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    ‘Demorou mais tempo do que eu pensei levaria…’ Lucian não pôde deixar de suspirar mentalmente enquanto olhava para Tsukiyama parado em sua frente.

    Na última vez que se encontraram, mesmo que Tsukiyama tivesse escondido muito bem, Lucian ainda foi capaz de ver o quão afetado ele estava – seus cabelos não estavam tão bem penteados como o de costume, seu terno possuía vincos e as leve olheiras sugeriam que ele estava tendo problema para dormir.

    E claro, além desses sutis detalhes em sua aparência, também havia algumas funções fisiológicas alteradas que para outros seria impossível perceber, mas Lucian percebeu facilmente usando o mundo transparente, tudo indicava que ele estava sofrendo e logo iria atrás de mais sangue.

    Sinceramente, ele achava que Tsukiyama iria correr até ele assim que a reunião acabasse, mas contrariando as suas expectativas, quem apareceu foi a Touka.

    Mas não demorou muito para que ele entendesse o que Tsukiyama estava pensando. Vendo o que ele havia trazido, a intenção de realizar uma troca ficou clara.

    “Vinte ghouls de rank A, que generoso de sua parte.” Lucian sorriu levemente, observando os prisioneiros que Tsukiyama havia trazido até ele.

    Este presente seria perfeito para o seu plano de terceirização. É difícil para um demônio obter uma kakuja, e daí? É só roubar a kakuja de um ghoul que já a tenha.

    Ele não ficou surpreso com essa dificuldade extra, afinal, já foi mostrado que os genes afetam a probabilidade de obter uma kakuja, assim como os Washuu tem maior probabilidade e os Tsukiyama são basicamente incapazes de obtê-la.

    Infelizmente, eles não são capazes de roubar os resultados do trabalho duro alheio como os demônios podem.

    “Pegue.” Lucian então colocou a mão dentro de seu terno, como se estivesse pegando algo do bolso interno, em seguida retirando uma pequena garrafa com sangue. Já faz um tempo que ele sabe que é possível obter diversos efeitos alterando a composição de seu sangue.

    Remover o veneno demoníaco e boa parte de suas células, porém mantendo a vitalidade e nutrição que pode ser fornecida foi o que ele fez para estimular a capacidade regenerativa de Kaneki.

    Manter as células e vitalidade e controlá-las para penetraram nos diversos tecidos do organismo foi o que ele fez para manipular as suas marionetes de sangue.

    E o sangue que ele deu para Tsukiyama… está mistura com alguns hormônios e substâncias que causam uma sensação de euforia e viciam. Claro, isso é graças ao fato de estar misturado ao seu sangue.

    E convenhamos, Tsukiyama já é um tanto quanto propenso a coisas como essa, afinal, na obra original ele praticamente se viciou simplesmente por sentir o cheiro do sangue de Kaneki. Quanto ao motivo de seu sofrimento após a operação de supressão da coruja… não se sabe se foi uma síndrome de abstinência ou se ele apenas ficou triste por perder um amigo.

    “Este sangue… é seu, não é?”, Tsukiyama perguntou um pouco hesitante enquanto avaliava o frasco cheio de sangue em sua mão, “Eu sinto o cheiro que emana vagamente de você, fraco, mas igual ao que emana do sangue. Não parece ghoul e com toda certeza você não é um humano.”

    “Oh? Isso não é nenhum segredo, eu sou um demônio”, Lucian respondeu casualmente, “Então pense duas vezes antes de continuar consumindo o sangue eu te dei, afinal, ninguém que negocia com o diabo sai ganhando.”

    Ouvindo isso, Tsukiyama abaixou a cabeça com um olhar pensativo antes de dizer em um tom desamparado: “Eu temo que já não haja volta. Você estava pensando nisso desde o começo, não é?”

    Existem dois tipos de vício: substâncias e comportamentos.

    O “vício” de Tsukiyama pelo Kaneki é considerado comportamental, ou seja, provem de sua busca por deliciosas e raras iguarias.

    Por outro lado… o vício em sangue demoníaco podia ser dito como uma combinação de ambos. Existem mais de um ghoul de um olho, mas apenas um progenitor e rei demônio… pelo menos nessa raça de demônios.

    Não importa qual aspecto, Tsukiyama já não possuía opções.

    “Talvez. Agora é hora de dizer adeus, estou esperando outra visita.” Claro que Lucian não iria admitir nada de forma explícita, e como o assunto havia terminado, ele exortou para que Tsukiyama fosse embora.

    Ele sentiu que a transformação de Touka havia terminado e que ela estava indo até ele neste momento.

    Percebendo a clara intenção de expulsar convidados, Tsukiyama teve que se despedir.

    ‘Nunca pensei que acabaria sendo usado tão facilmente…’ Saindo com cabeça baixa, apenas um suspiro desamparado soou em sua mente.

    Depois de aproximadamente trinta minutos, Lucian levantou-se e abriu a porta, bem a tempo de ver Touka entrando no beco. Por ter iniciado essa cooperação com Tsukiyama e se preparando para o caso de alguém procurá-lo, ele colocou uma porta para o castelo infinito em um beco isolado.

    “Você já sabia que eu viria?” Vendo Lucian parada na porta aberta, Touka não pôde deixar de se perguntar se a vinda dela estava nos planos dele.

    “Claro, porque eu tinha certeza que você teria dúvidas causadas por sua recente transformação e porque eu pude perceber você se movendo até aqui”, Lucian respondeu com um sorriso.

    Após se transformar em uma demônio, para onde mais ela poderia ir para obter respostas? Obviamente, para o único lugar aonde demônios se reúnem.

    Afinal, as respostas que ela procura não podem ser achados em nenhum outro lugar, no máximo poderiam fazer teorias e levantar conjecturas, mas qual o motivo de fazer isso quando se pode perguntar e obter respostas conclusivas?

    Sentir como se houvesse algo amarrado em seu coração traz um pensamento – “deve ser um tipo de restrição”, mas isso ainda é só um palpite, não uma resposta real.

    “Entre, assim poderemos conversar calmamente.” Lucian então a convidou para dentro do castelo infinito.

    E assim como todos os que entraram pela primeira vez no castelo infinito, Touka ficou maravilhada com o cenário que parecia outro mundo, e tal pensamento não está errado, pois o castelo infinito é uma dimensão independente.

    Os prédios que sobem infinitamente com certeza trazem choque, principalmente para aqueles que vivem em um mundo não tão sobrenatural.

    Puxando uma cadeira para Touka sentar-se, Lucian também serviu um copo de chá para ela e posicionou-se do lado oposto da mesa, de frente para ela.

    “O que é isso? O que é esta sensação parecida com correntes que me prendendo?”, Touka perguntou, levando sua mão ao peito, o lugar onde essa sensação incomoda se originava.

    Embora surpreso e um pouco confuso, não demorou muito para que Lucian entendesse sobre o que ela estava falando: “Hmm… não esperava que você pudesse sentir isso. É um ‘mecanismo de segurança’ para a proteção dos membros do clã.”

    “E o que essa ‘proteção’ significa?” Touka ergueu uma sobrancelha ao fazer esta pergunta, pois sentia que Lucian falou sobre isso de uma forma muito suspeita.

    “Não é muita coisa, apenas impede a existência de traidores e evita a coleta de tecidos corporais dos demônios. Meio que existe um histórico, sabe?”, Ele respondeu sinceramente.

    Mesmo que as coisas da obra original não tenham acontecido, ainda é uma possibilidade e algo para o qual ele deve ficar atento.

    Ele possui uma ligação com todos aqueles que ele transformou – todos os demônios que existem atualmente – e com essa ligação ele é capaz de controlá-los. Mas houve Tamayo, uma demônio que quebrou essa ligação(embora fosse com Muzan), portanto Lucian decidiu implantar um pequeno mecanismo de autodestruição.

    Quebrou a ligação? Virou cinzas.

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