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    Na verdade, é até irônico — o pessoal da Anteiku se reuniu para salvar o kaneki, mas o aparecimento da Coruja de Um Olho fez a CCG voltar a procurar nosso querido gerente e bem… Pensando de certa forma, isso fez com que o Kaneki caísse nas mãos da CCG.

    Agora pare e pense — o que é pior: ser torturado até praticamente enlouquecer ou esquecer tudo e trabalhar para seu inimigo?

    Lucian certamente diria que a segunda opção é a pior. Em algum momento de sua vida ele chegou à conclusão de que nada é mais aterrorizante do que a ideia de perder a si mesmo, deixar de ser quem é.

    E agora ele é imortal, então a dor acaba por ser ainda mais insignificante. Algo efêmero em um longo trajeto. Bem, ser praticamente incapaz de sentir dor talvez ajude nisso. Mas isso não importa para o ponto a ser destacado.

    É que mesmo que a CCG diga fazer parte da justiça, ser aquela que protege os humanos da maligna ameaça representada pelos ghouls, no final ela é muito pior do que aqueles que ela pinta como vilão.

    Nem se pode dizer que é um mal necessário, ainda mais quando se sabe que a CCG é essencialmente um método usado pela família Washuu para obter “comida” de alta qualidade e eliminar alguns que ela considera inconveniente.

    E mesmo assim, nesse mundo quase distópico, a CCG consegue ser um raio de esperança para os humanos…

    Cantarolando durante seu caminho pelos corredores escuros e decrépitos, Lucian habilmente se desviou dos combates que encontrou espalhados pelo prédio, coisa que não foi exatamente difícil, talvez porque o conflito se iniciou na parte frontal do complexo de edifícios enquanto ele estava indo na direção oposta.

    Não muito longe do local em que a CCG e a Aogiri Tree começaram a lutar, mas ainda em um prédio diferente. E caso ainda haja dúvidas, ele está indo dar uma olhada no local onde o Kaneki ficou pirado e aproveitar para cumprimentar Juuzou, que deveria estar se encontrando com o Yamori agora mesmo.

    E… Bingo! Ele chegou bem no momento em que Juuzou enfiava uma faca no rosto de Yamori com uma alegria mais do que mórbida.

    Lucian poderia jurar que nunca viu alguém ficar tão alegre com uma coisa desse tipo.

    “Se divertindo?” Ele sorriu ao perguntar somente a alguns metros de Juuzou. Ouvir a voz de alguém que se aproximou tão rápido e sem ser percebido fez com que o jovem quase saltasse com a faca em mãos.

    Imagine, você está lá tão entretido e alguém se aproxima, você acaba ficando surpreendido, ou até mesmo assustado. Agora multiplique pelo menos umas cem vezes, afinal, estavam no meio de uma guerra entre duas organizações, o que por si só já é uma situação de perigo.

    E ter um provável inimigo a uma distância tão próxima não é algo agradável.

    “… Você? O que faz aqui?”, Juuzou perguntou intrigado ao ver o rosto ligeiramente familiar. Mesmo que tenham se encontrado somente uma vez, podemos dizer que ambos possuem características marcantes e reconhecíveis.

    Mesmo de longe, Juuzou se destaca na multidão com seus cabelos brancos e estando perto, você notará sua bela aparência, cujo gênero só pode ser diferenciado por sua vestimenta – muitos diriam que ele é uma bela mulher; a linha vermelha que se estende por boa parte de seu corpo, mesmo que ele não possua nenhum ferimento; e as olheiras profundas que emolduram seus olhos vermelho escuro.

    Isto para não mencionar as peculiares vestimentas que ele costuma usar…

    Seguindo aquele ditado “os olhos são a janela da alma”, Lucian viu o vazio no olhar de Juuzou. O olhar de alguém que não valoriza nada nem ninguém, que não tem medo de perder justamente por não possuir nada. Alguém entorpecido e distorcido pelo que viveu.

    Por outro lado, Suzuya também teve suas impressões de nosso protagonista: um homem bonito, mas isso por si só não é tão marcante, o que realmente o faz ser lembrado são os olhos carmesim brilhantes, que parecem um mar de sangue – esses olhos realmente demoníacos fizeram com que ele sentisse algo que até havia esquecido como era…

    … Medo. Pela primeira vez em muito tempo, Juuzou tinha sentido uma sombra de medo surgir em seu coração. E ao contrário do que ele poderia esperar, esses olhos tão assustadores olharam para ele com uma certa gentileza – outra coisa há muito esquecida.

    Bem, ele acabou de conhecer o Shinohara, então já está voltando a conhecer a gentileza que pode haver entre as pessoas.

    “Nada demais, apenas passeando.” Lucian sorriu enquanto passava os olhos pelo cenário. Cada marca e o odor mais do que repugnante contavam histórias sobre o que já havia acontecido naquele lugar: torturas, mortes e nenhuma limpeza.

    “Passeando? Em um lugar como esse?” Desnecessário dizer que um complexo de edifícios semi-abandonado não é exatamente um bom local para passear, muito menos ao considerar que o lugar está sendo usado por uma organização de ghouls altamente perigosa.

    “Talvez eu tenha vindo aqui para fazer mais do que passear, mas isso não vem ao caso. E você? Se divertindo muito com seu primeiro encontro com um ghoul rank S quase completamente indefeso?”, Lucian perguntou enquanto se abaixava para pegar o pequeno rastreador preso no sapato de Yamori.

    ‘Esse Hideyoshi realmente tem seus truques.’

    “Sim, é incrivelmente divertido, não importa o quanto eu o esfaqueie, ele continua vivo.” E como se quisesse confirmar suas palavras, Juuzou deu mais algumas facadas no ghoul que teve o azar de cair em suas mãos.

    Azarado sim, mas ele mereceu, então não tem problema. Inclusive Juuzou poderia fazer dez vezes pior e o Yamori continuaria merecendo isso. Portanto, a consciência continua limpa… não que qualquer um na sala tenha preocupações com coisas desse tipo.

    “E melhor ainda, finalmente irei conseguir minha quinque.” Suzuya completou com um sorriso. Ter uma quinque provavelmente é um sonho para muitas das pessoas desse mundo, por isso muitos almejam ser da CCG. Embora não se descarte a lavagem cerebral que fazem nos órfãos.

    Resumindo, neste mundo o quinque é a única arma eficiente para ser usada contra os ghouls e devido a isso ela é altamente valorizada. Embora existam os quinxs futuramente, eles são seres vivos, então não conta.

    “Vejo o porquê está animado.” Lucian sorriu, “Mas me pergunto o motivo de você não estar me atacando, afinal, esta é uma batalha entre a Aogiri Tree e a CCG, e eu obviamente não sou um investigador.”

    “Não precisamos ficar lutando sempre, né? E eu não quero lutar com você.” Talvez pela primeira vez em muito tempo(outra vez), Juuzou era contra a ideia de entrar em combate.

    Ele só não sabia se o motivo era o comportamento amistoso de Lucian ou o perigo que emana dele.

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