Índice de Capítulo

    — Tá preparado? — Dimitri perguntou da porta. Eles estavam na sala onde os candidatos a lutar no Ringue esperavam pela sua hora. — Não sei o que você está pensando, mas esteve bem quieto essas últimas horas. Quer voltar atrás?

    — Não.

    Dante apenas estava sentado vendo a transmissão das lutas. Aquele Rubbem o surpreendeu. Era rápido, forte e não usava nenhum tipo de ataque desengonçado. Tinha uma técnica afiada com a espada, esgrima forte e centralizada em aparos.

    Claramente, ele tinha treinado muito para atingir aquele nível de movimentação. E seus pés, eram rápidos, deslizavam com delicadeza, mas suas pernas firmavam o solo para não ir além do que ordenava.

    — Quem treinou esse rapaz foi você, Dimitri. Entendo porque ele é um dos melhores nesse tipo de luta. Ele não apresenta uma falha aparente. — Dante se endireitou na cadeira, e voltou a assistir. — Ele tem uma defesa sólida, sabe usar a habilidade dele de maneira bem eficiente, e a espada que ele roubou faz o trabalho de atacar com fluidez.

    — Fiz o que achei necessário para ele ganhar alguma fama.

    Dante não deixou de ficar impressionado. Dimitri havia criado um pequeno monstrinho.

    — E o que acha que vai acontecer se eu for lá? — perguntou Dante virando para ele. — Acha que tenho chance de ganhar de alguém que você treinou por tanto tempo?

    — Dante. — Dimitri deu a volta na cadeira e sentou na cadeira ao seu lado, olhando o visor e apontando. — Robbem é um ótimo lutador. Eu fiz com que ele nunca mostrasse uma falha. Sempre o levei ao extremo para que nunca temesse um inimigo. Mas, hoje, eu quero que você faça ele sentir medo.

    O sorriso dos dois cresceram.

    — Esse é um pedido de um amigo ou de um aliado? — perguntou Dante.

    — De um amigo.

    Dante aceitou o pedido com gosto.

    — Então, vou mostrar pra ele porquê os mais velhos deveriam ser temidos.

    Aos poucos estava se acostumando a se intitular como um verdadeiro Veterano. A ideia era divertida porque justificava suas atitudes, e os xingamentos aos mais novos eram sempre mais divertidos.

    E faria de tudo para desestabilizar Robben. Ele roubou uma arma de Dimitri, então a tomaria junto do seu orgulho e também dignidade. Não importava quem ele fosse, quem era seu patrocinador, quem era seu Oficial, Tenente ou Capitão — Dante o faria entender o que significava lealdade.

    I

    Dante subiu o ringue sendo ovacionado por alguns. Outros se questionavam o seu verdadeiro motivo de estar ali. Sua idade e sua forma de caminhar, até mesmo sua roupa, eles não queriam ver um velho sendo forçado a cuspir sangue e ser carregado para fora.

    Seus passos foram se tornando mais altos à medida que ele se aproximava do centro. E assim que chegou, viu um homem do outro lado se preparando. Não era Rubbem ainda. Ele precisava lutar pelo menos três vezes para ter alguma chance de desafiar alguém.

    Ele pisou no ringue com as dezenas de vozes ao seu redor. O homem era o Cabo da Muralha, Vera Soul. Forte, atlético, tinha um olhar desafiador. Dante o encarou e sorriu maldosamente.

    — Vamos ver quanto tempo aguenta — disse abertamente. — Vou ter que me segurar um pouco.

    O juiz subiu no ringue e se colocou entre os dois.

    — É o seguinte, seus malditos. A simulação serve para que sejam testados em terreno aberto. Usem o que sabem para acabar com o outro, não tem regras, entenderam? Vamos fazer isso daqui um espetáculo. Vamos, batam os punhos e vamos começar.

    Eles fizeram e se afastaram. Duas portas se abriram em uma cor branca. Aquilo lembrava Dante da porta de simulação que usou contra James Rodd. Ele entrou sem hesitar e saiu em um imenso campo de pedra, com arquibancadas em ruínas e paredes destroçadas. O céu estava nublado, e ventava um pouco mais frio do que do outro lado.

    — É mais real do que eu imaginava. — E procurou por Vera Soul. O Soldado estava sentado no topo de uma torre quebrada, com uma espada em mãos. — Ah, aí está você, jovem. Assim fica mais fácil, sabia? Poderia ter uma chance se você escondesse sua presença e tentasse vir de alguma maneira mais indireta.

    — Fala muito pra um velhote.

    Dante parou e o encarou.

    — Isso foi bem grosseiro. Bom, espero que você possa me perdoar por isso.

    Ele arrastou a sola contra o chão pedregoso e a porcentagem da Energia Muscular aumentou. O atrito causou cerca de 1%, e ele converteu, criando uma energia meio azulada ao redor da sua pele. E deu um passo.

    Vera arregalou os olhos e se jogou para trás quando viu o punho de Dante passar rasgando onde estaria sua garganta. Ia se jogar para o solo quando viu a perna do velho descer contra seu peito. Ele voou em imensa velocidade e bateu contra as rochas.

    A fumaça criou uma fachada contra os espectadores. Dante pousou onde Vera estava antes e esperou.

    — Uma pena.

    A cratera causada pelo golpe rompeu os movimentos de Vera Soul. Ele estava travado entre as rochas, sem conseguir respirar direito. E seu corpo foi se transformando em flocos brancos até desaparecer completamente.

    Dante encarou seu corpo, mas nada de ficar branco. Então, é assim mesmo. Eu venço e fico esperando por outro.

    Do lado de fora, Dimitri assistia a luta de uma das arquibancadas. E não soube nem mesmo se expressar quando um dos apostadores se aproximou. Ele ainda estava de boca aberta, com uma moeda de prata na mão.

    — Ei, senhor Dimitri. Você ganhou três moedas de prata pela luta. — O homem o empurrou. — Vai querer apostar em quem agora?

    — Claro que vou apostar no velhote — e levantou entregando o dinheiro. — O nome dele é Dante, hein? Não se esqueça disso. Eu vou apostar as quatro moedas de prata nele. E ai de quem disser que sou burro.

    As risadas soaram. Todo mundo conhecia Dimitri, até mesmo os patrocinadores. Sempre falava com força, mas nunca levado a sério depois de ter sido trocado pelo Comando. Agora, ele apostava de novo, depois de anos, numa zebra que ninguém tinha certeza do que poderia fazer.

    O jogo era sujo. Quanto mais longe você chegava, mais os competidores saberiam da sua habilidade, do seu estilo de luta. Mas, havia alguns na plateia que observavam Dante com um olhar tenebroso.

    — Ele acabou com o Vera em dois golpes. — O Tenente Micael sentava escondido entre os civis. — O Oficial Rutteo não disse qual a habilidade dele, senhor.

    O Capitão Hermes respondeu do outro lado do comunicador:

    — Continue analisando. Quero saber porque Dalia quer tanto esse cara no esquadrão dela. Ela não vai roubar outra joia pra si assim tão fácil.

    — Sim, senhor. Vou continuar de olho.

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