Capítulo 53: Papo Entre Irmãs
Ouvindo essa pergunta, Shinobu congelou levemente, antes de ir até um banco próximo e sentar-se nele.
Sua expressão era reflexiva e revelava o quanto esse assunto era complicado para ela, e sua seriedade mostrava que ela pretendia dar uma resposta completa para Kanao.
Se fosse outra pessoa perguntando talvez ela simplesmente ignorasse ou desse uma resposta totalmente superficial, mas para Kanao ela não poderia dizer isso.
Shinobu a mantinha em alta consideração, como um membro de sua família, como sua querida irmã.
“Porque Lucian me ofereceu a única coisa que eu não poderia recusar – a oportunidade de vingar minha irmã. Desde o dia em que ela morreu, esse foi meu único desejo e objetivo. Eu acordava pensando em como executar essa vingança e ia para a cama pensando em como causar a maior quantidade possível de dor ao culpado.
Eu sabia que não poderia vencer uma Lua Superiores mais poderosas, então já havia começado a fazer um plano suicida, eu estava prestes a transformar meu corpo em um veneno mortal mesmo para os demônios mais poderosos, porém mesmo assim eu não tinha certeza se realmente conseguiria obter minha vingança.”
“Mas qual foi o preço? Realmente valeu a pena?” Apesar de sua habitual indiferença, Kanao ainda foi capaz de manifestar sentimentos, principalmente ao ouvir a narração de Shinobu.
Quando Kanae morreu, ela sentiu coisa semelhante, uma raiva ardente e ódio avassalador.
Mas ao contrário de Shinobu que alimentou esse ódio e ficou obcecada com a vingança, ela passou por uma regressão e voltou ao seu estado vazio e entorpecido.
Ela não mergulhou no rancor, porém afundou na melancolia.
“Ele disse que me queria e eu concordei.” A resposta veio em um tom plano, trazendo um claro contraste com as palavras anteriores que estavam inundadas de emoções de tristeza e raiva.
“… Te queria em qual sentido?” Surpresa com o quanto Shinobu estava calma com isso, Kanao fez uma pergunta para descobrir o que havia acontecido durante o período em que ela não viu sua irmã mais velha.
“Aparentemente em todos eles”, ela respondeu, e embora não quisesse admitir, ser desejada e considerada uma membra da família dele ainda era reconfortante.
“Todos…” Kanao não pôde deixar de parar por um momento para refletir o que isso implicava, “Como mulher incluído?”
“Isso também.” Ela assentiu, e indo contra sua natureza de não transparecer emoções, corou levemente, “Mas ao contrário do que possa parecer, ele ainda é cavalheiro o suficiente para não forçar as coisas a irem rápido demais. Então eu sou uma esposa não consumada.”
“Isso é bom”, Kanao suspirou, aliviada por sua irmã não estar sofrendo com esse acordo, “… Eu acho que faria o mesmo para vingar Kanae, então não precisa se culpar.”
Ela ficou um pouco surpresa pelo fato de Lucian, que estava constantemente exalando malícia ter algum cavalheirismo ou gentileza, mas rapidamente deixou isso de lado e focou em sua irmã, observando atentamente suas feições que continham uma certa tristeza.
Mesmo que Shinobu estivesse escondendo, Kanao ainda conseguia ver que ela sentia culpa por ter traído a Demon Slayer Corps e a forçado a vir até este mundo.
Mas ela não se importava com isso. Embora ela gostasse de suas colegas da Mansão Borboleta, as únicas coisas que realmente importavam para ela eram a Kanae e a Shinobu.
Porém Kanae já havia morrido e Shinobu também estava aqui com ela.
E pensando em como seus dias eram sem vida e doloridos, com seus pais que torturavam ela e seus irmãos.
Lembrando da dor que sentiu quando percebeu os corpos sem vida de seus irmãos.
Pensando na desolação de ser vendida como escrava.
E então recordando-se de quando elas apareceram em sua vida como um raio de sol atravessando as escuras nuvens de tempestade, salvando-a e iluminando a vida dela.
E assim como o sol nutri as plantas e flores, elas a nutriram e permitiram que ela crescesse e começasse a desabrochar.
Embora ela ainda não tenha desabrochado e precisasse de uma moeda para tomar suas decisões.
Porém, de uma coisa ela tinha certeza – ela não precisaria de uma moeda para escolher se deveria vingar Kanae ou não.
“Obrigado…”, Shinobu disse com os olhos levemente marejados e abraçou Kanao firmemente.
Kanao naturalmente retribuiu o abraço apertado, completando esse lindo momento entre irmãs.
………….
Enquanto Shinobu e Kanao passavam por uma “reconciliação”, Lucian estava bebendo chá junto de Daki durante a pausa de sua pesquisa.
“Por que ‘Crimson’?”, Daki perguntou, um pouco perplexa com essa escolha de nome, afinal, não era um muito comum.
“Meio que só foi. Nós somos demônios de sangue, somos atraídos pelo sangue, nós fortalecemos pelo sangue, meu sangue transforma os outros em demônios e meus olhos são cor carmesim, então me pareceu natural escolher ‘Crimson’ como sobrenome”, Lucian respondeu com naturalidade, seu processo de pensamento para chegar nesse nome não foi complicado.
‘Além de que o crimson é o meu bioma favorito no terraria…’, pensou antes de acrescentar mais uma coisa: “O título ‘Rei Demônio Carmesim’ também fica muito legal.”
“Bom… isso é verdade, Crimson realmente se encaixa.” Ouvindo esses argumentos fracos, mas que faziam sentido, Daki não pôde deixar de concordar.
Nem tudo precisa de um bom motivo para acontecer, às vezes simplesmente ser legal é bom o suficiente.
“Sim, então daqui em diante seu nome é ‘Daki Crimson’.” Ele sorriu, antes de trazer uma mudança radical ao assunto: “Pelas minhas recentes pesquisas, um ghoul com kagune não nasce com dois tipos diferentes de células rc, e sim um terceiro tipo não possuído por outros ghouls.
Um ghoul com células rc do tipo koukaku, possui um kakuhou na região dos ombros e um kagune koukaku. As células possuem um padrão de ligação predeterminado, embora alguns usuários com nível mais avançado possam modificar o padrão da ligação para acessar outros tipos de kagune ou alterar sua forma livremente.
Hinami por outro lado possui células rc capazes de se ligar em dois tipos diferentes de kagune, de forma totalmente natural e sem intervenção consciente. Elas até mesmo se alocam em kakuhou diferentes por si mesmas, garantindo a integridade de ambas as kagunes.
Acredito que em pouco tempo poderei criar um tipo de célula rc que possamos controlar livremente com nossa habilidade de manipulação corporal.”
“… Por que você está me dizendo isso?”, Daki perguntou confusa, ouvindo os termos que não conhecia.
Kagune ela ainda sabia o que era, mas kakuhou? Células rc? Pelos ninguém tinha dito nada disso para ela até agora.
“Ah, esqueci que você não conhece sobre a anatomia dos ghouls. As células rc é um tipo especial de células que os seres desse mundo possuem e o que permite que os ghouls tenham uma kagune. Kakuhou é um órgão para armazenamento das células rc. Quanto aos ‘padrões de ligação’ é a forma na qual as células rc estão se ligando para formar uma kagune.
De forma bem simples: uma ligação com baixa densidade proporciona velocidade e a capacidade de lançar projéteis, ou seja, kagune ukaku. As células ficam como um gás e por isso são o tipo de kagune mais maleável, o rc também pode ser cristalizado para formar os projéteis;
As ligações de alta densidade geram uma kagune de alto peso e defesa, ou seja, koukaku. As células ficam em um estado sólido, por isso tem alta defesa;
As ligações que são ‘rápidas’ geram uma kagune que se regenera fácil, apesar de quebrar de forma igualmente fácil, ou seja, rinkaku. As células ficam em um estado líquido, por isso essa facilidade;
Quanto as que formam a bikaku… não sei descrever então não irei tentar”, Lucian explicou.
“Entendo… e considerando a maleabilidade do ukaku, esse deve ter sido o motivo de você ter dado prioridade a esse tipo de kagune quando distribuiu elas para nós.” Daki assentiu, finalmente entendendo o porquê Lucian havia dado kagunes ukaku para a maioria de seus subordinados
Ela o conhece muito bem, e sabe ele que prefere coisas maleáveis, que podem ser controladas, que podem mudar de forma.
E afetada por ele, ela tem preferências similares por perceber as conveniências que poderes assim trazem.
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