Capítulo 505: Caídos
— Vick, acesse as funções vitais deles.
A IA rapidamente se lançou diante das pequenas criaturas. Ela sentiu o batimento, seu sangue escorrendo, mas não houve nenhum tipo de dano interno. Tudo parecia no lugar, mas a dormência era causada da estranha Energia Cósmica em seus corpos.
— Eles ficarão bem — respondeu após análise. — Infundindo sua Energia Cósmica para sobrepor o que fizeram aos dois.
Dante sentiu um pouco do dreno de seu corpo, mas não era nada demais para ele. Desde que Appo havia devolvido um pouco da sua dignidade e habilidade para lutar, e depois de casualmente trocar alguns movimentos contra os dois presentes, seu corpo já estava preenchido novamente de força e energia.
Vendo os dois abrirem os olhos com delicadeza, o coração de Dante se acalmou um pouco. Se perdesse esses dois, teria ficado em queda com Rupestre e com a própria Vick. Eles o ajudaram em momentos tão precisos e preciosos que nem mesmo saberia o que fazer.
Nick se espreguiçou como se tirasse um imenso cochilo e ao notar que era Dante quem o segurava, rapidamente se animou, abrindo os braços. Lilo fez o mesmo, serpenteando ao redor, como se estivesse na hora de brincar de novo.
— Assim que desmaiou, os dois rapidamente foram atrás de alguma coisa para te acordar — informou Vick. — Podem ter sido encontrados por esses dois a sua frente de alguma maneira, mas verificando a forma como lutam e se portam, não são da Fronteira.
— Não. Devem ser inimigos deles. Achei que possivelmente iria ver aqueles Demônios Azuis e encontrei esses dois. — Dante rapidamente deixou Nick e Lilo subirem para seus ombros, como de costume. — E parece que vou ter que arrancar respostas deles eu mesmo.
— Verificando seu nível atual, tenho certeza que consegue lutar pelo menos utilizando um pouco da sua capacidade antiga. Se eu puder estimar, seria em torno de alguns poucos porcentos. Gostaria que eu fizesse uma análise melhor?
— Não. — Dante abriu e fechou a mão dando seu primeiro passo em direção a eles. — Eu farei isso sozinho. Fiquei bastante tempo sem sentir meu corpo se movendo do jeito que eu quero, estou enferrujado.
Os dois a frente dele ficaram um pouco perplexos. O Selvagem falava abertamente com algo, mas nada respondia. E suas palavras eram todas lunáticas. Esse cara era normal? Era um Selvagem de verdade?
— Você é da Fronteira? — Jimbo perguntou com a espada erguida. — Sabe qual o acordo que temos com eles? Nos enfrentar é o mesmo que sentenciar….
— Fica quieto um pouco.
Dante forçou as pernas e se jogou pra frente com um sorriso no rosto. Seu corpo estava leve, livre e solto. Ele fechou o punho e rapidamente encurtou a distância mirando no peito dele. O homem respondeu mirando sua espada para trás e arrastando sua Energia Cósmica junto cortando o ar.
Fingindo o golpe, Dante parou no meio do caminho e deixou a espada arrastar o vazio. Ele viu a expressão azeda do rosto do homem ao ser enganado. Ele avançou aumentando a velocidade em duas vezes, e acertou o vazio quando um estalo ecoou.
O corpo de Jimbo foi trocado com Takka. O segundo Cavaleiro estava abaixado, e quando seu corpo foi trocado, o soco de Dante arrastou o vazio, mas ele não o perdeu de vista. Takka sentiu aquele homem o encarando mesmo com pouco tempo de troca.
O braço esticado desceu como uma avalanche, Takka podia sentir que se fosse acertado seria um golpe pelo menos grave. Ele estalou os dedos novamente, e Jimbo estava virado na lateral, fora do alcance da marreta em forma de punho.
Os dois recuaram dois passos, respirando apressados.
Esse cara era diferente dos outros. Normalmente, os Selvagens sabiam bem das suas habilidades e como eles eram fortes. Já tiveram a ideia de tentar acertá-lo, mas nunca chegaram perto de entender o que acontecia e como contra-atacar.
O desgraçado a sua frente simplesmente tinha desvendado uma maneira de atacar mesmo sabendo que não seria capaz de pegá-los. E isso não o incomodava em nada, o que deixava ainda mais perturbador no processo.
O instinto de batalha dele é aguçado ao extremo, pensou Takka. Ele encarou seu primo, vendo que os dois braços, mesmo não tendo sido acertado diretamente, ainda tremiam um pouco. Então, a força dele era grande, a velocidade, a concentração, o poder.
Era parecido com uma montanha bem na sua frente.
— Acabou? — O Selvagem perguntou olhando para Takka. — Mostraram suas habilidades, agora é minha vez.
Dante tirou o ar do pulmão assoprando vagarosamente para frente.
— Ele controla o ar — disse Jimbo rapidamente. — Tenho certeza disso.
— Tem? — Dante mostrou um sorriso. — Ótimo.
Ele deu mais um passo rasgando a Energia Cósmica de uma só vez para a sola dos seus pés. Num instalo de dedos, dessa vez para o Selvagem disfarçado, ele encurtou o espaço até Jimbo, abrindo a mão.
O Cavaleiro reagiu como sempre. Sua espada subiu, Dante bloqueou com o outro braço, saltou tirando as duas pernas do chão e usou o meio do pé para acertá-lo. O baque foi forte, enviando o homem para trás. Dante voltou em um mortal, e antes que conseguissem se estabilizar, ele avançou mais uma vez.
A lâmina de Takka chegou na direção do seu pescoço, e Dante inclinou-se para trás usando a terra para deslizar seu corpo e continuando na direção de Jimbo. A armadura dele tinha torcido para dentro, mas quando achou que tinha se equilibrado, aquela aberração estava ali de novo.
Ele estocou pra frente, mirando nos pontos fracos, mas o Selvagem escapou sem problema alguma para a lateral. Quando o estalar de dedos ocorreu, o Selvagem parou o movimento no meio do caminho e virou o corpo chutando o ar.
Os dois corpos trocaram de lugares, e então, um bloco de energia invisível deslocou seus corpos o enviando para longe um do outro. Eles caíram; Jimbo de costas e Takka de peito. Ambos olhando para o Selvagem retornando sua perna para baixo, e estalando os ombros.
— Um pouco melhor. — Dante balançou a mão um pouco para o lado, descontraído. — Estão descansando? Achei que quisessem lutar.
Takka ficou de pé puxando sua espada para apoiar. Sua perna tinha um músculo torcido, sentia que não conseguiria se movimentar tanto agora. Não queria acreditar que o Selvagem tinha visto através da sua habilidade de movimentação.
Até mesmo entre os Cavaleiros do Sul, de Hein, Jimbo e ele não eram fracos quando lutavam em duplas. Os dois tinham sincronia, tinham afinidade e sabiam a fraqueza do outro. Nunca tinham sido humilhados por um único oponente dessa maneira ainda mais da Fronteira.
— Quem é você de verdade? — ousou perguntar mesmo naquela posição.
— Irmão Dante. — O Selvagem ergueu a mão, em um simples cumprimento. — Cadete, Capitão, Comandante, tenho tantos títulos agora que fica um pouco difícil. Mas, pode ficar tranquilo, pra onde vocês vão não vão precisar de nada disso. Estão prontos?
Os dois ficaram parados.
— Pra que?
— Ora, pra lutar. — Houve uma risada. — Vou acabar com vocês dois por terem colocado a mão nos meus meninos. Ou acharam que iriam sair impunes daqui?
Agora Takka tinha completa e total certeza. Esse cara não tinha ideia de quem eles eram ou que estavam fazendo ali.

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