Capítulo 71: Resgate 4
Ouvindo as palavras de Juuzou, o leve sorriso de Lucian se ampliou, quase indo de orelha a orelha. Isso era mais do que ele esperava. Era como achar uma arma de nível máximo logo no início do jogo, tudo ficava muito mais fácil.
O que seria um obstáculo simplesmente havia se tornado uma facilidade. Um inimigo havia um amigo. E melhor de tudo, sem esforço.
Seu sorriso não era tão amplo quanto no dia em que ele estava prestes a obter o lírio aranha azul, mas saber que ele estava prestes a… “neutralizar” as maiores resistências que ele talvez poderia encontrar neste mundo certamente foi animador.
A Coruja, que é um ghoul rank SSS? Logo estará morto. A CCG? É como um castelo de cartas, algo simples como revelar a realidade dos fundadores a faria cair. Kaneki? Está sob controle, literalmente com uma bomba dentro de seu corpo. Juuzou? Ele está pendendo para o lado de Lucian neste exato momento.
E é claro que Lucian irá aproveitar isso o máximo que conseguir.
‘Por que fui decidir fazer tudo de forma furtiva?’ Ele suspirou em seu coração, desamparado por quantas dificuldades iria e estava enfrentando apenas para garantir o máximo ganho. Seguindo uma abordagem mais agressiva, ele poderia simplesmente devorar Juuzou naquele exato momento – fácil e rápido.
Mas o que ele ganharia devorando alguém um pouco superior a um humano comum? Menos do que seria possível caso ele esperasse um pouco mais.
E mais importante para esta escolha, o controle. Tudo isso é uma forma de manter a situação sobre controle… embora a única coisa da qual Lucian tem medo é da possibilidade de jogarem uma bomba nuclear na cabeça dele.
Mesmo que sua regeneração seja muito alta, resistir a temperatura e as ondas de choque de uma explosão desta magnitude é algo de um patamar totalmente diferente. Ironicamente, a tão temida radiação acabaria sendo o menor dos problemas.
Parece um pouco improvável, mas já jogaram duas bombas no Japão, então não é exatamente impossível.
Claro, na realidade aquele sorriso não durou nem mesmo um segundo antes que a serenidade retornasse ao semblante de Lucian.
“Então você ainda possui um instinto de auto preservação?” Lucian deliberadamente fez uma expressão de desconfiança, a pequena acrobacia que Juuzou havia feito para pular direto no meio dos ghouls armados dizia o contrário, e embora ainda não tenha acontecido, partir para lutar sozinho contra a Coruja também é o oposto de se preservar. “Mas você tem razão. E embora eu não seja um investigador da CCG, eu também não sou da Aogiri Tree, então não há motivo para lutarmos… E que graça teria lutar contra um jovem que nem mesmo possui um quinque?” Ele riu enquanto dizia.
“Eii! Dizer algo assim não é muito gentil”, Juuzou reclamou como uma criança que teve seus doces negados ao ouvir as palavras que claramente o subestimavam. Mas no fundo, ele sabia que era verdade: seria impossível para ele derrotar um ghoul mais poderoso ou um investigador portanto um quinque incompleto. Uma pessoa com um quinque rank B incompleto e uma com um quinque rank S ou até maior são completamente desiguais, o mero condicionamento físico e habilidade não são suficientes para superar essa diferença quase abissal.
Ele poderia não ter uma ideia precisa do quão forte Lucian é, mas ainda sentia que era o suficiente para superar a pessoa mais forte que já havia encontrado antes, portanto, agir de forma imprudente não ajudaria em nada.
Afinal, este não é um mundo de fantasia sangue quente, onde amizade e determinação podem superar todas as barreiras. Os humanos precisam de truques, armas e estratégias para igualar ou superar um ghoul.
“Talvez. Mas desde quando a verdade se preocupa em ser gentil?”, Lucian questionou, sabendo que o jovem em sua frente entende isso muito bem, “Elas apenas é um fato.”
“Mas nem sempre ela ganha da mentira…”, Juuzou murmurou com o olhar baixo, não sabia-se o que passou por sua cabeça naquele momento.
“E mesmo assim, continua sendo a verdade.” Lucian afagou a cabeça de Juuzou.
…
‘… Por que o cabelo de todo mundo é tão macio nesses mundos?’ Seja homem ou mulher, rico ou pobre, humano ou outro ser, todos tinham um cabelo estranhamente macio. No final, talvez isso só possa ser atribuído a magia de ser um mundo de anime.
Claro, essa ação não durou muito e ele logo retirou a mão. ‘Esse é um dos momentos mais vulneráveis de Juuzou, mas também é um dos momentos mais voláteis. Deixar que o Shinohara aja como uma figura paterna pode ser melhor…’ Lucian terminou uma curta linha de raciocínio, decidindo dar um passo para trás temporariamente.
“Nâo falamos muito, mas estou ansioso para nosso próximo encontro, Juuzou. Quando isso acontecer, eu lhe darei um pequeno presente… se sua capacidade de combate for satisfatória.” Ele deu acenou suave, antes de acelerar e desaparecer em um piscar de olhos.
“… Isso foi estranho”, Juuzou murmurou baixinho ao ver a sequência de acontecimentos, principalmente por ter notado vagamente que a intenções de Lucian pareciam ter passado por alguma mudança, mas resolveu apenas seguir despreocupado enquanto arrastava o inconsciente Yamori em uma de sua mãos.
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“Ser rápido é tão útil.” Lucian suspirou enquanto corria ainda mais rápido. Ele ainda não havia conseguido decidir qual era mais interessante: o fato de conseguir acelerar até a velocidade máxima em um tempo curtíssimo, conseguir desacelerar em um instante sem causar catástrofes devido a energia cinética ou o seu corpo com “defesa” um tanto baixa conseguir aguentar todo o atrito sem se desfazer camada por camada.
Desconsiderando a possibilidade da aceleração extrema destruir todos os órgãos internos dele, mas e a temperatura, que em velocidades hipersônicas, facilmente atinge mais de dois mil graus Celsius? Talvez isso não dure o suficiente para ser danoso em um trajeto curto, mas em um trajeto longo?
Tem algo especial nele nos demônios que impede tal dano ou é as leis desses dois mundos(Kimetsu e Tokyo Ghoul) que são diferentes e permitem que isso ocorra? Todo o aquecimento aerodinâmico funciona de forma diferente ou existe uma exceção para seres sobrenaturais?
Lucian sentou-se no topo de um prédio enquanto pensava nisso, embora não pretendesse se aprofundar muito nisso, afinal, que diferença faria? Nenhuma, ao menos por enquanto. Por outro lado, ele poderia muito bem assistir o show que iria acontecer no topo dos prédios em apenas alguns instantes.
Ele pode até não interferir, pode nem mesmo estar perto, porém ele não perderia isso de jeito nenhuma. Irmãos brigando até que um não aguente mais é algo lindo, poético e está presente nos melhores clássicos.
Caso ainda não esteja obvio o suficiente, ele está esperando pela luta entre Touka e Ayato. Os dois são ukaku, então preferem um lugar amplo, portanto, subir ao telhado é a decisão lógica a se tomar e com os sentidos potentes de Lucian, ele já havia sentido que eles estavam gradualmente subindo.
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