Capítulo 26 – Emboscada
— Como ela está? — berrou Maycon desesperado, enquanto disparava diversas esferas de metal na direção em que os projeteis vierem. Devido à névoa espessa, a única coisa que conseguia ver no horizonte eram as silhuetas dos edifícios de onde provavelmente o atirador estava. A única coisa que podia fazer era disparar aleatoriamente, esperando de alguma forma suprimir o inimigo.
— Ela está bem, os tiros pegaram de raspão — disse Poti, ainda por cima de Aline, protegendo-a com seu enorme corpo que já tinha sido alvejado por diversos projéteis.
Aline, enquanto pressionava o corte com uma mão, pegou o projetil que tinha a atingido com a mão livre. Era uma espécie de espinho pontiagudo com pouco maior que 20 cm e se assemelhava e muito com os espinhos de um porco-espinho.
— Estou bem! Temos que sair daqui o mais rápido possível — alertou Aline, que começou a se sentir tonta graças ao canto de pássaro que não cessava.
Vidal ergueu-se, e em meio a uma rajada de espinhos, com alguns deles acertando suas costas. Ele fincou o bastão na terra que pisava, e em um piscar de olhos, raízes brotaram do chão e formaram um casulo em volta do grupo, que agora está fora do alcance do atirador. O casulo serviu também para suprimir o canto do pássaro que estava causando a exaustão e tontura.
— Que merda! — berrou Poti, enquanto retirava os espinhos espalhados em sua costa. — Como esses desgraçados nos acharam no meio dessa neblina.
— Não sei — disse Maycon, o único vigilante que não havia sido atingido pelos espinhos. — Mas uma coisa eu sei, eles não são bons de mira. Existem duas possibilidades: Ou o atirador é um amador de merda, o que eu duvido muito, ou ele realmente não estava nos vendo no meio da neblina.
— Então como ele sabia exatamente onde atirar, e de onde veio aquele canto de pássaro? — indagou Vidal, retirando um espinho que tinha penetrado mais fundo em seu ombro direito.
— Eu tenho uma ideia de como eles sabem nossa localização — disse Aline, que já tinha conseguido estancar o sangramento no pescoço.
Aline contou para o grupo sobre o estranho acontecimento que presenciou sobre o balanço isolado que se mexia de forma inatural.
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— O que você acha que é? — perguntou Maycon, coçando a nuca.
— Não sei exatamente, mas talvez possa ser um inimigo com a capacidade de ocultar sua presença e esteja informando nossa posição para o inimigo — respondeu Aline, amarrando uma tira de tecido em volta do pescoço. — Percebam que após Vidal criar esse casulo em nossa volta, os espinhos pararam de serem lançados em nossa direção logo em seguida.
— Hum… verdade, faz sentido — disse Poti, segurando a Ponta do queixo, como se estivesse pensando em um plano ou refletindo sobre sua decisão se seguir com o grupo nessa missão suicida.
— E então, qual é o plano? — indagou Vidal, apoiado no bastão ainda fincado no chão.
Enquanto os outros discutiam sobre as possibilidades, Aline percebeu uma mosca voando perdida em meio ao grupo. Suavemente ela foi aproximando sua mão em direção à mosca, até conseguir prendê-la entre suas mão com um movimento ágil e preciso.
Ao perceberem a atitude de Aline, o resto do grupo ficou em silêncio e observou o que ela fazia. Após cochichar algumas palavras para a mosca presa em suas mão, Aline olhou para Vidal.
— Você consegue criar uma abertura no casulo grande o suficiente para passar uma mosca? — indagou Aline.
— Sim, fácil — respondeu Vidal, posicionando ambas as mãos no bastão fincado no chão, e após se concentrar por alguns segundos, uma pequena fenda foi aberta no topo do casulo, por onde uma faixa de luz tímida passava. — Feito.
— Obrigada. Agora vai — disse Aline, libertando a mosca de suas mãos. O inseto voo direto para a abertura, que era grande mais que o suficiente para permitir sua passagem. — Certo, pode fechar o casulo novamente.
Assim que a faixa de luz que penetrava o casulo extinguiu-se, Aline levou ambas as mãos à sua cabeça e fechou os olhos, entrando em contato telepático com a mosca, que já voava livremente do lado de fora do casulo.
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— E então, o que a mosca diz? — indagou Poti, após alguns segundos após Aline ter fechado os olhos.
— Shiii! — chiou Maycon. — Ela precisa se concentrar, procure ficar quieto até que ela fale algo.
Apesar de já ter feito isso dezenas de milhares de vezes, sempre era um desafio para Aline fazer contato telepático com qualquer animal que fosse. Requeria uma concentração e força mental sobre-humana para conseguir manter o contato telepático por mais de 10 segundos, e o ferimento no pescoço era outro fator que atrapalhava ainda mais para manter a concentração.
— Está tudo normal, por enquanto. Não vejo nenhum sinal do inimigo — disse Aline, ainda com os olhos fechados. — Vou pedir para ela ir até o balanço.
Por meio da telepatia, Aline guiou a mosca até o local onde se encontrava o balanço, encontrando-o da mesma forma que havia visto anteriormente. Um único balanço mexia-se para frente e para trás, mesmo aparentando não ter ninguém o usando.
“Isso é muito estranho, não tem nem mesmo uma brisa, como ele está se mexendo sozinho?” pensou Aline, assustando-se logo em seguida ao presenciar o surgimento repentino do inimigo, que se materializou na frente da mosca.
O inimigo em questão, era um híbrido, com uma aparência semelhante a um camaleão com características humanas. Era ele que estava por cima do brinquedo do parque, balançando-se de um lado para o outro, enquanto segurava o que parecia ser um walkie-talkie em uma das mãos.
— Eu encontrei o bastardo! — disse Aline, antes de descrever toda a situação para o restante do grupo.
— Bem, agora sabemos quem estava dedurando nossa localização, agora só falta encontrar o responsável pelo canto e os espinhos — disse Maycon, sentindo um orgulho interno flamejante pela sua irmã.
— Certo, vou tentar fazer uma varredura no perímetro — disse Aline, ordenando a mosca que se dirigisse até os edifícios atrás de onde o grupo estava posicionado.
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Antes que a mosca virar-se em direção a próxima localização, alguma coisa a agarrou, e em questões de milésimos de segundos, elas foi puxada em direção a boca do camaleão, sendo esmagada logo em seguida.
— Argh! — Aline gemeu de agonia. Toda a dor e agonia que aquela pequena mosca havia sentido ao ser esmagada havia sido transferida para Aline também. — Merda, ele matou a mosca.
— E agora? — indagou Vidal, que já estava suando muito graças ao calor dentro do casulo que só aumentava a cada minuto. — Temos que ser rápidos, daqui a alguns minutos aqui vai estar quente como um forno.
— Certo, eu já tenho um plano — disse Maycon, antes de explicar sua ideia para o restante do grupo.
Enquanto isso, do lado de fora do casulo, o híbrido com forma de camaleão observava a estrutura feita de raízes ao longe, enquanto se balançava no brinquedo.
— Sem nenhum sinal deles — disse o camaleão, se comunicando por um walkie-talkie.
— Certo, qualquer movimentação esquisita você me informa — respondeu uma voz ruidosa vinda do walkie-talkie.
— Sim, senhor — disse o camaleão antes de desligar o rádio. — Sim, senhor. Não, senhor. Vai se forde, senhor. Sempre sobram os trabalhos mais sem graça para mim.
Enquanto reclamava consigo mesmo, o camaleão escutou um som estranho vindo do local onde os vigilantes estavam abrigados, um barulho semelhante com o que ocorreu durante a formação do casulo. Antes que ele conseguisse informar ao seu parceiro híbrido, duas figuras irreconhecíveis saíram de dentro do casulo e se puseram em corrida.
— Spike, tem dois deles se dirigindo para a saída do parque, devem passar ao lado do escorrega a qualquer instat- — Antes que terminasse de passar a informação completa, o camaleão foi surpreendido ao ver mais duas figuras saírem do casulo, que se desfez logo em seguida. — Merda! Tem mais dois deles fora, estão correndo na direção oposta.
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— Especifique aonde, seu imbecil. Eu não consigo ver quase nada daqui de cima — respondeu a voz estridente.
Em um momento de confusão, sem saber de qual dupla passar a localização primeiro, o camaleão se assustou ao ver que a segunda dupla a sair do casulo parecia vir em sua direção.
“Não, isso só pode ser coisa da minha cabeça.” pensou o híbrido, vendo os vigilantes chegarem cada vez mais perto do local onde ele estava, sem desviarem de direção em nenhum momento.
— Merda, acho que eles me encontraram — disse o camaleão com a voz trêmula de medo.
— O quê?! — berrou a voz, que mais se assemelhava com um ruído, vinda do walkie-talkie. — Você é um idiota! Saia dai agora! Se eles te pegarem, nos estamos-
— Manda a Sonata abrir o bico e começar a cantar o mais forte que conseguir, agora! — berrou o camaleão, interrompendo a fala de seu parceiro, antes de descer do balanço e correr pela areia para longe dos vigilantes. Poucos segundos após seu pedido, o som que o grupo de vigilantes havia escutado segundos antes de serem atacados voltou, mas dessa vez muito mais potente.
Poti e Vidal, a dupla que estava perseguindo o camaleão, percebeu o movimento estranho do balanço ao camaleão, que estava invisível, pular para fora, percebendo logo em seguida o rastro que ele deixou para trás ao correr na areia.
— Por ali — berrou Poti, apontando com gestos na direção das pegadas, que se formavam na areia fina do parque, bem em frente deles. — Ali está o desgraçado.
“Por que eles não pararam? Já era para eles terem caído duros no chão com a potência máxima do canto da Sonata.” pensou o camaleão, sem saber que os vigilantes já haviam descoberto o segredo por trás do canto e já tinha criado uma medida preventiva para não serem afetados pela melodia: cada um deles colocou pedaços de tecido retirados de suas próprias roupas nos ouvidos.
Vidal, mais uma vez, usou de sua habilidade sobre-humana para manipular a forma do bastão de madeira e transformá-lo em uma espécie de laço, jogando-o logo em seguida na direção que as pegadas estavam se formando. Assim que sentiu que havia acertado o alvo, ele puxou o laço com toda a força em sua direção, prendendo ambos os pés do híbrido que tombou de cara na areia, deixando o walkie-talkie escapar de sua mão e ir para longe.
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Com o impacto da queda, a invisibilidade do híbrido se desfez, e sua forma real veio à tona. Ele ainda tentou rastejar até o rádio, mas antes que pudesse ao menos tocar no walkie-talkie, sentiu uma enorme pressão nas costas, o que o fez parar na hora. Enquanto Poti havia neutralizado o híbrido, apenas pondo um dos pés nas costas do camaleão, Vidal amarrou ambas as mãos do alvo atrás das costas, utilizando o laço.
Após o inimigo estar totalmente neutralizado, Poti foi até o rádio jogado na areia, pegando-o e fazendo uma rápida análise.
— Se vocês acham que vou ajudá-los e dedurar meus parceiros, pode esquecer — berrou o camaleão, com metade do rosto grudado na areia.
Poti, sem entender o que o híbrido dizia graças aos ouvidos tapados, desferiu um soco no rosto do camaleão, que afundou ainda mais fundo na areia. O soco foi forte o suficiente para deixar um hematoma no local do impacto, mas não potente ao nível de nocautear o híbrido.
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