Capítulo 2: Baloeiros
— Veio para se alistar para os Baloeiros, velho? — Carduc tinha uma prancheta na mão e encarava Dante com extremo desgosto. Ele coçou o rosto e depois negou na hora. — Não acha que está velho demais para isso?
Dante se aproximou dele, bem perto do seu rosto, e fechou a cara.
— Acha que está falando com quem, seu moleque? Lê o meu nome e me dê a ficha. Acha que só porque minha aparência mudou, você pode falar assim comigo.
O homem olhou a prancheta, sua feição mudou da água pro vinho quando ergueu o olhar na hora. Estava incrédulo.
— Cacete. É você mesmo? — Ele tocou o ombro de Dante e depois seu cabelo. — Merda, a Energia Cósmica fez isso mesmo contigo? Puta merda, que azar, cara. Como seus pais reagiram?
— Eles ficaram tranquilos. Sabiam que isso podia acontecer. — Dante esticou a mão. — Agora me dê logo minha ficha. Quero partir logo.
— Claro, claro. — Carduc dava um olhar furtivo a cada cinco segundos. Claro que estava desconfiado. Qualquer um ficaria se conhecessem-no. — Aqui, Dante. E… posso te falar algo. Você parece bem. Está animado?
A insígnia tinha seu nome em uma cor bronzeada, e ele colocou no peito. Outros ao seu redor faziam o mesmo. O vilarejo estava cheio de vozes de alistamento. Um dos poucos pontos numa sociedade quebrada que ainda serviam para os alistamentos. Homens e mulheres querendo uma viagem diretamente para a Capital Quebrada, e de lá poderiam tomar um rumo na vida. Os Baloeiros tinham essa função, voavam sobre o campo de batalha, servindo como um escape e também proteção contra os Felroz.
E vendo tantos se alistando, Dante teve o pensamento de que esse ano teria bastante rivais. E vendo os corpos e a energia que se misturava, tinha certeza de que seriam fortes. Isso o deixava animado. Sempre treinou e batalhou contra seu pai, punhos ou armas, seu pai sempre o vencia. Não importava quanto tempo passasse, não tinha nada além de derrotas contra seu mestre.
Eu não devo ser tão ruim assim. Talvez, um pouco.
Render nunca treinou sem ser com Dante, passava o dia com ele, ensinando sobre costumes, rótulos, e também sobre a Energia Cósmica. Como deveria ser tudo isso para os demais?
— Estou, Carduc. — Ele encarou o colega, sorrindo. — Acho que vou conhecer muita gente interessante.
Ele tomou a frente e passou por onde os inscritos estavam se reunindo. Eles se apertaram em um espaço de madeira amplo, encarando o lugar onde o Balão Inicial desceria. Estava cedo ainda, mas ninguém queria ficar para trás. Dante ficou mais afastado, de braços cruzados, com sua pequena trouxa de roupas nas costas. Tinha apenas o traje de batalha adicional e a pulseira que seu pai lhe deu.
Assim que ouviu um ruído vindo do céu, Vick soou em seu ouvido.
“Locomotiva voadora se aproximando. Aproximação em um minuto, aproximadamente”.
Dante ficou maravilhado. Ela falava com ele, alertando sobre situações que ele mesmo tinha entendimento. E quando fez um pouco de esforço balançando os dedos, ouviu mais uma vez.
“Conversão Cinética em 3%”.
Um alarme sobre o quanto poderia juntar, isso era importante demais. Claro, no meio de combates, Dante perdeu o controle umas duas a três vezes, quase arrastando seu pai para fora do campo de bambus. Nesses dias, ele teve que se controlar mais.
Com Vick alertando, não teria problemas em lutar mais a sério.
— Vocês todos presentes. — Uma voz forte chamou da frente. Dante ergueu o olhar para ver quem estava lá. — Estão aqui hoje porque sabem o que espera da raça humana. Todos os dias, quando acordam, sabem que suas famílias e amigos estão correndo perigo. O que fazem hoje aqui é colocar suas vidas em risco para que outras possam viver tranquilo. Por isso, a partir de hoje, quando estenderem seus punhos, suas armas, a energia que nos foi dada para contrariar aquelas criaturas, lembre-se da sua casa. Por mais clichê que seja, o lugar que mais guardam amor também é fonte de força.
A barba volumosa, o cabelo despenteado e um olhar ríspido, mas com um sorriso largo no rosto. Ele vestia um traje branco, com medalhas no peito esquerdo, e segurava a boina na mão esquerda. Tinha uma bota lustrada e uma espada de decoração na cintura.
— Me chamo Reinald Visterpen, o segundo do meu nome. E serei o Capitão do Baloeiro dessa viagem. Se querem tanto se jogarem no meio de uma guerra, os levarei para lá.
O balão era mais um dirigível. Tinha uma enorme tela na parte de cima em formato redondo, com um motor rugindo e liberando vapor. A carcaça ao redor era uma mistura de metal com madeira, tendo uma pigmentação de um marrom com cinza, e com dois mastros enormes em cada ponta. Era enorme, talvez seis a sete casas de dois andares, e tinham pessoas os esperando na borda.
Reinald cruzou os braços e esperou que a locomotiva descesse.
— Essa é a ‘Balsa’. Eles vieram hoje para os saudar. São parte da nossa tripulação, mas que também são conhecidos pela Capital Quebrada como os melhores ou piores no que fazem, depende para quem seja. — E deu uma gargalhada. As cinco pontes despencaram da Balsa e tocaram a grama verde. — Aqui, começa a viagem de vocês. Vamos seguir viagem?
Dante deu uma risada e concordou. Os demais começaram a passar, subindo a ponte e dando seus nomes a um dos Oficiais lá em cima. Demorou cerca de dez minutos para chegar a vez dele. Assim que entregou seu broche a uma das moças que o esperava, ela encarou seu rosto e depois o broche.
— Está no lugar errado, sabe disso. — E devolveu o identificador. — Ficará com Dalia. Quando chegar, converse com ela.
— Dalia?
— Próximo — gritou a moça com o uniforme branco, igual de Reinald. — Saía da fila, por favor.
Dante seguiu adiante. Escolheu um lugar perto da beirada, e viu a distância até o chão. Mais de dez metros. Estava realmente dentro do Balão, indo para a Capital Quebrada. E olhou para todos os outros conversando. Pareciam animados.
Um barulho alertou a todos. As pontes foram puxadas de volta, dobrando em várias vezes e sendo enfiadas na parte interna da Balsa. A tecnologia era completamente diferente do que estava acostumado, mas era muito funcional.
Reinald foi o último a subir e viu que todos o encaravam.
— Estamos seguindo viagem agora — disse a todos com a mão erguida. — Nunca tivemos problemas no ar, mas não se deixem enganar. Nenhum de vocês está indo para a Academia. Sempre fiquem atentos. A partir de agora, vocês estão dentro dos limites da Capital Quebrada, então, não fiquem acanhados. Treinaram para isso a vida toda, confiem nessa experiência.
O motor da Balsa rugiu e eles tomaram a subir rapidamente. Dante segurou na madeira da borda e viu a distância se alongar do solo. Finalmente, a Capital estava vindo ao seu encontro. E pensou em seu pai com o sorriso que sempre tinha. Será que ele está me observando?
Vick foi quem respondeu seu pensamento:
“Vindo do senhor Render, ele deve estar no Campo de Bambus esperando você passar. Ele sempre passou seu maior tempo lá”.
Dante sorriu.
— Obrigado, Vick. Isso foi confortador.
A viagem seguiu sem muitos problemas. No meio da tarde, comida foi servida em quentinhas de alumínio. Dante recebeu de um dos Oficiais, e agradeceu. Assim que terminou, colocou em uma lixeira e esperou sentado. Com o passar do tempo, do dia mais calmo, e um vento gostoso, ele fechou os olhos. Estava relaxado, bem calmo, o clima estava perfeito.
Sem perceber, Dante adormeceu recostado entre as bordas, na ponta sul da Balsa.
E acordou com um estrondo ressoando na parte da lona. Ao abrir os olhos, viu a fumaça se arrastando enquanto um disparo vermelho acertou mais um ponto, criando outro rombo. Dante ergueu-se rapidamente e um disparo bateu contra o casco onde estava. Ele foi arremessado para trás, caindo de costas e vendo todo mundo correndo para uma ponta. Sua visão ficou turva, mas ele segurou a madeira e focou sua audição.
— Todo mundo, se preparem para a batalha. — Reinald berrava ordens para os Oficiais. — Peguem os feridos, levem para o convés inferior.
Dante encarou o rombo da cratera e depois para as locomotivas vindo na direção deles.
— São os Piratas Agnomatos. — Uma mão repousou em seu ombro. Era a Oficial que tinha feito sua inspeção quando entrou na Balsa. — Eles vieram atrás de vocês. Está ferido? Posso te levar para o lado de baixo.
— Não. Estou bem. — Dante se levantou e arrumou o cabelo, puxando para trás. — O que fazemos, senhora?
A Oficial passou por ele e encarou Reinald dar ordens.
— Ele é afobado demais. Grita ordens, mas não faz nada. Temos que nos organizar para defender e arrumar as velas. Freto, faça o reparo de cima. — Um dos homens simplesmente correu na direção do mastro, puxou uma corda e apertou a alavanca, sendo arremessado para o alto. — Crish, faça o reparo de todos os disparos no beiral.
A mulher de cabelos ruivos abaixou e tocou a madeira. Sua mão se fundiu a madeira, e o rombo que tinha sido feito antes foi sendo remodelado. Pouco a pouco. No entanto, o rosto dela teve suor. Sua boca ficou pálida.
— Senhora — Crish chamou com dor. — Foram muitos disparos. Não tenho Energia para tudo.
A Oficial virou para Dante na mesma hora, o encarou de cima a baixo e apontou.
— Toque no ombro dela. É uma ordem.
Dante sentiu um efeito em seu corpo. Algo estava o pressionando a ir adiante. Uma Ordem, uma ordem direta. Ele deu seu primeiro passo, e abaixou ao lado da Crish. Ao tocar seu ombro, a própria Oficial tocou no seu.
— Use a nossa, Crish. Conserte tudo que puder.
Dante sentiu a Energia Cósmica da Oficial ser enviada para ele, mas esse envio não era agradável. Se algo fizesse atrito em seu corpo, a conversão aumentava. E se algo denso como a energia de outra pessoa viesse a tocar sua pele e incorporar os músculos, ela aumentava. A conversão era por atrito.
Por mais que quisesse ajudar, Dante teve que se controlar muito. Ele liberou o que a Oficial havia passado para ele. E Crish a sugou, conseguindo consertar parte a parte da Balsa.
— Outro disparo chegando — alguém gritou do beiral. — O que fazemos.
Reinald já tinha cerca de dois Oficiais ao seu lado.
— Continuem o curso. Ainda estamos cerca de doze horas de viagem.
A Oficial retirou a mão de Dante e se afastou. Dante fez o mesmo e ficou de pé. Ele balançou a mão um pouco se livrando do acumulo de atrito. E soprou o ar com mais força. Qualquer movimento que fizesse externamente lhe ajudava, mas não podia se deixar levar.
Vick também não tinha lhe avisado sobre conversão, o que deveria estar dentro dos 10%.
O brilho vermelho ganhou forma vindo na direção deles. E viu um dos Oficiais ir adiante e esticar sua mão. Um imenso espelho se formou, e o disparo adentrou, sumindo na mesma hora.
— Temos que atacar de volta — alguém gritou. — Não podemos apenas nos defender.
Crish ficou de pé e encarou sua Oficial.
— Senhora, o que deseja que façamos?
— Eles estão atacando de forma lenta. Pode ser apenas um alerta, mas não temos certeza. São muitos. Precisamos de um ataque a longa distância.
O Oficial Freto voltou ao chão, depois de ter consertado a vela completa da Balsa. A fumaça estava apenas no céu porque tinha sido tingida. Ele encarou os Piratas, e fitou sua Oficial.
— Reinald demora muito, senhora. Precisamos seguir o curso. Não é seguro aqui.
Ela balançou a cabeça recusando.
— Eu vou. — Sem hesitar, a mulher virou-se para um dos Oficiais mais atrás. — Preciso que me jogue nos inimigos. Eu darei um jeito.
O homem veio na sua direção e encarou os demais. Ele nem hesitou, e tocou o braço da Oficial.
— Quem irá trocar com ela depois?
Dante viu Freto e Crish se encarar e abaixar a cabeça. Pareciam angustiados em serem trocados. O que essa troca era? Era simplesmente trocar de lugar com alguém do outro lado? Se fosse isso, então…
Não seja protagonista. Volte vivo. Tome cuidado.
As palavras de sua mãe foram em sua mente. E pensou em seu pai. Ele faria isso, com certeza faria. Se ninguém mais podia. Então…
— Eu troco — disse para eles. — Farei essa troca.
A Oficial encarou Dante e negou.
— Mesmo que possa ser um bom combatente, ainda não está pronto para dar sua vida.
— Quem deve decidir se termino ou não minha vida sou eu, senhora. — Dante deu uma risada. — E se eu morrer para alguns Piratas, nem devo pisar na Capital. Deixe que eu vá. E também, eu estou esperando por isso faz muito tempo.
Freto ergueu a mão, puxando a voz para si.
— Acredito que se fizermos uma troca dupla, ele pode retornar, senhora.
A Oficial não mostrou nenhuma emoção sincera, apenas colocou a mão atrás das costas na direção de Dante.
— Quer mesmo fazer isso, senhor? — Sem o deixar responder, ergueu a mão. — Essa não é a sua missão. Ainda nem foi passou nos testes para se tornar um Baloeiro. Tem certeza que é essa sua decisão?
Dante mostrou um sorriso largo.
— Claro que sim. Vamos.
Freto puxou Dante para perto e bateu em seu peito duas vezes com as duas mãos. Segurou seu ombro e depois acertou um chute leve nas duas pernas. Segurou os pulsos com força e fechou os olhos.
— ‘Protego’.
Uma camada de fibras grossas se formaram em cada lugar que Freto havia acertado. Dante não teve tempo de contemplar a defesa aprimorada porque Freto o fez virar de costas e o empurrou. Ele parou ao lado da Oficial, e Crish tinha feito o mesmo em conjurar defesas em sua líder.
Dante ainda estava olhando para ela.
— Eu ainda não sei o seu nome, senhora.
— Dalia.
O Oficial Tecno se aproximou e tocou as costas dos dois. Ele forçou a energia contra seus corpos, e olhou para os piratas. Soltou um imenso suspiro e fez dois corpos do outro lado serem marcados com sua energia.
— Troca Dupla.
Dante pôde ouvir uma ordem, vindo da lateral, mas não se importou. Dalia passou por ele, num salto, e desapareceu no meio do ar. Aquilo lhe deu um calafrio, mas gargalhou ao ver uma habilidade tão diferente. Ele imitou, correndo na direção da beirada e saltando para o meio do vazio.
Tecno deu uma risada abafada.
— Ele nem mesmo hesitou. Gosto desses.
A energia foi liberada de sua mão, e um dos piratas teve uma marca imposta em seu pescoço. No momento seguinte, Dante sumiu e apareceu de pé no dirigível dos inimigos. Ele olhou para os dois lados, tão chocado quanto os verdadeiros donos do balão, e ergueu as duas mãos.
— Isso foi irado. — Rapidamente procurou por Dalia, mas não a encontrou. — Droga, onde ela está? Será que caiu?
Vick foi quem respondeu.
“A presença da Oficial está em outro dirigível, senhor. Prossiga com a destruição imediatava dos piratas”.
Dante finalmente estava batalhando. Ele finalmente estava onde sempre treinou para estar. E encarou a pulseira que seu pai havia lhe dado. Isso era suficiente para alertá-lo. Ali fora era perigoso…
— Mas é muito divertido.
Num giro rápido, ele fez seu punho se erguer adiante, na direção do mastro. E parou. Os outros ficaram observando ele levantar e encarar o próprio punho. E começaram a rir. Alguns pegaram as armas, ficando mais relaxados, e começaram a caminhar na sua direção.
— Parece que eles jogaram um peixe bem pequeno para comermos. — Um dos piratas veio brandindo a espada de um lado para o outro. Todos eles usavam vestimentas bem maltrapidas e cheias de buracos. — Não fica com medo, velhote. Nós vamos te cortar ao meio.
Dante tocou o próprio peito, impressionado com as palavras dele.
— Está falando de mim? — ergueu a mão e apontou para o mastro. — Deveriam estar prestando atenção naquilo ali, oh.
Os rostos foram para o mastro. O bloco de madeira rígido foi contorcido para trás, e o rangir deixou todos assustados. Dante soltou uma risada e bateu a palma. O ar inteiro ondulou com violência e os mais próximos caíram de peito ou costas no chão. O velhote ergueu o punho mais uma vez.
— Vamos ver se vocês tem a mesma coragem quando eu estou aqui.
Ele deu mais um soco. A energia convertida foi transferida para seu punho, e se libertou com um choque para fora. O ar se condensou e explodiu para frente, criando um rombo no mastro principal e jogando tudo para trás. O dirigível simplesmente balançou perdendo força, e as chamas se alastrou pela lona. Dante não perdeu tempo e correu na direção da outra borda, e pulou.
A energia se condensou na sola do seu pé e ele disparou uma imensa rajada, fazendo um caminho em linha reta. No meio do ar, viu a Oficial Dalia apontando o dedo e os piratas todos caindo de joelho. A habilidade dela, Dante tinha quase certeza que forçava os outros as suas ordens. E passou por cima. Os dois se encararam, mas Dalila franziu o cenho.
— Estou indo pro próximo.
— Se você pode fazer isso por que demorou tanto para ir atrás dos piratas?
Dante gargalhou e seguiu em linha reta. Eu queria ver como eles eram.
Antes mesmo de se aproximar, Dante puxou o punho. Girou no meio do ar várias vezes e socou com bastante força. Vick rapidamente o alertou da porcentagem em 6%. O disparo criou um estalido no ar, criando um tufão giratório. O dirigível teve a lona arrancada num só sopro. Dante gargalhou mais uma vez.
— Queria que meu pai visse tudo isso. — Ele arrastou para frente. — Como estamos, Vick?
“Está perfeitamente sincronizada. Como qualquer tipo de atrito com o ar gera energia cinética, o disparo que está fazendo na sola do pé está sendo convertida em uma porcentagem quase de 1 a 2%. Seu pai tinha medo que você sempre se prendesse, mas eu aconselho a não lutar acima de 20%, senhor”.
— Não me chame de senhor. — Dante girou no ar algumas vezes e começou a cair de propósito. — Ele nunca me deixou voar, sabia? Sempre falava que não era necessário se eu pudesse derrotar os inimigos em solo.
“E… ele não estava correto? Você aprendeu a se defender com Render. Por que precisaria voar?”
Dante apoiou a mão atrás da nunca ainda caído.
— Quem sabe? Aqui fora eu posso fazer tanta coisa diferente. Eu quero poder lutar, quero poder ver o que meu pai não pôde, e mais ainda, quero conhecer a história que foi perdida. — Ele viu o dirigível onde Dalia estava. — Mas, se eu não puder fazer seguir as ordens como ele me ensinou, não vou ser ninguém além de um soldadinho.
O jato de ar na sola retornou e ele subiu como uma bala. Aumentando a conversão. Quanto mais ar passava por ele, mais atrito, e dali mais conversão. Ele passou pela lateral do balão, e viu Dalia com os punhos erguidos. Enfrentava cerca de três piratas. Sua voz, ela não estava tendo efeito. Dante jogou sua perna para cima, e usou o jato para um deles.
Os olhos da Oficial encontraram com os seus. Dante sorria, e ela não. A Oficial deu dois passos para trás, e um dos piratas avançou um passo, sendo seu último. Dante usou o ombro para o arremessar contra o solo, e um segundo depois, o ar se libertou do golpe, afundando o homem contra a madeira.
Dante se colocou de pé, esticou o punho e esquivou de uma adaga vindo na direção da sua garganta. Num soco direto, a costela do pirata foi contorcida, podendo ser ouvido um ‘crack’. Dante deslizou seu pé sobre a madeira, como fazia nos campos de bambu, e abriu a palma, defletindo um bastão bem sujo e aplicando um tapa na direção do rosto, mas parando o movimento antes de tocar o inimigo.
— Até mais — disse mostrando um sorriso maldoso.
O ar contorceu a frente. Viu-se o homem batendo contra a borda de madeira e caindo inconsciente.
— Consegui. — Dante encarava as próprias mãos. A energia concentrada foi dissipada. Ele tinha vencido inimigos, voado com sua habilidade, e tinha uma Oficial nas suas costas. Droga, ele não podia esquecer dela.
Assim que se virou, Dalia já estava caminhando para a borda, na direção da Balsa. Ela não se virou, mas ergueu a sua voz:
— Quer ficar ai admirando sua vitória? — Mesmo sendo dura, havia certo reconhecimento ali. Dante deu uma risada e a seguiu de volta.
Para o primeiro dia, ele tinha feito demais.
E estava pronto para suas consequências.
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