Capítulo 56: Um Resultado Obtido Com A Possessão

Depois de terem sido utilizados, seus familiares dissolveram em sangue e voltaram para dentro de seu corpo. Caso ainda hajam dúvidas, esse é o motivo pelo qual os familiares não conseguem sobreviver se estiverem muito longe de seus criadores.

Eles são feitos de sangue e apenas isso, toda a vitalidade que possuem vem daqueles que os criou, portanto, caso se distanciem muito, param de receber a vitalidade que precisam para continuarem existindo e se dissipam. Por isso ele criou aquelas torres que retransmitem “sinal”.

Essencialmente, não está vivo, mesmo que possam agir com uma certa autonomia, estão em algum lugar entre uma marionete e um ser vivo, claro, está mais perto de marionete.

Deixando isso de lado, logo em seguida Lucian reinseriu o globo ocular.

“Maldição! É mais difícil reconectar um nervo óptico em outro corpo do que eu pensei!” Se fosse seu corpo de demônio, um novo olho poderia ser facilmente gerado, mas pelo jeito os ghouls têm um pouco de dificuldade quando se trata disso.

“Talvez eu precise ingerir algo para ativar o fator regenerativo… Meu sangue não vai servir, estou tentando manter esse corpo como um ghoul.”

Então ele simplesmente sentou-se ao lado dos dois cadáveres e começou o antigo ritual conhecido como alimentação.

Comendo de mordida em mordida, ele logo percebeu que esse método de se alimentar é meio ineficiente comparada a capacidade dos demônios de absorver corpos inteiros de uma única vez.

Mastigar é divertido, porém quando se considera dois homens adultos, torna-se um processo demorado em demasia.

“Depois de todo esse tempo comi apenas um braço… desisto, vou usar um método mais rápido.” Novamente derramando seu sangue, ele formou uma boca para devorar os dois corpos rapidamente.

“Anotado! Os demônios possuem uma digestão mais rápida que os ghouls.”

………..

“Por que você está assim?”, Shinobu perguntou confusa, olhando para “Lucian” atentamente.

Não havia motivo para ele ter alterado completamente sua aparência, aura e energia, ou havia?

“Ah, isso? Eu estou possuindo o corpo de um ghoul aleatório.” Lucian deu de ombros, sua voz finalmente saindo de uma forma que não parecesse distorcida e misturada com outros sons e barulhos.

“E para quê você está fazendo isso?!” Ouvindo essa resposta, uma veia na testa de Shinobu saltou. Talvez a falta de informações nessa resposta a tenha deixado um pouco brava.

“Inicialmente eu queria saber se era possível utilizar meu sangue para controlar alguém sem transformá-la em um demônio, daí eu tive algumas ideias e agora estou testando os efeitos causados por exposição prolongada a sangue demoníaco. A parte mais difícil está sendo conter a toxicidade do sangue para que a cobaia não morra.” Lucian finalmente elaborou um pouco mais a questão.

“De fato, é uma ideia interessante… acho que eu também deveria pensar em usar o sangue como veneno, ou melhor, já pensei nisso, mas ainda não o implementei.” Porém, isso não poderia continuar assim, o orgulho de Shinobu como uma usuária de veneno não permitiria que isso acontecesse.

Ela usava venenos que só funcionavam em demônios, mas agora ela é um demônio que vai ter que se adaptar a isso.

“Costumo usar cerca de sete mililitros para transformar adultos em demônios, ou seja, aproximadamente um mililitro para cada dez quilogramas, naturalmente, eu ajusto essa dosagem dependendo do indivíduo.

Reduzindo essa dose para um décimo, a transformação torna-se impossível sem algum fator anormal que estimule o processo, porém ainda acabaria danificando todos os sistemas do corpo e causaria uma morte lenta e dolorosa, é um método muito bom para torturar.

Dobre a dose, e uma morte rápida e violenta é basicamente garantida. Claro, o seu sangue é diferente do meu, então essas informações não são tão úteis, mas você ainda pode isolar a parte que é do sangue que é tóxica e concentrá-la para obter maior eficácia, além de que o kekkijutsu que você despertará futuramente pode ter alguma relação com isso.”

Lucian pensou um segundo antes de dizer algumas informações que possuía, o sangue de Shinobu naturalmente possui características semelhantes, todos os demônios que ele criou são assim, portanto ela ainda poderia utilizá-lo como referência.

Ela apenas teria que considerar uma dose bem maior…

Mas o sangue não é exatamente venenoso, é similar ao que acontece com a radiação – uma alta dose de radiação danifica o DNA e pode causar grandes danos.

De forma similar, o sangue dele causa mutação: uma dose muito grande leva a mutação rápida e descontrolada e o corpo colapsa; uma dose muito pequena faz com que a mutação fique incompleta e o DNA colapsa.

“Traduzindo, você quer que eu devore mais pessoas para despertar um kekkijutsu?” Shinobu inclinou a cabeça e olhou para Lucian como se tivesse descoberto as intenções dele.

“Sim.” Ele assentiu, “Também seria interessante se você começasse a injetar cianeto em si mesma.”

“Por que eu faria isso?” A testa de Shinobu franziu-se em confusão.

“Melhor método para ‘guiar’ o despertar do kekkijutsu, ou pelo menos, alterar as características de seu corpo. E cianeto é um veneno que combina muito, afinal, ele impede que o sangue transporte oxigênio”, respondeu Lucian.

Esse lhe parecia um bom método para demônios usarem. 

“Mas assim eu que vou morrer, não?” Embora conhecesse a capacidade regenerativa dos demônios, Shinobu não acreditava que poderia injetar cianeto em suas veias e continuar bem.

“Demônios não precisam de oxigênio, ou a necessidade é muito baixa. De qualquer jeito, não injete mais do que a dose letal para humanos e provavelmente não vai acontecer nada.”

“… Eu acho que é confiável o suficiente, vou começar em breve.”

“Ah, a possessão na verdade foi muito útil, acabei de descobrir que a velocidade de mutação dos ghouls é mais rápida do que a dos demônios, portanto eles podem chegar na kakuja muito mais rapidamente.” Lucian de repente mudou de assunto, realizando uma observação de sua recente descoberta.

Com ambos possuindo células rc, o organismo de ghoul lida melhor com elas, presumivelmente graças ao longo período de adaptação que eles tiveram.

Também poderia ser graças a uma diferença nas prioridades: nos ghouls, as células rc naturalmente ocupam a maior prioridade; nos demônios com rc, a linhagem demoníaca está em primeiro lugar.

Além de que as células rc surgiram naturalmente nos ghouls e os alteraram, enquanto os demônios precisam realizar uma integração por iniciativa própria.

‘Se bem que uma nova geração de demônios acabará surgindo neste mundo, uma nascida com células rc.’

“Uma descoberta inesperada, quanta é a diferença?” Shinobu assentiu ao ouvir isso, podia parecer pouco, mas algo assim era suficiente para mudar tudo.

“Muita, eu estima que seja algo de dez a vinte vezes. Portanto, esperar que um ghoul obtenha a kakuja e então o devorar é muito mais eficiente do que tentar obtê-la por conta própria.” Lucian concluiu a linha de pensamento.

“Já tem um plano para fazer isso acontecer?”, ela perguntou, porém já sabia qual seria a resposta – sim.

“Sim, vou fazer com que algumas das cobaias que temos atinjam o rc necessário para a transformação em kakuja.”

“Aliás, eu quero que você pegue uma daquelas quinques da CCG.” Shinobu então fez um pedido. Como alguém que já utilizou métodos especiais para lidar com seres que vão além dos humanos, ela naturalmente tem curiosidade pelas armas utilizadas pela CCG para ferir os ghouls que são praticamente impenetráveis.

“Tem algum tipo específico em mente?” Claro que Lucian não iria recusar um pedido de sua linda esposa, ainda mais quando ele era tão simples.

“Pode ser qualquer deles.” Shinobu sorriu, feliz por ter seu pedido aceito.

“Soube que você e a Kanao saíram mais cedo, conversa foi bem?”, Lucian finalmente perguntou algo que ele já queria saber há um tempo.

“Mais cedo? Foi ontem.”

“Ontem foi antes de agora, portanto foi mais cedo.”

“Esse até que foi um bom argumento, e sim, a conversa foi muito bem.”

“Que bom… você teve sua redenção?”

“Sim… eu acho que sim. Ela me pareceu feliz ao ouvir que Kanae foi vingada e com os confortos proporcionados por esse mundo, eu acredito que não vai demorar muito até que ela se acostume.”

“Outra boa notícia!”