Capítulo 51: Hinami
Após terminarem de trocar experiências em artes marciais, Lucian e Akaza sentaram-se para conversar.
Naturalmente estavam falando sobre o desenvolvimento de novos golpes, e quanto tal assunto acabou, começaram a discutir sobre os ataques que fariam a quase todas as principais organizações deste mundo.
“Não seria melhor colocar mais dessas ‘torres’? Não vejo motivo para manter em apenas cem delas.” Akaza expressou sua curiosidade, em sua opinião quanto mais houvessem dessas torres, melhor seria.
Afinal, o aumento do alcance da área de influência traria apenas benefícios.
“O motivo é tão simples quanto poderia ser – faltam recursos para continuar aumentando. Utilizei o BP bruto para a criação delas e diferente do sangue, ele não se regenera tão rapidamente. Fazendo uma comparação, BP seria como a medula óssea, muito mais difícil de regenerar do que o sangue e sem ela, não é possível produzir sangue. Portanto, eu estou enfraquecido desde aquele dia”, Lucian explicou.
Ele realmente não esperava ficar sem “sangue” para continuar suas criações, mas isso também permitiu que ele percebesse o quanto ainda poderia aprender sobre os demônios e sobre si mesmo.
Muzan não havia feito grandes esforços nessa questão, além de que a alma de Lucian juntamente ao lírio aranha azul mudaram muito o corpo do rei demônio e os afetados por seu sangue.
“Sério? Nunca encontrei esse problema.” Uma expressão contemplativa apareceu no rosto de Akaza.
“Claro que não, você nunca criou objetos demoníacos e sim, eles são diferentes de simplesmente moldar a carne.”
Moldar a carne em um objeto é muito simples, apenas molde ela em algum formato e desprenda de seu corpo, nem mesmo é necessário seguir esta ordem.
Uma criação demoníaca ou objeto demoníaco, consiste em criar objetos inanimados com algum poder sobrenatural ligado a ele e, obviamente, este poder não se trata da capacidade de manipular a carne para que o objeto possa se estender ou modificar a forma.
Enquanto um familiar consiste em usar a própria carne para criar uma imitação de ser vivo que é capaz de se mover e realizar algumas tarefas.
“E provavelmente nunca criarei, são inúteis para mim.” Akaza fez uma observação, certo de sua opinião.
Seu estilo de combate, bem como as tarefas que ele costuma executar não requerem qualquer tipo de objeto, ele simplesmente soca e chuta até resolver tudo.
“Você diz isso apenas porque tal conceito não existia anteriormente, portanto, não tenha tanta certeza.” Lucian sorriu estranhamente, a intenção escondida por trás desse sorriso era quase imperceptível.
Mas aquela ideia levemente maligna ainda estava lá, brilhando em sua mente – o desejo de contradizer os outros, ou seja, ele faria Akaza criar e utilizar objetos demoníacos futuramente.
Afinal, ondas de choque são incrivelmente úteis, seria uma pena se não houvesse nenhuma criação demoníaca que as utilizassem.
“Sinto que tem algo de errado em suas palavras…” Embora não soubesse o que se passava na cabeça de Lucian, Akaza ainda sentiu um calafrio subindo por sua espinha, seu sexto sentido dizendo-lhe que algo ruim poderia acontecer futuramente.
“Não se prenda aos pequenos detalhes.” Lucian então começou a andar, e ao dar seu terceiro passo, foi como se chão não fosse mais um objeto sólido e ele afundou rapidamente como se estivesse caindo em um líquido.
E ele realmente estava, seu corpo rapidamente submergiu no líquido vermelho, porém diferente do que normalmente aconteceria, parecia que o mundo girou, invertendo cima e baixa, e no momento seguinte Lucian estava de pé em outro cômodo do castelo infinito.
‘Usar o sangue dimensional como intermediário realmente é mais rápido do que usar o castelo infinito, presumivelmente porque um é criado no momento tendo apenas o objetivo de teletransportar. Enquanto o outro é uma proto dimensão sendo utilizada como ponte…’
Porém, em comparação, utilizar o castelo infinito para o teletransporte é mais “seguro”, pois as pessoas que usam esse método não recebem efeitos colaterais do movimento espacial por ser deslocamento entre dois espaços estáveis.
Por outro lado, o sangue dimensional deixa o espaço instável para permitir a deslocação.
Considerando que o teletransporte é uma locomoção de um ponto para outro sem percorrer o espaço físico entre eles, o castelo infinito é um terceiro ponto fora dessa linha.
Para se mover do ponto A para o ponto D ao usar o castelo infinito, o indivíduo em questão iria sair do ponto A, chegar no ponto 1c e depois ir para o ponto D.
O ponto 1c naturalmente representando o castelo infinito.
Ao usar o sangue dimensional, ele vai desestabilizar o espaço, criando um túnel que sai do ponto A para chegar no ponto D instantaneamente.
Sendo assim, a diferença de velocidade entre esses métodos se deve a presença de mais uma parada na viagem, mas a segurança de usar o castelo acaba compensando essa pequena diferença.
‘Espera… eu não estava prestes a fazer alguma coisa?’ Quando sua linha de pensamento finalmente terminou, Lucian percebeu que pode ter esquecido de fazer algo.
“O que você está fazendo parado aí?”, Ryoko aproximou-se perguntando.
Felizmente isso ajudou Lucian a se lembrar do motivo de vir até aqui, justamente para falar com Ryoko e Hinami.
“Estava indo encontrar vocês, mas acabei parando para pensar em uma coisa.”
“Entendo, sua visita tem algum motivo em especial?”
“Vim checar como vocês estão e colher algumas amostras dos tecidos corporais de Hinami”, Lucian respondeu, para continuar sua pesquisa ele ainda precisava de uma grande quantidade de tecidos corporais.
Não que seu método de “pesquisa” fosse ortodoxo… mas, pelo menos, é eficiente e desta forma ele não vai acabar matando a Hinami, já que a outra maneira de obter uma kagune quimera seria devorar ela.
“Ah, nós estamos bem, o quarto é confortável, a comida é boa… espera aí, você vai colher o que?!?” Ryoko havia começado a citar sobre o conforto que estavam tendo no castelo infinito, até que se tocou das palavras de Lucian e ficou exasperada.
“Tecidos corporais. Pretendo fazer biópsia dos pulmões, cérebro, dos kakuhou dela e colher medula óssea e sangue”, ele respondeu de forma simplista, listando uma série de órgãos dos quais ele pretendia pegar um pedaço.
“Para que você quer pegar essas coisas?” A confusão de Ryoko cresceu e uma pitada de medo surgiu em seu rosto ao ouvir “cérebro” na lista.
Embora uma biópsia cerebral seja feita com segurança mesmo em humanos, isso não significa que não haja riscos, afinal, o cérebro é um órgão de alta sensibilidade.
Até mesmo ghouls temem danos no cérebro, pois isso pode ser altamente fatal para eles.
“Para tentar analisar um pouco sobre a diferença que existe naqueles nascidos com kagune quimera.” Alguns poderiam argumentar que pegar amostras dos kakuhou seria o suficiente, porém não se pode esquecer que todo organismo é um sistema complexo e uma mudança pode afetar o todo.
Se você tem uma kagune e kakuhou, também é necessário ter um cérebro e nervos para controlá-la, meios para oxigenar essas células extras, bem como o veículo para entregar esse oxigênio e nutrientes para as células.
Claro, também existem as mudanças nos ossos, nos dentes, maxilar, mandíbula e seus músculos para que possam mastigar seus alimentos.
O resto do trato digestivo também precisa ser diferente, para que os ácidos do estômago possam dissolver o que foi consumido e os intestinos possam absorver os nutrientes que chegam até ele.
Além do fígado e do pâncreas, que precisam liberar diversas substâncias para lidar com o que for obtido com o consumo de humanos.
Mas essas outras partes não interessavam para Lucian, pelo menos não no momento, quem sabe futuramente…
As células red child são muito interessantes, sendo capazes de causar uma mudança global na biologia de um indivíduo.
“Kagune quimera?!” As pupilas de Ryoko encolheram em surpresa, um ghoul com mais de um tipo de kagune é uma grande raridade e agora Lucian estava dizendo que Hinami era um desses indivíduos.
“Ah é, esqueci que ela ainda não mostrou a kagune, mas sim, eu vi os kakuhou dela.” Neste mundo, o mundo transparente é especialmente útil, considerando que ele torna quase tudo sobre um ghoul visível para os olhos de Lucian.
Localização e quantidade de kakuhou, quantas e quão espalhadas as células rc estão, além de tornar possível ver a atividade das mesmas.
Ou seja, mostra o tipo de kagune, o quão rápida é a regeneração, e claro, os pontos fracos na kagune.
Se fosse em outro mundo, um que use poderes baseados em energia, na alma ou outro poder sobrenatural, a utilidade do mundo transparente diminuiria muito.
Afinal, com o mundo transparente é possível descobrir a ativação da kagune, mas não é possível descobrir a ativação de kekkijutsu.
“Está tudo bem mãe, eu permito que você pegue essas amostras”, Hinami falou, demonstrando que estava lá a muito tempo, apenas ouvindo a conversa de ambos.
Ela primeiro tentou confortar Ryoko, e logo depois concordou com o pedido de Lucian, uma curiosidade brilhava em seus olhos.
Comparado a hesitação de sua mãe, ela estava particularmente interessada nessa tal “pesquisa”, a fazia sentir como uma cientista dos desenhos e seriados.
… Ou, pelo menos, uma das cobaias usadas nos experimentos.
Mas seja por causa de sua pouca idade, pelos seus sentidos aguçados que a faziam ver o mundo de forma diferente dos outros ou pela experiência intensa no qual sua mãe quase morreu, ela tinha uma grande confiança em Lucian.
E simplesmente ouvindo os sons vindos do corpo dele, ela sabia que ele tinha confiança de que poderia fazer isso sem causar nenhum problema.
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