Índice de Capítulo

    Sir Secure deu um passo para trás, assustado. Dante rapidamente bloqueou o soco do Felroz, dando uma risada e levantando em um salto, girando o braço do monstro e o jogando para o lado, torcendo seu pulso.

    Forte o suficiente, o movimento brusco estalou e o braço foi junto, ouvindo um ‘crack’ quando Dante pisou em cima. Não era tão diferente dos que viviam em Kappz, mas no primeiro soco Dante pôde sentir.

    — Eles estão mais fortes ou é impressão minha?

    Com um passo para trás, atentou-se aos outros Felroz. Eles não sentiam medo, nem mesmo quando viam um dos seus caídos, torcidos e cheios de lamurias. Dante detestava e adorava ao mesmo tempo essa característica.

    Que tipo de monstro ia para a morte sabendo disso?

    — Ei, você. — Dante chamou pelo homem ainda travado. — Fez bem em tirar seus colegas daqui. Sou Dante. Esse tipo de situação parecer ser bem comum por aqui, mas você não deveria deixar os Felroz chegarem tão perto.

    — Do que está falando?

    — Sua habilidade faz as coisas mudarem de lugar, não é? — Dante apontou para a criatura embaixo dos seus pés, gemendo de dor. — Mande eles para longe, e depois crie algum tipo de contenção mais organizada. Se é possível fazer com os humanos, por que não fez isso com eles?

    Secure manteve o rosto ainda chocado, mas respirou fundo.

    — Nunca tinha pensado nisso antes? — Dante ficou mais surpreso ainda. — Sua habilidade é tão boa e você está usado só pra mexer as pessoas?

    Um dos Felroz atacou por cima, pulando. Dante virou-se e ergueu os dois braços. Dois golpes foram suficientes para afastar o velhote um pouco, mas ele revidou. Desviou se jogando e acertou a perna da criatura.

    Ela grunhiu de dor quando caiu em um joelho. Dante pulou pelas costas e explodiu em um chute nas costas, a enviando para o chão. Quando caiu em cima dela novamente, ainda fitava Secure.

    — Por que vocês tem tanta dificuldade em lidar com essas criaturas? — Sem ter notado até o momento, Kalish e algumas outras pessoas haviam se aproximado por algum tipo de porta no meio do nada. — Ah, Kalish. Achei que ficaria na sua torre.

    Na presença de Kalish, Secure rapidamente se ajoelhou. Ele abaixou a cabeça, respirando fundo, mas sua cabeça ainda pendia para o lado. Mesmo não querendo acreditar, era visível para todos que dois Felroz haviam sido derrubados em uma extrema facilidade.

    — Não diga esse tipo de coisa, Dante. — Kalish abriu os braços, meio risonho. — Não é qualquer um que pode fazer o que você faz, com essa facilidade toda.

    — Sei disso faz muito tempo. — Um dos braços do Felroz abaixou de Dante se mexeu, e ele acertou um chute que criou uma pressão de ar. Os dois grunhiram juntos, parando de tentar se libertar. — O problema é que todo mundo parece que não sabe usar o que tem para qualquer coisa.

    Ele esticou a mão para trás. A tempestade ao redor dele pareceu obedecer seu comando. Diversos disparos foram enviados para frente. O Felroz que ainda caminhava na direção deles foi empurrado para trás, caindo até de joelhos. E um dos disparos golpeou seu pescoço, o enviando de costas para trás, caindo.

    A coisa mais fácil era luta. Sendo humano ou Felroz, as criaturas não precisavam de muito para serem enviadas para o chão. Não só eles, mas na Cuba também foi assim. Teve que ensinar Marcus e Juno, e eles passaram adiante.

    Somente Jix, Leonardo e Heian tinham experiência para lutas mais demoradas e mais complexas. A Cuba foi ensinada, no entanto, suas espadas não se comparavam ao que a Capital tinha. Bom, Dante ficou um pouco pensativo.

    Eles não eram tão bons assim também, pensou lembrando da última luta que teve. Talvez, eu esteja colocando muita pressão em pessoas que não querem lutar.

    — Peço desculpas se eu falei algo que foi ofensivo. — Dante cruzou as pernas e se sentou em cima da criatura, ainda ficando um pouco mais alto que eles. — Só estou acostumado a lidar com eles usando a força.

    — Não é difícil imaginar porque GreamHachi foi destroçada por você — comentou Kalish.

    Dante lançou um olhar de lado para ele.

    — Isso não é algo que deva ser contado assim abertamente, Kalish.

    O Soberano deu uma risada, e Dante o acompanhou. Claramente, não se importava de falar porque tinha apoio do próprio Soberano, e pelo tamanho das fazendas ao redor, a Cuba teria um imenso patrocinador. Não precisariam se preocupar mais com isso.

    — Eles tem esse direito, Dante. São as pessoas que mais confio aqui do lado de fora. Alguns são considerados os melhores. Fazem a proteção da cidade, costumam contar sobre os problemas que temos.

    — São boas pessoas, tenho certeza.

    — Diz isso, mas comentou sobre as habilidades. — Kalish mostrou um olhar perspicaz. — Tem algum conselho sobre como eles poderiam melhorar? Um homem experiente, um verdadeiro Comandante, deve ter algum conselho para os mais novos.

    Mais novos? Eu sou mais novo do que todos eles juntos, seu velhote.

    — Seria… — ele tocou o queixo, coçando a barba que começava a crescer. — Bom. Tem muita coisa que vocês podem melhorar. O primeiro de tudo é não deixar que os Felroz te assustem tanto. Eles não passam de criaturas que atacam com tudo o que tem.

    — Não é algo simples assim — disse Reine, se aproximando. — Pode ser que você consiga, mas temos limitações.

    Dante deu outra risada.

    — Subestimam demais a si mesmo e dão mais créditos as criaturas aqui fora. Como podem querer limpar um Lagmorato sendo que sequer pensam em vencer esses três?

    Secure ficou de pé, limpando os joelhos, com sua cara irritadiça pelo comentário.

    — E como saberia como é um ninho dessas aberrações? Já esteve em um antes?

    — Ele limpou um.

    Os demais encararam Kalish, que ainda mostrava um sorriso de lado. Até Virgo ficou impressionada pela informação. E quando fitaram Dante, ele bocejou largamente e bateu na própria perna.

    — Você limpou um Lagmorato? — A pergunta partiu de Gronk. O corpo dele era grande, mas ele era mais gordo do que forte. Dante tinha visto como a habilidade dele era poderosa, e mesmo assim, sequer pareciam entender essa magnitude. — Como fez isso sozinho?

    — Ele teve ajuda de um Atirador — respondeu Kalish, dando alguns passos a frente, ficando a vista de todos. Mesmo sendo o Soberano de uma parte da Zona Cega, ainda tinha muito respeito por cada um deles, era visível. — O que vocês estão vendo é uma diferença imensa entre como um lugar muda as pessoas. Dante veio de Kappz, longe daqui, e enfrentou a própria Maethe num confronto. Podem achar que estou enganando vocês, mas a verdade é essa. Ele sabe lutar, sabe como lutar. E vocês precisam desse choque de realidade.

    Não eram rostos impressionados que Dante enxergava. O desânimo estampado em cada respiração era mais evidente para ele do que para Kalish. Homens que tentavam a todo instante continuar subindo deveriam se manter com seus objetivos claros.

    Eles não tinham mais isso.

    A verdade era que Dante entendia bem que a mediocridade andava de mãos dadas com o terror do lado de fora das paredes de uma área segura.

    — A realidade tende a ser decepcionante, não acham? — perguntou a eles, apoiando o rosto na própria mão. — Quantas vezes pensaram que iam morrer para os Felroz? Nunca tiveram a brilhante ideia de enfrentá-los até a morte, não é? Esse é o terror que todos os humanos sentem.

    Dante respirou fundo.

    — Tem gente do lado de fora que não tem nada e está lutando até a morte. — Ele continuou os fitando, um pouco decepcionado. — Vocês tem tudo e não lutam até a morte. É um pouco triste isso. Como eu teria confiança em homens que nunca foram até o seu limite?

    Kalish virou de costas para eles, enfrentando Dante.

    — É um pouco cruel dizer isso em voz alta.

    — Achei que estávamos sendo sinceros uns com os outros. Não posso fazer por eles, mas tenho certeza que qualquer um na minha casa poderia dar uma surra nos seus homens. — Dante apontou para eles. — Olha como estão cansados, exaustos. Eles não querem estar aqui.

    Kalish finalmente encarou seus subordinados. A sujeira, os olhos tímidos, as retrancas de corpos. Encaravam o Soberano por medo, não por lealdade.

    — Isso é verdade?

    — Não, senhor. — Dinamite saiu de trás dos outros, empurrando. Esse tinha um olhar determinado, cheio de energia, e apontou para Dante. — Quem deveria ter medo é você, seu velhote metido. Eu vou ganhar de qualquer um que esteja querendo se mostrar superior ao senhor Kalish.

    — Oh. — Dante ficou surpreso e impressionado. — Alguém com garra.

    Dinamite foi adiante, ainda mais ousado.

    — Senhor Kalish, me deixe duelar contra ele. Por favor. Prometo que não irei deixá-lo decepcionado.

    — Decepcionado? — Kalish deu uma risada e segurou o ombro de Dinamite com força. — Nunca ficaria decepcionado com quem quer enfrentar o Comandante de Kappz no mano a mano. Estou com pena.

    Os outros não disseram nada. Sem um pio. Apenas a pequena risada de Dante os deixou medrosos. Dinamite pareceu ter sentido o impacto na mesma hora, e encarou o homem sentado em cima de dois Felroz ainda vivos, mas sem força para se mexer.

    — Boa sorte — ouviu de Pood ao lado de Virgo. — Fred e Jodrick também tiveram essa mesma ousadia que você teve.

    Dinamite ainda fitava Dante, que apoiando a cabeça na própria mão, mantinha um sorriso desleal no rosto. As crianças que sempre queriam aprender se jogavam de peito, e erravam muito até entenderem suas próprias limitações.

    Por outro lado, adultos gostavam de manter o limite ainda mais distante, para não se ferirem.

    — Eu aceito o seu desafio. — Apenas os mais ousados tinham o direito de proclamar qualquer que fosse seu próprio limitador. — Dinamite, não é esse o seu nome?

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