Capítulo 473: Sem Habilidades
Juno engoliu em seco. Não porque estava animada, não porque era divertido… Era a cena desigual que se mostrava diante dos seus olhos. Se fosse qualquer outra pessoa, não teria problema em desacreditar no que via, mas era Leonardo.
O espadachim tinha se tornando um alicerce praticamente inigualável dentro da Cuba porque, independente do oponente, fosse qualquer um, ele nunca ficaria preocupado ou distante. Era o único… que conseguiria derrotar um Felroz Mutante sem ajuda.
A habilidade de se movimentar em alta velocidade, em cortar em pontos futuros e sair de um problema.
Leonardo levantou sua espada, respirando fundo e segurando o fôlego mais de uma vez. As pernas dele tinham ficado um pouco mais pesadas, e estranhamente seu inimigo se movia sem peso. Dante apareceu na sua frente, brandindo para cima a espada e defletindo para o lado.
As duas armas colidiram, sendo enviadas novamente para um combate curto. Esse era o estilo de luta que Leonardo Vulkaris dominava. Defendeu pela direita, bloqueou o segundo ataque e fez sua arma estocar a frente diversas vezes.
Sua ponta golpeou o ar quando o velho abaixou praticamente deitando de costas no chão e usando os braços para se alongar. Suas duas pernas chegariam a sua cabeça, Leonardo teve que desviar o corpo mais uma vez.
Desde o começo, os dois ficaram trocando movimento rápido e certeiros. E cada vez que Dante parecia estar com a guarda baixa, ele se movimentava de maneira diferente, estranha, chegando em ângulos que eram praticamente alternados.
Era difícil lutar contra alguém que não parecia ter um estilo único definido.
— Leonardo deve estar sentindo algo que poucas pessoas sentiram — comentou Jix para os demais. — A pressão esmagadora que Dante tinha antes era alarmante por causa da sua habilidade. Ela deixava ele mais rápido, mais forte, mas limitava e muito o que a pessoa do outro lado sentia por conta do tempo.
— Secure e eu perdemos pra ele uma vez — disse Dinamite ao lado. — Foi… bem assim. Nós achamos que tínhamos encurralado ele, mas ele voltava do nada sem um arranhão. Era bem irritante, mas depois daquilo, nós dois descobrimos que subestimar o outro é um erro tão grande quanto enfiar o pé na lama sabendo que tem uma poça ali.
— Por isso mesmo. — Jix não tirou os olhos do movimento de Dante. Rápido, eficaz. Seus braços e pernas se mexiam como se fosse uma avalanche controlada, sabendo exatamente onde ou quando parar. — Ele tinha uma noção muito boa sobre como se mexer, mas utilizava muito da habilidade para isso. Agora, é como se…
— Não tem mais amarras.
Juno não piscava. Ela respondeu sem perceber, mas era lógico que seus dois mestres tinham formas e também movimentações opostas. No entanto, os dois eram guerreiros de curta distância. Quanto mais se projetavam a aproximação, mais evidente ficava que os dois carregavam treinamentos completamente fora do padrão.
— Calma — disse Degol, de braços cruzados, curioso. — Dante não usa armas, não é? Então por que está usando agora?
A estática se libertou do corpo de Juno, o corpo de Veronica se apresentou a eles. Ninguém se assustou porque ela costumava fazer isso mais vezes do que gostariam. A IA tinha uma estranha presença, uma que assustava os moradores.
— O velho sabe fazer mais do que lutar, eu descobri isso quando perdi pra ele. — Juno sabia que a lembrança de Veronica sobre a derrota era vergonhosa. — Ele não só coordena seus movimentos, ele sabe exatamente até onde ir para não perder a trocação. Se ele está usando a espada agora, quer dizer que ele não está sério.
— Quer dizer que uma espada na mão dele não é mais perigoso do que só os punhos? — Dinamite deu uma risada de lado. — Eu posso ter pedido pra ele, mas é uma espada ainda.
Veronica lançou um olhar fulminante pra ele.
— Quando receber um soco sem saber de onde veio, quando seus braços forem travados e receber um chute sem ao menos ter uma noção de que aquilo é só o começo, vai entender que o inferno não é feito de fogo. O fogo é o próprio inferno.
Dando de ombros, Dinamite debochou.
— Filosofando agora, é?
— Não é filosofia — respondeu Meliah. — É certeza. Leonardo é um espadachim que tem a arma como seu perigo. Homens como ele aprenderam a caminhar com a arma, aprenderam a ser a própria arma. Ele é um oponente que ninguém aqui conseguiu vencer, incluindo você Dinamite. A habilidade de Leonardo é conseguir diminuir quantos ataques e onde ele precisa acertar para vencer seu inimigo.
— Então, por que ele não acertou ainda?
Veronica estalou a língua.
— Minha habilidade é prever de onde o próximo ataque vai vir. E cada um de vocês tem praticamente até dez sombras, talvez, para me atacar. Mas, aquele velhote tinha praticamente mais de trinta. Não é porque ele não consegue atacar, é porque todos os movimentos dele são interligados ao ponto da habilidade do Vulkaris estar praticamente falhando.
— Falhando?
Juno concordou.
— Se ele precisa acertar apenas dez vezes, o número fica claro. A medida que seu golpe o acerta, ela diminuí para nove porque você um ferimento que praticamente limita aquele lado. Então, ele vai seguindo até que tenha apenas um, e assim finalizar.
— A única coisa que deixou Leonardo perdido é porque essa quantidade sobe com a dificuldade do inimigo. — Veronica queria entrar lá, queria se jogar no meio de uma batalha novamente para ter sua revanche humilhante. — Sua mente prega peças que somente você sabe que são irreais, e mesmo assim acredita nela. Saber que seu oponente não está usando habilidade, saber que ele é estranhamente mais forte, saber que sua verdadeira força não está sendo aplicada só faz com que você se questione…
Os outros olharam para Veronica. A vontade dela de ir a fez dar um passo a frente, mas Juno se moveu mais rápido. Ela segurou o pulso da IA, a trazendo de volta. Veronica ficou com um rosto perdido, sem ter visto que estava indo na direção dele.
— Deixe para outro dia — disse Juno. — Essa sensação que está sentindo… não é só você, Veronica.
A IA encarou os outros. Heian, Magrot, Arsena e a própria Juno. Dinamite e Secure. Era praticamente um grupo inteiro querendo saber até onde eles conseguiram evoluir sem a presença do velhote.
Era a sensação de estar ao lado dele.
O Desafio final…
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