Cought! — Um jato de sangue saiu de dentro da garganta da Sonata, a hibrida meio humana meio pássaro. — Não dá, não aguento mais. 

    Após forçar muito suas voz, Sonata levou suas cordas vocais ao limite, fazendo sua voz falhar e ficar extremamente rouca e baixa. 

    — Merda! — xingou o porco-espinho.

    “Eu já contatei aos outros grupos de vigia, mas até eles chegarem aqui os invasores terão fugido. Mas que merda!” pensou o hibrido, coçando sua barbicha composta por espinhos fino e pequenos. 

    — Acho que a melhor coisa que- — A fala do porco-espinho foi interrompida por algo irreconhecível que passou a pouco centímetros de sua cabeça a uma velocidade assustadora. — AH! — berrou o hibrido, abaixando-se logo em seguida, escondendo-se por trás do para peito do edifício. — Essa foi por pouco… AHHH! — O grito de horror do híbrido ecoaram por todo quarteirão ao olhar para o lado e ver sua parceira deitada no chão com a testa perfurada e um enorme buraco na nuca, por onde vazava sangue e miolos. — SUAS BESTAS DEMONICAS, VOCÊS VÃO PAGAR COM SUAS VIDAS PELO QU… — Os grito do híbrido foram interrompidos após ele ter a lateral de sua cabeça perfurada por um projetil, que foi lançado com força suficiente para varar o parapeito de concreto. 

    À cerca de 100 metros do edifício de onde os híbridos haviam sido mortos, Maycon se gabava da precisão cirúrgica de seus disparos. Com a ajuda do híbrido capturado, que dedurou a localização de seus parceiros, e os gritos de desespero do porco-espinho ao ver sua parceira morta, Maycon conseguiu identificar a direção certeira a qual devia disparar suas esferas de metal. 

    — Viu?! Não estou tão enferrujado assim — disse Maycon, assoprando o dedo indicador da mão direita, simulando uma arma de fogo. 

    — É… devo admitir que foi um belo tiro — disse Poti, deixando escapar um sorriso maroto. — Mas isso não seria possível sem a ajuda do nosso amiguinho aqui.

    Junto ao grupo de vigilantes, estava o hibrido com características de camaleão, amarrado a um poste do tronco aos pés. Em uma de suas bochechas, um enorme hematoma roxo, resultado do golpe de Poti.

    — V-viu, eu disse que seria cooperativo. Aqueles ali eram dois paus no cu, merecia morrer mesmo — disse o hibrido, tentado disfarçar a voz tremula.

    — O que fazemos com ele agora? — indagou Aline. 

    — Não é obvio? — disse Maycon, enquanto desembainhando uma faca gigante de seu cinto. 

    — Ei, ei, para que essa violência? — indagou o hibrido, suando frio. — Eu posso ser muito útil para vocês. Possuo informações essenciais, que com certeza vão garantir a sobrevivência do seu grupo aqui.

    — Garantir nossa sobrevivência? Puff! — disse Poti, de forma pejorativa. — Vocês esta nos subestimando muito, se acha que somos alvos fáceis. 

    — Ah, seja sincero, nem você acredita no que acabou de dizer — respondeu o hibrido, deixando escapar por um momento seus reais pensamentos. 

    — O que você disse?! — berrou Poti, preparando mais um soco até ser parado por Maycon. 

    — Que tipo de informações você possui? — indagou Maycon, vendo uma oportunidade única de expandir seu conhecimento limitado sobre o inimigo.

    — Eu conheço os caras “grandes” de perto, o pessoal que realmente oferece ameaça para vocês — disse o hibrido, que celebrava em seu interior por conseguir fugir da morte certa. — Posso afirmar com 100% de certeza que vocês não são páreos para a elite da legião. 

    — E o que faz você ter tanta certeza assim? — indagou Vidal, desconfiado do híbrido capturado. 

    — Eu já vi esses caras fazerem coisas que vocês não imaginam nem nos seus sonhos. Eles são os melhores dos melhores. Foram selecionados a dedo pelo mestre para fazer parte de sua guarda pessoal. Eu e aqueles outros pobres coitados ali somos apenas bucha de canhão, nossas habilidades não são nada comparado aos da elite — disse o hibrido, engrandecendo os seus superiores para de alguma forma intimidar os seus raptores. “Vai que eles desistem da ideia e vão embora” pensou ele.

    — Você falou, falou, mas não disse nada — disse Maycon, levando a ponta de sua faca até o rosto do híbrido, arranhando a pele esverdeada e escamosa do meio camaleão. — Eu quero nomes e descrições mais precisas desses tais de “elite” e também do seu chefinho. Como vocês o chamam mesmo eh… ah, sim, Mestre. 

    — E-eu vou passar tudo que sei para vocês, é claro, m-mas antes disso nos temos que sair o mais rápido possível daqui — disse o hibrido, temendo por sua vida. 

    — Por que a pressa, lagartixa? — disse Poti, de braços cruzados e um sorriso no rosto. 

    — B-bem, eu tenho certeza que os dois idiotas do meu antigo grupo chamaram reforços antes de morrerem — respondeu o hibrido, tentando virar o rosto para o lado contrario da faca. — Eles já sabem que estamos aqui e a menos que saiamos quanto antes, eles vão nos achar e nos caçar feitos lobos com ovelhas. 

    — Nós? — indagou Aline, confusa. — Por que você se incluiu junto?

    — Os da elite não perdoam traidores. Para eles, eu sou um alvo a ser destruído, assim como vocês — disse o hibrido, ficando aliviado ao ver que Maycon estava tirando a faca de perto de seu rosto. 

    — Certo, você me convenceu — disse Maycon, guardando a faca de volta na bainha. — Pode soltar ele, Vidal.

    — Ei! — berrou Poti, agarrando no braço de Maycon, antes de aproximar sua boca do ouvido do companheiro vigilante e cochichar: eu não confio nele.

    — Nem eu, é por isso que vou ficar de olho nele 24 horas — respondeu Maycon, também cochichando. — Não se preocupa, ele não oferece ameaça nenhuma.

    Após Vidal desvencilhar as raízes que prendiam o hibrido no poste, o grupo seguiu a rota, sendo acompanhados por Aline. O ser metade camaleão, mesmo depois de ser liberto, ainda estava com ambas mãos presas atrás da própria costa, além disso, a corda que atava as suas mãos também estava ligada na cintura de Maycon, fazendo que eles pudessem ficar no máximo a 5 metros de distância um do outro. Aquele era uma medida de segurança para garantir que o inimigo não escapasse. 

    — Ahhhh… perdoem a minha falta de educação, eu nem me apresentei a vocês — disse o hibrido, com um tom formal. — Eu me chamo Stalker, pelo menos é assim que todos me chamam. 

    — Ninguém tá nem aí para seu nome, porra! — berrou Maycon, empurrando as costas do híbrido. — Eu juro que se tentar alguma gracinha, eu estouro seus miolos que nem fiz com seus amigos.

    — Eles não eram meus amigos, eram um bando de filhos da puta que me exploravam sem pudor. Na verdade, eu até fiquei feliz em ajudar a denunciar a posições deles e… — dizia o humanoide, antes de levar um tapa na nuca.

    — Tanto faz, peste! — exclamou Maycon, já se arrependendo de levar aquele hibrido junto ao grupo. 

    Após alguns segundos de silêncio, Aline não conseguiu se conter e fez uma pergunta ao prisioneiro.

    — Stalker, ein? Por que você escolheu esse apelido? — indagou Aline, puxando conversa com o híbrido capturado, o que não agradou muito a Maycon.

    — Não fui eu que escolhi esse apelido, e sim os meus antigos parceiros, mais especificamente os caras da elite — respondeu o hibrido, ficando um pouco aliviado ao ver que estava conseguindo, ou pelo menos parecia estar conseguindo, se socializar com o grupo de vigilantes.

    — Mas tem algum motivo específico para o nome? — indagou Aline.

    — Bem… — o hibrido engoliu seco antes de continuar sua fala. — Eu ganhei esse apelido por um motivo não tão bom assim, na verdade, foi por um motivo bem ruim…

    — Pare de enrolação, calango! — berrou Maycon, puxando a corda presa nas mãos do inimigo.

    — Digamos que eu usava minha habilidade de invisibilidade para fazer coisas bem anti-éticas. Um dia fui capturado por um dos elites enquanto fazia uma dessas coisas vergonhosas, e foi dai que ganhei esse apelido   — disse Stalker, sentindo uma vergonha descomunal. — Desde então sou mal visto por praticamente dos os outros do ninho.

    — Que tipo de coisas erradas você fazia para conseguir fazer até os caras daqui te acharem um arrombado? — indagou Vidal, na maior inocência.

    Quando o hibrido estava prestes a falar, Poti o interrompeu.

    — Certo, certo, chega de papo furado, vamos seguir o nosso caminho, e de preferência em silêncio — disse Poti.

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