Capítulo 47: Areia e Ossos

Capítulo 47: Areia e Ossos

Tradutor – KILLANNO

Ele pode fazer isso? Render-se desta maneira?

(Bem, se eu fosse Krieg, provavelmente estaria muito aborrecido com o meu seguidor neste momento. Mas, mesmo que ele seja provavelmente um dos pilares da organização, ele continua sendo um humano. Tal como o imperador dos Djinns, ele nunca o atacou diretamente porque estava assustado. Trata-se apenas de um retiro estratégico.)

Ok. Faz sentido, apenas pensei que eles deviam ser leais até à morte ou algo do gênero. Agora consegui torná-lo meu prisioneiro, o que devo fazer? Porque me pediu para que o mantivesse vivo?

(Já que chegamos a esta situação, basta pedir-lhe que nos acompanhe até à sua base. E ter uma reunião com a pessoa responsável, ele deve ser chamado de profeta ou apóstolo. Esse é o nome padrão).

Ok.

“Você vai nos-s conduzir ao seu li-lider, sleek sleek.”

“Nós? Você e mais alguém? Tinha mais do que apenas um homem-rato?” Vejo-o investigar ao redor enquanto me interroga.

“Eu e mais-s alguém, sleek sleek. Apenas-s me leve para s-sua base.”

Ok, errei quando disse ‘nós’. Mas isso é uma coisa boa, dessa forma, ele pensará que há outros homens-rato à minha volta, apenas esperando uma única ordem para matá-lo. Mas isso significa que ele realmente se rendeu sozinho. E ele não parece muito assustado ou mesmo surpreendido. Isso é esquisito. Talvez ele seja realmente bom em esconder suas emoções. Por isso, sigo-o depois de termos saído da Necrópole.

Estranhamente, é a primeira vez que estou com alguém que precisa comer ou descansar. As outras vezes, foi com um Djinn ou com um deus. Mas agora, tenho que esperar ele terminar a sua refeição ou mesmo dormir  quando for noite. Ele deve me achar verdadeiramente estranho. Quero dizer, fico aqui, sem me mexer e assistindo fazer seu trabalho. Acho que ele provavelmente teria tentado escapar se eu não fosse assim. Tipo, quando for de noite, e eu estiver dormindo, ele rapidamente foge da minha vigilância. Mas é uma pena para ele, eu não preciso fazer essas coisas. Se ele fizer uma pergunta sobre isso, posso dizer que somos vários homens-rato que se comunicam uns com os outros. Espero que ele não pergunte nada sobre isto.

No final, estamos avançando lentamente. Só o fato de um humano não poder andar no deserto é um bom fator. Depois disso, tem as numerosas pausas, onde ele bebe, descansa um pouco, come alguma coisa. Por vezes, apenas paramos num oásis durante horas, para reabastecer a sua cabaça e desfrutar de algumas sombras. Esta situação me faz lembrar as inúmeras missões de escolta, onde tem que levar um NPC estúpido até um ponto, e ele se move à velocidade de um caracol, enquanto você poderia ter feito em cinco minutos se ele não estivesse presente. Aquele NPC que é apenas um pouco mais lento do que sua caminhada, o que significa que você tem de andar, parar, andar de novo. E é isso que está a acontecendo nesse momento. Agora só espero que um monstro o ataque, só para fazer ele andar mais depressa ou até correr. Sim, isso seria ótimo.

Oslo, vê alguma coisa por perto?

(Não, nada, mas se estiver algo escondido, terei dificuldade em encontrá-lo. E com o movimento errático do nosso cativo, nem sequer tenho a certeza se estamos realmente a caminho do esconderijo de Krieg).

Ótimo, agora talvez haja uma chance de que Daryl esteja tentando fazer com que nos percamos. Estou realmente perdendo a paciência agora. Bem, esquece, vou apenas derreter um dos seus braços e depois ele se moverá. Aproximo-me de Daryl e, como era de se esperar, sentindo algo estranho, ele recua rapidamente. Não se preocupe, não te vou matar, apenas destruir um membro teu. Claro que não vou dizer isso a ele. Mas o problema é que, sempre que eu dou dois passos, ele dá dois e ambos percorremos a mesma distância. Por isso, ou eu tenho de o atacar, ou tenho de o fazer parar. Crio uma bola na minha mão e encho-a de ácido, depois olho para Daryl, e começo a andar suavemente. Ele já não se mexe. A ameaça é óbvia, ou fica quieto ou recebe o meu ácido.

Depois de eu estar perto dele, observo que ele ainda não tentou falar. Isso é esquisito. Ele deveria ter pelo menos reclamado ou tentado me impedir de lhe fazer alguma coisa. Tentei agarrar o seu braço, falhei. Como posso falhar em agarrar o braço dele? Eu tento novamente, mas a única coisa que agarro é uma manga vazia. Não há nada lá dentro. E enquanto tento olhar nos olhos de Daryl, vejo o seu rosto se transformar em areia e ser levado lentamente pelo vento. Aquele bastardo! Ele era metade Djinn. E agora ele está fugindo. Quando me recuperei do meu choque, o seu corpo já desapareceu e apenas as suas roupas são visíveis no chão. É até muito tarde para usar a minha aura para o exterminar.

(Avisei você de que eles são um bando de criaturas estranhas. Não esperava um Djinn, só para ser claro. Mas agora isso significa que não temos maneira de encontrar os servos de Krieg. E provavelmente não estamos nem perto.)

Ok, consegue encontrá-lo, com um localizador que eu não conheço?

(Sim, não se preocupe, ele pensa que está fugindo apenas dos homens-rato, mas não se pode fugir da vista de um deus. Bem, você pode, mas não ele. Tenha calma, relaxe no oásis e espere até que ele reapareça.)

Então devo apenas sentar e esperar? Tudo bem, mas talvez eu tente criar um novo feitiço. O tempo de espera disso já deveria ter acabado, ou pelo menos a minha evolução já o deveria ter reiniciado. Então, que nova e maravilhosa fonte de destruição eu deveria criar? Vamos resumir o que eu tenho. Tenho um feitiço para cobrir eu e um objecto na escuridão, útil apenas durante a noite. Ou para provocar surpresa quando for dia. Tenho uma arma de longo alcance e precisa que é alimentada tanto pelo meu ácido e pela minha peste. Tenho uma área de efeito de maldição para deixar lentos os inimigos que me rodeiam. Tenho uma pequena regeneração, e minha saúde pode sempre ser reconstituída. De que é que preciso?

Não algo com os elementos básicos como fogo ou gelo, já os experimentei. Algo relacionado com a morte, escuridão, venenos ou doenças. Eu poderia me tornar um pequeno necromante. Ressuscitar os corpos, para atuar como um escudo de carne. Mas o único problema é como eu mato a maior parte das minhas vítimas com ácido. Então não há muitos corpos que ainda estejam intactos. E não sei se consigo simplesmente criar um esqueleto a partir do nada. Bem, ainda posso tentar. Pense cuidadosamente, crie uma criatura da morte, sinta os seus ossos se materializarem à sua frente, apenas com as mãos nuas, um esqueleto branco perfeito. Com um corpo inteiro. Sem membros em falta, mas nada mais. Agora forme a mana na sua mão nessa ideia. Sim, sim, ESTÁ VIVO! ESTÁ VIVO! EIS A MINHA CRIAÇÃO!

Algo está se formando à minha frente, consigo ver os ossos a aparecer lentamente do nada, somente por minha causa. Sim, está se formando um esqueleto, o primeiro soldado do meu exército. Um exército, criado com o único propósito de atacar tudo o que se opõe a mim.

Hahaha, é claro, tem que ser um nome fácil de lembrar e lógico.

– Ressuscitar dos Mortos-Vivos

Ótimo, agora só preciso criar mais um e… 2/357 MP. Utilizei quase tudo o que tenho, apenas para criar o esqueleto mais básico. Ele nem sequer tem uma arma. Demorará pelo menos seis horas, para criar um novo. E estou certo de que ele não é muito resistente. Aproximo-me do meu soldado recém-formado e apenas o atinjo levemente. O seu ombro explodiu com o contato das minhas garras. Ele perdeu a sua vida, ou sua não vida, diria eu, instantaneamente. Ótimo, para ser o meu escudo de carne… nem pensar.

Mas todos os passivos relacionados com a magia melhoraram. Ótimo, por isso mais regeneração de mana, menos tempo de fundição e menos consumo durante os feitiços. Apenas calculando na minha cabeça qual teria sido o custo real de criar um esqueleto sem esta redução. Pelo menos 600 MP. Porra, eu compreendo porque é que aquele lich na caverna dos mortos-vivos só tinha o pior dos piores. Porque ele não conseguia nada melhor. Pelo menos os dele tinham espadas quebradas e coisas do gênero. Ok, talvez tenha sido muito duro com aquele lich, pelo menos os seus esqueletos eram capazes de levar 2 pancadas antes de morrer. O meu não tem nada e é destruído pela minha força miserável.

Durante os dias seguintes, cada vez que pude, criei outro esqueleto. Mas o meu feitiço nunca evoluiu, por isso ainda tenho provavelmente um esqueleto de 1 HP. Uma vez, pedi a um deles para dar um murro na árvore próxima, a sua mão foi destruída no processo. Vai ser um caminho muito longo.

(Pare de bancar o Deus da Morte e prepare-se para se mover, finalmente consegui encontrar o nosso velho amigo.)