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    — Por que está aqui? — A pergunta de Dante não pegou apenas Dinamite de surpresa, mas todos que pararam para assistir.

    Não era um parque de diversões, nem mesmo uma pequena demonstração. Era um duelo. Dante tinha feito isso a vida inteira, com o homem mais forte que conhecia. Agora, as lembranças sempre o acertavam em cheio.

    Seu pai teria pena desses homens tão fracos, mas também não os desprezaria. Render, um monstro no corpo de um homem. Dante seguia seus passos, com uma alcunha parecida. No entanto, a espada que seu pai carregava, para seu filho, era a lança.

    A arma rodopiou entre seus dedos, como uma criança brincando com uma vareta, e parou quando ele a empunhou de uma só vez para frente.

    — A ousadia te fez chegar até aqui, Dinamite — continuou Dante, sua voz calma, mas carregada de autoridade. — Força fará com que você se destaque. Inteligência fará com que você se destaque. Mas nada disso importa contra um Felroz.

    — Você não é um Felroz — respondeu Dinamite, levando os braços para a lateral e assumindo uma postura que Dante reconhecia. — É um homem que se acha forte demais. Já enfrentei muitos, mais fortes e mais novos, mas um Felroz mata por prazer. Nós matamos para sobreviver.

    — Então, você acha mais fácil matar homens ou monstros?

    — Claro que homens.

    Dante deu uma risada e concordou. Ele não era estúpido, apenas insensato. A diferença sempre era grotesca.

    Ele levou a mão para frente, deixando a lança deslizar lentamente no ar antes de seu pé se mover. Em alta velocidade, Dante se jogou para a direita, depois para a esquerda, e quando os olhos do rapaz assimilaram onde ele estava de verdade, o ataque veio pela direita.

    A lança criou um zunido no ar pela pressão.

    — É isso?

    A explosão veio da frente. As chamas se alastraram em uma imensa carga avermelhada. Prestes a tocar o rosto de Dante, elas foram enviadas para trás. A carga de ar foi dominante, levando o fogo de volta para o seu portador.

    Dinamite foi engolido pela explosão repentina. E no meio da vermelhidão, a lança o golpeou na cintura.

    Ele foi jogado, batendo contra o chão, rolando e se chocando contra uma parede distante. Parou contra o concreto, soltando um arfar pesado. E então, sangue escorreu pela sua boca. Sem entender o que aconteceu, ele levou a mão ao queixo e viu o líquido vermelho.

    — Disse que um homem e um monstro são diferentes pelo que lutam — continuou Dante, negando com a cabeça. — Homens são piores. Eles pensam, assimilam, observam. O quão difícil é para um homem ver seu erro e mudar? Nada. O que impede é o orgulho. Para os monstros, como os Felroz, eles não são nada além de situações.

    Nem as chamas e nem o vento haviam sido suficientes para tirar uma lasca de Dante. A pressão no ar criada por seus movimentos era uma barreira que ele dominava há anos. Para atacar, para defender, para suportar, para se movimentar.

    Sua habilidade refinada da cabeça aos pés, moldada pelo próprio monstro.

    — Vocês não conhecem a verdadeira criatura — disse Dante, encarando Fred, Jodrick, Secure e seu grupo, que observavam atentos. Kalish e Virgo, sentados em um nível mais elevado do pátio, assistiam e comentavam. — Os Felroz têm medo dos humanos, eu já vi. Eles podem querer suas cabeças, seus corpos, mas eles têm medo quando vocês são piores do que eles.

    — Pior do que um Felroz? — Reine achou a ideia estúpida. — Está querendo dizer que temos que ser como eles? De sair por aí querendo matar qualquer coisa que se mexe?

    — Quase morreu hoje cedo — respondeu Dante, sua voz firme. — Se morrer, acabou. É isso. Não me levem a mal, vocês são fracos. Mais fracos do que qualquer soldado ou guarda que mora na minha cidade. Escondidos dentro de suas casas, protegidos e bem alimentados, sem saber o que é sentir medo.

    Suas palavras foram ofensivas, mas Kalish não se mexeu. Se o Soberano não dizia nada, então, seus soldados não ficariam quietos. Sir Secure puxou sua espada da cintura e caminhou na direção de Dante. Ele estava sério, a linha do seu rosto fechada e seus olhos focados.

    Dante sorriu para ele.

    — Acha que uma cara feia me assusta? — Ele girou a lança. — Não está nem perto disso, moleque.

    Secure saltou com um chute, mas errou feio. Escorregou e girou usando os punhos, jogando a espada na direção do pescoço de Dante, mas a esquiva o fez errar. Dante dava um passo para o lado, girando a lança e rindo.

    Secure saltava, rolava e usava seu corpo com precisão. Reine e Gronk ficaram observando, pasmados. Seu Comandante não acertava nenhum soco, nem um ataque.

    — Vamos, cacete — gritou Dante na cara dele. — É isso que você acha que é lutar até a morte?

    Secure foi surpreendido por um chute em sua coxa, o fazendo desequilibrar, e um soco encontrou seu peito, lançando-o para trás. Antes de poder observar onde o velho estava, Dante passou correndo com o braço esticado.

    Ele foi enviado de costas para o chão. Sem respirar direito, Dante o segurou pelo calcanhar e o jogou contra seus homens de volta.

    — Acham que estou brincando aqui? — A voz de Dante repercutiu em alto e bom som. — O que acham que estão fazendo? Não é uma brincadeira. Quantos de vocês sabem lutar de verdade? Quantos de vocês pensam que a vida é tão fácil? Que idiotice.

    Dante enfincou a lança no chão e começou a puxar a manga do casaco para cima. Ele fez isso com rapidez, ainda olhando para Secure. E quando terminou, os demais engoliram em seco. No entanto, a ação de Dante foi chamar o Comandante de Consyegas com os dedos.

    Humilhante, simplesmente humilhante.

    — Vamos, quero ver até onde vocês podem me acertar.

    — Ah, seu desgraçado.

    O som das explosões ecoou pela esquerda. Dinamite já estava no ar, com sua expressão destroçada, mas a chama da raiva e da determinação iluminando seus olhos. Era justamente essa sensação que Dante queria que eles tivessem.

    A derrota entalada em suas veias, com a vontade de sempre vencer, todos os momentos, em todos os segundos.

    — Não reclame depois — disse Secure, esticando a mão e segurando a espada de maneira diferente. — Você quem pediu por isso.

    Um bater de palma. Dante piscou. Secure havia sumido. A sua lança estava no lugar dele. Isso queria dizer…

    — Um ataque dos dois lados — o velho abriu um sorriso. — Previsível.

    Ele esticou a perna para o lado, adentrando a defesa de Secure, girou seu pé dentro do casaco e girou o corpo, usando sua bota para locomover o homem. Dinamite já estava perto quando Secure apareceu voando em sua direção.

    — Troque comigo, senhor.

    Outra palma estalada. Dante apareceu no meio do ar, e quando olhou para frente, viu Dinamite erguer sua mão. Uma esfera brilhante, um misto de vermelho e amarelo, era convergida pela própria Energia Cósmica.

    Um ataque direto, feito para destroçar tudo. Dante ficou fascinado.

    Incrível, acho que posso me soltar um pouco.

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