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    — Que merda, esse cara apareceu de onde? — Blinks murmurou, seus olhos arregalados de surpresa ao ver Dante surgir do nada, como um fantasma que emergia das sombras. Sua voz era um sussurro incrédulo, carregado de uma mistura de medo e desconfiança.

    A pergunta foi respondida por Rampus, que não perdeu tempo. Ele girou o braço com uma agilidade surpreendente, jogando a machadinha em direção a Dante. A lâmina cortou o ar com um som sibilante, mas o braço do velho se estendeu com uma precisão quase sobrenatural, agarrando o cabo da arma antes que ela pudesse tocar seu corpo.

    — Ah — disse Dante, examinando a machadinha com um olhar curioso, como se estivesse admirando uma peça de arte. — Uma habilidade que permite que seu inimigo não veja a sua arma. Interessante.

    Ele apertou o cabo com força, a madeira rangendo até trincar e estourar em suas mãos. Os pedaços caíram ao chão, e Dante olhou para Rampus com um sorriso tranquilo, como se estivesse apenas brincando.

    — Capital… merda — Guaca murmurou, arrastando-se para trás, seu rosto marcado pela dor e pela frustração. Ele se aproximou de Dante, tentando se recompor. — Perdão. Não era para eu ter parado aqui. Eles me encurralaram.

    — Não tem problema — respondeu Dante, abaixando-se para ficar no nível de Guaca. Ele colocou os braços sobre as pernas, encarando o colega com uma expressão serena, quase paternal. — Mas, eles não parecem ser tão fortes. Por que você teve tanta dificuldade?

    Guaca olhou para trás, seus olhos se fixando em Blink e Zapi, que agora riam em conjunto, como dois lunáticos que haviam acabado de pregar uma peça. Eles acenaram para Dante, seus sorrisos cheios de uma confiança doentia. Rampus, no entanto, permaneceu parado, observando com atenção, seus olhos estreitando-se como os de um predador avaliando sua presa.

    — O que fizeram? — perguntou Dante, sua voz calma, mas carregada de uma curiosidade genuína.

    — Habilidade de selar movimentos — explicou Guaca, sua voz baixa, quase um sussurro. — Se te encostarem, você fica mais de dez segundos sem poder se mexer direito.

    Dante olhou para Blink e Zapi, seus olhos agora mais atentos. Guaca não usava nenhum tipo de arma ali, e ser tocado por aqueles dois seria o mesmo que sentenciar sua derrota. Eles não pareciam fortes fisicamente, mas eram mais do que capazes de apoiar o líder à frente, criando uma armadilha mortal pra qualquer um que se aproximasse.

    — Entendi — disse Dante, levantando-se lentamente, seus olhos nunca deixando os dois homens. — Então, são esses dois lá atrás que estão causando problemas.

    Blink e Zapi riram novamente, seus sorrisos ainda mais largos, como se estivessem se divertindo com a situação. Rampus continuou parado, sua expressão inscrutável, mas seus olhos nunca se afastaram de Dante.

    — Vamos ver quanto tempo vocês conseguem me segurar — disse Dante, sua voz agora carregada de divertimento. Ele deu um passo à frente, sua postura relaxada, mas seus olhos brilhando com uma intensidade que fez até Rampus hesitar por um momento.

    Blink e Zapi pararam de rir, seus sorrisos desaparecendo lentamente. Eles trocaram olhares, como se estivessem se perguntando se haviam subestimado o velho. Rampus, por sua vez, apertou o punho em torno do cabo quebrado de sua machadinha, seus olhos estreitando-se ainda mais.

    — Antes disso, Guaca — disse Dante, abaixando-se e segurando o homem pelo braço com uma firmeza que transmitia segurança. — Miatamo precisa de você. Vou te jogar de volta pro navio principal. Vê se cuida dele.

    Guaca o encarou de lado, completamente surpreso, seus olhos arregalados como os de um homem que acabara de ver um fantasma.

    — O quê? Me jogar? — perguntou Guaca, sua voz carregada de incredulidade.

    — Tem algum problema com isso? — Dante gargalhou, um som rouco e cheio de confiança que ecoou pelo convés. Ele girou velozmente, seu movimento tão rápido que Rampus, que estava prestes a reagir, ficou paralisado por um instante. — Lá vai! Trahaus, recue ele agora.

    O giro de Dante fez o navio tremer levemente, como se o próprio casco estivesse reagindo à força descomunal do velho. Ele simplesmente largou Guaca no meio do caminho, vendo a expressão de susto no rosto do homem enquanto ele voava pelo ar, atravessando o espaço que separava os dois navios. Guaca começou a despencar em direção ao convés principal, seus braços se agitando como asas de um pássaro ferido.

    Dante colocou a mão acima dos olhos, tapando o sol e observando Guaca descer. Aquele pequeno momento de distração foi suficiente para Rampus atacar.

    O homem rugiu, dando passadas velozes para chegar atrás de Dante, e puxou mais uma machadinha de sua cinta. Sem que Dante pudesse ouvir, Rampus atacou na direção do pescoço do velho, sua lâmina brilhando sob a luz do sol.

    — Não devia se aproximar de seu inimigo pelas costas achando que ele não vai fazer nada — disse Dante, sua voz calma, quase um sussurro, mas carregada de uma advertência sombria.

    O aviso foi tarde demais. Rampus viu Dante virar o corpo pela metade, sua perna esticando-se para baixo e acertando a coxa do homem com um impacto que fez o convés tremer. Em seguida, Dante subiu o golpe, sua sola explodindo no rosto de Rampus e enviando-o para longe como um boneco de pano.

    — Pega pela direita — disse Blink, já bem perto de Dante, sua voz carregada de urgência. — Eu vou pela esquerda.

    — Não deveriam falar o plano de vocês, meninos — respondeu Dante, sua voz cheia de ironia. — Bom, mesmo que falassem, não ia dar em nada.

    As mãos de Blink e Zapi se estenderam como lanças, tentando tocar qualquer parte do corpo de Dante. Mas o velho desviava e fugia com uma facilidade que beirava o absurdo, sua risada ecoando pelo convés como uma melodia de desafio. Depois de quase dez segundos de tentativas frustradas, Blink deu um passo em falso na madeira, tropeçando e perdendo o equilíbrio.

    Dante mostrou um sorriso diabólico, seus olhos brilhando com uma luz que fez os dois homens sentirem um calafrio percorrer suas costas.

    — Minha vez, certo? — perguntou Dante, sua voz agora carregada de uma determinação feroz.

    Ele esticou as duas pernas para os lados, abrindo os braços e mostrando as palmas das mãos. Começou a bater repetidamente no ar, seus movimentos rápidos e precisos, como se estivesse praticando uma dança mortal. Blink e Zapi ficaram assustados no início, mas, ao ver o velho agindo de maneira tão estranha, começaram a rir, seus sorrisos cheios de desdém.

    — Que porra é essa? — perguntou Blink, sua voz carregada de incredulidade.

    — Sumô? — zombou Zapi, rindo ainda mais alto.

    Dante, então, parou o movimento, seu sorriso se transformando em uma expressão séria.

    — Não, se chama Sumorina Shoet — disse ele, sua voz agora carregada de uma frieza que fez os dois homens pararem de rir.

    O estalo do ar condensou, e as dezenas de golpes que Dante havia feito no ar foram disparadas em pequenas rajadas de vento.

    Blink foi acertado no rosto, na perna, no braço, no pescoço, sendo obrigado a recuar mais e mais. Zapi, por sua vez, foi encurralado pelos golpes, seu corpo sendo empurrado para trás como um barco em uma tempestade.

    Dante tinha uma grande gama de formas de combater, ainda mais porque seu estilo poderia ser adaptado para curta, média e longa distância. Oponentes que encarassem seu combate como o único eram fadados a perder.

    Ele agradeceu a Render por isso, aliás. Seu pai sempre o surrara demais para que ele aprendesse tudo. Lições e treinamento eram o que importava.

    Quando a chuvarada de golpes cessou, Dante viu os três homens ainda conscientes. Não que ele pretendesse matá-los, mas esperava que a quantidade de Energia Cósmica que usara fosse suficiente para, pelo menos, jogá-los no mar.

    Ele balançou a mão algumas vezes e pulou, aquecendo o corpo, convertendo Energia Cinética em Força Muscular.

    — Acho que se meu pai me visse fazendo isso, ele ia surtar — disse Dante, rindo sozinho. Render era sempre muito rígido quando o assunto era treinar. Dante aprendeu isso, mas nunca gostou do pensamento. “Precisa ser feito com intenção”, era sempre a mesma frase.

    — Quem é você, desgraçado? — perguntou Blink, segurando o próprio nariz que havia sido quebrado em um dos impactos. Sua voz estava carregada de raiva e dor.

    — Eu? — Dante deu uma risada, sua voz agora carregada de uma leveza que contrastava com a situação. — Bom, acho que posso falar para vocês. Eu sou ‘Capital’ e venho de Kappz.

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