Índice de Capítulo

    — Sir Secure, os Felroz já estão muito perto.

    O homem segurava uma pequena placa de metal, observando sua inscrição com atenção. Ele confirmou para os demais ao seu redor com um aceno, aliviado.

    — Todos saíram. Estamos limpos. Vamos nos organizar em linha. — Ele gesticulou para a lateral, onde o campo de milho balançava ao sabor dos ventos frios. — Esse mês, nossa safra foi maior. Vamos levá-los para lá, agora.

    Os soldados não se mexeram imediatamente, buscando Reine Marie. A mulher uniu as duas palmas em frente ao peito, e sua Energia Cósmica se expandiu para seus braços e pernas, envolvendo-os em um brilho suave.

    — Isso que é Benção — comentou Secure, observando o poder de Reine. — Podem ir.

    Os soldados se moveram em alta velocidade, saltando sobre os campos e conseguindo se manter no ar por alguns segundos. O Felroz, no entanto, se movia rapidamente em direção à colheita de tomates, arrebentando os fios e as arvoretas mais altas.

    Dos quatro braços da criatura, dois eram afiados como lâminas. Ele cortava qualquer coisa em sua frente, tentando chegar onde o som se propagava com mais intensidade.

    — Sir Secure — a voz de Dinamite ecoou da direita. — Estou avançando.

    O rapaz levantou voo, usando as mãos para criar explosões atrás de si. Ele girava no ar, liberando um clarão amarelado fraco, e apareceu na direção do Felroz, girando como um peão. Com as duas mãos estendidas, ele expeliu uma imensa explosão de Energia Cósmica, criando um estrondo no ar que repercutiu até mesmo na Zona Cega.

    No entanto, o sorriso de Dinamite morreu quando o Felroz girou o rosto, irritado, e usou um dos braços afiados. O golpe foi forte, arremessando Dinamite quase cinquenta metros pelo ar. Ele só conseguiu se equilibrar perto do chão, mas ao tocar o solo, seu joelho cedeu, e ele caiu de joelhos. Sua garganta parecia fechada, e seu rosto estava vermelho de esforço.

    Reine Marie apareceu atrás dele, tocando suas costas com um olhar severo.

    — Não seja imprudente — alertou a mulher. — Não estou aqui para cuidar de feridos.

    A Energia Cósmica de Reine foi ejetada pelas costas de Dinamite, ultrapassando os órgãos danificados e o ferimento no peito. O dano sofrido começou a se desfazer aos poucos, e Dinamite respirou aliviado, sentindo seu pulmão se expandir novamente.

    — Não fui imprudente — respondeu ele, seus olhos fixos no Felroz. — A pele deles não costuma ser tão dura. Eles perdem parte do sentido quando uso explosões perto do rosto, porque é onde os outros sentidos são mais afiados.

    — Você recebeu o relatório do Sir Secure? — perguntou Reine, dando a volta e esperando que ele se levantasse. — As criaturas estão ficando mais fortes. Tem alguma coisa que melhorou a carcaça delas. Vai precisar coordenar com todos os outros para expulsar essa aberração da fazenda.

    — Coordenar? — Dinamite cuspiu no chão ao lado. — Me recuso a fazer qualquer coisa com esses idiotas. Preciso mostrar para o Soberano Kalish que estou pronto para entrar no Confyete.

    — Por que essa obsessão? Aquilo só mata os melhores homens que temos.

    Dinamite não ficaria ali ouvindo aquelas besteiras. Ele passou por Reine, fitando novamente o Felroz.

    — Só preciso estar à altura daqueles dois.

    Era sempre da mesma maneira. Reine sempre o avisara que, não importava o quanto ele tentasse, nunca estaria verdadeiramente no mesmo patamar das outras duas Zonas. Eles eram mais fortes e rápidos, com influência e recursos para nutrir seus soldados desde cedo.

    Para Reine, o Soberano Kalish não tinha motivo para estar no Confyete. Qualquer soldado iria negar se tivesse a chance. Mas Dinamite era um caso mais do que perdido. Ele queria morrer para provar sua força.

    — Idiota. Se quer tanto isso, vai em frente. Eu não vou mais te curar.

    O Felroz já era bombardeado por mais de cinco soldados ao mesmo tempo. Um deles, Gronk, expandiu seu corpo em uma escala de três vezes, ficando praticamente do tamanho da criatura. Mas ele era lento.

    Seus dois braços gordos seguraram o Felroz, e ele tentou derrubá-lo. A força entre os dois foi aumentando, com Gronk sendo arrastado para o milharal, seus pés arrastando e destroçando a terra cultivada.

    Um vulto passou pela direita de Gronk, com sua espada desembainhada, e cortou diante do Felroz. O braço feito de lâmina reagiu mais rápido. Sir Griout, em cima do braço de Gronk, suportou ataques de todos os lados, como uma saraivada de disparos, antes de recuar.

    — Cacete — sua voz registrava o cansaço e a surpresa. — Ele simplesmente viu através do meu ataque.

    Os braços de Gronk foram empurrados para baixo, obrigando Sir Griout a subir para seu ombro. O homem gigante tentou se equilibrar, mas foi puxado para mais perto do Felroz.

    Esse era apenas o primeiro Felroz. Atrás dele, mais três criavam caos, destruindo as plantações e sendo bombardeados pelos soldados. Nenhum efeito imediato. Eles não eram gigantes, mas três a quatro metros eram suficientes para causar espanto.

    — Sir Secure — gritou Griout. — Não temos condição de lutar abertamente.

    O homem que comandava encarou Gronk sendo puxado para o chão. Os braços afiados do Felroz se erguiam pelas laterais. Ele daria um corte imediato, faria o humano sofrer. Esses demônios simplesmente não pensavam em nada além de matar e destruir.

    Proteger era muito mais complicado que destruir.

    — Use ‘Porta’ — gritou Griout, de novo. — Não tenho como tirar Gronk daqui.

    Sir Secure tinha somente uma forma de vencer. Ele não poderia deixar seus homens morrerem ali. Esses Felroz eram os mesmos que caminhavam no Confyete, os mesmos dos Lagmoratos. Aquele inferno era monstruoso, sem nenhuma benção, sem nenhum tipo de vitalidade.

    Apenas morte e destruição nasciam dos ninhos dos Felroz. E eles apareceram piores do que antes.

    — Não vou perder mais ninguém pra vocês. — Ele bateu uma palma na outra.

    A Energia Cósmica se expandiu em imensa escala, tomando o milharal inteiro. Todos os humanos sumiram rapidamente. Gronk quase perdeu os braços quando a lâmina desceu, mas desapareceu antes do golpe acertá-lo.

    Todos eles caíram juntos, sendo levados para a porta da Terceira Zona, um pouco mais distante dali. Olharam ao redor, todos juntos, se dando conta de que estavam longe demais. E o único que não estava presente era…

    — Secure — Reine gritou por ele, desesperada. — Irmão…

    — Aquele bastardo. — Dinamite se levantou, encarando os três Felroz indo em sua direção. — Ele vai morrer se ficar lá.

    Os passos em suas costas foram aumentando. Eles viraram, vendo o Soberano Kalish e a Senhora Virgo vindo em sua direção. O Soberano simplesmente fez uma menção de cabeça para todos, tranquilo e bem-humorado, ouvindo Virgo comentar com uma pequena placa de metal em mãos.

    — O que aconteceu para seus rostos estarem tão deprimidos? — perguntou Kalish, um pouco surpreso.

    — Sir Secure está lá — apontou Griout, apressado. — Senhor, por favor, mande alguém resgatá-lo. Ele é o nosso Senhor. Servimos a ele. Não podemos perdê-lo.

    Kalish encarou adiante, para o milharal.

    — O Comandante de Kappz já está lá.

    Eles viraram o rosto. Um imenso disparo de ar acertou um dos Felroz, o primeiro, arremessando-o contra o chão. O grito do Felroz foi mais alto do que antes, revelando dor. Aquele tinha sido um golpe direto e fez efeito.

    O Felroz se levantou rapidamente e usou os braços, mas foram repelidos para a lateral. Um deles foi preso e puxado. Um soco adentrou a barriga do Felroz, jogando-o um pouco para trás, e o velho homem saltou, girando no ar e chutando para baixo.

    Mesmo que por alguns segundos, eles sentiram o tremor no solo.

    — Senhor — Reine questionou rapidamente. — Quem é aquele?

    — Aquele é o Comandante Dante, senhorita — disse Kalish, passando por eles e entrando nas fazendas. — Alguém que vocês não podem simplesmente ficar observando de longe. Venham. Quero apresentá-lo da melhor maneira possível. Pood, por favor.

    Dando alguns passos à frente, Pood ergueu a mão. Uma porta se abriu. Do outro lado, eles viram Secure parado, de boca aberta, observando o que acontecia diante dos seus olhos.

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