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    Respirado o ar fresco da noite e aproveitando a suave brisa, qualquer um ficaria relaxado. Olhando para cima, pôde ver as estrelas cintilando e a lua brilhando de forma tão encantadora. Ao longe, podia-se ver as folhas das árvores balançar serenamente.

    Mas ao olhar para baixo… o observador iria se deparar com a cena quase infernal da carne sendo dilacerada, cada golpe dos tentáculos tipo rinkaku e bikaku sendo capazes de despedaçar cada osso daqueles pegos de surpresa, alguns usuários de koukaku manifestavam suas kagunes no formato de uma lâmina capaz de facilmente cortar humanos ao meio e os ghouls com ukaku faziam chover projéteis sobre os inimigos.

    E o pior… os ghouls sem kagune, que atacavam com suas unhas e dentes, gerando uma cena ainda mais brutal, como pessoas que haviam desistido da racionalidade e cedido à bestialidade.

    Claro, os investigadores da CCG não eram tão diferentes, até mesmo pareciam piores, pois cada um deles carregava um ar desesperado. Cada um deles preparado para lutar até a morte e, realmente, muitos teriam de fazer isso cada quisessem matar algum ghoul.

    “Ainda bem que aqui em cima está um pouco mais silencioso.” Lucian bocejou antes de franzir o nariz, “Embora o cheiro de pólvora continue forte.”

    Então ele aguçou um pouco sua audição, ouvindo as colisões subindo gradualmente os andares do prédio. “Me surpreende que tenham demorado tanto para começarem a lutar…”, após verificar levemente como estava a situação da luta entre o Ayato e a Touka, sua audição se retraiu um nível comum.

    Felizmente, isso era algo possível de fazer ou ele teria enlouquecido há muito tempo. Sem foco e controle, ouvir tanto poderia se tornar devastador para a mente.

    Durante o curto momento de reflexão, duas sombras voaram para o teto e pousaram em lados opostos. Os rostos com expressões ríspidas e olhos atentos enquanto encaravam sua contraparte.

    Embora aqueles com uma mente aguçada poderiam notar a suavidade no fundo dos olhos da figura feminina com cabelos arrumados e, mesmo que muito bem disfarçado, a leve hesitação nos movimentos da figura masculina de cabelos bagunçados.

    “Pior que o Ayato com esses cabelos azuis e eriçados tem mais cara de protagonista do que o Kaneki, que tem um cabelo comum e um penteado sem graça.” Lucian colocou a mão no queixo ao perceber isso, lembrando-se dos penteados mirabolantes que os protagonistas de anime costumam possuir.

    ———–

    “Você é fraca, não entende isso? Você vai perder assim como nosso pai”, Ayato rosnou enquanto suas asas se desdobravam antes de acelerar em direção à Touka. O baixo suprimento de RC é um problema para usuários de ukaku, afinal, lançar projéteis é algo custoso.

    Cada cristal é feito de RC puro, portanto, cada cristal lançado é menos RC no suprimento e quando ele se esgota, o ghoul é levado ao cansaço.

    Qual a solução que Ayato encontrou? Não lançar projéteis. Tão simples.

    Trocar o ataque a distância pelo combate corpo a corpo é abrir mão das vantagens do tipo ukaku, mas também retira suas desvantagens. Por isso que ele se especializou na curta distância. Embora as asas cristalizadas não tenham tanta resistência quanto a de uma kagune do tipo koukau, ainda são de grande utilidade.

    A velocidade, essa sim, era o ponto forte de ambos. Assim Ayato apareceu na frente de Touka em um piscar de olhos. Sua figura apenas uma sombra para os olhos destreinados.

    Com um giro amplo, uma de suas asas avançou como um chicote e com igual velocidade, Touka se desviou, sua asa também se desdobrando e cristalizando para atirar uma rajada de cristais.

    E mais do que isso, ela continuou abrindo distância e atirando rajada após rajada. Mesmo que recém transformada em uma demônio, ela havia percebido uma das maiores vantagens que isso proporcionava: um suprimento infinito de energia.

    Todo o RC que ela usava estava sendo reposto de forma quase instantânea, tornando possível a execução de rajadas ininterruptas.

    “Heh, apelando para táticas desesperadas? Não sei como sua força aumentou tanto desde nossa última luta, mas continua inútil.” Bem, Ayato ainda não sabia deste fato. Para ele, agir tão imprudentemente era apenas apressar o inevitável.

    “Logo você verá.” Ela permaneceu calma, apenas mantendo um ritmo constante, não se deixando abalar pela facilidade com que seu irmão destruía cada projétil.

    As asas o envolviam como um casulo, fornecendo uma defesa sem pontos cegos e com os ocasionais movimentos das asas, todos os projéteis eram inutilizados.

    Ayato novamente tentou um avanço, um impulso direto com o objetivo de fechar a distância entre os dois.

    E neste momento, aproveitando a pequena brecha na defesa que se abriu com os movimentos dele, Touka fez uma breve pausa em seus disparos com o único objetivo de carregar e lançar um projétil ainda maior e mais denso.

    O cristal aproximadamente dez vezes maior e muito mais denso saiu de sua asa direto em rota de colisão com seu irmãozinho mais novo que, estando no meio de um impulso para frente, não conseguiria desviar.

    Em apenas uma fração de segundo a colisão aconteceu, a ponta afiada do cristal perfurando sem dificuldade o casulo de Ayato e se cravando na carne dele.

    “Te atingi.” Touka sorriu olhando para o cristal inserido no ombro de direito dele e começou a retrair sua kagune. “Sabe, eu não acreditei quando Lucian falou que você queria me proteger. Eu me perguntei ‘por que ele me espancaria se queria me proteger?’, mas a resposta que ele me deu foi muito convincente ‘Ayato é um adolescente estúpido’.”

    Touka então lançou mais um cristal, desta vez mirando nas pernas dele. Ayato se apressou e golpeou o cristal com sua asa, o quebrando, antes de recuar um pouco.

    Tendo o obtido o controle do ritmo da batalha, ela avançou pela primeira vez, sua asa chicoteando contra ele em um movimento copiado.

    “Ele estava certo, você é um adolescente estúpido.” Touka olhou para seu irmão mais novo caído no chão, agachando-se perto dele.

    “O quê? Adolescente estúpido?!” Ayato olhou para ela, a dor em seu ombro até mesmo foi esquecida por um momento e mais, o tom de sermão o deixou atordoado.

    “Sim, que outra forma eu poderia usar para descrever um adolescente que fica andando por aí com um monte de malucos como esse pessoal da Aogiri Tree e ainda bate na irmã mais velha?” Touka deu um puxão de orelha nesse irmãozinho mais novo que estava indo pro mal caminho.

    “Ai! Para com isso!” Estranhamente, Ayato se sentiu incapaz de revidar. Estaria ele finalmente sentindo os poderes que uma irmã mais velha possui?

    “E se você queria ficar mais forte, existe lugar melhor do que na Anteiku? Eles podem ser gentis, mas todos são ghouls muito poderosos.” Depois de dar um soco na cabeça de Ayato, Touka o abraçou, “E irmãos devem ficar juntos…”

    Inconscientemente, Ayato ergueu os braços e após hesitar meio segundo, abraçou Touka com força.

    “Ah… nada como uma pequena surra para colocar juízo na cabeça de jovem desobediente.” Lucian enxugou a lágrima inexistente no canto do olho.

    “Não diga coisas desse tipo, essa é uma cena emocionante”, disse Kaneki, enxugando de verdade as lágrimas que ameaçavam escorrer.

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