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    A mão nem tinha doído com o golpe fechado no meio do Felroz. A Energia Cósmica que recebeu de Bastardo realmente conseguia o fazer recuperar aos poucos, dependendo da sua Conversão Cinética.

    Uma habilidade que destrói e uma que o faz se recuperar. Era um pouco apelativo, não podia negar.

    O Painel indica que os Felroz estão em um número muito maior. Os Humanos estão recuando. Possivelmente foram emboscados em uma quantidade muito superior.”

    — Não me admiraria eles terem sido derrotados. Eu tive problemas na Capital por conta de alguns, e nem era um Lagmorato. Imagina se fosse.

    Os berros dos Felroz eram de batalha, os mesmos que ouviu quando esteve em Kappz. Se não fosse perigoso, não seria considerado um Lagmorato, e Dante ansiava por ir até lá. Mas, ao olhar para trás, viu o homem tratar de algumas feridas dos seus colegas.

    Antes mesmo de avançar, a voz de Vick soou:

    Ferimentos leves. Perderam a consciência por choque mental. Nenhuma análise diferente do que um Felroz pode causar a um humano sem preparo.”

    — Ei, você. — Dante virou-se completamente para Hito. — Por que recuaram? O que houve?

    A cara assustada e um olhar perturbado. Dante se questionou se aquele homem era um caçador ou somente um aventureiro sem entender a realidade.

    — Eram muitos… nunca vimos nada do tipo. — Hito segurou o ombro do colega, não o deixando cair. — Se for pra lá…

    — Vou morrer. — Dante suspirou, cansado. E se sentou na perna do Felroz morto atrás de si. — Já ouvi muito isso. Consegue levar eles embora ou precisa de ajuda?

    — Sozinho. — Hito não desgrudava dos dois caídos. — A zona acaba antes do riacho. Todos os outros foram para o lado oposto. Lá ela se estende por mais alguns quilômetros.

    — Usou a rota mais curta pra fugir. Inteligente.

    — Não. — Hito quase gritou. Os dentes batiam um no outro. Não de frio. Era raiva. — Eu fui covarde. Não consegui usar minha habilidade, minha espada. Eles dois… me salvaram e agora estão assim.

    — E dai? — Dante repousou o rosto na mão e o cotovelo apoiado na perna, despreocupado. — Eles te salvaram lá e você os trouxe pra cá. Estão quites. Acabou de salvar eles, não foi? E ia lutar contra o Felroz se eu não tivesse chegado.

    Hito negou mais uma vez com a cabeça.

    — Não ganharia. Eu nunca…

    — Covardia seria deixar eles lá e fugir sozinho. — Dante esperou que Hito o encarasse. — Pensou em fugir e deixar seus amigos lá? Acho que não. Agora vai. Pegue eles e vai se encontrar com os outros. Voltem juntos.

    — E você?

    Dante apontou para trás.

    — Eu tenho uma missão aqui. O Lagmorato.

    Os dois ficaram em silêncio. Hito havia recuperado um pouco da cor. Levantou e puxou a manga do casaco de couro. Havia um pequeno aparelho em seu pulso em formato de pulseira. Ao apertar na borda, se abriu.

    — Selenor dá isso para todos os caçadores, mesmo que eles não sejam fortes. Você não tem um pelo que estou vendo. — Hito jogou para ele. Dante segurou dando uma boa observada no metal. — Serve para ver o painel sem precisar olhar pra cima. Acho que… vai te ajudar.

    A pulseira mal tocou a pele de Dante. Quando o fez, uma faísca azul saltou, o metal foi repelido como se tivesse colidido com algo invisível.

    Analisando. Comboio de informação. Painel de Lagmorato sincronizado com dados e refeito no sistema. Sem utilidade. Refazendo parâmetros.”

    Aos poucos, Dante sentiu um pequeno traço vermelho e azul se instalando em sua mente. Seus olhos se fecharam e abriram, e havia algo diferente agora. Não só mais os traços amarelados que Vick sempre disponibilizava, agora havia uma caixa dividida.

    Era o painel do Lagmorato, em duas partes.

    — Azul para aliados. Vermelho para inimigos. — Dante sorriu ao ver que o retângulo se tornou um triângulo. — Amarelo se for um tipo diferente.

    — Amarelo? — Hito perguntou. — Não tinha amarelo quando eu estava lá.

    Dante não respondeu. Uma terceira força aparecendo era comum quando o assunto dos humanos ou dos Felroz era diferente. Qualquer uma das possibilidades era válida. A missão, entretanto, não tinha mudado.

    Limpar a área e deixar nas mãos de Yuri Saser.

    — Fique em segurança — disse ao se levantar. — Não deixe que eles fiquem mais tempo. E tome.

    Jogou de volta o dispositivo e Hito o pegou.

    — Não vai precisar?

    — Não. Use para sair daqui. — E sorriu. — Deixei uma rota para o elevador mais perto.

    Hito colocou o aparelho ao pulso novamente. E uma onda amarelada surgiu em seus olhos, rastreando por meio da neve, e fazendo uma leve curva no horizonte branco. Era praticamente um caminho. Uma rota segura.

    Ele voltou-se para Dante, mas ele já estava subindo em alta velocidade.

    Não teve tempo para agradecer.


    A rota que deixei armazenada para aquele homem estará assegurada. Foque no objetivo a frente. Limpar um Lagmorato é mais do que apenas lutar, é mostrar resistência e força contra um inimigo que não tem medo.”

    Dante concordou sem questionar, mas sua mente estava direcionada para outro ponto.

    — Estou mais curioso sobre esse ponto amarelo.

    A Humanidade está perdendo. Estão sendo mortos ou fugindo, mas o amarelo se manteve constante desde então. Os Felroz cresceram em número. Então, é possível que seja um erro no painel.”

    — Erro ou não, nós vamos fazer um pequeno alarde. Eu vou me jogar no meio da batalha. Quero que faça uma varredura dos humanos. Iremos tirar eles e dar espaço para o Comandante Saser que vai chegar.

    Correto. Lilo e Nick estão prontos. Também farei a varredura completa. Assim que chegarmos, usaremos tudo ao nosso favor para manter a terra dos Saser livre das criaturas.”

    Dante soltou uma risada.

    — É raro te ver empenhada assim, Vick. Faz meu sangue ferver. — A topo daquele relevo estava se aproximando rapidamente por conta do ar sendo disparado para trás. Deixaram tudo e qualquer coisa em suas costas, se lançando no ar.

    O chão, árvores e a neve tocadas ao solo se foram. Dante subiu mais de quinze metros direto.

    Uma sensação que ele só tinha em momentos que se colocava a disposição… da própria morte.

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