Índice de Capítulo

    Leonardo teve sua cintura enroscada pelas correntes de Heian, que o puxou para trás quando praticamente as esferas se libertaram em filamentos menores. Ele usou a espada para bloquear dois ataques, e se jogou no ar, caindo e escapando de outro golpe que acertou o Arco de Vidro.

    Da outra ponta, Heian se lançava para cima e pra baixo, escapando das miniaturas velozes, e encarando Maethe brandindo seus braços e movendo tudo ao seu redor contra eles.

    — Não vai dar certo desse jeito.

    Desde que tinham começado a luta, o plano era enfraquecer a mulher para que ela utilizasse seu poder mental e telecinético juntos. Foi assim que Dante e ele pensaram antes de ir para a cidade. Foi por isso que demoraram tanto para chegar.

    Só não esperava que ela tivesse tanta Energia Cósmica e que pudesse usar a própria barreira de GreamHachi para alimentar sua habilidade. Heian travou quando viu uma das esferas e escombros vindo na sua direção.

    Seu corpo respondeu a situação, ao medo, endurecendo completamente para assegurar que ficasse vivo. A imensa estrutura chegou praticamente um metro dele. E foi explodida em fragmentos. As peças e lixos se espalham no ar, com Heian de olhos arregalados sem entender nada.

    A própria atmosfera de destruição e calamidade se tornou neutra ao redor deles. Leonardo também havia assistido e ficou se palavras. Maethe, por sua vez, perdeu o sorriso ao sentir uma Energia Cósmica que não deveria estar presente.

    Os três observaram, caminhando no solo, um homem com a aura do próprio demônio.

    — Clara conseguiu — esbravejou Leonardo. — E agora, Maethe, quer continuar com essa brincadeira?

    — Calado. O velho voltou a vida, mas vai acontecer o mesmo quando me encostar. — As rochas e entulho se transformaram em armas, afiadas e miradas para todos os lados. — Ninguém vai sair vivo daqui.

    Dante, então, tensionando sua perna ao máximo, respirou o mais fundo que podia. E apontou o dedo para Maethe, gritando:

    — Sua piranha, safada e cretina. Você me fez ficar preso naquele mundo por tanto tempo, e eu pude ver as pessoas que eu mais gostava. Posso não ter ficado preso, mas você machucou a Clara e também feriu os meus companheiros.

    Os três ficaram sem reação. Leonardo achou que aquela aura toda serviria para acabar com Maethe. Dante parecia… leve demais?

    — Eu mandei Marcus pegar Clara e levar daqui — informou Dante. — Então, o plano deu certo, senhores.

    Parando em cima de um dos prédios, Heian gritou, inconformado:

    — Você demorou muito, velhote. É agora?

    Dante bateu o punho da mão direita na esquerda, sorrindo grandiosamente. Esse era o sorriso que Leonardo e Heian gostavam de ver.

    — É agora.

    Maethe encarou-os, confusa. E ao se dar conta do problema que era ter Dante andando novamente, fez sua Energia Cósmica se expandir mais ainda, tomando uma parte ainda maior da cidade. E quando mirou em Dante, ele já não estava mais parado no chão.

    — Onde?

    Uma risada ecoou vindo da lateral. Ele girou para ver o velhote saltando entre as casas destruídas, sendo puxadas para cima. Seu impulso era mortalmente veloz, chegando a ficar pulando no meio do vórtice que ela mesmo tinha criado.

    Quando Dante saltou para uma casa maior, ela mudou o destino da residência para que ele não tivesse chão. Ao mesmo tempo, outra casa e um muro foram na direção dele. Dante simplesmente, saltou no próprio ar, usando um jato na sola dos pés, movimentado-se para frente.

    Maethe ficou incrédula.

    — Achou que eu era só um velhote que estava andando na sua cidade? — Dante subiu mais ainda. — O plano já tinha sido formado. Agora que todo mundo pode ver sua verdadeira faceta, as pessoas que vivem aqui nunca mais terão orgulhoso de dizer que são moradores de GreamHachi.

    — Elas devem isso a mim.

    Maethe girou rapidamente no ar ao sentir a presença do antigo Ceifador de GreamHachi chegando mais perto. Ela conduziu os blocos de pedra ao redor para se proteger, uma muralha dinâmica, mas ao fazer isso, abriu suas costas.

    Voando rapidamente de um lado para o outro, Heian apareceu. Ele usou o ar para expelir os fragmentos ao redor, e sua mão ganhou uma cor avermelhada. Maethe puxou as pedras para si, se pondo dentro de um casulo.

    As mãos de Heian ergueram-se contra a esfera.

    — Quer ser cozida ou frita?

    As chamas vermelhas foram crescendo, tomando a forma da estrutura a esquentar. A cor marrom foi se tornando vermelha a medida que os segundos passavam, e Heian continuava a forçar sua Energia Cósmica ao ponto dos fragmentos vermelhos se tornarem azuis.

    Quanto mais azul uma chama, mais quente ela era.

    Ele soltou um grito forçando o casulo a esquentar ao ponto da voz de Maethe do lado de dentro soar doloroso.

    Então, ela fez tudo voar. Ergueu os dois braços, expelindo Heian e as esferas para longe. Respirou fundo, suando com seus dedos trêmulos. Ela olhou para a pele queimada, tomada por aquelas malditas chamas.

    — Meu corpo não vai ceder apenas por…

    Sua atenção havia sido perdida. Ela recebeu um corte nas costas. Sentiu a pele se abrir, e antes que pudesse reagir. Viu Leonardo ser girado por Dante e ser arremessado contra ela. O chute do Ceifador acertou sua barriga, a jogando direto pro solo.

    O concreto se abriu mais ainda ao ter sido arremessada.

    Essa luta não podia se arrastar mais. Se não estivesse em contato com a barreira da cidade, sua Energia iria se desgastar demais. Perderia o controle das esferas. Se os escombros não servissem como sua defesa, então…

    Ela apoiou-se no chão, levantando com extremo esforço. E quando ergueu a mão, foi parada ali mesmo. O pulso foi agarrado por Heian, e antes que pudesse reagir, a outra mão dele liberou uma imensa quantidade de água.

    A explosão a lançou contra a parede de novo. Maethe ergueu a mão e fez a água ser enviada de volta para Heian. Ele também já não estava lá.

    Ao se desgrudar da parede procurando por eles, sentindo uma estranha dor na mão. Quando virou o rosto, viu a espada de Leonardo presa contra sua palma, e também encaixada na parede. Ela abriu a boca, chocada.

    O punho, então, chegou no seu rosto. Maethe sentiu seus olhos desligarem, e depois enfiada contra parede. Ela abriu um rombo no Arco de Vidro, saindo do outro lado. Quando se levantou, do outro do imenso prédio, sentiu o peso completo de todas as suas energia sendo retiradas de seu corpo.

    Olhou pra cima, a barreira ainda estava ligada. Ali, perto demais.

    — Pra onde está olhando?

    Do solo, duas mãos se libertaram, puxando Maethe e a prendendo. Ela usou uma saraivada de disparos para soltar, mas as mãos continuaram subindo, segurando seu tornozelo, panturrilha, coxa. Com um pisar, expeliu toda a Energia Cósmica ao redor, criando um estrondo que dizimou completamente qualquer casa ou loja, até mesmo uma parte do Arco de Vidro foi tomado.

    — Vocês não vão… ganhar de mim. — O cansaço já estava instalado em sua mente. — Mesmo que a minha cidade… caia. Eu vou matar… vocês.

    A sombra surgiu pela direita. Ela ergueu a mão, mas a força invisível da telecinese não foi forte o suficiente para expulsar quem tentava se aproximar. Ela abriu a boca, soltando um rugido de dor e raiva.

    Leonardo apareceu saltando. Maethe reagiu erguendo o braço, mas ele girou por baixo, dando a volta completa e cortando mais uma vez suas costas. Ela rugiu e virou, tentando acertá-lo. Uma imensa parede cresceu entre eles dois, e Maethe localizou Heian do outro lado, com a mão no solo.

    Ela ergueu o outro braço, surtando seu poder para fora.

    — Eu disse… que vou matar… todos.

    Mais uma vez, só mais uma vez, faria a Energia se desprender de si. Uma cidade poderia ser formada novamente, a confiança forjada pelo poder que ela teria. Novos membros viriam, novas alianças… se manter viva era necessário para isso.

    Antes que pudesse completar todo o seu trajeto, uma imensa onda de ar acertou seu peito, a mandando diretamente pro chão. Maethe sentiu as costas pesadas e foi bombardeada mais uma vez, e depois outra.

    Algo colidiu contra o solo ao seu redor. A presença esmagadora e uma silhueta monstruosa.

    — Meu erro foi ter tratado você como uma pessoa ao invés de uma criatura. — Dante, era Dante. — Hoje, você me mostrou que as pessoas podem ser tão ruins quanto os Felroz. A minha impureza é o que me fez ser assim, não é?

    Ele pisou nos dois braços de Maethe. A pressão debaixo da sola afundou os ossos. E ela gritou, como uma criança perdida dos pais, seu berro ecoando pela cidade destroçada.

    — Isso aqui é por tudo que Clara passou. — Dante ergueu a mão. — E por todo mundo que você assassinou.

    Ele desceu o soco.

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