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    “Naturalmente, a capacidade que os demônios possuem de manipular o próprio corpo tem muitas utilidades. Seja a criação de membros extras para as mais diversas atividades, a alteração do tamanho dos membros para obter vantagem em combate ou a criação de objetos.” Lucian assentiu, demonstrando o quanto gosta dessa habilidade em suas palavras e expressões.

    “Qualquer membro… ‘aquele’ também?” A expressão de Daki ficou estranha repentinamente, como se um pensamento um tanto diferente tivesse brotado em sua mente.

    “Sua forma de pensar é… interessante, para dizer o mínimo. Porém, eu me recuso a fazer isso por uma questão de honra.” Lucian ergueu uma sobrancelha ao ouvir essas palavras.

    Tal ocorrência sem dúvidas é inédita, fosse pela falta de impulsos relacionados ou simplesmente pelos bons costumes.

    E sim, até o presente momento os demônios estiveram praticamente privados de quaisquer sentimentos amorosos, fraternais ou sexuais, sendo movidos apenas pela fome e ganância.

    “Droga! Agora essa possibilidade não sai da minha cabeça, eu acho que vou criar uma proibição contra isso.” Pouco depois ele praguejou, esse pensamento atravessando sua mente centenas de vezes em apenas um momento.

    Hihihi quanta retidão~”, Daki disse rindo levemente, o sarcasmo claro em sua voz, mas logo ela perguntou curiosamente: “Você realmente consegue proibir isso de acontecer?”

    “Muzan era capaz de impedir os demônios de falar palavras específicas… ou, pelo menos, aplicar uma punição severa. Porém, meu poder e controle sobre a linhagem dos demônios é superior ao que ele tinha, de fato, sinto que fica mais forte a cada dia que se passa”, Lucian respondeu, levantando sua mão e olhando-a.

    Abrindo e fechando sua mão, os músculos saltavam de forma que seria normalmente impossível – cada fibra sendo controlada individualmente com perícia incrível.

    Desde aquele dia em que acabou consumindo a alma de Muzan e roubando seu corpo, Lucian esteve constantemente se fortalecendo, enquanto esse poder era assimilado por ele.

    Naturalmente, a fusão gerou um resultado superior à soma das partes. O posterior consumo do lírio aranha azul potencializou esse processo.

    “Isso é bom. Mudando de assunto, quando vamos atacar aquela organização chamada Aogiri Tree?”, Daki perguntou enquanto se espreguiçava.

    Lucian ficou momentaneamente distraído com as curvas que se revelavam com essa ação, porém logo trouxe uma resposta: “Em breve, de acordo com meus cálculos, eles logo irão atacar Kaneki, o que me levará diretamente para uma das bases deles, onde vários de seus membros estarão reunidos.”

    “Estou ansiosa por isso.” Os olhos de Daki brilharam ao ouvir isso, depois de ser uma demônia por um longo período de tempo, esse desejo por matar já estava enraizado em seus ossos.

    E o pensamento de matar e devorar os saborosos ghoul lhe era particularmente empolgante. Mesmo um ghoul rank C ainda era infinitamente mais saboroso do que os hashiras que ela havia devorado anteriormente.

    A mera presença das células rc tornava tudo altamente nutritivo, portanto ela estava particularmente feliz com suas recentes alimentações.

    “Não acho que nesse monte de ghouls não haja nenhum minimamente bonito.”

    Embora o sabor seja bom e importe muito, ela não está interessada em abrir mão de seu maior princípio – comer apenas gente bonita.

    Em algumas circunstâncias os requisitos podem ser menores, porém sempre estão e estarão presentes.

    “Seus requisitos para comida ainda me surpreendem hahahaha.” Lucian riu ao ver quais eram as preocupações de Daki.

    “Eu ainda tenho meu lado gourmet.” Ela sorriu antes de lamber os lábios, “E mal posso esperar pelo banquete.”

    …………

    Depois de sua pequena reunião com Daki, Lucian calmamente caminhava pelos becos suavemente iluminados pela lua.

    Mais especificamente, ele estava seguindo o odor de sangue que pairava sobre o ar, era tênue, porém não escapava de seu sensível nariz.

    Provavelmente eram os resquícios de sangue que sobraram no corpo de um ghoul após se alimentar de um humano. Já faziam algumas horas que Lucian estava caçando ghouls, afinal, ele também tem interesse em obter uma kakuja.

    E mesmo que não o tivesse, devorar ghouls continuaria sendo o meio mais eficiente dele se fortalecer.

    “Espera… kakuja é quando o kagune se transforma e cobre o corpo, então eu criei a BloodArmor pra nada?!” Lucian então percebeu que isso invalidaria seus esforços anteriores.

    ‘Desperdicei preciosos dias.’

    Claro, ele não se importou com isso por muito tempo, a ocasião muda constantemente e não havia como ele saber que chegaria ao mundo de Tokyo Ghoul.

    Logo ele chegou até a fonte do cheiro de sangue, um velho prédio na parte externa da cidade. Olhando para a fachada do prédio, a primeira conclusão é que a construção estava abandonada há alguns anos.

    As janelas em sua maioria quebradas, e os poucos cacos que ainda permaneciam, estavam sujos e manchados.

    A porta de metal na frente completamente oxidada, dominada pela ferrugem ao ponto de mudar de cor.

    As paredes possuíam um aspecto amarelado, com densas rachaduras se espalhando por sua extensão. Haviam claros indícios de infiltração e o mofo se proliferava descontroladamente.

    Tudo gritava “Não há ninguém morando aqui”, quase poderia ser considerado o esconderijo perfeito.

    Um prédio abandonado em um lugar isolado, ninguém iria até lá sem ter um bom motivo para isso. Ver ao que os ghouls precisavam se sujeitar para assegurar a sobrevivência causava pena.

    Claro, os ghouls que Lucian estava perseguindo não eram daqueles mais pacíficos que sobreviviam com o mínimo, e sim aqueles que caçavam e obtinham uma quantidade razoável de alimento.

    Se não fosse esse o caso, ele nem mesmo se incomodaria em caçá-los. Ghouls que não comem, não possuem uma grande quantidade de rc, portanto não fornecem tanta nutrição.

    Porém, mesmo aqueles ghouls que não matam ainda são implacavelmente perseguidos e mortos, Ryoko é um exemplo disto, apesar de Lucian ter impedido sua morte.

    *Creak~* A porta produziu um rangido estridente ao ser aberta por ele, desnecessário dizer que os ghouls dentro do prédio conseguiram ouvir este som.

    Até mesmo um humano ouviria um som desse volume.

    ‘Quatro alvos, três estão na mesma sala. Vamos começar com aquele que está solitário.’ Seu olhar tornou-se frio e afiado, e um sorriso sinistro lentamente surgiu em seus lábios.

    Seu corpo então mergulhou em uma poça de sangue, que começou a subir pela parede rapidamente e entrou por uma janela.

    O líquido vermelho escorria rapidamente pelo chão, demonstrando ter vida própria, e em poucos segundos se encontrou aos pés de uma escada.

    Por que abrir a porta se iria entrar pela janela? Distração. Ao ouvirem uma porta ser aberta, precisariam checar ela.

    Todos iriam verificar isso juntos ou se dividiriam em dois grupos. Desde que exista uma divisão das forças, a dificuldade de eliminar os inimigos diminui drasticamente.

    ‘Embora isso não seja exatamente necessário, afinal, minha força é alta o suficiente… bem, seguir o caminho mais fácil é sempre mais agradável. Dividir e conquistar.’

    Apenas não é possível confirmar se esse realmente é o caminho mais fácil.

    Táticas realmente fazem sentido quando a força bruta é mais do que suficiente para resolver o problema?

    *Tap tap* Soaram passos na escada, não havia urgência no caminhar, aparentemente a pessoa em questão não estava preocupada com possibilidade de haver intrusos.

    ‘Ele deve ser um ghoul de rank A’, Lucian pensou enquanto sentia a intensidade da força vital do homem que descia as escadas.

    “Não sei porque se preocupam tanto, ninguém viria até este fim de mundo”, o homem praguejava, claramente infeliz por receber esta tarefa, “Provavelmente é só o vento novamente.”

    Infelizmente ele se enganou. O motivo para se esconderem em um lugar relativamente isolado e dilapidado é claro: não serem encontrados.

    E quem tem medo de ser encontrado é porque sabe que está sendo perseguido.

    “Você tem razão, deve ser paranoia deles.” A voz de Lucian soou, concordando com as palavras do homem.

    “Quem?!?”, o homem exclamou, olhando ao redor atentamente, “O que é isso?”

    Confusão apareceu em sua face ao perceber a poça de líquido carmesim no chão. A confusão rapidamente tornou-se pavor quando a cabeça de Lucian começou a emergir.

    “!!!” As pupilas dele encolherem violentamente enquanto recuava um passo, porém quando estava prestes a gritar chamando seus companheiros, a poça de sangue no chão revoltou-se e ergue-se rapidamente.

    O sangue correu em sua direção e começou a entrar pelos orifícios do homem, que lutou desesperadamente.

    Suas mãos se moviam por seu rosto, em uma fútil tentativa de impedir que o sangue invadisse seu corpo. Conforme suas vias respiratórias eram bloqueadas e seu suprimento de oxigênio lentamente esgotava, sua resistência foi diminuindo, até que finalmente cessou completamente e seu corpo deslizou pela parede e caiu no chão.

    Após alguns segundos de silêncio, o homem abriu os olhos e começou a inspirar profundamente, desesperado por oxigênio.

    Tremendo e se movendo estranhamente, o homem lentamente levantou, seus movimentos eram esquisitos, como alguém que não sabe movimentar o corpo.

    Ou alguém que está em um corpo que não lhe pertence.

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