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    O Tenente entrou praticamente uma hora depois. Sua conduta perfeita e um perfeito retrato de como o Comandos era apresentado aos civis. Sua bota lustrada, a roupa passada e reta, perfeitamente alinhada ao seu torso e braços, sem um traço de imperfeição.

    Sua boina erguida para frente era estritamente cabível ao seu rosto, o deixando elegante. Não era de se admirar que muitos acreditavam que Rem assumiria o posto de Comandante perto dos trinta e cinco anos. Era raro acontecer com algumas mentes, mas ele foi quem entrou depois.

    Humber procurou pela história dele, mas ficou inclinado a se impressionar porque não existia um homem que realmente resistia ao poder. Esse homem na sua frente, no entanto, era o oposto disso. Ele detestava estar nos holofotes.

    — Comandante Humber — Rem se aproximou. — Posso me sentar?

    — Deve.

    Os dois ficaram na mesma altura. Rem passou os olhos por cima dos documentos rapidamente, e depois fitou o Comandante.

    — Fiz o que pediu — começou se inclinando para trás. — Não gosto de ficar responsável por projetos grandes. O Projeto Expansão que você me disse está muito longe de ser concretizado, e não entendi porque colocou aquelas duas meninas juntas.

    — Na minha vida, eu aprendi que muitos dos fatores que correspondem ao destino não são explicados. E por mais que eu gostaria das respostas, o universo não me daria elas. — Humber deu um sorriso. — Esse tipo de coisa fica para quem estuda sobre a Energia Cósmica.

    — O senhor virou um Ocultista? — Não era em tom de deboche, e sim curiosidade. — O retorno do Comandante Vargo foi um tanto quanto controversa entre os demais Comandantes. E sendo bem sincero, ninguém consegue ficar muito tempo com ele.

    — Se quiser, apenas supervisione as duas. E sobre Vargo, ele não é bem visto, mas não se apegue a isso. Quero que leve uma carta e peça para que ele o recomende. Diga que precisa de material para estudar matrizes e que tem profundo conhecimento sobre a sua arrogância.

    Rem girou a cabeça, completamente perdido.

    — Por que eu faria isso, senhor? Não sou familiarizado com Matrizes.

    — Quer se tornar um Comandante, Rem?

    — Quero, claro. O que isso tem a ver?

    Humber esticou a mão para um lado e depois para o outro.

    — Dois irmãos, duas formas. Corpo e mente. Datado da própria força bruta, um deles é expurgado do campo de batalha que é a Capital. O outro, meses depois, encontra seu propósito quando o irmão se perde. No entanto, essa segunda pessoa é conhecedora da própria capacidade, da sua inteligência. — Humber tinha medo da mente de Render e Linda, os pais dos dois. — Conheceu um deles, e está indo com o navio chamado Talia. Ela precisa de instruções, precisa de um apoio, precisa de pessoas que a estimulem. Assim como você precisa de mais para chegar onde quer. A vida possui leis, a civilização precisa de leis, você precisa de leis.

    — Todo mundo precisa disso, mas não é o caminho no qual eu escolheria de bom grado. Senhor, se precisa de mim, eu farei o que precisar para ajudar. O que a Aspirante Talia pode fazer, eu consigo compreender.

    — Por isso que precisa estar ali. Como Tenente, sua reputação para projetos é melhor do que as duas. Quero que faça vista sobre, mas questione interessado nisso. Matrizes já foram alvo de muitos olhares gananciosos dentro da Capital.

    — Também sei disso, senhor. — Rem suspirou. — Não preciso de glórias. Nem mesmo quero conquistar grandes coisas. Pagar minha dívida é o suficiente tanto com as pessoas que me salvaram quanto com quem me acolheu quando precisei.

    Ele ficou de pé, ajustando a boina na cabeça.

    — Ah, senhor, eu esqueci de falar algo que é importante. — Rem fez certo silêncio. — O mapa de Energia Cósmica que o senhor pediu para entregar. Eu não fazia ideia de que era algo tão importante, mas a Aspirante Talia pediu que eu fosse almoçar com ela. Nós estudamos enquanto ela comia.

    — Deve ter sido uma conversa bem interessante — admitiu Humber. Detestava Matrizes por não entender absolutamente nada. — E o que achou?

    — Acho que se a Aspirante Talia é a mente da sua história, eu tenho um certo receio da pessoa que seria o corpo. — O sorriso dele era um tanto quanto quebrado, não fazia ideia do que queria dizer com aquelas palavras. — Bom, o senhor terá o seu retorno o mais breve possível. Permissão para me retirar.

    Humber concordou.

    — Concedida.


    Rem alcançou a sala onde Talia e Astrid se reuniram. Diferente do escritório de Humber, era mais aberto, como se fosse designado para todos os Aspirantes que possuíam um projeto em aberto. No entanto, nenhuma delas tinha os pergaminhos esticados ou presentes.

    Ele observou que eram jovens com determinações e vontades muito maiores do que qualquer dificuldade enfrentada. Lembrava muito quando era mais novo, um Aspirante que precisava ganhar dinheiro a todo custo.

    O que o levou a moldar a visão do que era verdadeiramente a Capital para ele.

    Uma simples orquestra onde eles entregam o que eu preciso.

    Desde aquele dia, onde viu os Comandantes ordenando que alguns civis tivessem que sair da muralha para buscar mantimentos, quando o rosto dos mais velho suplicava pelos olhos porque suas gargantas não mais podiam gritar por ajuda. Ali foi o que o deixou sozinho.

    A Capital não era o berço da criação porque mais destruía do que salvava quem necessitava da sua ajuda.

    — O que estão discutindo? — perguntou ao chegar mais perto. — Quero participar.

    — Sobre as Matrizes e também o Projeto Expansão — respondeu Astrid. — Não sabemos o que é de verdade, então estamos fazendo suposições e tentando entender melhor para podermos juntar com os outros dois que temos.

    Talia assentiu cordialmente.

    — E qual foi a conclusão que chegaram?

    Rem detestava holofotes, detestava a fama, detestava os méritos… porque nada disso importava mais do que o dinheiro que precisava para cuidar das pessoas que um dia fizeram da morte a única derrotada.

    — Que precisamos fazer o máximo possível para ajudar quem está do lado de fora da muralha. — Talia apontou para baixo, fortemente. — E precisamos fazer isso o mais rápido possível. Se conseguirmos criar um sistema de comunicação, um sistema de porta e expandir a capital para vilarejos que precisam, então, podemos suprimir as nossas perdas.

    Rem concluiu para si: Talvez, trabalhar com elas não seja tão ruim.

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