian, pegando um lenço de seu bolso, continuou: “Já que você gosta tanto de lenços, lhe darei este.”
Então o lenço traçou sua trajetória até Tsukiyama, que mesmo não dando tanta importância para isso, o pegou em suas mãos.
Porém, em apenas um único instante, seus pensamentos mudaram, olhando para a singular mancha de sangue no lenço.
Tão pequena e regular, como se uma única gota de sangue tivesse sido derramada propositalmente. Dependendo do ponto de vista, isto por si só poderia ser considerado como uma obra de arte.
Mas não foi isso que o fez mudar de ideia, e sim o cheiro que penetrou em suas narinas, um cheiro que ele nunca havia sentido anteriormente – algo novo e até mesmo inesperado.
Uma mistura estranha, que junta o adocicado e o picante. Um cheiro que atrai assim como os insetos são atraídos pela luz, e que, assim como as armadilhas elétricas causam a morte ao se aproximar.
Tsukiyama, sentindo esse cheiro inebriante, quase não conseguia se controlar e logo disse com uma urgência velada:
“Esse sangue… de onde vem?! Eu preciso saber!”
… Não tão bem velada. Fosse seu tom de voz, mãos trêmulas ou expressão, tudo delatava sua ansiedade.
“Quem sabe futuramente? Quando nossa cooperação for mais profunda, a não ser é claro, que o senhor Shuu recuse minha proposta.” Lucian soltou um sorriso astuto, antes de se inclinar sobre a mesa, juntando suas mãos e apoiando seu queixo.
“E o que exatamente você deseja, senhor Lucian sem sobrenome?” Tsukiyama, ajeitou seu terno, como se estivesse pronto para negociar.
Lucian, por outro lado, ficou surpreso com as palavras que ouviu: ‘Essa zombaria é uma tentativa de manter superioridade ou algo assim? Apesar que ele está certo…’
Mas não era um problema para ele, pelo contrário, não existe diversão em destruir um oponente que já desistiu de lutar.
‘Quanto maior a resistência, maior é a sensação de conquista.’ Deixando de lado esses pensamentos, ele rapidamente prosseguiu: “Nada muito complicado, eu apenas quero alguns humanos e ghouls raros, mais especificamente aqueles que possuem alguma característica especial. Também quero que você me arranje um encontro com a nutcracker.”
Tsukiyama estava assentindo até ouvir as palavras “nut cracker”, logo colocando uma expressão estranha ao olhar para Lucian.
“Esse é um fetiche muito estranho”, ele comentou levemente, afinal, o que nutcracker fazia era conhecido por todos que sabiam seu nome.
E um homem pedir para encontrar-se com ela… é estranho, para dizer o Mínimo.
Afinal, mesmo que ghouls possam se regenerar de quase todos os ferimentos, ninguém quer ter suas “nozes” esmagadas.
“…” O rosto de Lucian escureceu ao ouvir isso, “Não tem nada a ver com o que você está pensando seu pervertido.”
É inegável o fato de que Tsukiyama é um pervertido, afinal, que pessoa sã pensaria em comer alguém que está comendo outro alguém irá maximizar o sabor?
Isso é algo que apenas uma mente que se perverteu poderia pensar.
“De qualquer forma, fique com o lenço, eu lhe darei algo um pouco mais substancial quando esta transação for concluída.”
“Me parece bom, espero que tenhamos uma agradável cooperação.” Tsukiyama levantou, estendendo a mão em direção à Lucian, o qual repetiu o mesmo.
E com um aperto de mão, o trato entre ele havia sido estabelecido.
“Já irei me retirar”, disse Lucian, virando-se para sair, até que pareceu lembrar de algo: “Aliás, seria bom se você pudesse me fazer um favorzinho…”
………………..
“Deixe-me adivinhar, adicionou essa garota no trato porque ela é uma gostosa?”, perguntou Shinobu, olhando para Lucian com uma expressão de “conheço você”.
“Ahem… claro que não, apenas por suas capacidades especiais, como possuir kagune quimera e a habilidade de separá-la de seu corpo”, ele justificou-se, expondo os fatos de forma imparcial.
“Embora eu não possa negar que a sua aparência esteticamente agradável talvez tenha contribuído para a tomada desta decisão.”
“Viu, esse daí não aquieta a cabeça de baixo.” Shinobu virou-se para Mitsuri, suas palavras contendo um tom didático.
“Isso não precisa ser ensinado, não passa de um fato cotidiano.” Lucian tomou um gole de chá, simplesmente expelindo uma grande naturalidade.
Como se as coisas apenas fossem como deveriam ser.
“Pessoalmente, eu gosto assim.” Daki deu sua opinião, inclinando em direção de Lucian ao mesmo tempo. Pois de forma semelhante a ele, o interesse que ela possui na realização de atos carnais é alto.
“Acho seu ponto de vista muito interessante”, disse Lucian, seguindo os movimentos de Daki e abraçando-a, como se desejasse ficar o mais próximo possível dela.
“Sigh~, vocês poderiam não fazer isso agora?”, suspirou Kie, desamparada com a situação em que se encontravam.
“… Acabei me empolgando um pouco. Mudando de assunto, como está sendo o processo de adaptação ao uso da kagune?” Ouvindo as palavras de Kie, Lucian rapidamente se ajeitou e começou a falar de um assunto sério.
“Está indo bem, tivemos uma rápida melhora nos últimos dias, principalmente em força e defesa, assim como você havia previsto. E pelo menos para mim, minha capacidade de controle corporal também aumentou muito.” Shinobu tomou a iniciativa de responder.
“Notei o mesmo acontecendo comigo.” Mitsuri seguiu, contando de sua flexibilidade recém aprimorada.
O controle corporal de Shinobu estava caracterizado pela criação de novos membros, bem como a separação de sua carne em novos objetos, além da criação de toxinas. Mistsuri, por outro lado, obteve uma grande maleabilidade, sendo capaz realizar algumas deformações corporais relativamente diversificadas.
“Para mim, o maior ganho foi na força”, disse Kie.
“E eu obtive mais faixas.” Daki constatou, “Agora o número que pode ser destacado e controlado é maior.”
Lucian apenas assentiu enquanto ouvia, pode ser observado que tanto a evolução dos demônios quanto a dos ghouls é fortemente afetada pela imaginação, experiências e desejos do indivíduo.
Pois fortalece o que está de acordo com o estilo de combate e hábitos do indivíduo em questão, assim como foi com Misturi e Daki; ou fortalece o que está fraco, em uma tentativa de eliminar fraquezas, assim como foi com Kie.
‘Espere… está faltando uma.’ Lucian então direcionou sua atenção para Nakime.
E a mesma, notando o olhar dele, finalmente disse: “Ganhei defesa.”
“Que bom! Agora posso continuar minha análise: … eliminar fraquezas, assim como foi com Kie e Nakime.”
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