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    “Aquele homem… é estranho.” Por algum motivo Suzuya tinha a sensação que o desconhecido que ele tentou roubar o conhecia.

    Na verdade, parecia conhecer ele bem até demais.

    E aqueles olhos cheios de pena… de alguma forma pareciam diferentes de tudo o que ele havia visto antes… não havia julgamento, desprezo ou qualquer uma das outras emoções que as outras pessoas têm ao olhar para ele.

    Mas com seu caráter despreocupado não demorou muito para que ele deixasse isso de lado, ele não entendia e nem pretendia se esforçar para entender o que havia acontecido.

    Então ele apenas continuou a andar sem nenhuma direção específica.

    Porém seu bom humor… ele estava de bom humor? Não dá para ter certeza. Ele foi criado de forma diferente das outras pessoas, sejam humanos ou ghouls. Ele não sabe lidar direito com suas emoções, e o que está por fora nem sempre corresponde ao que está por dentro.

    Sua mente provavelmente estava confusa, mesmo que ele não soubesse o motivo disso.

    Mas de qualquer forma, seu bom humor logo foi destruído quando três homens o interceptaram.

    Para ser mais específico, os três são ghouls que foram atraídos pelo cheiro de Suzuya.

    Até mesmo Kaneki comentou sobre o cheiro que era exalado por ele, demonstrando vividamente o fato de que Suzuya é basicamente um chamariz para ghouls.

    Isso sem dúvidas o prejudicou muito – se ele não fosse assim, provavelmente não teria sido sequestrado quando criança, mas por outro lado, se ele não fosse sequestrado, provavelmente teria morrido há muito tempo atrás.

    Estar sendo controlado pela Big Madam pode ter protegido-o inadvertidamente e graças a isso ele foi encontrado pela CCG, o que garantiu que ele não morresse.

    O que mostra que há um belo arco-íris mesmo após a pior das tempestades… mas Suzuya Juuzou ainda é uma pessoa que se ferrou muito na vida.

    Quando Suzuya sacou a quinque nomeada [Scorpion], que ele roubou quando esteve na CCG, os três ghouls não demoraram muito para perceberem que o suculento pedaço de carne que viram na verdade era um predador violento.

    Mesmo que a lâmina fosse pequena e leve, daquelas que não parecem capazes de cortar quase nada, nas mãos de Suzuya ela parecia mais pesada que um cutelo e mais rápida que uma serra.

    Embora o fato da lâmina ser uma quinque fabricada com uma kagune a tornar muito melhor do que uma lâmina de aço, a habilidade de Suzuya ainda estava sendo um fator decisivo.

    Não importa quão boa uma arma é, ela será inútil se utilizada por alguém sem habilidades.

    Suzuya atacava com ataques rápidos e poderosos, seus movimentos contendo uma brutalidade que não se espera de alguém com sua idade ou aparência. Convenhamos, ele mais parece uma moça delicada, mas isso é uma prova conclusiva do ditado “não se pode julgar um livro pela capa”.

    “Me desc… me desculpe… realmente… por favor…” Lamentos e pedidos de misericórdia foram proferidos pelos ghouls moribundos, enquanto Suzuya os esquartejava.

    “Mas foi você que veio até mim, não é?”, ele perguntou em um tom sarcástico, a zombaria em suas palavras era mais do que evidente, seu rosto ainda mantinha-se inalterado mesmo que houvesse sangue escorrendo pelo chão e tripas caindo para fora do corpo de suas vítimas, tanto que ele teve a vontade de sugerir um jogo:

    “Agora, então, vamos jogar uma partida de chefe – eu sou o chefe, e você é o porco.”

    Não foi necessário mais do que um movimento rápido da scorpion na mão de Suzuya para que o ghoul morresse, sua garganta cortada de ponta a ponta.

    Para esses ghouls que eram tão fracos que nem mesmo eram capazes de ativar suas kagunes, a experiência que Suzuya ganhou trabalhando no Restaurante Ghoul era mais do que suficiente para matá-los.

    Depois que um policial chegou e o levou para delegacia, sobraram apenas duzentos pedaços de “arte” espalhados pelo chão.

    Claro, ele foi levado para a delegacia não por incapacidade de resistir, mas porque ele é um investigador CCG e não um bandido, logo não precisa fugir da polícia.

    …………….

    “Lixo estúpido-” A voz de uma pássaro soou, porém dizia palavras que não se esperava que saiam da boca de um pássaro… ou do bico?

    “O que disse?! Sua boca é bem suja para um pássaro idiota!”, Touka praguejou em direção ao pássaro. Pelo menos essa raiva a distraiu de sua melancólica reflexão.

    Ver que a relação entre a Kimi Nishino e Nishiki Nishio, um humano e um ghoul, pôde continuar mesmo após a identidade ghoul ter sido revelada a deixou em um estado contemplativo.

    Ela anseia por isso, mas as incertezas estão lá, corroendo-a.

    E se Yoriko Kosaka não a visse mais como uma amiga? E se ela notificasse a CCG?

    Ela sabe que a relação entre humanos e ghouls é complicada, e sabe que o caso do Nishiki é uma grande exceção.

    “A cafeteria está bem animada hoje.” Lucian sorriu enquanto olhava Touka brigando com o pássaro, embora sua expressão fosse de raiva, vê-la em um estado descontraído ainda o alegrava.

    E mesmo que isso soe mal, as pessoas que desejam algo não podem conseguir, acham que não podem conseguir, tem medo de tentar… são as pessoas que ele mais gosta – podem ser convencidas, persuadidas, controladas, manipuladas, usadas.

    A facilidade de fazer isso é diretamente proporcional ao fervor desse desejo.

    Lucian então balançou sua cabeça, expulsando esses pensamentos, ‘A manipulação é para outros casos.’

    Existe uma divisão bem clara… ou quase, mas há aqueles que ele deseja como amigos, subordinados ou na situação de algumas mulheres, como membros de seu harém.

    Amigos ou subordinados ele pretende manter uma sinceridade, uma fraternalidade, uma relação ganha-ganha.

    Com suas esposas é o mesmo, ele deseja manter-se sincero, não manipulá-las.

    Manipular e usar é para aqueles que ele não pretende manter relações por muito tempo – usar e jogar fora – em uma relação onde apenas ele se beneficia.

    ‘Entenda o que uma pessoa deseja e o que ela teme, e saberá como a convencer de qualquer coisa.’

    “Bem… a situação está complicada, todos estão felizes que Ryoko e Hinami estejam salvas e que Nishiki e Kaneki não tenham sido espancados até virarem polpa, mas a morte de um investigador fez com que muitos deles fossem enviados para o vigésimo distrito, agora que a vigilância aumentou, os clientes estão escassos e temo que não demorará muito para que haja alguma operação anti-ghouls”, Touka disse.

    A situação atual é bem semelhante à da obra original, menos investigadores morreram, porém, o avistamento de um “ghoul” muito poderoso acabou deixando a CCG vigilante.

    O motivo do vigésimo distrito ser o mais calmo é simples – a Anteiku fornece comida para os ghouls fracos e basicamente controla os ghouls poderosos. Eles controlam tudo para que a atenção não seja atraída.

    Por que outro motivo um lugar em que vários ghouls poderosos se reúnem seria tão calmo?

    “Entendo… se precisar de alguma coisa pode me chamar, claro, haverá um preço.” Um sorriso continuou no rosto de Lucian, mas agora seu sorriso era sugestivo.

    Touka não teve dificuldade para entender o que Lucian estava insinuando, e logo corou levemente: “Não sei porquê você iria querer isso.”

    “Porque você é bonita”, ele disse, afastando levemente a franja que cobria a parte direita do rosto dela e direcionou seu olhar ardente para ela.

    Ouvindo isso, os olhos de Touka se desviaram, claramente incapaz de encarar Lucian, sua reação foi intensa simplesmente porque o que ela mostra não é necessariamente o mesmo que ela sente. Apesar de seu exterior frio e meio espinhoso, em seu interior ela possui um coração mole acometido de tristezas.

    Ela tem baixa autoestima pois rejeita o fato de ser um ghoul e por ter sido abandonada por seus entes queridos. Se forçar a comer a comida feita pela Yoriko não é apenas pelo seu desejo de vê-la feliz, também demonstra o seu desejo de estar com humanos, viver a vida feliz que eles possuem e isso a faz rejeitar sua natureza ghoul.

    E por rejeitar sua natureza ghoul, ela se recusou a comer carne humana suficiente e enfraqueceu.

    Ela é uma gentil garota que está solitária, e teme ser abandonado por aqueles que ela estima.

    “Não se preocupe, mesmo que esse mundo seja destruído, não a abandonarei”, Lucian sussurrou para ela, simplesmente deixando de lado o fato de que se conheciam a pouco tempo.

    E não era mentira, para muitos a destruição de um mundo seria algo desastroso, catastrófico e fatal, mas ele poderia apenas ir para outro mundo.

    Quanto ao motivo de sua precipitação, um pensamento em sua mente justifica isso: ‘Deve-se martelar o ferro enquanto ele está quente.’

    “Você…” Com os doces sussurros soando em seu ouvido, ela primeiro sentiu seu coração derreter e uns segundos depois as dúvidas surgiram em sua mente, ‘Como ele sabe sobre isso?’

    “Coff coff.” Neste momento uma tosse forçada soou, era Kaneki com uma expressão estranha: “Embora eu não queira atrapalhar vocês, não se esqueçam que eu ainda estou na sala.”

    “Ah é, oi Kaneki.” Lucian virou-se e o cumprimentou, sem nenhum traço de constrangimento em sua face.

    Por outro lado, Touka acabou não sendo tão resistente e apenas manteve sua cabeça abaixada, usando seus cabelos para esconder seu rosto.

    “O que o trouxe até a Anteiku hoje?”, Kaneki então perguntou curiosamente.

    “Flertar e dizer que poderiam pedir ajuda se precisarem”, Lucian respondeu simplesmente, antes de continuar, “Mas se quiser me trazer uma xícara chá para umedecer a boca, eu agradeço.”

    Afinal, seus esforços para recrutar pessoas deixaram sua boca seca muito rapidamente.

    Suzuya Juuzou, “O Próximo Arima”… ou não, se Lucian conseguir fazê-lo mudar de lado.

    Touka também possui algumas habilidades interessantes como a capacidade de gerar eletricidade.

    “Irei pegar.” Kaneki anunciou enquanto se levantava e saia.

    “Se você veio ofertar sua assistência, isso significa que algo está prestes a acontecer, certo?” Touka foi capaz de captar a parte mais importante das palavras de Lucian.

    “Talvez. Ainda bem que você é inteligente o bastante.” Lucian assentiu, ele gosta de pessoas assim, capazes de entender rapidamente o que ele quer dizer.

    Apesar que ela provavelmente pensou em algo diferente que ele queria dizer quando falou “haverá um preço”.

    Com certeza ela pensou em algo bem mais inocente.

    “Mas o que de ruim poderia acontecer?”, Kaneki perguntou confuso ao voltar com as xícaras de chá.

    “Sem querer ofender, mas você ainda é tolo e fraco demais para achar que nada de ruim vai acontecer.” Lucian não pôde deixar de olhar estranhamente para ele.

    Kaneki havia sido espancado alguns dias atrás, e agora já estava pensando que nada parecido aconteceria.

    Se isso não é tolice, é o que?

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