Capítulo 52: Coleta de Amostras
“Não se preocupe, vai ser seguro e indolor.” Lucian seguiu as palavras de Hinami, se até ela havia tentado persuadir Ryoko, ele não podia ficar para trás.
E não é como se ele estivesse mentindo, considerando a constituição dos ghouls a remoção de um pequeno pedaço desses órgãos não causaria qualquer sequela, além do fato de que as habilidades de Lucian são mais do que suficientes para realizar tais procedimentos.
“Possuo sentidos apurados, mãos firmes com alta precisão, ferramentas muito boas para esse propósito e muitos anos de pesquisa sobre anatomia, minhas habilidades superam em muito até mesmo os melhores médicos.” Ele garantiu, com confiança transbordando de suas palavras.
Como um demônio capaz de manipular o próprio corpo, dificilmente haveria alguém melhor nisso do que ele, principalmente em suas ferramentas, que seriam basicamente tentáculos controlados em um nível celular.
Ao unir esse grande número de fatores, nem marcas seriam deixadas no corpo da pessoa operada.
“Sim, tenho confiança de que tudo sairá”, disse Hinami com estrelas em seus olhos cheios de admiração, aparentemente Lucian realmente havia marcado-a.
“Será bem simples, apenas irei inserir essa agulha em você e pegar um pequeno pedaço dos órgãos, acabará em um momento”, Lucian explicou, uma longa agulha saindo de seu pulso.
“… Não sei se realmente quero fazer isso…” Hinami hesitou, sentindo sua coragem diminuir rapidamente enquanto olhava para a agulha com quinze centímetros de comprimento.
“Você não vai nem sentir, então não precisa ter medo.” Resistindo a vontade de intimidar a garotinha fofa em sua frente, Lucian começou a confortá-la, “A espessura dessa agulha é mínima, e você estará dormindo.”
“Tudo bem então.” Hinami assentiu, sua decisão definitiva desta vez.
E com uma mudança de cena, eles já estavam em uma sala “preparada” para isso. Hinami deitada em uma cama, Lucian ao lado da cama e Ryoko sentada na cadeira no canto da sala.
Talvez você se pergunte o porquê da palavra preparada estar entre aspas e o motivo é simples: ao contrário das salas usadas nos hospitais, esta sala não era esterilizada, não possuía nenhum equipamento para medição de batimentos e pressão, nem desfibrilador ou medicamentos.
Mas fazendo as coisas do jeito dos demônios, no pulso de Hinami encontrava-se um bracelete vermelho, que estava executando a tarefa de monitorar os batimentos e a pressão dela.
Tratando-se da improvável possibilidade de uma parada cardíaca, Lucian possuía seus meios para reiniciar os batimentos do coração dela.
Um meio menos elétrico e mais mecânico.
Quanto aos medicamentos… o único necessário seria a sedação que Lucian já havia usado para mantê-la em um estado inconsciente.
Claro que ele não iria abrir um buraco na cabeça dela e arrancar um pedaço do cérebro com Hinami ainda consciente, então a sedação se fazia necessária.
Depois de fazer várias coisas, ele puxou um tubo com uma agulha na ponta de uma “máquina” que estava centrifugando o sangue dele para separar as células do plasma.
Naturalmente esta máquina é uma extensão de seu corpo, e para demonstrar o esforço e cuidado que ele estava colocando para garantir que nada de ruim acontecesse com Hinami, este processo era para que não ocorresse a transformação em demônio ao remover do sangue as substâncias que a causam.
Além de estar moderando a vitalidade para que as células de Hinami não se multiplicassem de forma desenfreada.
Afinal, a remoção de pedaços de diversos órgãos ainda poderia ser considerado grandes danos internos, e também seria necessário repor o sangue removido, portanto os nutrientes e energia deveriam estar preparados para serem entregues para ela.
Pois diferente dos demônios que podem se regenerar quase sem consumir alimentos, os ghouls precisam de uma quantidade proporcional ao dano prestes a ser regenerado.
Então ele inseriu a agulha na veia do braço direito de Hinami, deixando simétrico, considerando que ele havia utilizado uma artéria do braço esquerdo para retirar sangue anteriormente.
“Acho que seria melhor se você não estivesse na sala.” Ele então se virou para Ryoko, embora não houvesse nenhum problema com uma retirada de sangue, com certeza ela não gostaria de ver um buraco sendo aberto na cabeça de Hinami.
“Eu também acho isso, eu provavelmente passaria mal com tal visão”, Ryoko concordou com as palavras de Lucian com um sorriso meio constrangido, “Cuide bem dela.”
E após soltar essas palavras, ela se retirou, sentindo um nervosismo mesmo que não houvesse nada de errado com sua filha.
“Agora irei começar esse processo tão simples.” Novamente uma longa agulha saiu de seu pulso e com calma, ele a inseriu no peito de Hinami.
Guiado por sua visão, ele afundou a agulha até que ela chegasse até o pulmão esquerdo dela.
Quando chegou ao ponto pretendido, quatro pequenas “patas” saíram da ponta e com um movimento de garra arrancou um pedaço do pulmão. Após completar essa etapa, ele puxou para fora e logo colocou a amostra de pulmão em um recipiente de vidro.
“Pulmão e sangue já foram, agora tenho que virar ela”, Lucian comentou consigo mesmo, enquanto assentia contente. Colocar Hinami de lado permitiria o fácil acesso ao kakuhou, e a medula poderia ser retirada de quase qualquer osso.
Desta vez sim ele utilizou uma agulha que dá medo, uma longa e grossa agulha que seria usada para perfurar o osso.
E assim como qualquer outro dos procedimentos que ele fez ou pretendia fazer, ocorreu sem nenhum tipo de problema ou complicação.
“Agora a parte divertida.” Ele sorriu, inserindo uma agulha no kakuhou de Hinami, considerando que somente na ativação da kagune as células rc formam conexões e se solidificam, todo o conteúdo do kakuhou estava em um estado líquido ligeiramente mais denso que o sangue.
Enquanto puxava o êmbolo e o recipiente da agulha lentamente se enchia, ele podia ver que diferente das células normais, as células rc ainda podiam reagir e se mover estando fora do corpo de origem.
Algumas poucas ligações foram formadas, como se elas estivessem tentando escapar da prisão vítrea onde se encontravam, pareciam possuir vida própria.
No fim de tudo, o único motivo para isso ser minimamente divertido foi o fato das células rc ainda serem algo relativamente novo, embora ele já tenha manuseado uns 50 kakuhou anteriormente…
Claro, também é porque Hinami possui dois tipos de kagune, algo que no futuro continuará sendo mais raro do que ghouls de um olho.
“Na verdade, o valor de mercado dos ghouls de um olho vai cair drasticamente no futuro devido a saturação do mercado… hahaha.”
Mas realmente é isso que acontece quando algo extremamente raro começa a praticamente ser produzido em massa, ocorre uma desvalorização.
“Foco! Foco! Eu estou prestes a abrir a cabeça de alguém, não posso me distrair.” Lucian deu um sermão em si mesmo quando sua atenção começou a se desviar do assunto.
Focando novamente, uma longa broca óssea apareceu em sua mão direita, e com um movimento de sua outra mão ele removeu o cabelo que estava presente em uma pequena parte da cabeça dela.
Então ele fez uma esterilização daquela parte, pois diferente do resto do corpo, o cérebro funciona de forma bem diferente e é bem mais delicado, portanto uma infecção cerebral é algo realmente indesejado.
Após isso, ele posicionou sua broca naquele ponto e começou a realizar a perfuração, abrindo um pequeno buraco no crânio. E como todas as coisas criadas a partir de seu corpo podem mudar de forma, uma garra saiu de dentro da broca para coletar um pedaço da matéria cerebral.
Com tudo terminado, Lucian fez um curativo e deixou que Hinami se curasse em paz.
Enquanto isso, ele começou a inspecionar as amostras que havia retirado dela.
“Agora começarei a observação e experimentação.”
………….
“Então este é o outro mundo que você havia me dito…” Embora a face de Kanao continuasse inexpressiva, ainda era possível ver o choque em seus olhos enquanto ela observava a cidade ao redor.
“Sim, aparentemente este mundo está cem anos à frente do nosso…” Shinobu também tinha um olhar semelhante, mesmo que já tivesse visto essa cena anteriormente.
“Mas, me diga irmã, por que você se juntou aos demônios?”
“Porque…”
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