Capítulo 416: Olhares

Eles pararam de lutar contra. Phill sentiu os dentes se abrirem e a criatura descer rapidamente, diminuindo seu tamanho e entrando para dentro do casaco do velho. Mesmo que por alguns segundos, ele entendeu melhor do que os demais que esse tal Hassini não estava lutando sozinho.

A pessoa quem caminhava na direção deles não estava sozinho, tinha praticamente cerca de três aliados ao lado, com suas espadas embainhadas. A placa de ferro no peito azulada e um capacete que lembrava um antigo Imperador, Phill se recordava das roupas e viu no homem a sua frente as mesmas características.

— Yuri. — Dante abriu os braços, um pouco preocupado, mas escondendo-se atrás de um sorriso. — Desculpe te preocupar.

O líder da família Saser parou um pouco mais afastado, dando uma boa olhada ao redor. Os quatro Caçadores vindo de Selenor pareciam extremamente cansados, esgotados. Algumas feridas ao redor dos braços, o suor escorrendo mesmo no frio.

E Dante tinha uma expressão solene.

— Acredito que tenha feito novos amigos aqui fora. — Yuri mostrou um sorriso de lado. — Caçadores que são ordenados pelo alto grau de Selenor, devem ter vindo atrás dos Felroz, mas encontraram um outro desafio.

Dante abanou uma das mãos. Fazer desfeita da habilidade e coordenação deles não era necessário.

— Fizeram o trabalho direito, mas eu estava um pouco empolgado demais. Agora estou melhor. — E fingiu torcer o braço um pouco para trás. — Ainda sinto algumas dores, mas vai melhorar com o tempo.

“Condição corporal em 100%. Está tentando enganá-los?”

— Você passou por praticamente duas batalhas intensas e acabou por ser colocar em perigo, mas eu tive que vir ver o que estava acontecendo. — Novamente, seus olhos se desgrudaram de Dante e subiram até Selenor. — Você, no entanto, parece saber mais do que eu.

A habilidade de ler mentes, Dante suspirou. Tinha esquecido disso.

— Sim, mas não aqui.

Yuri concordou. Dessa vez, ele caminhou para mais perto de Phill, que estava roçando a mão no braço mordido. Os dois se encararam, mas não foi nada casual. Houve uma tensão, com Yuri mostrando seu tom mais firme.

O chefe dos Caçadores não se moveu, desviando o rosto para baixo.

— O que quer, Saser?

— Sendo sincero, vindo de vocês quatro, nada. — Os braços dele foram para trás das costas. — Eu só fico um tanto quanto interessado na capacidade dos maiores Caçadores da tão conhecida Selenor serem feito de chacota por um único homem.

— Não quero problemas. Esse velho… — ele lançou um olhar de lado para Dante — é mais forte do que um Felroz. Ele lutou contra uma horda sozinho, por isso que viemos. Os alarmes tocaram, e nós tivemos que averiguar de onde ele era já que não nos informou.

— E por que você acha que teria autoridade para pedir o nome de um dos meus?

Parando de coçar o braço mordido, Phill se colocou ereto, quase na mesma altura que Yuri Saser. Os dois travados no mesmo olhar.

— Eu peço que reconsidere — disse Phill. — Não queremos problemas. Os Lagmoratos já estão difíceis demais para todos nós. A baixa de um dos grupos não vai ajudar em nada além de causar mais problemas. Peço… que reconsidere.

— Nunca pensei em levar isso para cima. Que não se repita, ou não estarei presente para salvar a vida de vocês. — Ele inclinou um pouco a cabeça, abaixando o tom de voz: — Espero que tenha aprendido a lição.

Gallohel e Helena rapidamente se aproximaram do seu lider, pedindo lugar de fala, mas Phill ergueu o braço.

— O senhor Saser nos deu a possibilidade de irmos sem punições por tentar ferir um dos seus. — Os rostos acuados e irritados dos demais doíam nele também, mas não havia o que fazer. — Estamos de partida.

Yuri ergueu a mão.

— Que a viagem de volta seja segura.

Phill e Dante se encararam uma última vez, mas o velho homem bocejava com sono enquanto o chefe dos Caçadores carregava uma lamentação. Dante não era uma pessoa que iria ferir eles ou matá-los apenas porque se colocaram no seu caminho.

Era justamente por isso que não podia deixá-los incapacitado. No entanto, nunca esperaria que o Felroz que eles tinham carregado antes simplesmente surgisse para bloquear o golpe. Nick em seu ombro também soltou um bocejo, e os dois pareciam ter sorriso um pro outro.

— Você está crescendo. Comeu aquelas chamas todas. — Passou a mão na cabeça de Nick, o deixando agarrar seu dedo e se escorar. — Vai ficar enorme se continuar assim. Pode pegar a minha, hein.

O Sugador se animou na hora descendo velozmente para o interior do casaco pesado. Os demais soldados de Yuri ficaram alarmados vendo a criatura e outra coisa se mexer lá dentro, travando segundos depois. Nada disseram, e nem faria isso.

— Hassini, espero que sua fuga tenha sido recompensatória. Alias, eu sei que foi você quem causou o problema das sirenes.

Dante perdeu a animação na hora.

— Sou muito sincero quando digo, sua habilidade é irritante.

Yuri soltou uma risada.

— Arrumar confusão é a sua sina, dá pra perceber sem precisar usar ela. Vamos retornar, creio que tenha algo importante para me contar.

— Sim, tenho.

De volta aos aposentos de Yuri Saser, na Cryobacia, Dante sentou-se em uma das cadeiras com almofadas, esticando as pernas. Yuri e Cleny, o mordomo se alinharam para escutar o homem, mas viram que o estranho forasteiro pegou o pote de biscoito de volta.

Ele enfiou a mão dentro e pegou cerca de dois, fechando o pote e colocando de volta no lugar.

— Não gosto de ser colocado contra a parede, Dante — informou Yuri sentando de soslaio na mesa. — Saiu sem permissão e ainda por cima arrumou confusão com um grupo muito irritante. Lá fora, eles são autoridades, se fosse qualquer outro, não seria tão simples lidar com você arrumando aquele problema inteiro.

— Eu devo um pedido de desculpas, mas queria saber onde estava me metendo e também porque vocês esconderam de mim informações tão importantes. — Dante não precisava ser formal. — Eu fui atrás de respostas, e consegui.

— Soar um alarme é perigoso — disse Cleny. — A Rainha…

— Essa é a informação — Dante o cortou. — É sobre essa Rainha de vocês.